"Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele;"
Ser nascido de Deus é ser renovado interiormente restaurada uma integridade ou retidão santa de natureza pelo poder do espírito de Deus. Alguém assim não comete pecado, não põe em prática iniquidade, nem pratica desobediência que é contrária nova natureza é o caráter regenerado de seu espírito.
Esse versículo sugere que podemos vencer a prática do pecado – e devemos lutar por isso. No entanto, não podemos alcançar essa vitória sozinhos. Somente quando nascemos verdadeiramente de Deus. Obtemos vitória sobre a prática do pecado por meio de Cristo.
Em 4:4, lemos: “Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo”. Podemos vencer o mundo e o pecado que está no mundo por causa de Cristo.
A razão que João dá para que o cristão Não continue persistir no pecado é que "a sua semente permanece nele". Isso pode ser considerado de diversos modos, mas provavelmente deveria ser assumido como uma referência à natureza de Deus permanecendo no cristão, como algumas versões modernas afirmam.
Outra possibilidade é que a expressão semente de Deus se refira a palavra de Deus que permanece pelo menos em parte dentro de cada crente. Essa ideia ocorre em outros trechos um exemplo é 1 Pedro 1.23: "sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre".
Essa “semente” – seja ela a natureza divina, a Palavra ou até mesmo o Espírito Santo– foi providenciada pelo Senhor e nos permite viver para Cristo em vez de viver pecando.
"... e não pode pecar, porque é nascido de Deus."
Alguns interpretam essas palavras literalmente. Acreditam que uma vez que uma pessoa é salva, ela sempre será salva. De acordo com essa interpretação, um cristão nunca irá pecar a ponto de perder a sua salvação eterna.
Os defensores dessa doutrina usam esse versículo para tentar provar que um verdadeiro cristão não peca. E se alguém que parece ser cristão pecar? A resposta deles é que o pecado é simplesmente a prova de que o indivíduo que pecou não era realmente um cristão, embora parecesse ser.
No entanto, nenhum intérprete criterioso entende que um cristão não possa cometer um ato pecaminoso. As seguintes considerações tornaram essa explicação improvável.
Em primeiro lugar, afirmar que é impossível um cristão pecar contraria a experiência. Nós que somos filhos de Deus sabemos que pecamos, e com certeza conhecemos outros que, mesmo sendo cristãos autênticos, pecam. Essa afirmação também contraria a experiência dos cristãos nos tempos bíblicos; há numerosos exemplos no Novo Testamento de discípulos pecando.
Em segundo lugar, essa hipótese tornaria sem sentido grande parte do Novo Testamento, a qual foi escrita principalmente para exortar os cristãos a não pecar. Muitas passagens bíblicas que ensinam que é possível o cristão pecar a ponto de perder-se eternamente. O Novo Testamento ensina recorrentemente a possibilidade de apostasia.
O maior problema ao se interpretar essas passagens literalmente e crer que é impossível um cristão pecar é que essa interpretação faria João se contradizer. Ele disse em 1:8: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós”. E escreveu em 1:10: “Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós”.
O que João quis dizer então? Ele escreveu que “todo aquele que permanece nele não vive pecando” (3:6a), “todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado” (3:9a), e “todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado” (5:18a).
Considerando que João admite que os cristãos podem sim pecar, o senso comum sugere que João quis dizer que “os cristãos não pecam constantemente; o pecado não é o padrão habitual de suas vidas”. E nem deveria ser pois já foi dito que ele é nascido de Deus.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
8/4/2025
http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_202304_02.pdf
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry – Atos a Apocalipse. Rio de Janeiro CPAD, 2008.
BOICE, J. M. As Epístolas de João. RJ: CPAD, 2006