Tito 3.5 “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, ”
“Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia,
A E.R.C, traduz corretamente: Não por obras de justiça praticadas por nós. Isto elimina toda e qualquer obra; não só as que foram praticadas pela justiça própria dos homens perdidos, como também as obras praticadas em verdadeira justiça. A misericórdia de Deus o constrangeu a entregar seu Filho e não poupá-lo. John Stott diz que a base da nossa salvação não são as nossas obras de justiça, mas a obra de misericórdia.
Assim, a salvação tem sua origem no coração de Deus. É por causa da sua misericórdia que ele interveio em nosso favor; que ele tomou a iniciativa, não pelas ações corretas que realizaram, mas sim pela grande misericórdia de seu coração.
O cristão nunca deve pensar no que conquistou; e sim no que Deus lhe outorgou. Enquanto a justiça nos daria aquilo que mereceríamos ganhar, a misericórdia nos concedeu aquilo que jamais seriamos dignos de receber.
“... nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, ”
A misericórdia de Deus nos salvou pela lavagem. Lavar (loutron) quase que com certeza refere-se ao batismo nas águas. Todos os primitivos pais da igreja entenderam dessa forma. Isso não implica que eles (ou Paulo) ensinassem a regeneração pelo batismo, assim como Ananias não acreditava desse modo, quando disse a Saulo de Tarso: “Levante-se, seja batizado e lave os seus pecados, invocando o nome dele”.
As igrejas evangélicas, em sua maioria, consideram o batismo “um sinal exterior e visível de uma graça espiritual interior”, a saber, o lavar dos pecados e o novo nascimento pelo Espírito Santo. Mas não confundem o sinal (o batismo) com o que ele significa (a salvação).
Regeneração é como se traduz “palingenesia”, que Jesus usou ao falar da regeneração final de todas as coisas e que os estoicos aplicaram à restauração periódica do mundo, em que eles acreditavam. Aqui, entretanto, o novo nascimento é individual (como a “nova criação” de 2 Coríntios 5.17) e não cósmico. Ele se refere a um radical novo início, uma vez que “Deus não nos consertou, mas nos fez completamente novos”.
A outra palavra, “renovação”, é a tradução de “anakainôsis”. Ela pode ser um sinônimo de “regeneração”, entendendo-se a repetição como um efeito retórico. Ou ela pode referir-se ao processo da renovação moral, da transformação, que se segue ao novo nascimento, um processo contínuo de se tornar uma nova criatura em Cristo, à medida que seguimos o conselho do Espírito Santo (Romanos 12.2; Gálatas 3.3).
O Espírito Santo é, certamente, o agente pelo qual somos renascidos e renovados, e é ele que Deus derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador (v. 6b). Tanto o uso do verbo “derramou”, como o emprego do tempo aoristo dão a entender que a referência é ao derramamento do Espírito no dia de Pentecostes, e a afirmação de que ele foi derramado em nós denota a nossa participação pessoal no dom pentecostal.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
18/2/2025
FONTES:
SOARES, Esequias. Em defesa da fé: Combatendo as antigas heresias, que se apresentam com nova aparência. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
HARRISON, Everret F; PFEIFFER, Charles F. Comentário Bíblico Moody. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1990.
STOTT, John R.W. A mensagem de 1 Timóteo e Tito: a vida da Igreja local: a doutrina e o dever; tradução Milton Azevedo Andrade. — São Paulo: ABU Editora, 2004.
BARCLAY, William. The Letter to Titus. Tradução: Carlos Biagini
ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004.