(Texto Áureo) “Então caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego. ” (1 Reis 18:38)
“Então caiu fogo do Senhor” Através de Elias foi colocada
essa prova: “que cada lado prepare um sacrifício e ore ao seu deus, e o deus
que responder por fogo, esse será Deus; se nenhum assim responder, que o povo
se torne ateu; se ambos, que o povo continue a coxear entre os dois”. Sem
dúvida, Elias tinha uma ordem especial de Deus para sugerir esse teste, de
outra forma ele teria tentado a Deus e afrontado a religião; mas a situação era
extraordinária e a decisão sobre ela seria útil, não apenas então, mas em todas
as épocas. E um exemplo da coragem de Elias que ele ousasse permanecer só na
causa de Deus contra tais poderes e números; e o resultado encoraja a todas as
testemunhas e defensores de Deus a jamais temerem a face do homem. Elias não
diz: “o Deus que responder por água” (embora isso fosse o que país precisava),
mas “o que responder por fogo, esse será Deus”; porque a expiação devia ser
feita através de sacrifício, antes que o castigo pudesse ser removido pela
misericórdia. Por essa razão, o Deus que tem poder de perdoar pecados e dar
isso a entender ao consumir a oferta pelo pecado, deve necessariamente ser o
Deus que pode nos socorrer contra a calamidade. Aquele que pode dar fogo pode
dar água (veja Mateus 9.2,6). Os profetas de Baal fizeram invocações, orações,
clamores em alta voz, retalharam-se com facas e lanças no seu transe idólatra
até sangrarem. A dança que faziam era manquejando, pois se alternavam nos seus
joelhos enquanto rodeavam o altar. Além disso, ainda profetizavam falsamente (1
Reis 18.26-29). Foi uma cena esquisita e cômica; tanto que Elias começou a rir
da ignorância deles depois de horas de tentativas frustradas e disse a eles que
Baal poderia estar dormindo ou ocupado com outra atividade dos deuses. Diante
da negativa óbvia do falso deus em responder. A oração de Elias foi simples e
curta, contrastando com as longas e sacrificais orações dos profetas de Baal.
Tudo isso para mostrar que, para o Senhor responder, não são necessárias
cerimônias especiais, muito menos sacrifícios e mutilações; basta exercitar a
fé no Deus verdadeiro. José Gonçalves afirma que a oração do profeta Elias
revela ao menos três fatos que são cruciais no contexto do livro de 1 Reis: (1)
Uma teologia correta sobre a divindade — “Tu és Deus”; (2) Uma correta
antropologia — “Eu sou teu servo”; e (3) Uma correta bibliologia — “Conforme a
tua Palavra fiz essas coisas”. Na oração, Elias expôs o verdadeiro motivo
daquele altar e da necessidade de Deus responder com fogo: “[...] para que este
povo conheça que tu, Senhor, és Deus e que tu fizeste tornar o seu coração para
trás. ” (1 Reis 18.37). Deus lhe respondeu imediatamente com fogo. O Deus de
Elias não estava conversando nem meditando, não precisava ser despertado nem
avivado; enquanto ele ainda estava falando, caiu fogo do Senhor, e não apenas,
como em outros tempos (Levítico 9.24; 1 Crônicas 21.26; 2 Crônicas 7.1)
“...e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó,
e ainda lambeu a água que estava no rego. ” Antes de orar Elias congregou o
povo, consertou o altar do Senhor que estava quebrado (uma consequência lógica
da idolatria), juntou 12 pedras que simbolizavam as 12 tribos, cavou um rego em
volta do altar, colocou a lenha, dividiu o bezerro em pedaços sobre a lenha e
pediu para que derramassem 12 cântaros de água, de tal forma que molhou todo o
altar e o que estava nele e ainda encheu o rego em volta do altar. Fazendo
assim, Elias eliminaria qualquer dúvida que fosse levantada quanto à veracidade
do evento milagroso, pois quem adora falsos deuses pode facilmente inventar
histórias falsas também. O fogo de Deus consumiu o holocausto e a lenha, em
sinal de que Deus aceitara a oferta, mas lambeu a água que estava no rego,
fazendo-a evaporar e subir para a chuva a que se apontava, a qual devia ser o
fruto desse sacrifício e oração, mais do que o produto de causas naturais.
Compare com Salmos 135.7: faz subir os vapores das extremidades da terra, faz
os relâmpagos para a chuva: ele fez ambos para essa chuva. Como para aqueles
que caem vítimas do fogo da ira de Deus, nenhuma água pode protegê-los, muito
menos arbustos e espinheiros (Isaias 27.4,5). Mas isso não era tudo; para
completar o milagre, o fogo consumiu as pedras do altar, e até o pó, para
mostrar que não era um fogo comum, e talvez insinuar que, embora Deus aceitasse
um sacrifício ocasional desse altar, no futuro eles deviam demolir todos os
altares nos lugares altos e usar apenas aquele que estava em Jerusalém para
sacrifícios permanentes. O altar de Moisés e o de Salomão foram consagrados por
fogo do céu; mas esse foi destruído para não ser usado mais.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
21/07/2021
Fontes:
POMMERENING, Claiton, Ivan. O Plano de Deus para Israel em
meio a infidelidade da nação – As correções e os ensinamentos divinos no
período dos reis de Israel. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.
GONÇALVES, José. Porção dobrada – Uma análise bíblica,
teológica e devocional sobre os ministérios proféticos de Elias e Eliseu. Rio
de Janeiro: CPAD, 2012.
SWINDOLL, Charles R. Elias: um homem de heroísmo e
humildade. São Paulo: Mundo Cristão,
2001.
WISEMAN. Donald J. 1 e 2Reis Introdução e comentário. São
Paulo: Vida Nova, 2006.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico – Josué a Ester. Rio de
Janeiro: CPAD, 2008.