1 Pedro 2.9 “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. ”
Logo após dizer que os desobedientes tropeçam em Cristo: “a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina” (1 Pedro 2:7) Pedro acrescentou: “Vós, porém” para afirmar que eles eram totalmente diferentes. Para esclarecer isso o apóstolo usou quatro metáforas para descrever a condição dos cristãos.
Essas metáforas faziam parte da promessa feita por Deus a Israel no Sinai. Se tivessem ouvido sua voz e guardado sua aliança estas coisas seriam verdades para eles: “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel” (Êxodo 19:5,6).
Mas, devido a sua desobediência, estas relações e ministérios nunca chegaram a ser cumpridos na íntegra. Fez-se necessária a Nova Aliança para conduzir judeus e gentios a um novo corpo. As metáforas são:
“Mas vós sois a geração eleita,”
Assim como Deus escolheu Israel dentre as nações para ser seu povo exclusivo: “A esse povo que formei para mim” (Isaías 43:21), Deus também escolheu pessoas de entre todas as nações para formar sua igreja: “Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus” (1 Coríntios 1:24).
O Senhor não escolheu Israel porque era um grande povo, mas porque o amava (Deuteronômio 7.7,8). Assim também, Deus nos escolheu com base em seu amor e em sua graça. Jesus foi categórico: ”Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós” (João 15.16).
Pedro vê os crentes como o corpo de Cristo, a igreja. Somos uma raça escolhida por Deus dentre todos os povos da terra. Mueller diz que os cristãos formam uma nova raça, diferente tanto de judeus como de gentios. E por isso são uma geração eleita; todos formam uma família, um tipo e espécie de povo distinto do mundo comum, de outro espírito, princípios e prática, que nunca poderiam ser se não fossem escolhidos em Cristo para serem assim, e santificados pelo Espírito.
“... o sacerdócio real, ”
Sob a Lei, somente algumas pessoas eram separadas como sacerdotes. A massa do povo, que não era descendente de Arão, não tomava parte no ministério do templo.
Mas sob a graça, todos os crentes fazem parte do sacerdócio. O cristão não precisa de ninguém, somente de Jesus, para lhe dar acesso ao Santo dos santos, à presença de Deus: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hebreus 10.19,20).
Estando numa relação pessoal com Cristo, Ele fez de nós sacerdócio santo, capazes de oferecer sacrifícios aceitáveis a Deus através de seu sacrifício maior: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Romanos 12.1).
A Igreja, pois, não é um mero clube social. Nela, chegamos juntos para o louvor. Os salmos, hinos, pregações, línguas e interpretações, dons e revelação, devem ser ministrados de forma sacerdotal, visando sempre a edificação (construção) do corpo (1 Coríntios 14.26; Efésios 4.15,16; 5.19,20; Colossenses 3.16,17).
“... a nação santa, ”
Pedro retrata o povo de Deus como uma nação santa, o que significa que seus cidadãos foram separados para servir a Deus. Deus nos escolheu para a salvação mediante a santificação e para a santificação. “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” (Efésios 1:4)
Portanto, ser parte de uma “nação santa” é um chamado para vivermos uma vida de santidade e consagração a Deus. Isso envolve viver de acordo com os padrões de Deus, refletindo Sua natureza e se separando do pecado e do mundo. Como membros dessa nação, somos desafiados a buscar continuamente a transformação por meio do poder do Espírito Santo..
“... o povo adquirido, ”
A idéia de ser “povo adquirido” está ligada à nossa redenção. Em Efésios 1:7, lemos: “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça.” Isso significa que fomos resgatados do poder do pecado e da condenação pela graça de Deus. Jesus nos comprou para que pudéssemos ser livres da escravidão do pecado.
Quando olhamos para a cruz, vemos o preço incrivelmente alto que Deus pagou por nós. Romanos 5:8 nos lembra: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.” Deus nos amou tanto que estava disposto a sacrificar Seu Filho para nos resgatar. Essa é a profundidade do Seu amor por nós, Seu povo adquirido.
Portanto, ser “o povo adquirido” é uma expressão do imenso amor de Deus por nós. Somos preciosos aos Seus olhos, redimidos pelo preço do sangue de Cristo.
Nós temos um dono, nós somos propriedade do próprio Deus, somos um bem precioso para Ele, fomos comprados pelo sangue de Jesus Cristo. Assim como Deus não divide sua glória com ninguém, também não nos reparte com ninguém. Somos dele, só dele. O nosso valor não é devido a quem nós somos, mas a quem Deus é.
“... para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. ”
Depois de descrever os privilégios e atributos da igreja, Pedro fala sobre a missão da igreja. Fomos salvos pela graça para uma sublime missão.
A palavra grega aretes, “virtudes”, era um termo amplamente difundido na época e muito importante na concepção ética e religiosa do helenismo. Estão em vista as grandes obras de Deus na história do seu povo. A redenção humana, o perdão de pecados e a vida eterna – tudo que envolve ser cristão. Também estão em foco aqui as virtudes de Deus, como poder, glória, sabedoria, graça, misericórdia, amor e santidade.
Por meio de sua conduta, os cristãos devem testemunhar que são filhos da luz, e não das trevas: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 5:16)
Somos embaixadores dos atributos de Deus e de seus gloriosos feitos. Não podemos calar nossa voz. Não podemos guardar para nós essa mensagem. Precisamos proclamar em alto e bom som quem é Deus e o que ele fez por nós em Cristo Jesus.
Reforçando esse pensamento, William Barclay esclarece que a missão do cristão é contar aos outros o que Deus tem feito por sua alma. Por meio da própria vida e das próprias palavras, o cristão é uma testemunha do que Deus tem feito por ele, pela mediação de Cristo Jesus.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
16/12/2023
FONTES:
GONÇALVES, José. O Corpo De Cristo – Origem, Natureza e Missão da Igreja no Mundo. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
http://biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201409_04.pdf
HORTON, Stanley. I e II Pedro – a razão da nossa esperança. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
https://veredasdoide.com/1-pedro-2-9-mas-vos-sois-a-geracao-eleita-o-sacerdocio-real-a-nacao-santa-o-povo-adquirido/#google_vignette
Lopes, Hernandes Dias. 1 Pedro: com os pés no vale e o coração no céu. São Paulo: Hagnos, 2012 .
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