domingo, 30 de novembro de 2025

Lição 10: Espírito — O âmago da vida humana. 4 Trimestre de 2025.

TEXTO ÁUREO

“Peso da Palavra do Senhor sobre Israel. Fala o Senhor, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele.” (Zacarias 12.1). 

 

“Peso da palavra do Senhor sobre Israel:”

Um problema com que todo tradutor se defronta é a impossibilidade de encontrar em outra língua equivalentes exatos para algumas palavras que ele tem de traduzir. A palavra hebraica massã é um destes casos. Ela vem da raiz nãsã que significa “erguer”, “carregar uma carga”, e por isso alguma versões traduzem “a carga (ou peso) da palavra do Senhor”, algumas traduções preferiram as palavras “sentença” ou “oráculo”. Isaías usou a palavra como título para suas profecias às nações.

P. B. H. de Boer fez um estudo detalhado da palavra massã examinando as sessenta e tantas ocorrências no Antigo Testamento, consultando as versões antigas para ver como os tradutores daquele tempo a entendiam, depois de considerar exemplos modernos de exegese. Apesar de dicionários e tradutores terem distinguido dois significados, “carga” e “oráculo”, de Boer não encontra evidências para tal distinção. Ele descobriu que a etimologia e o uso da palavra do Antigo Testamento e nas traduções antigas indicam um só significado.

Massã' é uma carga, “colocada por um senhor sobre os que lhe são subordinados. Quando aplicada a um profeta significa “carga imposta sobre ...”, por isso normalmente pesa sobre o coração do profeta: “Então disse eu: Não me lembrarei dele, e não falarei mais no seu nome; mas isso foi no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; e estou fatigado de sofrer, e não posso mais” (Jeremias 20:9)

A palavra sublinha o senso de compulsão do profeta ao proclamar a mensagem que segue. Ele não foi voluntário para fazê-lo, mas não tem opção. Ela foi colocada sobre ele, e ele tem de aceitá-la e cumprir sua obrigação com se fosse um estivador. Ele tem de entregar a mensagem como um embaixador, que mesmo que não concorde com ela não pode alterá-la; nisto está o aspecto pesado da sua vocação.

Esse peso é colocado também sobre Israel. Isto é inesperado, pois o interesse está se concentrando em Judá e Jerusalém, mas a dificuldade desaparece se tomarmos “Israel” para o povo todo, e não só para o reino do norte, como em 11:4. O conflito entre Israel e Judá não é trazido para os capítulos 12-14.

 

“Fala o Senhor, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele.”

Há uma solenidade incomum ligada às palavras iniciais deste oráculo. Para acabar com toda a dúvida sobre sua capacidade de livrar o povo, Deus prefacia a predição deste acontecimento glorioso e invoca o seu poder criativo e sustentador. Fala na função de Criador que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele.

Esta referência ao poderoso Criador do universo, da terra e do homem lembra Isaías 42:5: “Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus, e os estendeu, e espraiou a terra, e a tudo quanto produz; que dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam nela”, é uma introdução adequada a estes capítulos, que apontam para a consumação de todas as coisas no Senhor, o Rei.

O trecho “que forma o espírito do homem dentro deleé alusão a Gênesis 2.7: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” , quando a respiração divina animou o homem.

O fôlego divino que foi “soprado” nas “narinas” do homem é identificado como “o fôlego de vida”. O fôlego de vida tornou-se a alma e o espírito do homem, isto é, o princípio da vida dentro dele, de acordo com a necessidade do corpo. Este fôlego de vida vem do Senhor da Criação.

O mesmo Deus que criou céus, terra e o homem é o Deus que cumprirá toda a sua sentença. Seu desejo é que não duvidemos da promessa de Deus, mas que estejamos certíssimos “de que o que” prometeu “também é “poderoso para o fazer” (Romanos  4.21).

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
30/09/2025

FONTES:

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito – A restauração integral do ser humano para chegar a estatura completa de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

BALDWIN, Joyce G. Ageu, Zacarias e Malaquias: introdução e comentário. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 1982

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.

