domingo, 21 de janeiro de 2024

Lucas 2.52

Lucas 2.52 “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens. “


Os textos canônicos, mesmo sendo breves em seus relatos, revelam muito sobre o lado humano de Jesus. Jesus nasceu e cresceu como qualquer outro menino da sua idade da Palestina dos seus dias. Os teólogos e educadores Eulálio Figueira e Sérgio Junqueira ao descreverem a educação no antigo Israel no tempo de Jesus, fizeram uma excelente exposição sobre essa dimensão humana de Jesus. Eles observam que Jesus era semelhante a nós em tudo, menos no pecado (Hebreus 4.15), e que viveu o mesmo processo de crescimento comum a todos os homens. Como todos os homens ele cresceu nas dimensões bio-psico-social.


“E crescia Jesus em sabedoria, “ 

Crescer em sabedoria é assimilar os conhecimentos da experiência humana diária, acumulada ao longo dos séculos nas tradições e costumes do povo. Isso se aprende convivendo na comunidade do povoado. Cada ser humano que nasce neste mundo, pertence a um determinado lugar, a uma determinada família e a um determinado povo. Nasce, portanto, sujeito a condicionamentos. Com Jesus também foi assim. Não há como negar que fatores culturais, tais como o ambiente familiar, a língua e o lugar onde nascemos marcam a vida de cada um de nós de forma profunda. Um gigante pode ser mentalmente retardado. Mas o Senhor crescia em conhecimento. Melhor ainda, na capacidade de aplicar este conhecimento - esta é a sabedoria. O homem natural cresce em sabedoria mediante a correção de erros e falhas. Jesus, porém, teve crescimento perfeito, livre de todas as limitações da natureza pecaminosa. Nessa narrativa, Lucas, com excelente capacidade literária e inspirado pelo Espírito Santo, destacou “a sabedoria” antes da “estatura”, porque na mente do autor a sabedoria era mais importante para assinalar as suas relações com o Pai celestial. Jesus, sendo Deus, reteve sua natureza divina, mediante o seu esvaziamento: “Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Filipenses 2.7), e limitou-se a desenvolver qualidades humanas durante sua vida física, sem perder sua divindade.


“...e em estatura, “ 

A estatura de Jesus era mediana como a de qualquer judeu. Ele não cresceu em “estatura” descomunal, mas essa passagem das Escrituras refere-se ao crescimento físico do menino Jesus, porque quando o texto foi citado Jesus tinha apenas 12 anos de idade. Na vida cotidiana em sua casa em Nazaré, cuidava dos pais com amor e carinho. Ele era o primogênito de Maria, e desenvolveu seu porte físico trabalhando com o pai, o qual lhe ensinou a arte da carpintaria: ” Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele” (Marcos 6.3). Por vezes, representam-no os pintores pálido e doentio. É certo, porém, que o trabalho braçal na carpintaria e o tempo passado ao ar livre tenham-lhe dotado de corpo forte e saudável “...homem de dores, e experimentado nos trabalhos...” (Isaías 53:3). Um corpo forte e saudável é de grande ajuda ao serviço cristão. A palavra “estatura” pode ter, também, um sentido figurado de “altura e grandeza moral e espiritual”. Porém o contexto dessa passagem bíblica indica o seu desenvolvimento físico. Até os 30 anos, Jesus viveu em Nazaré com sua mãe e seus irmãos, visto que José já havia morrido.


“...e em graça para com Deus e os homens. “ 

A graça que tinha para com Deus, o Pai, tinha a ver com a consciência que Jesus tinha de quem era e porque, sendo Deus, se fez carne (João 1.1,14). A consciência que Ele tinha do seu papel como Filho de Deus é revelada no episódio quando seus pais o acharam no Templo discutindo com os doutores da Lei. Ele gentilmente respondeu a José e Maria: “Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai? ” (Lucas 2.49). Ora, cuidar dos “negócios do Pai e fazer a sua vontade” eram mais importantes que comer e beber, e mais importante até mesmo que o aconchego da sua família. “A graça para com os homens” dizia respeito à simpatia que Ele irradiava para com as pessoas, especialmente as mais carentes, e ao poder que Jesus tinha para atrair para si a esperança dos pecadores de serem salvos. Sua personalidade era cativante e seu carisma era manifestado quando abria a boca para falar do Reino de Deus.

 

DEIVY FERRREIRA PANIAGO JUNIOR
05/6/2023

FONTES:

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em Família – Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

FIGUEIRA, Eulálio & JUNQUEIRA, Sérgio. Teologia e Educação - educar para a caridade e a solidariedade. São Paulo: Editora Paulinas, 2012.

GONÇALVES, José. Lucas – O evangelho de Jesus o homem perfeito. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.

PEARLMAN, Myer. Lucas, ó Evangelho do Homem Perfeito. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1995.

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