Hebreus 6.1 “Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina
de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento do
arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, ”
“Pelo
que, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição,
O autor de Hebreus havia repreendido os
leitores por terem que aprender de novo o básico: “Porque, devendo já ser
mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam
os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que
necessitais de leite e não de sólido mantimento” (5:12), seus leitores poderiam
esperar que ele lhes ensinasse essas coisas mais uma vez. Em vez disso, ele falou acerca da necessidade do progresso na
fé cristã. Afinal, nenhum mestre chegaria a nenhuma parte se cada vez que
começa a ensinar tivesse que começar de novo com as verdades básicas do ensino.
A “base” ou a “fundamento” é essencial para a capacidade de qualquer edifício, mas passar todo o tempo lançando uma base seria imprudente. Alguns se atêm tanto aos princípios elementares do evangelho discutindo-os, que perdem os princípios mais elevados contidos na Palavra de Deus (Mateus 23:23).
Entenda-se
que isto não é dizer que os elementos básicos do evangelho não devem ser
regularmente ensinados e pregados, pois os cristãos a cada nova geração
enfrentam o perigo do desvio, se não estiverem bem fundamentados na verdade.
O autor de Hebreus diz então que seus fiéis devem
progredir no que ele chama teleiotes. Esta palavra foi traduzida por perfeição,
mas em grego teleios — que é o adjetivo — e suas palavras derivadas têm um
significado técnico especial.
Pitágoras dividia a seus estudantes em joi
manthanontes — os aprendizes — e joi teleíoi — os amadurecidos. Teleiotes não implica um conhecimento e uma
perfeição completos, mas sim certa maturidade na fé cristã. O caminho da
perfeição deve ser percorrido por aqueles que são sequiosos pelas verdades
divinas.
Visto
que ninguém senão os “maduros” (v.14) estão aptos a receber e entender as
coisas
mais profundas de Cristo era urgente que esses cristãos se deixassem ser
conduzidos até a maturidade. Os cristãos conformados acham que tudo já está
muito bom; mas aqueles que têm sede de Deus e das verdades que a sabedoria de
Deus encerra querem ir sempre adiante, até chegar “a varão perfeito, à
medida da estatura completa de Cristo” (Efésios 4.13).
“... não
lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus,
”
Não se consegue a maturidade cristã retornando
aos padrões dos primeiros estágios da instrução cristã. Para que o edifício
espiritual seja concluído é mister ir além dos alicerces - o arrependimento das
obras mortas pela fé em Deus!
O arrependimento das obras mortas. A vida
cristã começa com o arrependimento; e o arrependimento (metanoia) é
literalmente uma mudança de mente. Uma nova atitude para com Deus, os homens, a
vida e o eu. Portanto, o arrependimento é a base, o primeiro legislador
da vida cristã. Ele estava entre as primeiras coisas pregadas aos que tinham
formação judaica em preparação para a vinda do reino (Marcos 1:4, 14, 15; Atos
2:38; 3:19; 5:31). O verdadeiro arrependimento envolve contrição pelo fato de
nossos pecados terem ofendido a Deus, juntamente com uma conscientização de que
seremos eternamente condenados, se não mudarmos (Lucas 13:3; Atos 17:30-31).
A expressão “obras mortas” não se refere somente a “pecados”, mas sim a todas às obras destituídas do elemento vida, procedente da fé no Deus vivo: "Tudo que não provém de fé é pecado" (Romanos 14:23). Todas as obras do homem em si, à parte de Deus, são “obras mortas”. Kistemaker acreditava que essa mortificação se refere à “purificação de nossa consciência de atos que levam à morte”, incluindo todos os pecados do passado. O pecador precisa deixar todas essas obras quando se converte a Cristo. O sentido de obras mortas então deve ser o mesmo de Hebreus 9.14, que é o de uma consciência limpa e que é alcançada através do arrependimento.
O segundo item básico desta lista é “fé em Deus”. Todas as várias partes do Novo Testamento testificam da necessidade da fé em qualquer abordagem a Deus: “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6). Aqui, o significado deve ser a resposta da fé à provisão de Deus. Os hebreus já criam em Deus, mas precisavam se arrepender perante Ele e depois crer em Jesus. Esta epístola apresenta a fé como uma força dinâmica que tem sua ênfase na confiança e na obediência. O caráter desta fé ativa é revelado no capítulo 11.
Tanto o arrependimento quanto a fé eram partes vitais da pregação aos judeus, mas o arrependimento geralmente era mencionado em primeiro lugar (Marcos 1:14, 15; Atos 20:21).
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
24/12/2024
FONTES:
SOARES, Esequias. Em defesa da fé: Combatendo as antigas heresias, que se apresentam com nova aparência. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201404_06.pdf
Barclay, William. The Letter to The Hebrews (Título Original em Inglês). Tradução: Carlos Biagini.
SILVA, Severino Pedro. Epístola aos Hebreus – as coisas novas e grandes que Deus preparou para você. Rio de Janeiro CPAD, 2023.
BOYD, Frank M. Comentário Bíblico Gálatas, Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses e Hebreus. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1996.
GUTHRIE, Donald. Hebreus: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1999.
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