domingo, 21 de janeiro de 2024

João 5.24

João 5.24 “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”. 


“Na verdade, na verdade vos digo”

A expressão “na verdade” traduz o original “amem”, em hebraico ela transmite o sentido de verdade ou fidelidade. No Evangelho de João, essa expressão aparece composta com uma repetição a mais, isto é, “em verdade em verdade vos digo” ou “na verdade na verdade te digo". Essa repetição traduz um duplo amém. Na Bíblia Jesus usa essa expressão como introdução de uma declaração solene, como um alerta profundo. Indica que o que se segue após a expressão deve ser recebido, refletido, assimilado e obedecido.


“...que quem ouve a minha palavra, ”

A maioria das pessoas numa reunião pública ouve ao invés de ler. Alguns até mesmo nos nossos dias por não possuir leitura: “Ou dá-se o livro ao que não sabe ler, dizendo: Lê isto, peço-te; e ele dirá: Não sei ler “ (Isaías 29:12). Porém, não podemos deixar de contextualizar a quem Jesus está falando. As pessoas dessa época não possuíam a bíblia em sua cabeceira de cama ou biblioteca, as Bíblias eram manufaturadas e produzidas por rolos o que tornava muito caro adquirir uma para si. As próprias sinagogas não possuíam todos os rolos da bíblia, a de Nazaré possuía o rolo do profeta Isaías. Isso tornava o ouvir muito mais importante, pois as pessoas somente tinham acesso as escrituras pelo ouvido: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus “ (Romanos 10:17). Por esse motivo Jesus repetia as palavras: “Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça” (Marcos 7:16); “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça “ (Mateus 11:15). Porém as bênçãos não vêm sobre os ouvintes desatentos, mas sobre aqueles que, amorosamente, obedecem aos preceitos e mandamentos encontrados no livro. Ouvir não é sobre memorizar que se leu, é muito mais: é obedecer, é praticar: “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; ” (Mateus 7:24).  


“...e crê naquele que me enviou, ”

Diversas vezes lemos neste evangelho que essa frase sai da boca de Jesus (veja Marcos 9.47) é outra maneira de dizer “meu Pai”.Sua reivindicação desta vez não foi tão explícita, por ele ter usado a frase aquele que me enviou, em vez de dizer meu Pai. Pois os judeus não aceitavam essa afirmação: “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (João 5:18). Crer no Pai que o enviou é a mesma coisa de crer no Filho, ver o Filho significa ver o Pai (veja 14.9). “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3).


“...tem a vida eterna,” 

Quem crê no Pai e no Filho e passa pela morte física mesmo assim não morre. Isto é mais do que um anúncio da ressurreição geral do último dia; é a certeza de que os que nele crêem, estando unidos a ele pela fé, participarão da sua vida ressurreta mesmo experimentando a morte do corpo. E mais do que isto, no que se refere a esta participação na sua vida ressurreta e à posse da vida eterna, tal vida não conhece a morte. Jesus já tinha dito: “Se alguém guardar a minha palavra, não verá a morte, eternamente“ (8.51). A vida mortal chegará ao fim; a vida verdadeira dura para sempre. Temos aqui uma antecipação da promessa que feita no cenáculo: “Porque eu vivo, vós também vivereis" (14.19).


“...e não entrará em condenação,”

Quem crê no Pai e no Filho recebem também a garantia de não entrar em juízo. Como em João 3.18“Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. ”, o juízo aqui em vista é o veredito adverso reservado aos que rejeitam o filho, mas “quem nele crê não é julgado”. Quem crê não precisa esperar até o último dia para ouvir o veredito favorável do juiz; ele já foi pronunciado: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Romanos 8:1).


“...mas passou da morte para a vida”.

Quem crê também não precisa esperar até o último dia para experimentar a essência da ressurreição; aqui e agora já passou da morte para a vida. Esta antecipação do veredito favorável e da vida ressurreta resume o que, em tempos mais recentes, começamos a chamar de “escatologia realizada"." Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” (Efésios 2:5,6)A ênfase na “escatologia realizada", nas palavras precedentes de Jesus, não excluem o enfoque na escatologia futura. A ressurreição de pessoas, da morte espiritual para a vida em Cristo, durante esta era, antecipa a ressurreição do corpo, no fim desta era. Há um vínculo estreito entre as duas ressurreições. O fato de que aqui e agora os mortos são vivificados quando ouvem a voz do Filho de Deus é a garantia de que sua voz ressuscitará os mortos no último dia.

 

DEIVY FERRREIRA PANIAGO JUNIOR
30/5/2023

FONTES:

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em Família – Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

https://estiloadoracao.com/em-verdade-em-verdade-vos-digo/

HORTON, Stanley M. Apocalipse as coisas que brevemente devem acontecer. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.

BRUCE, F. F. João introdução e comentário. São Paulo: Mundo Cristão, 1987.

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