HARPER, A. F. (Ed.). Comentário Bíblico Beacon. Vol. 6. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. 

https://textoaureoebd.blogspot.com/2024/01/genesis-27.html

 

sábado, 29 de novembro de 2025

Mateus 4:2

Mateus 4:2 “E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;”

 

“E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites,”

Jesus, após ser conduzido pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo (v.1), se absteve de qualquer alimento por quarenta dias e quarenta noites (quarenta noites somente em Mateus). Tal como Moisés havia jejuado quando estivera “com o Senhor” no Monte Sinai para receber a Lei (Êxodo 34.28). Robertson comenta que “O período do jejum, como no caso de Moisés, foi gasto em enlevo espiritual, durante o qual os desejos do corpo natural foram suspensos.”

A história da tentação de Jesus contém de fato muitas semelhanças com a história de Moisés conduzindo Israel do Egito para a Terra Prometida. Tanto Jesus quanto Moisés foram levados para o deserto (4:1; Êxodo 19:1, 2), jejuaram por quarenta dias e quarenta noites (4:2; Êxodo 34:28; Deuteronômio 9:9) e a ambos foram mostrados reinos do alto de uma montanha (4:8; Deuteronômio 3:27; 34:1–4)

Esse período de jejum tem equivalentes nas vidas de outro grande líder de Israel no Antigo Testamento. Elias também jejuou por esse mesmo tempo quando fugia da ira de Jezabel após a derrota dos profetas de Baal no monte Carmelo (1 Reis 19:8). Em cada um desses casos, o jejum foi feito por uma razão espiritual. Fiel a esse padrão, Jesus jejuou contemplando Seu ministério iminente e em preparação para o Seu encontro com o tentador.

 

“... depois teve fome;”

Jesus, enlevado em oração e meditação, passa quarenta dias sem comer. Voltando a si, por assim dizer, sente o aguilhão da fome. A fome nos deixa fisicamente fracos, e também nos faz focar a atenção na comida, em detrimento de outras preocupações – incluindo necessidades espirituais. Jesus não só estava faminto, como também estava sujeito aos perigos do deserto. Marcos descreveu Jesus como estando “com as feras” (Marcos 1:13).

O tentador vai aproveitar-se desse momento e apelar fortemente diante da necessidade física do Senhor. Seu propósito era persuadir Jesus a satisfazer seu apetite de maneira indigna. O primeiro Adão sucumbira ao desejo carnal; não sucumbiria também o segundo?

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
29/11/2025

FONTES:

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito – A restauração integral do ser humano para chegar a estatura completa de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

TASKER, R. V. G. Mateus: Introdução e comentário. Série Cultura Bíblica –São Paulo: Mundo Cristão, 1980.

PEARLMAN, Myer. Mateus – O Evangelho do Grande Rei. Rio de Janeiro: CPAD.

ROBERTSON, A. T. Comentário Mateus & marcos à luz do novo testamento grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201204_03.pdf

1 Timóteo 4.8

1 Timóteo 4.8 “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.”.

 

“Porque o exercício corporal para pouco aproveita,”

Nós somos formados de três partes, segundo a Palavra de Deus: “espírito, e alma, e corpo” (1 Tessalonicenses 5.23). Todas elas precisam de exercício, de atividade, sob pena de sofrermos atrofia em todas ou em um a delas. Há muitos que vivem de modo sedentário, desenvolvendo doenças circulatórias, cardíacas ou neurológicas. Isso não é desejável.

Warren Wiersbe diz que precisamos cuidar do corpo, e o exercício físico faz parte desse cuidado. O corpo além de tempo do Espírito Santo (1 Coríntios 6.19-20) é o instrumento para o seu serviço (Romanos 12.1-2). O pregador escocês Robert Murray M'Cheyne. Disse em seu leito de morte aos 29 anos: "Deus me deu um cavalo e uma mensagem, eu matei o cavalo e não posso mais entregar a mensagem", expressando tristeza por não poder continuar seu ministério de pregar o Evangelho, por causa de sua saúde (que ele sentia que tinha "matado").

