João 19.30 “E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.”
“E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. ”
Os versículos anteriores dizem: “Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse; Tenho sede. Eslava ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de vinagre uma esponja, e, pondo-a num hissopo, lha chegaram à boca” (vs 28-29).
Na chegada à cruz, o Senhor já recusara a bebida analgésica: “Deram-lhe a beber vinagre misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber” (Mateus 27.34); Ele não tinha o desejo de fugir do sofrimento físico, e não queria entrar na morte através do sono induzido por drogas. Pelo contrário, tinha de suportar tudo com a mente bem desperta, seus sentidos ativos, enfrentando a morte como vitorioso Conquistador e não como pobre vítima, sob efeito de drogas.
João ressalta esse fato do cumprimento de todas as profecias messiânicas no que diz respeito aos sofrimentos do Messias na sua primeira vinda, inclusive esta última profecia: “Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre” (SaImo 69.21) ou o Salmo 22.15 “a minha língua se me apega ao céu da boca". O vinagre no jarro provavelmente era vinho azedo, trazido para que os soldados pudessem beber de vez em quando. Após beber o vinagre disse: “Está consumado”. Estava cumprida a obra de Jesus na terra, tanto a salvação como a vida eterna já podiam ser obtidas livremente. Em João 17.4, o Filho pôde dizer antecipadamente ao Pai: “Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer”.
Myer Pearlman escreve em seu comentário do evangelho de João sobre o que estava consumado: Isto significa: 1) que todas as profecias tinham recebido nEle o seu pleno cumprimento; 2) que estava completa a obra que Jesus veio realizar; sua primeira declaração, registrada nas Escrituras, foi: “Não sabíeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lucas 2.49); e sua última declaração foi: “Está consumado”. Bem-aventurado o homem que pode dizer, ao final da caminhada da vida: “Está consumado”; 3) que Jesus, na cruz, completou a revelação de Deus que veio oferecer ao mundo (João 3.16; i João 3.16). Tudo fora feito para revelar Deus aos homens.
“E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. ”
Em outras passagens dos evangelhos, a mesma frase que aqui descreve Jesus inclinando a cabeça ao morrer é usada para deitar a cabeça para dormir: “O Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mateus 8.20) e a implicação é que Jesus curvou voluntariamente a cabeça para entrar no sono da morte.
A declaração de João de que rendeu o espírito também atesta a natureza voluntária da morte de Jesus. O relato de Lucas cita o Senhor dizendo: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lucas 23:46). Ninguém tirou a vida de Jesus. Ele deu a própria vida por iniciativa própria e ele tinha autoridade para dá-la: “Ninguém a tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou” (João 10.18).
Estas são palavras do SaImo 31.5: “Nas tuas mãos entrego o meu espírito; resgata-me, Senhor, Deus da verdade” (NVI), durante séculos foram parte da oração vespertina de judeus piedosos, e podem bem ter tido este sentido para Jesus. Se ele estava acostumado a repetir estas palavras antes de ir dormir, ele agora as disse pela última vez.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
31/5/2025
FONTES:
CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez Carne – Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.
BRUCE, F. F. João introdução e comentário. São Paulo: Mundo Cristão, 1987.
Pearlman. Myer. João – o evangelho do filho de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 199
http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_202205_04.pdf
Nenhum comentário:
Postar um comentário