Salmo 146.3 “Não confieis em príncipes, nem em filho de homem, em quem não há salvação. ”
“Não confieis em príncipes, nem em filho de homem,
Os homens sempre são extremamente propensos a confiar nos grandes e nobres da terra, e se esquecer do Grandioso e Nobre que está nas alturas; e este hábito é fonte frutífera de desapontamento.
Os príncipes são apenas homens, e homens com necessidades maiores do que outras pessoas. Por que, então, devemos confiar neles, e recorrer a eles em busca de auxílio? Eles estão em perigo muito maior, estão sobrecarregados com maiores preocupações, e têm probabilidade muito maior de estar equivocados e se desviar do que quaisquer outros homens; por isto, é tolice escolhê-los para a nossa confiança. Provavelmente, nenhuma classe de homens foi tão falsa para com as suas promessas e os seus tratados como os homens de sangue real.
Foi necessário que Bate-Seba e Natã lembra-se o Rei Davi da sua promessa acerca de Salomão: “E Bate-Seba inclinou a cabeça, e se prostrou perante o rei; e disse o rei: Que tens? E ela lhe disse: Senhor meu, tu juraste à tua serva pelo Senhor teu Deus, dizendo: Salomão, teu filho, reinará depois de mim, e ele se assentará no meu trono. E agora eis que Adonias reina; e tu, ó rei meu senhor, não o sabes” (1 Reis 1.16-18).
Ainda que você escolha um filho do homem, em meio a muitos, e imagine que ele será diferente dos demais, e que você poderá, com segurança, confiar nele, você estará equivocado. Não há ninguém em quem se possa confiar, nem uma pessoa sequer. Adão caiu; por isto, não confie nos seus filhos. O homem é uma criatura desamparada, sem Deus; por isto, não busque ajuda nessa direção. Todos os homens são como os poucos homens que são feitos príncipes. Eles são mais, na aparência, do que na realidade, mais em promessas do que em realizações, são mais capazes de ajudar a si mesmos do que de ajudar os outros.
O Rei Charles tinha feito ao Conde de Strafford uma promessa solene, com a palavra de um rei, de que ele, o conde, não sofreria, “na vida, na honra ou na sorte”, no entanto, com singular infâmia e ingratidão, bem como uma política de pouca visão, assentiu com a sua condenação sem julgamento. Ao saber que isto tinha sido feito, Strafford, colocando a mão sobre o coração, e erguendo os seus olhos para o céu, proferiu essas memoráveis palavras: “Não confieis em príncipes nem em filhos de homens, em quem não há salvação”. Huss também se frustou com um salvo-conduto dado pelo rei Segismundo de Luxemburgo que não o impediu de ser condenado por heresia e queimado na fogueira.
“... em quem não há salvação. ”
Devido a algum tipo de fraqueza, a alma do homem, quando está em meio a alguma tribulação, perde a esperança em Deus, e decide confiar no homem. Se for dito, a um homem que estiver em alguma aflição, “Há um grande homem, que poderá libertá-lo”; o homem sorri, ele se alegra, ele é exaltado. Mas se lhe for dito, “Só Deus liberta você”, ele estremece, por assim dizer, pelo desespero.
Agostinho escreveu: O auxílio do mortal é prometido, e você se alegra; o auxílio do imortal é prometido, e você se entristece? Foi prometido a você que você será libertado por aquele que precisa ser libertado com você, e você exulta, como se recebesse um grande auxílio: foi prometido a você aquele grande Libertador, que não precisa de ninguém que o liberte, e você se desespera, como se fosse apenas uma fábula. Ai desses pensamentos; eles são muito equivocados; na verdade há neles uma triste e grande morte.
Matthew Henry comentou: “Todos os filhos dos homens são como o homem de quem se originaram, que, tendo a honra, não a conservou”. Anthony Farindon disse que “um homem confiar em outro, é como um mendigo pedir esmolas a outro, ou um aleijado carregar outro, ou um cego guiar outro cego”.
Lembremo-nos de Davi que escreveu: “A minha alma espera somente em Deus; dele vem a minha salvação. Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é a minha defesa; não serei grandemente abalado” (salmo 62.1-2).
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
4/3/2025
FONTES:
SOARES, Esequias. Em defesa da fé: Combatendo as antigas heresias, que se apresentam com nova aparência. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
SPURGEON, Charles. Os Tesouros de Davi – Volume III. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico – Livros Poéticos. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/jan-huss-os-primordios-reforma.htm
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