Mas por que esse incentivo ao exercício físico se Paulo diz que o exercício corporal para pouco aproveita”? Paulo cita ao que parece, pela sua harmonia, ser um refrão proverbial: “Pois o exercido fisico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa.” Conforme era originalmente formulado, este apotegma deve ter sido dirigido contra o treinamento excessivo de atletas, que, segundo sabemos, era assunto de fortes críticas nos círculos estóicos e cínicos.

Paulo não está dizendo que o “exercício físico” (gymnasia) “não serve para nada”. O que ele está fazendo é enfatizando a importância do exercício espiritual, contrastando-o com o exercício físico.

 

“...mas a piedade para tudo é proveitosa,”

O apóstolo mostrou a Timóteo que havia algo mais importante que o exercício físico. A Piedade. Piedade, ou “eusebeia”, significa a vida de santidade do cristão; a vida devocional, que inclui as orações, a leitura da Palavra de Deus, de m odo sistemático, a adoração a Deus, de forma constante; a maneira de viver e conviver com as pessoas, zelando pelo bom testemunho cristão, tudo isso é piedade.

Se o corpo, como vimos, precisa de exercícios para não envelhecer precocemente, ou atrofiar-se, em suas funções vitais, a alma e o espírito também necessitam de “exercícios” espirituais, ou seja, de piedade. Paulo resumiu a piedade quando escreveu aos coríntios, dizendo: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor” (1 Coríntios 15.58).

 

“... tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.”

As palavras finais, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser, definem as bênçãos que o homem que se dedica à piedade pode esperar. Parecem ecoar as palavras de nosso Senhor registrada na tradição dos Evangelhos que oferecem exatamente esta recompensa àqueles que renunciam a tudo por amor a Ele: “E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna” (Mateus 19:29).

O exercício espiritual não só nos recompensa nesta vida, mas nos assegura uma entrada no reino eterno. A vida eterna é a coroa que pode ser esperada por aqueles que exercitam a piedade.

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
29/11/2025

FONTES:)

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito – A restauração integral do ser humano para chegar a estatura completa de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

RENOVATO, Elinaldo. As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.

KELLY, John N. D. I e II Timóteo e Tito: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova e Editora Mundo Cristão, 1983.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Wiersbe. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2013.

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD 29 DE NOVEMBRO DE 2025 (Filipenses 2:13)

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD
29 DE NOVEMBRO DE 2025
DEUS IMPLANTA BONS DESEJOS EM NÓS

Filipenses 2:13 “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.”

 

“Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar,”

A expressão “opera em vós” identifica que essa obra é exclusiva de Deus. É Ele quem opera, quem realiza, quem efetua “tanto o querer como o efetuar”. Essa declaração descreve um propósito de Deus para com os cristãos. Ele efetua nos crentes o querer, a vontade de obedecer e desenvolver a salvação.

O verbo grego traduzido por “efetua” (energein) deu origem à palavra “energia” e “energizar” e ocorre duas vezes no versículo 13. Em ambas as ocorrências esse verbo é traduzido por sinônimos: “efetuar” e “realizar”. Deus nos “energiza”. Para que Ele nos “energiza”? Para trabalharmos para Ele, precisamos de pelo menos duas coisas: o desejo de trabalhar para Ele e a capacidade de trabalhar para Ele. O texto declara que Ele nos ajuda nessas duas coisas: Ele “efetua” em nós “tanto o querer como o realizar”. Uma possível tradução seria: “Deus está operando em vocês para torná-los dispostos e aptos a obedecer-Lhe”.

O “efetuar” ou “o realizar” implica a capacidade que Ele dá para fazer sua obra. Deus não nos dá trabalhos para serem feitos e depois vai embora, nos deixando lutar sozinhos para realizá-los. Ele permanece conosco. Nunca estamos sozinhos enquanto servimos a Ele (Mateus 28:20).

 

“... segundo a sua boa vontade.”

