LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD
28 DE NOVEMBRO DE 2025
RENUNCIANDO À PRÓPRIA VONTADE
1 João 2.15-17 "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida,
não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre."
"Não ameis o mundo, nem o que no mundo há."
A palavra grega para mundo é "kosmos". Ela tem três diferentes
significados no Novo Testamento. Observe: o mundo físico criado por
Deus, o planeta em que vivemos (Mateus 13.35; At 17.24); a humanidade em
geral, objeto do amor sacrificial de Deus para salvação (João 3.16) e o
sistema dominante que se opõe a Deus (Mateus 16.26; João 14.17; 15.18). Esse
versículo diz respeito ao terceiro significado "o sistema dominante que
se opõe a Deus".
O mundo
é constituído por três tipos de pessoas: as que não conhecem a Deus
(1 João 3.1); as que são contrárias à Igreja de Cristo (3.13) e as que são
dominadas pelo maligno (1 João 5.19). O cristão não deve tomar a mesma forma
das pessoas que fazem parte do mundo (Romanos 12.1,2). O crente é “sal” e “luz” e não
pode jamais permitir ser influenciado pelo estilo de vida daqueles que
não conhecem a Deus. O mundo usurpa a paixão de quem se deixa levar
por ele.
Por isso, precisamos estar em constante vigilância para que
não venhamos a nos acostumar com o estilo de vida daqueles que são
contrários à vontade e à ética do Reino de Deus.
"Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele."
Quanto
mais próximo o cristão estiver do sistema deste mundo, mais ele se
distanciará da presença de Deus. Jesus, na oração sacerdotal, deixou
claro que seus discípulos estavam no mundo (João 17.11), mas eles não
eram do mundo, ou seja, não se conformavam com o sistema opressivo
dominante dos homens ímpios (João 17.14). Os que se
amoldam ao estilo de vida do mundo não tiveram uma experiência real
com Jesus Cristo e jamais poderão agradar a Deus.
O
amor ao mundo compromete o nosso amor a Deus, o Pai. A razão pela qual
somos intimados a não amar o mundo é que o amor pelo Pai e o amor pelo
mundo são mutuamente exclusivos. Werner de Boor diz que é essencialmente
impossível amar a Deus e ao mundo ao mesmo tempo. Neste assunto não
cabe neutralidade: amamos a Deus ou amamos o mundo. Jesus Cristo mesmo
disse: “Ninguém pode servir a dois senhores” (Mateus 6.24).
Cristo
provou o seu amor por nós oferecendo a sua vida em sacrifício vivo e
perfeito. Se queremos retribuir a esse amor, precisamos viver uma vida
santa, longe dos pecados deste mundo. Paulo traz uma advertência séria
para nós, pois os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus: “Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós […]” (Romanos 8.8,9).
"Porque tudo o que há no mundo,"
O
apóstolo do amor quando escreve sobre tudo que há no mundo não está
pensando a respeito do materialismo ("coisas"), mas nas atitudes que
estão por trás do materialismo. Pois ele sabe, como todos nós deveríamos
saber, que uma pessoa sem os bens mundanos pode ser tão materialista
como uma pessoa que possui muitos desses bens; e, de igual modo, uma
pessoa rica pode ser bastante desapegada dessa e de qualquer outra forma
de mundanismo. Na verdade, João está pensando a respeito do que citará a
seguir: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a
soberba da vida.
"... a concupiscência da carne, "
A
concupiscência da carne é a falta de domínio sobre os desejos carnais.
As pessoas que se entregam à cobiça da carne tornam-se escravas de
pecados, como por exemplo, prostituição, impureza, lascívia, idolatria,
feitiçarias (Gálatas 5.19,20). Porém, “os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (Gálatas 5.24).
O
corpo não é mau em si mesmo, mas é uma presa fácil para o pecado. Por
isso, devemos vigiar e orar sem cessar. O crente deve estar ciente de
que ele é templo do Espírito Santo (1 Coríntios 3.16; 6.19) e, portanto,
deve viver uma vida piedosa e consagrada a Deus. Seu corpo deve ser um
sacrifício vivo, santo e agradável ao Senhor (Romanos 12.1,2).
Algumas
pessoas atribuem suas condutas imorais somente à ação de Satanás, mas o
apóstolo Tiago deixa bem claro que elas cometem pecados motivadas pelos
próprios pecados: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência” (Tiago 1.14).
"... a concupiscência dos olhos..."
A concupiscência dos olhos.
Os olhos são considerados as janelas da alma. Se controlados e
conduzidos pelos interesses individuais e egoístas, podem levar o ser
humano a uma cobiça desenfreada e ao afastamento da vontade de Deus. A
Bíblia narra alguns episódios de pessoas que, devido à cobiça dos olhos,
atraíram para si resultados desastrosos.
Foi
por essa via que Eva desobedeceu (Genesis 3.6). O mesmo se deu com Acã:
"vendo" entre os despojos dos inimigos do povo de Deus uma capa
babilônica, desejou-a, trouxe-a para si e morreu com toda sua família
(Josué 7.20-26). Davi também foi atraído pela concupiscência dos olhos.
Olhando com lascívia, deu lugar ao pecado, arruinando sua fidelidade a
Deus (2 Samuel 11.2). A Palavra de Deus exorta-nos a não nos
conformarmos com este mundo, a fim de que possamos viver no centro da
vontade do Eterno (Romanos 12.1,2).
"... e a soberba da vida, "
A soberba da vida. Desde
o princípio, Satanás engana o ser humano com a falsa ideia de que é
possível ser igual a Deus (Genesis 3.5). Com isso, o homem tenta a todo
custo viver à parte de seu Criador, buscando sua própria exaltação,
através de riquezas, "status", títulos e posições, com o intuito de ser
honrado por seus pares.
