Contexto
O apóstolo Paulo está chegando ao
final de sua carta. Seus temas principais já foram apresentados. Tudo o que
resta são algumas advertências finais. À primeira vista, essas instruções e
exortações parecem estar muito frouxamente ligadas entre si. No entanto, um
exame mais detalhado, revelará o elo de ligação. É justo que os crentes, uma
vez tendo recebido instrução espiritual de seus mestres na fé, contribuam
materialmente em favor destes (v. 6). De acordo com a semeadura, assim será
também a colheita. Se plantais a semente de vossas cobiças egoístas, se semeais
no campo da carne, obtereis um a colheita corrupta. Mas se semeais na boa terra
do Espírito, obtereis um a colheita de vida eterna”. Tendo como base o fato de
que o princípio da semeadura é implacável, Paulo exorta os gálatas a não se
cansarem de fazer o bem, principalmente aos domésticos da fé (vv. 9 e 10). É a
explicação do grande princípio da semeadura e da colheita que será apresentado
no versículo 7:
“Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; “ Paulo começa com uma
advertência para que não se enganem, não errem. Essa advertência serve para
preparar a ideia seguinte, que é uma lei imutável. A possibilidade de se
enganar é mencionada diversas vezes no Novo Testamento. (1 Coríntios 15.33)
“Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes”. Jesus
disse que o diabo é um mentiroso e o pai da mentira, e advertiu os seus
discípulos contra a possibilidade de serem enganados. João nos adverte, na sua
segunda epístola, que “muitos enganadores têm saído pelo mundo fora”; Paulo
nos roga, em sua carta aos Efésios: “ Ninguém vos engane com palavras vãs”.
Já em Gálatas ele pergunta aos seus leitores: “Quem vos fascinou? ” (3:1)
e fala ainda da pessoa que “ a si mesma se engana” (6:3). Afinal, muitos
se tem enganado acerca desta inexorável lei da semeadura e da colheita. A
palavra grega para escarnecer tem um sentido de “torcer o nariz”, “tratar
despercebidamente”, “ridicularizar” conforme escreve Salomão ““O filho sábio
alegra seu pai, mas o homem insensato despreza a sua mãe” (Provérbios
15.20). A ideia é tornar Deus ridículo mediante a defraudação e o não
cumprimento da sua vontade. A ausência do artigo no termo grego usado para Deus
demonstra que deve ser entendido qualitativamente. Deus não é do tipo
suscetível à zombaria. Torna-se extremamente fútil tentar zombar dEle. O que o
apóstolo diz aqui é que os homens podem enganar a si mesmos, mas não podem
enganar a Deus. Embora pensem que podem escapar desta lei da semeadura e
colheita, eles não podem. Podem até continuar semeando suas sementes e fechando
os olhos às consequências, mas um dia o próprio Deus vai fazer a colheita.
“...porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. “ Este é
um princípio de ordem e coerência que se acha inscrito em toda vida, material e
moral. A agricultura, por exemplo. Depois do dilúvio, Deus prometeu a Noé que,
enquanto houvesse terra, haveria “ sementeira e ceifa”, isto é, a semeadura e a
colheita não teriam fim: “Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio
e calor, e verão e inverno, e dia e noite, não cessarão” (Genesis 8:22). Se
um lavrador deseja ter colheita, deve semear a semente no seu campo; caso
contrário, não haverá colheita. Além disso, o tipo de colheita que ele vai obter
é determinado de antemão pelo tipo de semente que ele semeia. Isso acontece com
a natureza, a qualidade e a quantidade. Se ele semear cevada, vai colher
cevada; se semear trigo, colherá trigo. Semelhantemente, uma boa semente produz
uma boa colheita, e uma semente ruim produz uma colheita ruim. Além disso, se
ele semeia com abundância, pode esperar uma colheita abundante; mas se semeia
parcamente, também vai colher parcamente: “E digo isto: Que o que semeia
pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância
ceifará” (2 Coríntios 9:6). Reunindo tudo, podemos dizer que se um lavrador
deseja uma safra abundante de um a determinada semente, então, além de semear a
semente adequada, esta deve ser boa e tem de ser semeada com abundância. Só
assim ele pode esperar uma boa colheita. O homem colherá o que semeou. Deus
deixa que o homem lavre sua sorte com as próprias mãos (livre arbítrio). Ele
concede liberdade ao homem para semear onde queira, e, portanto, para colher o
que queira. Exatamente esse mesmo princípio opera na esfera moral e na
espiritual. Quem decide como será a colheita, não são os que colhem, mas os
semeadores. Se um homem é fiel e consciencioso em sua semeadura, então pode
confiantemente aguardar uma boa colheita. Se ele “ semeia ventos”, como
costumamos dizer, só pode “ colher tempestades”! Por outro lado, segundo a
observação de Elifaz, o temanita: “os que lavram a iniquidade e semeiam o
mal, isso mesmo eles segam” (Jó 4:8). Ou, como Oséias advertiu os seus
contemporâneos (8:7), “ porque semeiam ventos, segarão tormentas”
(referindo-se ao juízo divino).
DEIVY FERRREIRA PANIAGO JUNIOR
18/5/2023
FONTES:
CABRAL, Elienai. Relacionamentos em
Família – Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Rio
de Janeiro: CPAD, 2023.
SOARES, Germano. Gálatas – Comentário. Rio de Janeiro: CPAD,
2009.
BOYD, Frank M.
Comentário Bíblico.../ 1 ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das
Assembléias de Deus, 1996.
STOTT, John. A mensagem de gálatas. São Paulo: ABU, 2000.
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