Salmo 32.5 “Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. (Selá.) ”
Este
salmo é comumente conhecido como um dos Salmos Penitenciais. Os outros seis são
o Salmo 6, 38, 51, 102, 130 e 143. E como não poderia deixar de ser, a sua
linguagem se ajusta bem aos lábios do penitente, pois expressa ao mesmo tempo a
tristeza, a humilhação e o ódio ao pecado, que são as características
infalíveis do espírito arrependido quando se volta a Deus.
“Confessei-te o meu pecado, e a minha
maldade não encobri”
Depois
de longa espera, o coração quebrantado refletiu sobre o que deveria ter sido
feito desde o início e abriu o peito diante do Senhor. A mínima coisa que
podemos fazer para sermos perdoados é reconhecer nossa falta. Se formos muito
orgulhosos para isso, merecemos duplo castigo. O piedoso é franco em expor os
pecados. O hipócrita abafa e sufoca os pecados como um paciente que tem uma
doença física repugnante, ele preferirá morrer a revelar a doença.
Mas
a sinceridade do piedoso é vista neste ponto — ele confessará e se envergonhará
dos pecados: “Eis que eu sou o que pequei e eu o que iniquamente procedi”
(2 Samuel 24.17). Quando reconhecemos os nossos pecados pelo que eles são, Deus
pode agir em nós. Ele não só nos perdoa, mas continua nos purificando de toda a
iniquidade.
Agostinho
escreveu: ‘Aquele que confessa e condena os seus pecados já está agindo de
acordo com Deus. Ele condena os seus pecados; se você também os condenar,
estará ligado a Deus’. [...] O que impede os cristãos de pecar não é o medo do
castigo; é o amor por Jesus. Quanto mais percebemos a profundidade do nosso
pecado e o quanto temos sido perdoados, mais amor sentimos pelo Senhor. O amor
que nos garante o perdão desperta o nosso amor, e escolhemos livremente não
pecar por amor àquEle que nos ama”.
Temos
de confessar a culpa como também o fato do pecado. É inútil escondê-lo, pois é
bem conhecido a Deus. É nos benéfico reconhecê-lo, pois uma confissão total
amolece e humilha o coração. Até onde for possível, temos de desvelar os segredos
da alma, desenterrar o tesouro escondido de Acã e, por peso e medida, trazer a
lume o nosso pecado: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará;
mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Provérbios 28.13)
A
confissão de pecados é um comportamento notado no crente que sente a contrição
da separação de Deus. À semelhança de Davi, quem já compreendeu os malefícios
do pecado confessa-o e ora na esperança de que seja perdoado e criado dentro de
si um coração puro e renovado um espírito reto (Salmo 51.10).
Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas
transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. ”
Confessarei
não aos meus semelhantes ou ao sumo sacerdote, mas ao Senhor. Mesmo naqueles
dias de simbolismo, os fiéis olhavam somente a Deus em busca de libertação da
carga intolerável do pecado. Muito mais hoje, quando os tipos e sombras
desapareceram com o aparecimento do amanhecer. Quando a alma determina
prostrar-se e declara-se culpada, a absolvição está perto. Por conseguinte,
lemos: “E tu perdoaste a maldade [ou “iniquidade”, ARA] do meu pecado”.
É
muito provável que esse pecado tenha sido o adultério com Bate-Seba e o
assassinato de Urias. Para tornar a misericórdia perdoadora de Deus mais
ilustre, Davi disse que Deus não só lhe perdoara o pecado, mas também a maldade
do seu pecado. O que significava isso? Claro que é o pior que se poderia dizer
sobre isso. O seu pecado complicado é que havia muita hipocrisia, pois ele
aflitamente manipulou Deus e os homens a esse respeito. Não duvido em dizer que
essa foi a maldade do seu pecado, caracterizando-o mais intensamente do que o
sangue que ele derramou. Tenho de chamar a atenção a esse ponto. O próprio
Deus, quando especificou a hediondez desse pecado, ressaltou a hipocrisia que
havia no fato do que o próprio fato, como se evidencia pelo testemunho dado por
este santo homem: “Porquanto Davi tinha feito o que era reto aos olhos do
Senhor e não se tinha desviado de tudo o que lhe ordenara em todos os dias da
sua vida, senão só no caso de Urias, o heteu” (1 Reis 15.5).
Os
justificados, cujos pecados foram perdoados, ainda devem confessar os seus pecados
a Deus. Há seis razões pelas quais os justificados têm de confessar os pecados
a Deus:
(1)
Porque a confissão santa dá muita paz e santa tranquilidade à mente do pecador.
A culpa escondida e favorecida gera horror e medo na consciência.
(2)
Porque Deus ama ouvir as queixas e confissões do seu povo. Falar a verdade
abertamente é o melhor gesto, e as vestes de lamento a melhor roupa com que
Deus se agrada.
(3)
Porque a confissão de pecados ajuda a estimular o coração à súplica forte e
fervorosa a Deus (ver v. 6). A confissão é para a alma como a pedra de amolar é
para a faca, que a afia e lhe dá fio. É o que ocorre com a confissão de
pecados. Confessar os males a Deus afia e dá fio às súplicas. A pessoa que
confessa os pecados parcamente orará vagamente.
(4)
Porque a confissão de pecados operará uma contrição santa e uma tristeza devota
no coração (Salmo 38.18). A declaração opera a compunção. A confissão de
pecados é a causa de o pecado ricochetear na consciência, de modo a causar
rubor e vergonha no rosto e aflição no coração.
(5)
Porque a confissão secreta de pecados dá muita glória a Deus. Dá glória à
justiça de Deus. Eu confesso os pecados e confesso Deus em justiça que pode me
condenar pelos meus pecados. Isso dá glória à misericórdia de Deus. Eu confesso
os pecados, mas a misericórdia pode me salvar. Isso dá glória à onisciência de
Deus. Ao confessar os pecados, confesso que Deus conhece os meus pecados.
(6)
Porque a confissão santa de pecados afligirá os pecados e valorizará Cristo a
eles, quando a pessoa deixa que os pecados ricocheteiem na consciência através
da confissão. Alma], 1683
“Selá.
”
Uma
pausa foi necessária, pois o assunto não é algo que possa tratado às pressas.
DEIVY FERREIRA PANIAGO
JUNIOR
20/05/2024
FONTES:
SPURGEON, Charles. Os Tesouros de Davi – Volume I. Rio de
Janeiro: CPAD, 2017. (William Gumatt, Thomas Watson e Christopher Love)
RICHARDS, L. O. Comentário Devocional da Bíblia. Rio de
Janeiro: CPAD, 2012.
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