2 Timóteo 2.24 “E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor;”
“E ao servo do Senhor não convém contender,”
No contexto das epistolas pastorais, via de rega, a expressão: “servo do Senhor” é mais aplicada aos ministros da Palavra, ou aos líderes das igrejas. Doulos é a palavra grega comumente usada para um “escravo”, mas a maioria das traduções optou pelo termo “servo”. Doulos é aquele que, seu “único compromisso é com o Senhor”. Não há chamado maior do que ser um servo do Senhor: “Assim morreu ali Moisés, servo do Senhor, na terra de Moabe, conforme a palavra do Senhor” (Deuteronômio 34:5).
O servo de Deus é um indivíduo que é chamado para edificar vidas em vez de contender. A contenda abre feridas, em vez de cicatrizá-las. Concordo, porém, com Stott quando ele diz que Paulo não está aqui proibindo todo tipo de controvérsia. Quando a verdade do evangelho estava sendo cruelmente atacada, o próprio Paulo se tornou um ardoroso apologista (Gálatas 2.11-14) e ordenou que Timóteo fizesse o mesmo (1 Timóteo 6.12). Porém, a combinação de especulações não bíblicas com polêmicas despidas de amor tem causado grandes danos à causa de Cristo.
Não raro, nas igrejas, aparecem irmãos, que possuem cursos de Teologia, ou de outras áreas acadêmicas, os quais levantam argumentos pessoais contra doutrinas já consagradas ou estabelecidas ao longo dos anos nas igrejas cristãs. Nada temos contra esses cursos, pois, pela graça de Deus, possuímos alguns deles, que muito têm enriquecido nosso ministério de ensino. Mas referimo-nos a ensinadores presunçosos, que procuram angariar simpatia de grupos de crentes para si, a fim de formarem uma facção dissidente no meio dos irmãos.
Esses quanto confrontados pela liderança local, tornam-se opositores velados ou declarados, e, muitas vezes, conseguem fazer dissensões ou divisões. Tais “doutores” andam na contramão do Salmo 133, que diz que é “bom e suave que os irmãos vivam em união”. Discordar de algo que merece reparos é natural, mas provocar dissensão e contenda não é coerente com o amor cristão.
Diante desses fatos, Paulo exorta a Timóteo a evitar tais contendas e litígios, envolvendo a doutrina, e as provocações dos contendores que surgem no meio da igreja local. Conselho sábio, de um pastor experiente, culto e bem firmado na sã doutrina cristã, a um jovem obreiro, que ainda teria muito o que aprender, ao longo dos anos de seu ministério.
“... mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor;”
Paulo apresentou uma descrição abrangente do servo do Senhor, detalhando como um pregador deve interagir com a irmandade, especialmente com os que se opõem a ele e com os que estão cometendo erros.
Aquele que serve ao Senhor deve ser manso para com todos. Diz provérbios: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Provérbios 15.1). Outras traduções preferiram as palavras “brando” ou “amável”. Essa palavra grega é “usada freqüentemente pelos escritores para caracterizar a atitude de uma ama com crianças irritadiças ou de um professor com alunos refratários, ou para aludir a pais em relação aos seus filhos”. O servo do Senhor deve ser “afável, de fácil diálogo, de conduta acessível, não irritável, [nem] intolerante, [nem] sarcástico, nem burlesco, nem mesmo para com os que o prejudicam”.
A passagem instrui a ser “manso para com todos”. Não é uma ordem simples; é mais fácil ser brando ou amável com algumas pessoas do que com outras. No entanto, devemos ser amáveis com quem gostamos e com quem não gostamos. Devemos ser amáveis com os amigos e com os inimigos. Devemos ser amáveis com as pessoas próximas a nós e com os estranhos. “Ser amável para com todos” (NVI).
O próximo requisito é uma repetição de uma das qualificações dos presbíteros: aptos para instruir. Se um homem não sabe instruir ou ensinar, ele não deve ficar à frente de uma classe ou no púlpito. Essa habilidade é um resultado natural de um obreiro que aprendeu a manejar bem a palavra da verdade: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15).
Paulo citou a seguir “sofredor” ou “paciente”. O texto original contém uma palavra composta, que significa “suportar pacientemente". Refere-se a “suportar o mal sem ressentimento”, sendo “paciente” e “tolerante”. Essa é outra ordenança mais fácil de ser dita do que obedecida. Quando injustiçados, queremos atacar, ferir os outros como eles nos feriram; mas Paulo instruiu a sermos “pacientes” quando injustiçados.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
01/08/2025
FONTES:
GONÇALVES, José. A igreja em Jerusalém – Doutrina comunhão e fé: A base para o crescimento da igreja em meio as perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.
RENOVATO, Elinaldo. As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
LOPES, Hernandes Dias. 2Timóteo: o testamento de Paulo à igreja. São Paulo: Hagnos, 2014.
http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201904_02.pdf