Deus manifesta seu poder divino na vida do crente de acordo com “a sua boa vontade”. A “boa vontade de Deus” diz respeito à “concretização de seus propósitos soberanos e graciosos para com os homens. A boa vontade de Deus não é um capricho arbitrário de um soberano, mas representa aquilo que, na sabedoria e no amor de Deus, mais contribuiria para o bem-estar e a bênção dos santos.

A palavra grega traduzida como boa vontade é eudokia e significa “deleite, boa vontade, favor”; então “bom prazer, propósito, vontade” (Efésios 1: 5; 2 Tessalonicenses 1:11). Aqui significa aquilo que seria agradável para ele; e a idéia é que ele exerça tal influência que leve as pessoas à vontade e faça o que está de acordo com sua vontade.

O objetivo final ou propósito de nossas vidas deve ser cumprir "a Sua boa vontade”. Nossas vidas devem ser vividas para a maior glória de Deus e não para nossos próprios desejos egoístas. Qualquer impulso que nós sentimos qualquer boa vontade para com a obra, isso é Deus operando em nós, tanto para querer quanto para realizar. Conforme nos aproximamos de Deus a sua vontade fica cada vez mais clara para nós. Quando nosso corpo é consagrado e nossa mente é transformada, nosso culto torna-se racional e experimentamos a boa, perfeita e agradável vontade de Deus (Romanos 12:2).

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
19/11/2025

FONTES:

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito – A restauração integral do ser humano para chegar a estatura completa de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

CABRAL, Elienai. Filipenses - A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.

http://biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201012_09.pdf

BARNES, Albert. Notes on the Old & New Testaments. Baker Book House, 1983.

 

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD 28 DE NOVEMBRO DE 2025 (1 João 2.15-17)

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD
28 DE NOVEMBRO DE 2025
RENUNCIANDO À PRÓPRIA VONTADE

1 João 2.15-17 "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre." 

 
"Não ameis o mundo, nem o que no mundo há."

A palavra grega para mundo é "kosmos". Ela tem três diferentes significados no Novo Testamento. Observe: o mundo físico criado por Deus, o planeta em que vivemos (Mateus 13.35; At 17.24); a humanidade em geral, objeto do amor sacrificial de Deus para salvação (João 3.16) e o sistema dominante que se opõe a Deus (Mateus 16.26; João 14.17; 15.18). Esse versículo diz respeito ao terceiro significado "o sistema dominante que se opõe a Deus".

O mundo é constituído por três tipos de pessoas: as que não conhecem a Deus (1 João 3.1); as que são contrárias à Igreja de Cristo (3.13) e as que são dominadas pelo maligno (1 João 5.19). O cristão não deve tomar a mesma forma das pessoas que fazem parte do mundo (Romanos 12.1,2). O crente é “sal” e “luz” e não pode jamais permitir ser influenciado pelo estilo de vida daqueles que não conhecem a Deus. O mundo usurpa a paixão de quem se deixa levar por ele. 

Por isso, precisamos estar em constante vigilância para que não venhamos a nos acostumar com o estilo de vida daqueles que são contrários à vontade e à ética do Reino de Deus.


"Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele." 

Quanto mais próximo o cristão estiver do sistema deste mundo, mais ele se distanciará da presença de Deus. Jesus, na oração sacerdotal, deixou claro que seus discípulos estavam no mundo (João 17.11), mas eles não eram do mundo, ou seja, não se conformavam com o sistema opressivo dominante dos homens ímpios (João 17.14). Os que se amoldam ao estilo de vida do mundo não tiveram uma experiência real com Jesus Cristo e jamais poderão agradar a Deus. 

O amor ao mundo compromete o nosso amor a Deus, o Pai. A razão pela qual somos intimados a não amar o mundo é que o amor pelo Pai e o amor pelo mundo são mutuamente exclusivos. Werner de Boor diz que é essencialmente impossível amar a Deus e ao mundo ao mesmo tempo. Neste assunto não cabe neutralidade: amamos a Deus ou amamos o mundo. Jesus Cristo mesmo disse: “Ninguém pode servir a dois senhores” (Mateus 6.24).

