2 Crônicas 7.14 “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. ”
O avivamento não acontece “de qualquer maneira” e nem por qualquer movimento avivalista promovido por pregadores, mensageiros ou representantes de igrejas ou grupos ditos espirituais. Ninguém, por mais santo que seja, produz um avivamento espiritual. O avivamento vem de cima, dos céus e é produzido por Deus pelo seu Espírito Santo. Charles Finney (1792– 1875) disse sobre isso: “O avivamento é o uso correto dos meios adequados. Os meios que Deus prescreveu [...] produzem avivamento. Caso contrário, Deus não os teria prescrito. ” Que meios são esses? São condições indispensáveis propiciadas por quem busca o avivamento segundo os princípios de Deus. Podemos tomar a promessa de Deus por ocasião da inauguração do Templo construído por Salomão em Jerusalém como referência ou requisitos para essas condições:
“E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, ”
Diante de uma situação espiritual decadente, de um estado de frieza e letargia espiritual que clama por soluções efetivas, humilhar-se é a primeira condição para o avivamento. Deus é soberano, altíssimo, onipotente, onisciente e onipresente. São atributos absolutos ou intransferíveis do seu Ser. Diante da sua grandeza e majestade, todos os seres do Universo, tanto nos céus quanto naterra, sejam anjos, sejam homens, todos devem encurvar-se aos seus pés e, prostrados, adorarem-no (Hebreus 1.6; Salmo 149.1,2). Na terra, todos são exortados a prostrarem-se diante do Deus Todo-poderoso: “Exaltai ao Senhor, nosso Deus, e prostrai-vos diante do escabelo de seus pés, porque ele é santo” (Salmo 99.5). Sempre que Israel humilhou-se e obedeceu ao Senhor, estando quebrantado na sua misericórdia, o Senhor abençoou-o, restaurou-o e deu vitória, mandando avivamento para o seu povo.
“...e orar, e buscar a minha face”
Um velho ditado entre crentes antigos dizia: “Muita oração, muito poder; pouca oração, pouco poder; nenhuma oração, nenhum poder”. Jamais haverá avivamento sem oração. Se, para Israel, a oração era o meio pelo qual o povo, humilhado e quebrantado diante de Deus, podia dirigir-se a Ele, suplicando a sua bênção e o seu perdão para resolver crises espirituais e morais que afligiam o seu povo, imaginem nos dias atuais quando grande parte dos que se dizem cristãos não dão valor à vida de oração e preferem ocupar o tempo precioso com coisas supérfluas, como entretenimentos, redes sociais, que, além de não ter valor para a vida cristã, são armadilhas para o seu afastamento da presença de Deus. A Bíblia diz: “remindo o tempo, porquanto os dias são maus” (Efésios 5.16) e “Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo” (Colossenses 4.5). Está muito difícil haver avivamento em muitas igrejas hoje em dia. A maioria dos crentes, mesmo os pentecostais, não gosta de orar. Os cultos de festas, de eventos e comemorações especiais são superlotados, mas a frequência é bastante reduzida nos cultos de oração — com raras exceções, claro. Sem dúvida alguma, podemos dizer que essa é uma das razões mais fortes pelas quais Deus não manda um avivamento no seio das igrejas evangélicas. Buscar a face do Senhor indica, porém, uma atitude mais profunda do que orar. O suplicante, além de orar, esforça-se mais para alcançar o que deseja. Desse modo, o avivamento requer oração e busca pela face de Deus, ou pela sua presença, de forma mais intensa.
