(Texto Áureo) “ Porque na verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido. ” (Mateus 5.18)
“ Porque na verdade vos digo que, ” A expressão “em verdade vos
digo que” aparece no começo das declarações mais enfáticas de Jesus. Esta
palavra grega (amen) é a transliteração para o grego da palavra hebraica que Jesus
falou, e é linguagem cristã especializada, denotando afirmação sagrada. “Em verdade
vos digo” é “a assinatura de Jesus: nenhum outro professor é conhecido por usar
essa expressão. Mateus a registra 31 vezes, João (com um duplo Amen), 25. Ela
serve para marcar um dito importante e imbuído de autoridade”
“...até que o céu e a terra passem...”. Essa frase nos revela o
tempo em que a Lei deve ser cumprida. Ela deverá ser cumprida enquanto essa
terra não se renovar. Pedro afirma que “os céus passarão com grande estrondo, e
os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se
queimarão” (2 Pedro 3:10) João afirma no apocalipse que ele viu um novo céu e
uma nova terra. Cada palavra da lei deverá ser cumprida. Nós presenciamos esse
cumprimento enquanto esse evento não acontecer.
“...nem um jota ou um til se omitirá da lei... jota é a tradução de
(iota), a menor letra do alfabeto grego. É provável que havia uma referência
intencional à menor letra do alfabeto hebraico, o (yod). A palavra traduzida
por “til” vem da palavra para “chifre” (keraia). Esse termo denotava “o pequeno
traço usado para diferenciar uma letra hebraica de outra”. Os dois termos
referem-se às mais pequeninas partes da revelação do Antigo Testamento. Uma
paráfrase do que Jesus disse seria: “nem um pingo num ‘i’ ou um travessão num
‘t’ jamais passará da Lei. “A Lei” — conforme foi usada aqui — a expressão é
equivalente à “Lei” e aos “Profetas” do versículo anterior. Refere-se ao Antigo
Testamento inteiro.
“...sem que tudo seja cumprido. ”.
A lei de Moisés deveria vigorar até que
tudo a respeito da Lei se “cumprisse”. Quando e como isso aconteceu? A respeito
da revelação do Antigo Testamento, tudo se cumpriu por meio de Jesus — parcialmente
por meio do Seu ensino, mas completamente na Sua pessoa. Jesus veio pra cumprir
a Lei.
Jesus cumpriu a Lei observando-a perfeitamente. (Ele foi o único
que fez isso.) Ele era um judeu “nascido debaixo da Lei” (Gálatas 4:4), sujeito
a seus mandamentos. Ele tinha pouco respeito pelas tradições judaicas humanas,
mas mostrou o maior respeito pela lei de Deus. Sua atitude em relação a fazer a
vontade de Deus se expressa nas palavras que Ele proferiu ao ser batizado:
“...assim, nos convém cumprir toda a justiça” (Mateus 3:15). Jesus mostrou o
tipo de vida que a Lei visava produzir. Durante o julgamento de Jesus, ninguém
pôde apontar uma falha sequer dEle em cumprir algum mandamento (veja Marcos
14:55–59).
Jesus cumpriu a Lei sendo o antitipo dos tipos (sombras) apresentados na Lei (veja Colossenses
2:16, 17; Hebreus 8:4, 5; 10:1) e o cumprimento das profecias a respeito do
Messias (veja Lucas 24:27)17. Ele começou Seu ministério pessoal com a
mensagem: “O tempo está cumprido” (Marcos 1:15). Em relação ao ministério
terreno de Jesus, Mateus afirma constantemente que isto ou aquilo “aconteceu
para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta”
(Mateus 1:22; veja 2:23; 3:3; 4:14).
Acima de tudo, Jesus cumpriu a Lei trazendo a solução para o problema
do pecado e seu castigo. A Lei fora dada para destacar o problema do
pecado, mas era impotente para fazer algo por ele (veja Romanos 8:3). Quando
Jesus morreu na cruz, Ele levou sobre Si o castigo por nossos pecados (veja 2
Coríntios 5:21; Gálatas 3:13). Seu último brado na cruz foi: “Está consumado!”
(João 19:30). Não era só a vida de Jesus que estava se acabando ali, mas também
a Sua missão de ser sacrificado pelos pecados da humanidade (1 Coríntios 15:3)
estava concluída. Jesus, portanto, também “cumpriu” a Lei nos outros dois
sentidos já mencionados: “cumprir = fazer, levar ao fim” e “encher =
completar”. Quando Ele “cumpriu” a Lei em todos os três sentidos, “tudo foi
consumado”. Como num contrato cumprido, a velha aliança pôde ser legitimamente
abolida para ser introduzida a nova aliança. Paulo escreveu que a lei “foi
adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente” e Paulo
deixou claro que “o descendente” era Cristo (Gálatas 3:19, 16; grifo meu).
Paulo também disse que “a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a
fim de que fôssemos justificados por fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos
subordinados ao aio” (Gálatas 3:24, 25).
A pressuposição de que Jesus estava perpetuando o mero legalismo e elevando o lance legalista evapora-se no calor da advertência de Jesus encontrada no versículo 20: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus”. A questão era a qualidade e fim da lei, e não sua quantidade.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
13/01/2022
Fontes:
BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras – a
Inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.
ROPER, David. A Verdade para Hoje, 2019. Disponível em: <http://biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201002_03.pdf>.
Acesso em 03 jan.2022.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico – Evangelhos. Rio de
Janeiro: CPAD, 2010.
ARRINGTON French L; STRONSTADRoger. Comentário Bíblico
Pentecostal – Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.