TEXTO ÁUREO
“Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra”
Esse versículo nos leva de volta aos cristãos que foram dispersos. A palavra traduzida por dispersos é o termo usado para indicar “sementeira, semeadura, espalhar sementes. Warren Wiersbe acrescenta que a perseguição faz com a igreja aquilo que o vento faz com a semente, espalhando-a e aumentando a colheita. Os cristãos em Jerusalém eram as sementes de Deus, e a perseguição foi usada por Deus para plantá-los em novo solo, a fim de que dessem frutos. Daí nasceu o provérbio: “O sangue dos mártires é a sementeira da igreja”.
Gamaliel, o professor de Paulo, lembrou ao sinédrio anteriormente o efeito da dispersão sobre os seguidores de Teudas e Judas, galileu: “Porque, antes destes dias, se levantou Teudas, insinuando ser ele alguma coisa, ao qual se agregaram cerca de quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe prestavam obediência se dispersaram e deram em nada. Depois desse, levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou muitos consigo; também este pereceu, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos” (Atos 5.36,37).
A dispersão dissipou os seguidores tanto de Teudas como de Judas, mas não foi capaz de dissipar os seguidores de Cristo. Entenda o motivo nas próprias palavras de Gamaliel: “E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la [...]” (Atos 5:38-39).
Esses cristãos perderam tudo que possuíam: casas, rebanhos, bens, tudo exceto o pouco que podiam carregar nas costas. Eles fugiram a pé pelas estradas da Palestina com medo do perseguidor Saulo. Mas ao passarem por outros viajantes, eram objeto de curiosidade. As pessoas indagavam: “O que aconteceu? Ao invés deles murmurarem que deixaram tudo para trás eles preferiam anunciavam a palavra de Deus. A palavra grega equivalente a “anunciando” significa “evangelizar”, contar as boas novas!
Esses cristãos perseguidos não saíram dizendo: “Vejam só para onde está indo este mundo! ”, mas, sim: “Vejam Aquele que veio ao mundo! ”. Eles aprenderam com o exemplo de Estêvão: seus inimigos podiam ferir sua carne, mas não seu espírito; podiam abreviar suas vidas, mas não sua influência; podiam tomar suas casas, mas não seu lar celestial (João 14:1–3); podiam roubar seus bens, mas não seus tesouros (Mateus 6:20).
“E, descendo Filipe”
Como todos que são guiados pelo Espírito são como o vento: “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (João 3:8). Não havia planejado Filipe uma excursão em Samaria. Mas o Senhor o enviou ali para cumprir suas próprias palavras.
Filipe desceu a cidade de Samaria. Se ele desceu ele se esvaziou. Outrora ele estava em Jerusalém: “Onde sobem as tribos, as tribos do Senhor, até ao testemunho de Israel, para darem graças ao nome do Senhor” (Salmos 122:4).
Em Jerusalém ele havia sido ordenado diácono junto com seis dos seus companheiros, incluindo Estevão: “e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos” (Atos 6:5,6).
Poderia ter pensado Filipe que ali servia ao Senhor. Todavia o martírio de Estevão, seu companheiro provocou contra a igreja primitiva grande perseguição: “E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto os apóstolos” (Atos 8:1). Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra (Atos 8:4). Filipe foi um deles.
“... à cidade de Samaria “
O Senhor havia dito a seus seguidores: “que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai” (Atos 1:4), sobre essa promessa ele acrescentou: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (Atos 1:8).
A promessa do pai havia descido em Jerusalém na festa de Pentecoste: “E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (Atos 2:4). E iniciou de forma veloz a evangelização de Jerusalém. Já no primeiro sermão pentecostal “agregaram-se quase três mil almas“ (Atos 2:41).
A evangelização chegou a Samaria através do Diácono Filipe que havia sido disperso de Jerusalém por conta do martírio do outro diácono chamado Estevão.
“... lhes pregava a Cristo.”
Quando Filipe “anunciou a Cristo” aos samaritanos, sem dúvida, ele pregou as grandes verdades a respeito de Cristo que outros pregadores inspirados pregaram: o fato de Jesus ter cumprido as profecias (2:16; 8:35), os detalhes de Sua vida e de Seus milagres (2:22; 10:38), Sua morte na cruz por todos (2:23; 8:32; 10:39), Sua ressurreição dos mortos (2:32; 10:40), Sua ascensão à direita de Deus e Seu reinado nos céus (2:30–36) e Sua volta prometida (10:42). Essas verdades foram o alicerce e o cerne da pregação de Filipe.
Pregar Cristo envolve não somente pregar as grandes verdades relativas à Sua pessoa, mas também pregar sobre o reino/a igreja, pregar sobre Seu nome e pregar o batismo. Outros tópicos poderiam ser mencionados, mas estes são suficientes para observarmos como o tema “pregar Cristo” é tão magnífico e compreensivo.
A maneira como se “anuncia a Cristo” pode ser comparada com certa igreja. Essa igreja pregou uma enorme placa do lado de fora de seu prédio que dizia: “Nós Pregamos Cristo Crucificado”. Com o passar do tempo, alguns membros da igreja ficaram confusos com a ideia de um sacrifício de sangue, de modo que a palavra “crucificado” foi apagada da placa, restando: “Nós Pregamos Cristo”. Logo, um pregador novo chegou e, estando mais preocupado com os acontecimentos da época do que com a história de Jesus, apagou o nome “Cristo”. A placa, então dizia apenas: “Pregamos”. Finalmente, a igreja decidiu que pregar não era mais a maneira de atingir as pessoas, e apagaram a palavra “pregamos”, passando a fazer apresentações teatrais e musicais. E a placa dizia apenas: “Nós”.
Que Deus nos ajude a nunca abandonar nenhuma parte da plena “pregação de Cristo e Cristo crucificado”. “Mas nós pregamos a Cristo crucificado“ (1 Coríntios 1:23)
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
13/08/2025
FONTES:
GONÇALVES, José. A igreja em Jerusalém – Doutrina comunhão e fé: A base para o crescimento da igreja em meio as perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.
MARSHALL, Howard. Atos - Introdução e Comentário. Vida Nova/Mundo Cristão. 1991.
Lopes, Hernandes Dias Atos: a ação do Espírito Santo na vida da igreja. São Paulo: Hagnos, 2012.
GONZALES, Justo. História ilustrada do cristianismo vol I- A era dos mártires até A era dos sonhos frustrados. São Paulo: Vida Nova, 2019.
WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo. Geográfica, Vol. 5.http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_200111_05.pdf
http://biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_200111_06.pdf

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