2 Pedro 1.1 “Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo:”
“Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo,”
O apóstolo se identifica como Simão Pedro. Simão era seu nome original antes de Jesus chamá-lo de Cefas: “E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro)” (João 1:42). Apenas uma vez fora dos evangelhos ele é chamado Simão. No concílio de Jerusalém, Tiago, irmão do Senhor assim o chama: “Expôs Simão como Deus, primeiramente, visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome” (Atos 15:14).
Pedro chama-se a si mesmo o servo de Jesus Cristo. A palavra equivalente a servo é “doulos” e, mais que servo, significa escravo. Ainda que pareça estranho, este é um título, e ao que parece um título humilhante, mas que os mais altos personagens da Bíblia o aceitaram como título da maior honra. Chamar o cristão o doulos de Deus significa que o cristão está incondicionalmente à disposição de Deus.
Pedro apresenta-se também como apóstolo. Jesus deu à essa palavra um significado todo especial quando separou os doze. Ele os escolheu como as primeiras testemunhas de sua ressurreição, bem como de sua vida e ensinamentos. Ele os escolheu também como os agentes que atuariam na fundação e construção da Igreja (Efésios 2.20).
Isso indica que a autoridade não procede dele mesmo, mas é delegada pelo próprio Filho de Deus. Kistemaker alerta que um apóstolo não transmite suas próprias ideias sobre a mensagem daquele que o envia. Pedro fala da parte de Cristo, enviado por Cristo e com a autoridade de Cristo.
“... aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo:”
A Segunda Epístola de Pedro, ao contrário da primeira, não é dirigida a nenhuma igreja específica. É direcionada aos que obtiveram preciosa fé através da justiça de Deus em Cristo. Quem era essa gente? Só pode haver uma resposta segundo Barclay.Trata-se de pessoas que uma vez devem ter sido gentios em contraposição aos judeus que em maneira única eram os escolhidos de Deus. Aqueles que uma vez não eram povo são agora o povo escolhido de Deus (1 Pedro 2:10); aqueles que uma vez estiveram afastados e alheios à cidadania de Israel, aqueles que tendo estado longe, foram agora aproximados (Efésios 2:11-13).
Pedro está dirigindo sua Carta àqueles que uma vez tinham sido gentios desprezados, mas agora possuíam iguais direitos que os judeus — e até que os próprios apóstolos — na cidade e no reino de Deus.
“eles alcançaram fé”. Isso não significa que ganharam por eles mesmos nem tampouco que a mereceram. Assim como um prêmio favorece a alguém sobre quem tem caído a sorte, sem esforço alguém de sua parte. Em outras palavras: sua nova cidadania e sua nova honra eram totalmente produto da graça.
Chegou-lhes mediante a imparcial “justiça de seu Deus e Salvador Jesus Cristo”. Chegou-lhes porque para Deus não há acepção de pessoas, não existe a cláusula de nação mais favorecida. A graça de Deus, o favor de Deus e os privilégios de Deus alcançam sem distinção a todo povo da Terra: “Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens” (Tito 2.11).
A frase nosso Deus e Salvador Jesus Cristo levanta a questão de se Pedro está fazendo distinção entre Deus e Cristo, ou se realmente está chamando Jesus de Deus. Do ponto de vista gramatical, os dois substantivos são ligados no grego por um único artigo, que sugere fortemente que há alusão a uma única Pessoa. Jesus é chamado Deus por Pedro.
Além disto, nas outras quatro vezes onde Pedro emprega a palavra Salvador (1:11; 2:20; 3:2, 18), sempre se refere a Jesus. Portanto, o autor está chamando Jesus de Deus neste trecho. Este não é um assunto que possa ser matéria de discussão de modo nenhum. Nem sequer é uma questão de teologia, porque para Pedro dar a Jesus o nome de Deus não era coisa de teologia, mas sim uma expressão transbordante de sua adoração.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
21/1/2025
FONTES:
SOARES, Esequias. Em defesa da fé: Combatendo as antigas heresias, que se apresentam com nova aparência. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
HORTON, Stanley. I e II Pedro – A razão da nossa Esperança. Rio de Janeiro: CPAD.
Barclay, William. The Letters of James and Peter (Título Original em Inglês). Tradução: Carlos Biagini.
GREEN, Michael. II Pedro e Judas: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2008.
Kistemaker, Simon J. Epístolas de Pedro e Judas, trans. Susana Klassen, 1a edição., Comentário do Novo Testamento. São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2006.
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