“...se converter dos seus maus caminhos”
Para que o avivamento seja enviado por Deus, há uma pré-condição, que é a existência de uma situação indesejável, uma realidade que indica a ausência de comunhão com Deus, de afastamento dEle, de desobediência a Ele, como aconteceu várias vezes com o povo eleito — e tem acontecido ao longo da história com muitas igrejas em todos os lugares. Os avivamentos no Antigo e no Novo Testamento sempre foram antecedidos de um estado espiritual decadente, pecaminoso e até de afronta contra o Senhor. Para que haja o avivamento espiritual, é indispensável que as pessoas reconheçam que estão vivendo de maneira errada e aceitem a submissão à Palavra de Deus: “E te darei os tesouros das escuridades e as riquezas encobertas, para que possas saber que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome” (Isaías 45.3).Uma vez despertados à nossa necessidade, precisamos fazer alguma coisa. A convicção do pecado leva ao arrependimento. Não pode haver avivamento antes que confessemos os nossos pecados, deixemos nossos maus caminhos e nos lancemos às misericórdias de Deus: “Se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá” (Salmo 66.18).
“...então eu ouvirei dos céus, “
Quando tudo está perdido por causa
do desvio, da apostasia e das afrontas à santidade de Deus, não adianta buscar
soluções nos homens. Ninguém na terra pode mudar a realidade espiritual em
decadência. Pelo contrário, todas as coisas contribuem para piorar a situação
moral e espiritual de um povo caído; todavia, quando há conscientização do
pecado, da hipocrisia e do afastamento da vontade e da Palavra de Deus, então o
Senhor ouve “dos céus”, de cima, do seu alto e sublime trono. Avivamento espiritual
é como a chuva: jamais ela sairá debaixo da terra. Em 2 Crônicas, vemos outra
ocasião. Desta vez, foi no reinado de Ezequias em que o avivamento espiritual
caiu sobre o povo: Porque uma multidão do povo, muitos de Efraim e Manassés,
Issacar e Zebulom, se não tinham purificado e, contudo, comeram a Páscoa, não
como está escrito; porém Ezequias orou por eles, dizendo: O Senhor, que é bom,
faça reconciliação com aquele que tem preparado o coração para buscar ao Senhor
Deus, o Deus de seus pais, ainda que não esteja purificado segundo a
purificação do santuário. E ouviu o Senhor a Ezequias e sarou o povo. (2 Cr
30.18-20) Essa intervenção de Deus na realidade de um povo arrependido é
avivamento espiritual, que é vindo dos céus.
“...e perdoarei os seus pecados, “
Pecado é toda atitude, ato e
ação que provoca o rompimento entre o pecador e Deus (Isaías 59.2). Quando se
trata de pecados de um povo, de um grupo ou de uma igreja, trata-se de pecados
coletivos. Ao longo da história do povo de Israel, no livro de Juízes e na
maior parte dos Profetas, percebemos quanto aquele povo, não obstante ter sido
escolhido por Deus, foi abençoado por Ele de forma jamais vista em qualquer
outro povo; um povo que viu os sinais, os prodígios e as maravilhas operadas
pelo Senhor no Egito, na libertação com Moisés, nos 40 anos pelo deserto
abrasador, onde eles viram o Senhor fazer jorrar água da rocha, enviar pão dos
céus e tantas outras maravilhas na entrada em Canaã, na tomada das nações, de
forma milagrosa; ainda assim, infelizmente foi o povo que mais se esqueceu de
Deus e que mais pecou de forma absurda e incompreensível. Sempre que Israel
experimentava períodos diversos de pecaminosidade, afrontava ao Senhor Jeová e
voltava-se para outros deuses, sofria as consequências da sua desobediência.
Depois da morte de Moisés, o Senhor designou Josué para liderar o povo na
entrada à Terra Prometida. Josué, orientado por Deus, conquistou a grande
cidade de Jericó sem lançar uma flecha sequer, apenas obedecendo à estratégia
dada pelo Senhor (Josué 6). Logo depois, o povo foi derrotado pelos habitantes
de uma pequenina cidade chamada “Ai”. Até o seu nome era pequeno. Porém, por
causa do pecado de um só homem, Acã, Israel sofreu uma derrota humilhante
(Josué 7). Somente após a condenação e morte do transgressor, o Senhor Deus deu
vitória ao seu povo. Depois da morte de Josué, o povo de Israel ficou sem
liderança. Levantou-se “outra geração [...] que não conhecia o Senhor [...].
