sábado, 18 de maio de 2024

Salmo 32.5

Salmo 32.5 “Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. (Selá.) ”

 

Este salmo é comumente conhecido como um dos Salmos Penitenciais. Os outros seis são o Salmo 6, 38, 51, 102, 130 e 143. E como não poderia deixar de ser, a sua linguagem se ajusta bem aos lábios do penitente, pois expressa ao mesmo tempo a tristeza, a humilhação e o ódio ao pecado, que são as características infalíveis do espírito arrependido quando se volta a Deus.

 

“Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri”

Depois de longa espera, o coração quebrantado refletiu sobre o que deveria ter sido feito desde o início e abriu o peito diante do Senhor. A mínima coisa que podemos fazer para sermos perdoados é reconhecer nossa falta. Se formos muito orgulhosos para isso, merecemos duplo castigo. O piedoso é franco em expor os pecados. O hipócrita abafa e sufoca os pecados como um paciente que tem uma doença física repugnante, ele preferirá morrer a revelar a doença.

Mas a sinceridade do piedoso é vista neste ponto — ele confessará e se envergonhará dos pecados: “Eis que eu sou o que pequei e eu o que iniquamente procedi” (2 Samuel 24.17). Quando reconhecemos os nossos pecados pelo que eles são, Deus pode agir em nós. Ele não só nos perdoa, mas continua nos purificando de toda a iniquidade.

Agostinho escreveu: ‘Aquele que confessa e condena os seus pecados já está agindo de acordo com Deus. Ele condena os seus pecados; se você também os condenar, estará ligado a Deus’. [...] O que impede os cristãos de pecar não é o medo do castigo; é o amor por Jesus. Quanto mais percebemos a profundidade do nosso pecado e o quanto temos sido perdoados, mais amor sentimos pelo Senhor. O amor que nos garante o perdão desperta o nosso amor, e escolhemos livremente não pecar por amor àquEle que nos ama”.

Temos de confessar a culpa como também o fato do pecado. É inútil escondê-lo, pois é bem conhecido a Deus. É nos benéfico reconhecê-lo, pois uma confissão total amolece e humilha o coração. Até onde for possível, temos de desvelar os segredos da alma, desenterrar o tesouro escondido de Acã e, por peso e medida, trazer a lume o nosso pecado: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Provérbios 28.13)

A confissão de pecados é um comportamento notado no crente que sente a contrição da separação de Deus. À semelhança de Davi, quem já compreendeu os malefícios do pecado confessa-o e ora na esperança de que seja perdoado e criado dentro de si um coração puro e renovado um espírito reto (Salmo 51.10).

 

Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. ”

Confessarei não aos meus semelhantes ou ao sumo sacerdote, mas ao Senhor. Mesmo naqueles dias de simbolismo, os fiéis olhavam somente a Deus em busca de libertação da carga intolerável do pecado. Muito mais hoje, quando os tipos e sombras desapareceram com o aparecimento do amanhecer. Quando a alma determina prostrar-se e declara-se culpada, a absolvição está perto. Por conseguinte, lemos: “E tu perdoaste a maldade [ou “iniquidade”, ARA] do meu pecado”.

É muito provável que esse pecado tenha sido o adultério com Bate-Seba e o assassinato de Urias. Para tornar a misericórdia perdoadora de Deus mais ilustre, Davi disse que Deus não só lhe perdoara o pecado, mas também a maldade do seu pecado. O que significava isso? Claro que é o pior que se poderia dizer sobre isso. O seu pecado complicado é que havia muita hipocrisia, pois ele aflitamente manipulou Deus e os homens a esse respeito. Não duvido em dizer que essa foi a maldade do seu pecado, caracterizando-o mais intensamente do que o sangue que ele derramou. Tenho de chamar a atenção a esse ponto. O próprio Deus, quando especificou a hediondez desse pecado, ressaltou a hipocrisia que havia no fato do que o próprio fato, como se evidencia pelo testemunho dado por este santo homem: “Porquanto Davi tinha feito o que era reto aos olhos do Senhor e não se tinha desviado de tudo o que lhe ordenara em todos os dias da sua vida, senão só no caso de Urias, o heteu” (1 Reis 15.5).

Os justificados, cujos pecados foram perdoados, ainda devem confessar os seus pecados a Deus. Há seis razões pelas quais os justificados têm de confessar os pecados a Deus:

(1) Porque a confissão santa dá muita paz e santa tranquilidade à mente do pecador. A culpa escondida e favorecida gera horror e medo na consciência.

(2) Porque Deus ama ouvir as queixas e confissões do seu povo. Falar a verdade abertamente é o melhor gesto, e as vestes de lamento a melhor roupa com que Deus se agrada.

(3) Porque a confissão de pecados ajuda a estimular o coração à súplica forte e fervorosa a Deus (ver v. 6). A confissão é para a alma como a pedra de amolar é para a faca, que a afia e lhe dá fio. É o que ocorre com a confissão de pecados. Confessar os males a Deus afia e dá fio às súplicas. A pessoa que confessa os pecados parcamente orará vagamente.

(4) Porque a confissão de pecados operará uma contrição santa e uma tristeza devota no coração (Salmo 38.18). A declaração opera a compunção. A confissão de pecados é a causa de o pecado ricochetear na consciência, de modo a causar rubor e vergonha no rosto e aflição no coração.

(5) Porque a confissão secreta de pecados dá muita glória a Deus. Dá glória à justiça de Deus. Eu confesso os pecados e confesso Deus em justiça que pode me condenar pelos meus pecados. Isso dá glória à misericórdia de Deus. Eu confesso os pecados, mas a misericórdia pode me salvar. Isso dá glória à onisciência de Deus. Ao confessar os pecados, confesso que Deus conhece os meus pecados.

(6) Porque a confissão santa de pecados afligirá os pecados e valorizará Cristo a eles, quando a pessoa deixa que os pecados ricocheteiem na consciência através da confissão. Alma], 1683

 

 “Selá. ”

Uma pausa foi necessária, pois o assunto não é algo que possa tratado às pressas.

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
20/05/2024

FONTES:

SPURGEON, Charles. Os Tesouros de Davi – Volume I. Rio de Janeiro: CPAD, 2017. (William Gumatt, Thomas Watson e Christopher Love)

RICHARDS, L. O. Comentário Devocional da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário