Ezequiel 7.2 "E tu, ó filho do homem, assim diz o Senhor JEOVÁ acerca da terra de Israel: Vem o fim, o fim vem sobre os quatro cantos da terra. ”
‘E tu, ó filho do homem, “
Na primeira vez em que Deus se dirige ao
profeta Ezequiel, não o chama pelo nome, mas usa a expressão em hebraico ben
ʾadam, literalmente, “filho do ser humano” (2.1), para identificá-lo como homem
entre os seres celestiais. A partir desse versículo, o título reaparece mais 92
vezes ao longo do livro, seis vezes só no capítulo 3 (vv. 1, 3, 4, 10, 17, 25).
Nenhum outro profeta é chamado assim. Essa expressão reaparece em Daniel, mas
não é usada para se referir a algum profeta (Daniel 8.17). Isso faz lembrar a
identidade humana fragilizada e pecadora, ao passo que Deus é o Senhor da
glória. “Filho do homem” é um título messiânico e, quando usado para designar
Jesus, deixa clara a sua humanidade. Esse título em Jesus vem acompanhado de
artigo, pois Jesus é o Filho de Deus e, ao mesmo tempo, o Filho do homem, e
revela ser ele um ser humano terreno quanto um ser divino (Romanos 1.1-4; 9.4,
5). Adão é o cabeça da humanidade pecadora, e Jesus é o cabeça da humanidade
redimida; todos os que creem em Jesus Cristo recebem vida eterna (Romanos
5.12-21). Jesus usou frequentemente esse título com respeito a si mesmo durante
o seu ministério terreno, às vezes para apontar o seu vínculo com o mundo
perdido: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lucas 19.10);
em outras ocasiões, para apontar a sua condição celestial: “Ora, ninguém subiu
ao céu, a não ser aquele que de lá desceu, o Filho do Homem” (João 3.13); “Que
acontecerá, então, se virem o Filho do Homem subir para o lugar onde primeiro
estava? ” (João 6.62).
“...assim diz o Senhor JEOVÁ acerca da terra de Israel: ”
Essa
fórmula é a chancela de autoridade espiritual muito comum nos profetas de
Israel: “assim diz Senhor”, como também “veio a palavra do Senhor a (...)”, ou
“veio a mim a palavra do Senhor”. Essas expressões aparecem muitas centenas de
vezes no Antigo Testamento. Não se trata, pois, de ideias humanas nem de um
pensamento de um profeta, mas, sim, como porta-vozes de Deus, recebem dele os
oráculos e os transmitem ao povo como lhes foram confiados. A autoridade deles
não está restrita apenas aos seus escritos que hoje compõem as Escrituras
Sagradas, mas se estende à pessoa, pois, em vida, eram homens cheios do poder
do Espírito Santo. O discurso tem endereço certo é a respeito da terra de
Israel.
“Vem o fim, o fim vem sobre os quatro cantos da terra. ”
A palavra
Fim no hebraico trata-se de um substantivo usado em contexto de julgamento (Genesis
6.13; Amós 5.1820; 8.2). Ele aparece cinco vezes nos versículos 2, 3 e 6 e isso
evidencia a intensidade do julgamento. Cerca
de cento e cinquenta anos antes, o profeta Amós usou a mesma construção
hebraica ba‘ haqēts, “vem o fim”, ao anunciar o fim do Reino do Norte: “Chegou
o fim sobre o meu povo Israel” (Amós 8.2). Essa mensagem de Amós se cumpriu na
queda de Samaria em 722 a.C. (2 Reis 17.23), o que leva os expositores do
Antigo Testamento a interpretarem um paralelo com a palavra profética anunciada
por Ezequiel sobre a queda de Jerusalém ocorrida em 587/586 a.C. Ezequiel
mostra que Jerusalém está no mesmo caminho. Em outras palavras, o discurso do
Profeta aponta que a destruição é um fato; ela é real e está próxima. A
profecia deixa claro que o juízo não é apenas para Israel nem somente para uma
única época, mas tem alcance universal: sobre os quatro cantos da terra. Essa
expressão aparece na Bíblia para se referir a toda a terra (Isaías 11.12; Apocalipse
7.1). O discurso profético foi escrito em forma poética, e isso serve para
chamar a atenção de todo aquele que lê essa Palavra.
DEIVY FERREIRA
PANIAGO JUNIOR
10/10/2022
Fontes:
SOARES, Esequias e Daniele. A Justiça Divina – A preparação do povo de Deus para os últimos dias no Livro de Ezequiel. Rio de Janeiro: CPAD 2022.
Nenhum comentário:
Postar um comentário