Cristo provou o seu amor por nós oferecendo a sua vida em sacrifício vivo e perfeito. Se queremos retribuir a esse amor, precisamos viver uma vida santa, longe dos pecados deste mundo. Paulo traz uma advertência séria para nós, pois os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus: “Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós […]” (Romanos 8.8,9).


"Porque tudo o que há no mundo,"

O apóstolo do amor quando escreve sobre tudo que há no mundo não está pensando a respeito do materialismo ("coisas"), mas nas atitudes que estão por trás do materialismo. Pois ele sabe, como todos nós deveríamos saber, que uma pessoa sem os bens mundanos pode ser tão materialista como uma pessoa que possui muitos desses bens; e, de igual modo, uma pessoa rica pode ser bastante desapegada dessa e de qualquer outra forma de mundanismo. Na verdade, João está pensando a respeito do que citará a seguir: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida.



"... a concupiscência da carne, "

A concupiscência da carne é a falta de domínio sobre os desejos carnais. As pessoas que se entregam à cobiça da carne tornam-se escravas de pecados, como por exemplo, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias (Gálatas 5.19,20). Porém, “os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (Gálatas 5.24). 

O corpo não é mau em si mesmo, mas é uma presa fácil para o pecado. Por isso, devemos vigiar e orar sem cessar. O crente deve estar ciente de que ele é templo do Espírito Santo (1 Coríntios 3.16; 6.19) e, portanto, deve viver uma vida piedosa e consagrada a Deus. Seu corpo deve ser um sacrifício vivo, santo e agradável ao Senhor (Romanos 12.1,2).

Algumas pessoas atribuem suas condutas imorais somente à ação de Satanás, mas o apóstolo Tiago deixa bem claro que elas cometem pecados motivadas pelos próprios pecados: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência” (Tiago 1.14).



"... a concupiscência dos olhos..."

A concupiscência dos olhos. Os olhos são considerados as janelas da alma. Se controlados e conduzidos pelos interesses individuais e egoístas, podem levar o ser humano a uma cobiça desenfreada e ao afastamento da vontade de Deus. A Bíblia narra alguns episódios de pessoas que, devido à cobiça dos olhos, atraíram para si resultados desastrosos.
Foi por essa via que Eva desobedeceu (Genesis 3.6). O mesmo se deu com Acã: "vendo" entre os despojos dos inimigos do povo de Deus uma capa babilônica, desejou-a, trouxe-a para si e morreu com toda sua família (Josué 7.20-26). Davi também foi atraído pela concupiscência dos olhos. Olhando com lascívia, deu lugar ao pecado, arruinando sua fidelidade a Deus (2 Samuel 11.2). A Palavra de Deus exorta-nos a não nos conformarmos com este mundo, a fim de que possamos viver no centro da vontade do Eterno (Romanos 12.1,2).


"... e a soberba da vida, "

A soberba da vida. Desde o princípio, Satanás engana o ser humano com a falsa ideia de que é possível ser igual a Deus (Genesis 3.5). Com isso, o homem tenta a todo custo viver à parte de seu Criador, buscando sua própria exaltação, através de riquezas, "status", títulos e posições, com o intuito de ser honrado por seus pares.

Muitos lutam pelo poder, pelo direito de exercer autoridade sobre seus semelhantes, ou pelo simples deleite que isso possa lhe trazer. Ser visto e admirado por todos é o objetivo máximo da vida de muitas pessoas. Mas o maior e melhor modelo a ser seguido é Jesus, que mesmo sendo Deus, viveu neste mundo e jamais pecou, tendo uma vida simples e humilde, amando e indo ao auxílio das pessoas desfavorecidas (Filipenses 2.6-11). 



"... não é do Pai, mas do mundo."

A Palavra de Deus nos assevera que isto não vem de Deus, mas do mundo; deste sistema que Satanás governa: "o mundo está no maligno" (1 João 5.19) . Jesus nos ensinou qual deve ser o maior objetivo da nossa vida: buscar o Reino de Deus e a sua justiça (Mateus 6.33). Nesta busca devemos investir todas as nossas energias.



