1 João 5.20 “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para que conheçamos ao Verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.”
“E sabemos que já o Filho de Deus é vindo,”
“E sabemos“. O tom de confirmação e certeza do capítulo continua aqui. Neste ponto encontramos outra das sete instâncias dessa afirmativa, espalhadas nos versículos décimo terceiro a vigésimo primeiro.
“o Filho de Deus é vindo”, isto é, está em foco a encarnação do Logos (o Cristo), apresentada como uma realidade. Em sua encarnação, pois, fundiram-se as naturezas divina e humana. A encarnação ocorreu na plenitude dos tempos para remissão a fim de recebermos a adoção de filhos (Gálatas 4.5).
João começa essa epistola testificando disso: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida (Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada); O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo” (1 João 1.1-3).
O Filho de Deus veio ao nosso mundo, e nós o vimos e o conhecemos por todas as evidências que já foram asseveradas. Ele nos revelou o Deus verdadeiro.
“... e nos deu entendimento para que conheçamos ao Verdadeiro;”
Sem a sua vinda não conheceríamos “toda a plenitude da divindade” (Colossenses 2.9). Estas coisas são-nos possíveis hoje, somente porque o Filho de Deus é vindo, e, tendo vindo, nos tem dado entendimento. A vinda de Jesus permitiu que conhecêssemos a Deus.
Além da sua encarnação ele nos deu o seu Espírito: “O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós” (João 14.17). O Espírito de Deus nos habilita a conhecer as coisas espirituais. Sem Ele, não poderíamos nem conhecer a Deus nem vencer o pecado.
Jesus nos deu entendimento para reconhecermos o verdadeiro e estarmos no verdadeiro. O benefício da Sua vinda permanece. Sua dádiva Ele não retomará: “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” (Romanos 11:29).
Ele é a verdade (João 14.6). Ele é a verdadeira luz (1.5), o verdadeiro pão (João 6.32), a verdadeira videira (João 15.1). Ele é a verdadeira vida eterna (5.20). O mundo vive de aparências; não conhece a realidade. Nós temos a realidade. Nós temos Jesus. Sem ele não poderíamos conhecer a Deus nem vencer o Maligno.
“... e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. ”
Não há dúvidas razoáveis que essas palavras afirmam a divindade de Cristo: Ele é o verdadeiro Deus. Em redor dessa afirmativa bíblica, naturalmente, tem rugido imensa controvérsia teológica, provocada principalmente por aqueles que não vêem em parte alguma a divindade de Cristo, devido a seus sistemas doutrinários preconcebidos. Para Stott este versículo mina toda a estrutura da teologia dos hereges. Para ele esse versículo é a mais inequívoca afirmação da divindade de Jesus Cristo no Novo Testamento.
Contudo, embora alguns aceitem a divindade de Cristo, pensam que aqui há alusão a Deus Pai e não a Cristo. Argumentam os tais que isso seria mais natural, já que Deus é a fonte originária de toda a vida, que o Filho é apenas o agente da mesma, e que o Pai está presente no contexto, antes e depois deste versículo.
Todavia Stott escreveu que gramaticalmente falando o “Verdadeiro Deus” se refere ao sujeito anterior, neste caso particular, seu Filho Jesus Cristo. Se for assim, esta seria a mais inequívoca afirmação da divindade de Jesus Cristo no Novo Testamento, que os campeões da ortodoxia se apressaram a explorar contra a heresia de Ário. Lutero e Calvino adotaram essa opinião. Henry escreveu que uma construção mais natural do versículo seria: “Este mesmo Filho de Deus é também o verdadeiro Deus e a vida eterna”
Seja como for, o fato é que o ensino da divindade de Cristo é perfeitamente comum nas páginas do N.T. O ensinamento acerca da divindade de Cristo não depende deste único versículo como texto de prova.
João também equiparou Jesus com “a vida eterna”. Ele proclamou que “Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho” (1 João 5:11). João também afirmou em seu evangelho: “Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo” (João 5:26). Cristo é o doador da vida eterna.
Esse trecho do versículo é uma forte reminiscência de João 17:3: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”, pois lá como cá a vida eterna é definida em termos de conhecer a Deus, tanto ao Pai como ao Filho. O pai é a fonte da vida eterna, e Jesus Cristo transmite essa vida (João 1.4 - 14.6). Lemos no contexto do capítulo: “Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna” (1 João 5:13)
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
25/1/2025
FONTES:
SOARES, Esequias. Em defesa da fé: Combatendo as antigas heresias, que se apresentam com nova aparência. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
STOTT, John. I, II, III João: Introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 1982.
LOPES, Hernandes Dias. João: como ter garantia da salvação; - São Paulo: Hagnos 2010. (Comentários expositivos Hagnos)
KISTEMAKER, Simon. Tiago e epístolas de João. Cultura Cristã, 2005.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry - Jó a Cantares. Rio de Janeiro CPAD, 2008.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.
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