Contexto
No verso 7 Paulo diz: “Temos,
porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de
Deus, e não de nós ”. Que tesouro é este? A resposta está no verso 6 quando
Paulo cita (Gênesis 1.3) A iluminação de Cristo que nos deu o conhecimento da
glória de Deus. Paulo conhecia a glória. Ele também conhecia o sofrimento que
seu ministério muitas vezes acarretava. Seu conhecimento da glória de Deus em
Cristo é um tesouro inestimável. As pessoas naqueles dias dificilmente
pensariam em pôr jóias em simples vasos de barro. Mas nós que temos a luz de
Cristo ainda vivemos em corpos humanos frágeis em um mundo pecador. Deus não muda nosso corpo agora, mas escolheu
nos deixar em fraqueza humana de forma que seja óbvio a todos que a grandeza do
seu poder, manifestada por meio dos seus servos, é “de Deus e não de nós”.
Paulo foi usado por Deus para realizar muitos milagres, contudo ele permaneceu
fisicamente, fraco e sem impressão. Paulo queria que os coríntios soubessem que
pouco importava o que acontecesse, o tesouro no vaso de barro do seu corpo o
impedia de ser quebrado pelas circunstâncias ou pelos inimigos. Nesta seção da
carta Paulo se expressa numa série de quatro declarações paradoxais. Elas
refletem, de um lado, a vulnerabilidade de Paulo e de seus companheiros, e por
outro lado, o poder de Deus que os sustenta.
“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; “ A palavra grega para
“atribulados”, significa afligido, sujeito a pressões, enquanto a palavra para
“angustiados”, traz a idéia de comprimir em lugar apertado. Tem que ver com o
aperto de uma pequena sala, de um espaço confinado, e, daí a dor que é sua
ocasião. A tribulação é uma prova externa, enquanto a angústia é um sentimento
interno. A tribulação produz angústia (SI 116.3), mas Paulo mesmo enfrentando
circunstâncias tão adversas era fortalecido pelo Senhor. Quais as tribulações que
Paulo enfrentou? Ele foi perseguido em Damasco, rejeitado em Jerusalém,
esquecido em Tarso, apedrejado em Listra, açoitado em Filipos, escorraçado de
Tessalônica e Beréia, chamado de tagarela em Atenas, de impostor em Corinto.
Enfrentou feras em Éfeso, foi preso em Jerusalém, acusado em Cesaréia,
enfrentou um naufrágio a caminho de Roma e foi picado por uma cobra em Malta.
Sofreu prisões, açoites, apedrejamento, fome, frio e pressão de todos os lados.
Contudo, Deus o assistiu não o deixando sucumbir diante de tantas adversidades.
Os problemas o pressionavam severamente de todos os lados (ou de todas as
formas), mas por causa do poder incomparável de Deus eles não podiam nem mesmo
restringi-lo de disseminar o Evangelho.
“...perplexos, mas não desanimados; ” A palavra grega para
“perplexos”, significa estar em dúvida, estar perplexo, enquanto a palavra para
“desanimados”, significa estar completamente em desespero, ou melhor o desespero
em seu estado final. Jesus morreu na cruz, mas Deus O ressuscitou para reinar à
Sua direita. Por isso, o apóstolo recusou-se a desistir mesmo quando perplexo
com o comportamento de seus companheiros judeus ou dos pagãos a quem pregava.
As dúvidas e brigas de outros crentes nunca levaram o apóstolo a ficar desanimado.
Durante todos os tumultos, Paulo confiou em Cristo, seu Amigo e Consolador. A
vitória dos cristãos é assegurada pela certeza de que o Senhor voltará. Paulo
sabia que os fiéis herdarão a vida eterna e os corruptos de coração serão
separados da presença do Senhor.
“...perseguidos, mas não desamparados; “ A palavra grega para
“perseguidos”, traz a ideia de perseguir e caçar como a um animal, enquanto a
palavra para “desamparados”, significa desertar, abandonar alguém em
dificuldades. Paulo se descreve como um fugitivo caçado por seus adversários,
contudo, na última hora Deus lhe dava um escape.201 Paulo sofreu duras
perseguições desde o começo de sua conversão até o último dia da sua vida na
terra. Não teve folga nem alívio. Foi perseguido pelos judeus e pelos gentios, pelo
poder religioso e pelo poder civil. No entanto, jamais se sentiu desamparado.
Quando foi apedrejado em Listra, levantou-se para prosseguir o projeto
missionário. Quando foi preso em Filipos, cantou e orou à meia-noite. Quando foi
preso em Jerusalém, deu testemunho diante do Sinédrio. Quando foi levado para
Roma como prisioneiro de Cristo, testemunhou ousadamente aos membros da guarda
pretoriana. Mesmo quando ficou só em sua primeira defesa, em Roma, foi
assistido pelo Senhor (2 Timoteo 4.16-18).
“...abatidos, mas não destruídos; “ A palavra grega para
“abatidos”, significa lançar abaixo, derrubar violentamente. A palavra era
usada para falar da derrubada de um oponente na luta ou de derrubar uma pessoa
com a espada ou qualquer outra arma. Já a palavra para “destruídos”, significa
destruir e perecer. Paulo enfrentou circunstâncias desesperadoras, acima de suas
forças (1.8). Foi acusado, perseguido, açoitado, aprisionado, mas jamais sucumbiu.
Mesmo quando foi levado à guilhotina romana e teve seu pescoço decepado pelo
verdugo, não foi destruído (2 Timóteo 4.17,18), porque sabia que sua morte não
era uma derrota, mas uma vitória, uma vez que morrer é lucro, é deixar o corpo
e habitar com o Senhor, o que é incomparavelmente melhor. Na fraqueza de Paulo,
Jesus o tornou forte. O apóstolo parecia nunca esquecer que estava seguindo os
passos de Jesus. O próprio Senhor foi crucificado de um modo vergonhoso, mas,
por meio de Sua morte, Ele derrotou Satanás. A glória do ministério de Paulo
estava no fato de que ele transmitia os ensinamentos de Jesus, mas também
participara dos sofrimentos de Cristo. Ele jamais pensou em abandonar seu
ministério. Naquilo o mundo viu como fraqueza, o apóstolo encontrou força.
DEIVY FERRREIRA PANIAGO JUNIOR
24/5/2023
FONTES:
CABRAL, Elienai. Relacionamentos em
Família – Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Rio
de Janeiro: CPAD, 2023.
http://biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_202107_02.pdf
KRUSE, Colin. 2 Coríntios – Introdução e comentário. São
Paulo: Vida Nova, 1984.
LOPES, Hernandes Dias. 2 Coríntios:
o triunfo de um homem de Deus diante das dificuldades. São Paulo: Hagnos, 2008.