"E o mundo passa, "

O apóstolo João contrasta dois estilos de vida: aqueles que vivem apenas para o aqui e agora e aqueles que vivem na perspectiva da eternidade. Não somente a efemeridade do mundo é contrastada com a eternidade de Deus, mas, também, aqueles que fazem a vontade de Deus e permanecem para sempre são contrastados com aqueles que vivem no fluxo da transitoriedade e frivolidade.Tanto o lugar em que habitamos nesta existência quando o sistema mundano dominado pelo deus deste século terminará um dia.

O mundo que habitamos não permanecerá para sempre. Pois, haverá uma extraordinária transformação e processo purificador sem igual no universo: “Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro e se guardam para o fogo, até o Dia do Juízo e da perdição dos homens ímpios. [...] Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão” (2 Pedro 3.7,10).

No Dilúvio, Deus enviou a grande catástrofe hídrica sobre o planeta. Na restauração cósmica, após o Juízo Final e prisão eterna de Satanás, Ele fará uma renovação, transmutando os elementos químicos que formam a terra e os planetas por meio do fogo divino. No início, na Criação, houve o “fiat lux”; no final, “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão”. Assim, sem a presença do Diabo e seus anjos caídos, no espaço sideral, e principalmente sobre a Terra, os céus serão plenamente restaurados ao seu estado original.



"... e a sua concupiscência;"


O sistema do mundo será despedaçado quando a pedra lavrada sem ajuda de mãos descer do céus e implantar o reino de Deus na terra: "Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, Da maneira que viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro; o grande Deus fez saber ao rei o que há de ser depois disto. Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação" (Daniel 2.44-45).

Um dia este sistema passará. Seus prazeres e encantos passarão. A grande meretriz, a grande Babilônia, o sistema deste mundo corrompido e mau, com seus encantos, cairá e entrará em colapso. E toda a cobiça do mundo também tem prazo de validade, pois esse corpo mortal se revestirá de incorruptibilidade na ressurreição ou no arrebatamento.

Todavia, vale lembrar que nessa existência nosso corpo se enfraquece com o passar dos anos e perde o contentamento, ou seja as concupiscências. Restando após apenas arrependimentos. Matthew Henry escreve: Se lembrarmos de Deus apenas na velhice não haverá louvor por nós deixarmos os prazeres do pecado quando eles próprios tiverem nos deixados. Como poderemos esperar que Deus nos ajude quando velhos, se não queremos servi-lo enquanto somos jovens.



"... mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre."

Qualquer coisa associada com o mundo “passa”, mas “aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”. A fascinação pelo que é material é grande. Mas somente um louco acumula tesouros na terra, que breve serão perdidos, ao invés de acumulá-los no céu, onde jamais serão perdidos (Mateus 6.19-21). O homem que se apega aos propósitos e aos caminhos mundanos, está entregando sua vida a coisas que literalmente carecem de futuro. Todas essas coisas são puramente passageiras, nenhuma permanece.

São precisamente as que são vítimas da mudança e da decadência. Mas o homem que colocou Deus no centro de sua vida, entregou sua vida às coisas que permanecem para sempre. O homem do mundo está condenado ao desengano, à desilusão; o homem de Deus está seguro da alegria permanente.

O argumento de João é que é realmente uma estultícia dedicar a vida a aquilo que, por sua própria natureza, não pode senão passar rapidamente; e é realmente a atitude de um homem sábio dedicar a vida àquilo que é seguro e certo por toda a eternidade.

Mesmo depois que tudo isso for esquecido e este mundo tiver dado lugar aos novos céus e à nova terra, os fiéis servos de Deus permanecerão para sempre, refletindo a glória de Deus por toda a eternidade.



DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
10/5/2024

FONTES:

Lopes, Hernandes Dias. I João: como ter garantia da salvação;  - São Paulo: Hagnos 2010.

RENOVATO, Elibaldo. O final de todas as coisas – Esperança e glória para os salvos. Rio de Janeiro CPAD, 2015.