Muitos
lutam pelo poder, pelo direito de exercer autoridade sobre seus
semelhantes, ou pelo simples deleite que isso possa lhe trazer. Ser
visto e admirado por todos é o objetivo máximo da vida de muitas
pessoas. Mas o maior e melhor modelo a ser seguido é Jesus, que mesmo
sendo Deus, viveu neste mundo e jamais pecou, tendo uma vida simples e
humilde, amando e indo ao auxílio das pessoas desfavorecidas (Filipenses
2.6-11).
"... não é do Pai, mas do mundo."
A Palavra de Deus nos assevera que isto não vem de Deus, mas do mundo; deste sistema que Satanás governa: "o mundo está no maligno"
(1 João 5.19) . Jesus nos ensinou qual deve ser o maior objetivo da
nossa vida: buscar o Reino de Deus e a sua justiça (Mateus 6.33). Nesta
busca devemos investir todas as nossas energias.
"E o mundo passa, "
O
apóstolo João contrasta dois estilos de vida: aqueles que vivem apenas
para o aqui e agora e aqueles que vivem na perspectiva da eternidade.
Não somente a efemeridade do mundo é contrastada com a eternidade de
Deus, mas, também, aqueles que fazem a vontade de Deus e permanecem para
sempre são contrastados com aqueles que vivem no fluxo da
transitoriedade e frivolidade.Tanto o lugar em que habitamos nesta existência quando o sistema mundano dominado pelo deus deste século terminará um dia.
O
mundo que habitamos não permanecerá para sempre. Pois, haverá uma
extraordinária transformação e processo purificador sem igual no
universo: “Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra
se reservam como tesouro e se guardam para o fogo, até o Dia do Juízo e
da perdição dos homens ímpios. [...] Mas o Dia do Senhor virá como o
ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os
elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se
queimarão” (2 Pedro 3.7,10).
No Dilúvio, Deus enviou a
grande catástrofe hídrica sobre o planeta. Na restauração cósmica, após o
Juízo Final e prisão eterna de Satanás, Ele fará uma renovação,
transmutando os elementos químicos que formam a terra e os planetas por
meio do fogo divino. No início, na Criação, houve o “fiat lux”; no
final, “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão”.
Assim, sem a presença do Diabo e seus anjos caídos, no espaço sideral, e
principalmente sobre a Terra, os céus serão plenamente restaurados ao
seu estado original.
"... e a sua concupiscência;"
O
sistema do mundo será despedaçado quando a pedra lavrada sem ajuda de
mãos descer do céus e implantar o reino de Deus na terra: "Mas, nos
dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais
destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá
todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, Da maneira que
viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela
esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro; o grande Deus fez
saber ao rei o que há de ser depois disto. Certo é o sonho, e fiel a
sua interpretação" (Daniel 2.44-45).
Um dia este sistema
passará. Seus prazeres e encantos passarão. A grande meretriz, a grande
Babilônia, o sistema deste mundo corrompido e mau, com seus encantos,
cairá e entrará em colapso. E toda a cobiça do mundo também tem prazo de
validade, pois esse corpo mortal se revestirá de incorruptibilidade na
ressurreição ou no arrebatamento.
Todavia, vale lembrar que
nessa existência nosso corpo se enfraquece com o passar dos anos e perde
o contentamento, ou seja as concupiscências. Restando após apenas
arrependimentos. Matthew Henry escreve: Se lembrarmos de Deus apenas na
velhice não haverá louvor por nós deixarmos os prazeres do pecado quando
eles próprios tiverem nos deixados. Como poderemos esperar que Deus nos
ajude quando velhos, se não queremos servi-lo enquanto somos jovens.
"... mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre."
Qualquer coisa associada com o mundo “passa”, mas “aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”.
A fascinação pelo que é material é grande. Mas somente um louco acumula
tesouros na terra, que breve serão perdidos, ao invés de acumulá-los no
céu, onde jamais serão perdidos (Mateus 6.19-21). O homem que se apega
aos propósitos e aos caminhos mundanos, está entregando sua vida a
coisas que literalmente carecem de futuro. Todas essas coisas são
puramente passageiras, nenhuma permanece.
São precisamente as
que são vítimas da mudança e da decadência. Mas o homem que colocou Deus
no centro de sua vida, entregou sua vida às coisas que permanecem para
sempre. O homem do mundo está condenado ao desengano, à desilusão; o
homem de Deus está seguro da alegria permanente.
O argumento de
João é que é realmente uma estultícia dedicar a vida a aquilo que, por
sua própria natureza, não pode senão passar rapidamente; e é realmente a
atitude de um homem sábio dedicar a vida àquilo que é seguro e certo
por toda a eternidade.
Mesmo depois que tudo isso for esquecido
e este mundo tiver dado lugar aos novos céus e à nova terra, os fiéis
servos de Deus permanecerão para sempre, refletindo a glória de Deus por
toda a eternidade.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR10/5/2024FONTES:
Lopes, Hernandes Dias. I João: como ter garantia da
salvação; - São Paulo: Hagnos 2010.
RENOVATO, Elibaldo. O final de todas as coisas – Esperança e glória
para os salvos. Rio de Janeiro CPAD, 2015.
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Eliezer de Lira e Silva
BOICE, J. M. As Epístolas de João. RJ: CPAD, 2006.
COLSON, C. ; PEARCEY, N. O cristão na cultura de hoje. RJ: CPAD, 2006.
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