sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

1 Tessalonicenses 2.3

1 Tessalonicenses 2.3 “Porque a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência " 


Paulo inicia o segundo capítulo de sua primeira epístola aos tessalonicenses destacando a natureza abnegada de seu ministério entre aqueles irmãos. Mais que um autoelogio narcisista, essa apologia paulina ao seu ministério pessoal — atitude que ele também toma ao escrever para outras igrejas (2 Coríntios 12.11-21; Gálatas 6.14-18) — é um registro histórico do modelo inspirativo de ministro no cristianismo primitivo. Mesmo tendo vivenciado uma experiência extremamente traumática em Filipos (acusação de perturbação pública, prisão, açoite, detenção inapropriada, etc.), o apóstolo persistiu na obediência à visão que Deus concedera a ele (Atos 16.9) e iniciou a evangelização em Tessalônica. Não era ganância ou benefícios pessoais que moviam o coração de Paulo para a realização desse serviço ao Reino de Deus, e sim o amor às pessoas e a confiança de que o Senhor que vocaciona também é o que supre todas as necessidades daquele que se dedica liberalmente à obra.


“Porque a nossa exortação não foi com engano, “ 

A palavra “exortação” usada por Paulo, indica apelo, tendo como objeto o benefício dos ouvintes, e que pode ser exortativo ou conciliatório, conforme as circunstâncias. A palavra era utilizada para encorajar soldados antes da batalha, e se dizia que o encorajamento era necessário para soldados pagos, mas desnecessária para os que lutavam por suas vidas e seus países. Ele não usava de engano. A primeira coisa que Paulo faz é reafirmar a veracidade de sua mensagem, quando diz: “a nossa exortação não procede de engano”. A mensagem de Paulo não era criada por ele, mas recebida de Deus. Seis vezes nesta carta, ele menciona esse auspicioso fato de que havia recebido o evangelho de Deus e não de homens: ‘Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei” (1 Coríntios 11:23).


 “...nem com imundícia, “

É geralmente reconhecido que o pensamento aqui não se refere à impureza física ou ritual, mas, sim, à impureza moral. Em 1 Tessalonicenses 4:7 está escrito: “Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação” Paulo a contrasta com a santidade. Paulo vivia uma vida pura. Ele deixa claro o motivo pelo qual realizava seu ministério. A sua exortação não procedia de impureza. Alguns acusavam Paulo de estar fazendo a obra com a motivação errada. Porém, seus motivos eram puros diante de Deus e dos homens. Uns pregavam a mensagem errada com a motivação errada; outros pregavam a mensagem certa com a motivação errada: “Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa vontade; Uns, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas prisões. Mas outros, por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho” (Filipenses 1:15-17), mas Paulo pregava a mensagem certa com a motivação certa.


“...nem com fraudulência 

"Outro aspecto relevante que o apóstolo faz questão de apresentar para diferenciar-se dos falsos profetas que já se introduziam naquela comunidade. É a transmissão das verdades do Reino feita sem segundas intenções (dolo). Diferentemente de determinados contemporâneos seus, Paulo anunciava as palavras de Jesus sem a expectativa de um “retorno financeiro”. Não havia bajulação ou charlatanismo na mensagem apostólica: “Porque, como bem sabeis, nunca usamos de palavras lisonjeiras, nem houve um pretexto de avareza; Deus é testemunha” (1 Tessalonicenses 2:5). Além de suas próprias consciências e corações que estavam diante de Deus, Paulo e sua equipe dispunham ainda do unânime testemunho dos tessalonicenses que referendavam uma postura não mercenária e não ambiciosa: “Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós...” (1 Tessalonicenses 2:9). Paulo não fora a Macedônia para entesourar riquezas humanas; não era seu objetivo fazer um “pé-de-meia” para sua vida apostólica. O evangelho foi anunciado sem ganância ou bajulação, tendo Deus como testemunha.

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
17/7/2023

FONTES:

BAPTISTA, Douglas. A igreja de Cristo e o império do mal – Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

BRAZIL, Thiago. A igreja do arrebatamento – o padrão dos Tessalonicenses para os últimos dias. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

CLARO, Francisco Eloi Martinho Prior. Marcas helenistas na Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses: A inculturação no primeiro escrito bíblico cristão. Dissertação (Mestrado em Teologia). Porto, 2017.

LOPES, Hernandes Dias. 1 e 2 Tessalonicenses: (como se preparar para a segunda vinda de Cristo). São Paulo: Hagnos, 2008.

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