 
LIÇÕES BÍBLICAS CPAD JOVENS - 2º Trimestre de 2019 - Título: Cobiça e orgulho — Combatendo o desejo da carne, o desejo dos olhos e a soberba da vida - Comentarista: Natalino das Neves.

Lições Bíblicas CPAD  Adultos - 3º Trimestre de 2009 - Título: 1 João - Os fundamentos da fé cristã e a perfeita comunhão com o Pai - Comentarista: Eliezer de Lira e Silva

BOICE, J. M. As Epístolas de João. RJ: CPAD, 2006.

COLSON, C. ; PEARCEY, N. O cristão na cultura de hoje. RJ: CPAD, 2006.

 

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

2 Timóteo 4.22

2 Timóteo 4.22 “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito. A graça seja convosco.”

 

“O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito.”

 A despedida final de Paulo é uma conclusão em duas partes: uma bênção pessoal a Timóteo e “graça” a todos. Estas são as últimas palavras do apóstolo Paulo registradas nas Escrituras. Numa última oportunidade de encorajar o jovem pastor Timóteo diante de tantas lutas, Paulo diz: O Senhor seja com o teu espírito.

Paulo orou para que Jesus permanecesse ao lado de Timóteo, assim como Ele o havia apoiado e fortalecido (v.17). O uso de “espírito” é uma indicação de que o êxito espiritual de Timóteo era muito mais importante do que o físico. Além disso, há a implicação de que, ainda que o corpo de Timóteo fosse destruído, o Senhor estaria com seu espírito e o levaria “em segurança ao Seu reino celestial” (v.18).

Matthew Henry está correto ao dizer que nada nos deve deixar mais felizes que ter o Senhor Jesus Cristo com o nosso espírito, ele um dia disse: “eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação do mundo. Amém.” ((Mateus 28:20).

 

“A graça seja convosco.”

Apesar dessa carta ser endereçada o Timóteo a palavra “convosco” indica uma pluralidade de gente. Como no caso de sua carta anterior a Timóteo (1 Timóteo 6:21). Fica evidente que Paulo esperava que esta carta fosse compartilhada com toda a congregação de Éfeso. Dois mil anos depois, esse plural “convosco” engloba todos nós.

Paulo passa do singular, O Senhor seja com o teu espírito, para o plural, A graça seja convosco. As últimas palavras registradas nos escritos do apóstolo Paulo expressam uma oração para que a graça de Deus esteja com todo o seu povo. “Graça” é “a palavra na qual toda a teologia de Paulo é destilada”. Ela tem sido chamada de “a primeira e a última palavra de Paulo”. Ele começou a carta com ela (1:2) e agora a encerrava com ela. Com Paulo, tudo era graça do princípio ao fim.

A presença e a graça do Senhor nos bastam: “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Assim como a graça foi suficiente para Paulo no passado, seja também nosso alento hoje, para prosseguirmos preservando o evangelho, sofrendo pelo evangelho, permanecendo no evangelho e pregando o evangelho!

A Bíblia não registra os últimos dias de Paulo. De acordo com a tradição, porém, ele foi declarado culpado, sentenciado à morte e decapitado. No entanto, Timóteo e outros cristãos deram continuidade à obra. Como Charles Wesley costumava dizer: “Deus sepulta seus obreiros, mas sua obra continua”. Esta citação aparece na base de uma pedra memorial em honra aos dois irmãos, John e Charles Wesley, em Westminster Abbey em Londres. Esses ministros do século XVIII fundaram o metodismo.

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
27/11/2025

FONTES:

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito – A restauração integral do ser humano para chegar a estatura completa de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

WIERSBE, Warren. Comentário Bíblico Expositivo. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2008.

LOPES, Hernandes Dias. 2Timóteo: o testamento de Paulo à igreja. São Paulo: Hagnos, 2014.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry – Atos a Apocalipse. Rio de Janeiro CPAD, 2008.

ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004.

http://biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201905_01.pdf

TEXTO ÁUREO Lição 9: Vontade — O que move o ser humano. Gálatas 5.16

 TEXTO ÁUREO

 “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.” (Gálatas 5.16). 