Então, fizeram os filhos de Israel o que parecia mal aos olhos do Senhor; e
serviram aos baalins” (Juizes 2.10,11). Durante 400 anos, o povo de Israel
alternou períodos de pecaminosidade, sofrimento, derrotas e destruições e
períodos de arrependimento, humilhação, confissão de pecados e busca pela
misericórdia de Deus. Foram 12 os juízes usados pelo Senhor para cuidar do povo
naquele período turbulento da sua história; mas sempre que o povo se voltava
para Deus, Ele perdoava os seus pecados e mandava períodos mais ou menos longos
de avivamento espiritual.
“...e sararei a sua terra. ”
Quando um povo descuida-se de cumprir a vontade de Deus e passa a viver na pecaminosidade, na corrupção e, principalmente, na idolatria, é visto por Ele como um povo doente, acometido por enfermidades espirituais que precisam de tratamento e cura. E a cura só vem quando todos atendem às condições para ser recuperado por Deus, por meio da sua misericórdia e amor. Depois que o povo atende aos requisitos divinos, além de ouvir as suas orações e perdoar os seus pecados, o Senhor também sara a sua terra, ou seja, remove as consequências da “doença” espiritual e promove uma “cura” completa na nação, a começar pelos seus líderes. Essa referência bíblica diz respeito ao povo de Israel, mas pode ser aplicada em todos os seus aspectos ao povo de Deus, à sua Igreja, que se identifica como todos os crentes que se unem e que se reúnem nas igrejas cristãs. Há casos em que os desvios espirituais, morais e doutrinários são tão grandes que igrejas inteiras tornam-se doentes espiritualmente. E a terapia de Deus é a mesma. Ele só sara os crentes, os pastores e o ministério quando há arrependimento, confissão de pecados com sinceridade. Nos dias presentes, há nações que, outrora, foram exemplos para o mundo e conhecidas como povo abençoado por Deus, com prosperidade espiritual e material. Os Estados Unidos da América, por exemplo, foram uma nação com esse perfil; nação que nasceu debaixo da proteção de Deus quando os “peregrinos” fugiram da Inglaterra para escapar da perseguição religiosa. Tendo chegado à nova terra, fundaram uma nação com base na Palavra de Deus. Até mesmo a sua Constituição tomou como parâmetros princípios bíblicos a ser observados pelo seu povo. Deus operou maravilhosamente. A nação americana tornou-se a maior nação do mundo em termos espirituais, econômicos, financeiros e em todas as áreas. Infelizmente, porém, a riqueza material tomou o primeiro lugar nos corações do seu povo. Os seus líderes, eleitos, tornaram-se incrédulos e materialistas. As escolas expulsaram Deus do seu meio. O judiciário tornou-se a vanguarda na elaboração de leis contrárias à Lei de Deus. Como resultado, hoje a América não é mais uma nação cristã. Há poucas décadas, os evangélicos eram 60% da população; hoje são apenas 40%, com tendência a diminuir esse percentual. O fechamento de igrejas acentua-se. A grande nação do Norte está doente de enfermidade crônica em termos espirituais e morais. As abominações a Deus — o aborto, o casamento homoafetivo, a famigerada ideologia de gênero, as prostituições e tudo o que fere a Lei de Deus — são aprovadas ali. Oremos para que haja um reavivamento na grande nação, que já deu tantos missionários para o mundo, e que ela seja sarada pelo Médico Divino.
DEIVY FERREIRA
PANIAGO JUNIOR
27/12/2022
Fontes:
RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra – O chamado das escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Fundamentos Bíblicos de um Autêntico Avivamento. Rio de Janeiro. CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Introdução aos Atos dos Apóstolos. Rio de Janeiro. CPAD, 1995.
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