(Texto Áureo) “Se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem? ” (Mateus 7.11)
A passagem tem implícito um
argumento a fortiori. O argumento a fortiori tem a seguinte formulação: “Se
isto acontece, então aquilo não acontecerá com muito mais razão? ”. O Novo
Testamento tem alguns exemplos bem conhecidos desse tipo de raciocínio. Talvez
o mais notável seja a passagem de Romanos 8.32: “Aquele que não poupou o
próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com
ele, de graça, todas as coisas? ”. Deus já nos deu sua melhor dádiva; com muito
mais razão, então, ele nos dará coisas menores! Outro excelente exemplo de
argumento a fortiori encontra-se no capítulo 6: “Se Deus veste assim a erva do
campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá muito mais a
vocês, homens de pequena fé? ” (Mateus 6.30).
“Se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, “
Nossa condição diante de Deus é exposta: “somos maus”: “E viu o Senhor que a
maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos
pensamentos de seu coração era só má continuamente. “ (Gênesis 6:5). Por sermos originalmente pecadores,
descendentes da degenerada semente de Adão. Perdemos grande parte da boa natureza
que pertencia à humanidade e, entre outros tipos de corrupção, temos dentro de
nós mesmos a má disposição e a maldade. Mas, apesar da nossa condição somos
capazes de atender com bondade os pedidos justos dos nossos filhos. Deus
colocou no coração dos pais uma amorosa inclinação para socorrer e ajudar seus
filhos de acordo com suas necessidades. Mesmo aqueles que têm pouca consciência
do dever, ainda assim agem como por instinto.
“..., quanto mais vosso Pai, que
está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem? ” Da mesma maneira como nos
encontram os prontos para socorrer nossos filhos, podemos nos sentir
estimulados a buscar o nosso socorro em Deus, para obtermos o nosso alívio.
Todo amor e ternura que existem nos pais provêm dele. Eles não vêm da natureza,
mas do Deus da natureza. Portanto, devem ser infinitamente maiores nele. Ele
compara seus cuidados para com o seu povo aos cuidados de um pai para com os
seus filhos (SaImo 103.13). E também com aqueles de uma mãe, que são geralmente
mais carinhosos (Isaías 49.14,15). Podemos supor que nele, esse amor, ternura e
bondade em muito excedam aos de qualquer pai terreno. Portanto, se eles se
manifestam com mais intensidade é porque estão baseados nessa indubitável
verdade, de que Deus é o melhor Pai. Infinitamente melhor do que qualquer pai
terreno, pois seus pensamentos se colocam acima dos pensamentos terrenos. Nossos
pais terrenos podem cuidar de nós, assim como cuidamos dos nossos filhos. Mas Deus
é capaz de dar muito mais, pois Ele os irá recolher quando estiverem desamparados.
É instrutivo observar que a passagem paralela no Evangelho de Lucas contém
fraseado ligeiramente diferente: “Pois, se vós, sendo maus, sabeis dar boas
dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo
àqueles que lho pedirem? ” (Lucas 11.13). Lucas interpretou “boas dádivas” em
seu material de fonte com referência ao “Espírito Santo”. Não há nada mais
importante na vida do cristão do que a abundante presença do Espírito Santo
dentro de nós.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
12/06/2022
Fontes:
GOMES, Osiel. Os valores do reino de Deus – a relevância do
sermão do monte para a igreja de Cristo. Rio de Janeiro: Cpad, 2022.
MENZIES, Robert, P. Pentecostes – Essa história é a a nossa
história. Rio de Janeiro: Cpad, 2016.
CARSON, D. A. O Sermão do Monte: exposição de Mateus 5—7;
tradução de Lucília Marques. - São Paulo: Vida Nova, 2018.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico – Evangelhos. Rio de
Janeiro: CPAD, 2010.