Romanos 3.20 "Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. ”
"Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, “
Paulo conclui, ninguém será declarado justo diante Deus baseando-se na obediência à lei, literalmente "por obras da lei" (ARA). Mas o que ele quer dizer com "obras da lei"? Até mesmo entre os mais experientes eruditos há alguma dúvida sobre o que signifique a expressão as obras da lei. Enquanto que alguns as incluem à observância de toda a lei, outros as restringem exclusivamente às cerimônias. Temos, contudo, muitas razões para crer que Paulo está falando, aqui, de toda a lei. Somos fortemente corroborados pelo fio de raciocínio que temos seguido até aqui, ao qual continuaremos a seguir. Há muitas outras passagens que não nos permitem pensar de outra forma. Portanto, é uma memorável verdade de primeira grandeza, a saber, que ninguém é capaz de alcançar a justiça pela observação da lei. Paulo apresentou sua razão para isso, e no presente texto ele o reiterará, ou, seja: todos os homens, sem exceção, são culpados de transgressão, e estão todos condenados pela lei como injustos. Estas duas proposições – ser justificado pelas obras e ser culpado de transgressão – são opostas entre si. O termo carne, se não for particularmente especificado, significa simplesmente homens, embora pareça comunicar um sentido um tanto mais geral, assim como é mais expressivo dizer todos os mortais, do que dizer todos os homens. O ser humano pode se vangloriar de suas obras perante as demais pessoas, mas perante Deus não encontrará justificativa, pois nem mesmo Abraão alcançou por méritos (Romanos 4.1-3). Se houvesse um só ponto ou característica de ser humano que o pudesse justificar, existiriam outros caminhos para se alcançar a justificação além do caminho da morte e cruz apresentado por Jesus, e, certamente, os seres humanos escolheriam o caminho mais simples.
“...porque pela lei vem o conhecimento do pecado. ”
Uma vez que ele evidencia que a lei era insuficiente para salvar, qual era então a função da lei? O apóstolo deixa mais evidente a função quando escreve a epístola aos gálatas (G1 3.23-25), na qual afirma que a lei serviu como aio para se chegar a Cristo. A palavra grega “aio” significa uma pessoa que conduz uma criança”, tutores responsáveis por proteger os filhos de seus senhores, educá-los, bem como corrigi-los. Portanto, o aio tinha uma função transitória, e não definitiva, pois, quando o filho chegava à sua maturidade, não tinha mais função a desenvolver. Dessa forma, a função da lei era dar consciência tanto a judeus como gentios de sua culpabilidade e conduzi-los a Cristo, a solução para o pecado da humanidade. A lei em si era insuficiente para a salvação, mas tinha sua função, que era a de conscientizar o ser humano de sua miserabilidade e a necessidade de alternativa para se salvar. Dessa forma, abre-se o caminho para apresentar a grande revelação da justiça de Deus para a humanidade, que é apresentada na carta, as boas novas da salvação para uma humanidade em pecado e que não têm como pagar sua dívida. Paulo está preparando o leitor para receber a doutrina da justificação pela fé.
DEIVY FERREIRA
PANIAGO JUNIOR
3/7/2023
FONTES:
BAPTISTA, Douglas. A igreja de Cristo e o império do mal – Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
NEVES, Natalino das. Justiça e Graça: Um Estudo da Doutrina da Salvação na Carta aos Romanos. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
CALVINO, João, (1509-1564). Romanos [tradução de Valter Graciano Martins]. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.
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