Mateus 11.29 “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.”
“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim,”
Esse amoroso convite que põe término ao capítulo 11 só foi registrado por Mateus. É dirigido em primeira instância àqueles sobre cujas costas os fariseus lançavam pesadas cargas, exigindo meticulosa obediência não só da lei propriamente dita, mas também das intrincadas elaborações que dela fizeram. Jesus usa uma metáfora judia relacionada com disciplina e discipulado diz: "Ponha seu pescoço sob o jugo, e deixe a sua alma ser instruída" (Sir 51:26).
Na Palestina, os jugos dos bois eram feitos de madeira. Levava-se o boi e se tomavam medidas. Logo se trabalhava o jugo e se voltava a levar o boi para prová-lo. Então se ajustava bem o jugo, para que se adaptasse ao pescoço do paciente animal e não a machucasse. Se fazia o jugo à medida do boi.
Jesus nos convida a carregar seu jugo sobre nossos ombros. Os judeus empregavam a frase o jugo para entrar em submissão. Falavam do jugo da Lei, do jugo dos mandamentos, o jugo do Reino, o jugo de Deus. Mas pode dar-se o caso de Jesus ter dado a seu convite um significado muito mais cotidiano: Diz: "Meu jugo é fácil ou adequado”.
Os rabinos também associavam o termo jugo para referirem-se à escola. A palavra escola está etimologicamente relacionada à palavra grega para “lazer”. Jesus diz que todos deveriam tomar o seu jugo e aprender dele.
Pois, não é propriamente obediência a nenhuma lei externa e sim a lealdade a uma Pessoa, que capacita o discípulo a fazer alegremente, e, portanto, facilmente, e sem a sensação de que está pelejando debaixo de um pesado fardo, o que aquela Pessoa quer que ele faça. Se as pessoas O amassem, disse Jesus, inevitavelmente guardariam os seus mandamentos (João 14.15).
Há uma velha lenda sobre um homem que encontrou um menino pequeno carregando a um menino ainda menor, que era coxo: "Essa é uma carga muito pesada para você", disse o homem. "Não é nenhuma carga", respondeu o menino, "é meu irmãozinho." O amor suaviza todos os fardos, tornando-os leves.
Além disso, o caminho da vida que Ele deseja que os seus discípulos sigam é a sua própria vida. Em conseqüência, o guia da conduta do cristão não é um livro de leis repleto de decepcionantes perplexidades, mas o exemplo de Cristo. Policarpo, discípulo do apóstolo João disse perante seus algozes: “Eu tenho servido Cristo por 86 anos e ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Rei que me salvou?”. O exemplo de Cristo nos induz a imitá-lo até o fim.
“...que sou manso e humilde de coração;”
Na sua escola, Jesus oferece refrigério e promete tornar o fardo leve, porque Ele é um professor manso e humilde. Ser aluno de Jesus é ter um Professor muito gentil e inclinado à humildade, que nunca se impacienta com os que são lentos para aprender e jamais é intolerante com os que tropeçam.
A mansidão é a virtude que oferece paciente gentileza com retribuição ao ódio, ofensa ou hostilidade. É o oposto de orgulho, ira, auto-afirmação e vingança. O coração verdadeiramente manso não reage à provocação; paga o mal com o bem; e, dos outros, nada exige e pouco espera.
O mundo considera o manso covarde e vacilante; alma tímida, moralmente débil ante as batalhas da vida. Mansidão, porém, não é fraqueza; é força tornada gentil. Moisés eia manso (Números 12.3), mas havia aço na sua estrutura moral, e raios e trovões no seu zelo (Êxodo 32.19). O Senhor Jesus era manso, mas basta-nos ver como expulsou os cambistas do templo e denunciou a hipocrisia dos fariseus (Mateus 23).
Jesus também é humilde de coração. A humildade parecia servil aos antigos; não era uma virtude. Jesus tomou esse vício em virtude. Ele glorificou essa atitude. Paulo exorta: “Cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Filipenses 2.3).
“... e encontrareis descanso para as vossas almas.”
Certamente Jesus não promete a seus discípulos uma vida de inatividade ou repouso, nem isenção de tristezas ou lutas, mas sim lhes assegura que, se se mantiverem bem unidos a Ele, acharão alívio de esmagadores fardos, como os da angústia arrasadora, do sentimento de frustração e de futilidade, e da desgraça de uma consciência sobrecarregada de pecados.
No Antigo Testamento, o Senhor convidou Seu povo para voltar às “veredas antigas”, dando-lhes a mesma promessa encontrada aqui. A linguagem provavelmente foi emprestada desse texto: "Parem nas encruzilhadas e olhem, perguntem pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andem por ele, e encontrarão descanso para a vossa alma. Mas eles dizem: 'Não andaremos" (Jeremias 6:16).
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
13/5/2025
FONTES:
CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez Carne – Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.
PEARLMAN, Myer. Mateus – O Evangelho do Grande Rei. Rio de Janeiro: CPAD.
ROBERTSON, A. T. Comentário Mateus & marcos à luz do novo testamento grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
TASKER, R. V. G. Mateus: Introdução e comentário. Série Cultura Bíblica –São Paulo: Mundo Cristão, 1980.
BARCLAY, William. The Gospel of Matthew - Tradução: Carlos Biagini.
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