sábado, 28 de dezembro de 2024

Hebreus 6.1


Hebreus 6.1 “Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, ”

 

Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição,

O autor de Hebreus havia repreendido os leitores por terem que aprender de novo o básico: “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento” (5:12), seus leitores poderiam esperar que ele lhes ensinasse essas coisas mais uma vez.  Em vez disso, ele falou acerca da necessidade do progresso na fé cristã. Afinal, nenhum mestre chegaria a nenhuma parte se cada vez que começa a ensinar tivesse que começar de novo com as verdades básicas do ensino.

A “base” ou a “fundamento” é essencial para a capacidade de qualquer edifício, mas passar todo o tempo lançando uma base seria imprudente. Alguns se atêm tanto aos princípios elementares do evangelho discutindo-os, que perdem os princípios mais elevados contidos na Palavra de Deus (Mateus 23:23).

Entenda-se que isto não é dizer que os elementos básicos do evangelho não devem ser regularmente ensinados e pregados, pois os cristãos a cada nova geração enfrentam o perigo do desvio, se não estiverem bem fundamentados na verdade.

O autor de Hebreus diz então que seus fiéis devem progredir no que ele chama teleiotes. Esta palavra foi traduzida por perfeição, mas em grego teleios — que é o adjetivo — e suas palavras derivadas têm um significado técnico especial.

Pitágoras dividia a seus estudantes em joi manthanontes — os aprendizes — e joi teleíoi — os amadurecidos. Teleiotes não implica um conhecimento e uma perfeição completos, mas sim certa maturidade na fé cristã. O caminho da perfeição deve ser percorrido por aqueles que são sequiosos pelas verdades divinas.

Visto que ninguém senão os “maduros” (v.14) estão aptos a receber e entender as coisas
mais profundas de Cristo era urgente que esses cristãos se deixassem ser conduzidos até a maturidade. Os cristãos conformados acham que tudo já está muito bom; mas aqueles que têm sede de Deus e das verdades que a sabedoria de Deus encerra querem ir sempre adiante, até chegar “a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Efésios 4.13).

 

“... não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, ”

Não se consegue a maturidade cristã retornando aos padrões dos primeiros estágios da instrução cristã. Para que o edifício espiritual seja concluído é mister ir além dos alicerces - o arrependimento das obras mortas pela fé em Deus!

O arrependimento das obras mortas. A vida cristã começa com o arrependimento; e o arrependimento (metanoia) é literalmente uma mudança de mente. Uma nova atitude para com Deus, os homens, a vida e o eu. Portanto, o arrependimento é a base, o primeiro legislador da vida cristã. Ele estava entre as primeiras coisas pregadas aos que tinham formação judaica em preparação para a vinda do reino (Marcos 1:4, 14, 15; Atos 2:38; 3:19; 5:31). O verdadeiro arrependimento envolve contrição pelo fato de nossos pecados terem ofendido a Deus, juntamente com uma conscientização de que seremos eternamente condenados, se não mudarmos (Lucas 13:3; Atos 17:30-31).

A expressão “obras mortas” não se refere somente a “pecados”, mas sim a todas às obras destituídas do elemento vida, procedente da fé no Deus vivo: "Tudo que não provém de fé é pecado" (Romanos 14:23). Todas as obras do homem em si, à parte de Deus, são “obras mortas”. Kistemaker acreditava que essa mortificação se refere à “purificação de nossa consciência de atos que levam à morte”, incluindo todos os pecados do passado. O pecador precisa deixar todas essas obras quando se converte a Cristo. O sentido de obras mortas então deve ser o mesmo de Hebreus 9.14, que é o de uma consciência limpa e que é alcançada através do arrependimento.

O segundo item básico desta lista é “fé em Deus”. Todas as várias partes do Novo Testamento testificam da necessidade da fé em qualquer abordagem a Deus: “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6). Aqui, o significado deve ser a resposta da fé à provisão de Deus. Os hebreus já criam em Deus, mas precisavam se arrepender perante Ele e depois crer em Jesus. Esta epístola apresenta a fé como uma força dinâmica que tem sua ênfase na confiança e na obediência. O caráter desta fé ativa é revelado no capítulo 11.

Tanto o arrependimento quanto a fé eram partes vitais da pregação aos judeus, mas o arrependimento geralmente era mencionado em primeiro lugar (Marcos 1:14, 15; Atos 20:21).

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
24/12/2024

FONTES:

SOARES, Esequias. Em defesa da fé: Combatendo as antigas heresias, que se apresentam com nova aparência. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.

http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201404_06.pdf

Barclay, William. The Letter to The Hebrews (Título Original em Inglês). Tradução: Carlos Biagini.

SILVA, Severino Pedro. Epístola aos Hebreus – as coisas novas e grandes que Deus preparou para você. Rio de Janeiro CPAD, 2023.

BOYD, Frank M. Comentário Bíblico Gálatas, Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses e Hebreus. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1996. 

GUTHRIE, Donald. Hebreus: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1999.


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