Genesis 1.1 “No princípio criou Deus o céu e a terra. “
“No princípio”
O relato da criação se abre com a palavra “bereshith” que tem a ver com o princípio da atividade criativa de Deus. A obra da criação não foi feita na eternidade. A eternidade é um atributo exclusivo de Deus: “Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno” (1 Timóteo 6.16). O Criador é sempiterno; a criação, temporal. Ao contrário dos gregos que acreditavam na eternidade da matéria, os hebreus crêem que tudo quanto existe no tempo, foi criado pelo Eterno: “Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente” (Hebreus 11.3).
Sendo o tempo a duração relativa das coisas, gera-nos a noção de presente, passado e futuro: um período contínuo no qual se sucedem os eventos. Deus, porém, é o que é. Ele não está sujeito a qualquer sucessão de dias ou séculos. Presente, passado e futuro são-lhe a mesma coisa: “Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite” (Salmos 90.4). Logo, somente o Eterno poderia criar o tempo. E aqui o tempo é criado.
“... criou Deus o céu”
O termo hebraico para Criou (bará) é um verbo que só aceita Deus como seu sujeito no Antigo Testamento; ele sempre descreve um ato criativo de Deus, e não do homem. Sempre significa trazer algo novo à existência, seja sem uma matéria pré-existente (Isaías 43:15, 16; 65:18; Jeremias 31:32).
O termo (Elohim) equivalente a Deus não se trata realmente de um nome pessoal como “Iavé” ou “El Shadai”. Elohim é o plural de Eloah, podendo ser traduzido por “deuses". Segundo Champlin Neste caso o plural é um aumentativo de exaltação, frisando a majestade de Deus e não a idéia de pluralidade de pessoas. Para ele extrair um sentido trinitário é cristianizar demais o texto visto que a Trindade só foi formulada no século II d.C.
Já para Fausset a escolha Elohim por Moisés revela de maneira implicita a Trindade, uma doutrina claramente revelado em outras partes, a saber, que se Deus é um, há uma pluralidade de pessoas na Divindade - Pai, Filho e Espírito Santo, que estavam engajados na obra criadora (Provérbios 8:27 e João 1:3 João 1:10 , Efésios 3:9 , Hebreus 1:2 , Jó 26:13).
Tendo já estabelecido o tempo Deus cria agora o espaço. Ele cria sua própria morada como vislumbramos. Apesar, dEle não precisa de habitação alguma, pois nem o céu dos céus pode contê-lo: “Mas verdadeiramente habitará Deus com os homens na terra? Eis que o céu e o céu dos céus não te podem conter, quanto menos esta casa que tenho edificado? ” (2 Crônicas 6.18).
Todavia, o Rei do universo delimita um lugar, para nele situar a sua corte. Embora não ocupe a nossa dimensão, a região celeste tem de ser vista como realidade dentro do nosso tempo. Para lá são levadas as almas dos que dormem em Cristo: “E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram” (Apocalipse 6.9). Em breve, nós estaremos ali com o Senhor.
Já criados os céus, o Senhor chama os anjos à existência. Assim o salmista descreve a ação divina: “Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de sua boca, o exército deles” (Salmos 33.6). Os seres angelicais também foram criados pelo sopro divino, exatamente como o Senhor procederia com o homem (Genesis 2.7).
O espaço não é sinônimo de vácuo. O Senhor o criou, a fim de conter a sua obra que, embora vastíssima, é finita. Logo, o espaço também é finito: “Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente” (Hebreus 11.3).
O Criador não se acha limitado quer pelo tempo, quer pelo espaço; a criação, sim. Até os mesmos anjos acham-se condicionados temporal e espacialmente, pois não podem estar em dois lugares ao mesmo tempo.
“... e a terra. “
Deus criou a Terra, e pô-la exatamente naquela coordenada espacial, onde se encontra até ao dia de hoje. Nosso planeta, já delimitado pelo tempo e pelo espaço.
Quanto ao método usado por Deus na criação da Terra, há diferença de opinião da parte de dedicados servos de Deus. Há alguém que interpreta Genesis 1.1 como sendo apenas uma declaração preliminar que antecede a narrativa da criação e que registra a maneira de transformar um mundo sem forma, num belo estado de "cosmos", que se teria realizado através de sete longos períodos chamados "dias".
Há outros eruditos que são de opinião que Genesis 1.1 refere-se à criação original do sistema solar no longínquo passado, em estado de perfeição; e que Genesis 1.2 seria uma referência a uma calamidade que sofreu a terra tornada um "caos"; e que a narrativa detalhada que se segue é a descrição dum período de "reconstrução", de seis dias, no qual a terra foi restaurada à sua original ordem de beleza e harmonia.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
9/1/2025
FONTES:
SOARES, Esequias. Em defesa da fé: Combatendo as antigas heresias, que se apresentam com nova aparência. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
ANDRADE, Claudionor. O começo de todas as coisas – estudos no livro de Genesis. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201506_02.pdf
OLSON, N. Lawrence. O Plano Divino Atraves Dos Seculos. Olson. Rio de Janeiro: CPAD, 1981.
FAUSSET, A. R.; BROWN, David; JAMIESON , R. Jamieson, Fausset and Brown’s commentary on the whole Bible. Grand Rapids: Zondervan Classic Reference Series, 1999.Crossway Books, 1999.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.
PFEIFFER, Charles F.; REA, VOS, Howard F.; REA, John.Dicionário Bíblico Wycliffe. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
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