Lição 9 - Lições Bíblicas Adultos 4º Trimestre de 2025 - CPAD

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD 27 DE NOVEMBRO DE 2025 (Efésios 6.7)


LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD

27 DE NOVEMBRO DE 2025
TRABALHANDO DE BOA VONTADE

Efésios 6.7 “Servindo de boa vontade como ao Senhor, e não como aos homens.”

 

“Servindo de boa vontade como ao Senhor,”

Aqui Paulo especifica que a motivação para servir a um senhor humano deve ser como servir ao Senhor Jesus: “Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10:31). Em outras palavras, o escravo deve servir ao senhor humano como uma espécie de serviço prestado ao próprio Senhor Jesus. Essa é a essência da submissão da esposa ao marido, dos filhos aos pais e dos empregados aos patrões. Eles devem obedecer porque são servos de Cristo. Eles devem ser leais aos patrões por causa do compromisso que têm com o senhorio de Cristo.

Por mais humilde que seja a posição que tenhamos diante dos homens devemos servi-los "de boa vontade", pois estamos servindo ao Senhor! “Boa vontade” traduz (eunoias) e significa servir com “entusiasmo, zelo”. O incentivo para fazer isso se encontra no versículo seguinte, no fato de que qualquer bem que o escravo fizer para o seu senhor humano, se feito como se fosse para Cristo, será recompensado: “Sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre” (v.8).

 

“... e não como aos homens.”

Se o objetivo dos empregados é agradar a homens, servirão apenas naquilo que é visto pelos homens. O ideal do cristão para seu trabalho diário, seja ou não visto pelos homens, é que esse trabalho seja aceito como a vontade de Deus, na qual pode se regozijar, e que não seja feito por constrangimento ou descuidadamente, mas porque é Sua vontade: “Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus” (v.6).

Os empregados cristãos são servos não meramente de homens, mas de Cristo. Eles devem realizar seus trabalhos lembrando que Deus os observa e que devemos lhe agradar. Por isso o apóstolo reitera que todo serviço deve ser feito como ao Senhor, e não como a homens. Barclay diz que “A convicção do trabalhador cristão é de que cada uma das peças de trabalho que produz deve ser bem executada, como para mostrar a Deus”.

Em todas as coisas o espírito com que é feito o trabalho é o que importa e não simplesmente o produto final tal como o homem o vê tudo o que se faz, deve ser feito de coração e de boa vontade. O problema com que o mundo se deparou sempre e com aquele que hoje em dia se depara agudamente não é fundamentalmente um problema econômico, mas um problema religioso. Não basta melhorar a s condições do trabalho ou ajustar salário. O único segredo para realizar um bom trabalho é fazê-lo para Deus. Só quando o homem toma todo seu trabalho e o mostra a Deus é quando chega a realizá-lo bem.

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
19/11/2025

FONTES:

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito – A restauração integral do ser humano para chegar a estatura completa de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

http://biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201308_10.pdf

Cabral, Elienai. Comentário Bíblico: Efésios, 3a Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.

LOPES, Hernandes DiasEfésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2009.

FOULKES, Francis. Efésios: introdução e comentário. Tradução: Márcio Loureiro Redondo. 3 ed. São Paulo: Vida Nova/Mundo Cristão, 1984. (Série Cultura Bíblica, n.10).

BARCLAY, Willian. The Letter to the Ephesians Tradução: Carlos Biagini O NOVO TESTAMENTO.

 

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD 26 DE NOVEMBRO DE 2025 (Provérbios 31:10, 11 e 13)

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD
26 DE NOVEMBRO DE 2025
A MULHER VIRTUOSA TRABALHA DE BOA VONTADE

Provérbios 31:10-13 “Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede ao de rubis. O coração do seu marido está nela confiado; assim ele não necessitará de despojo.[...] Busca lã e linho, e trabalha de boa vontade com suas mãos.”

 

“Mulher virtuosa quem a achará? ”

Salomão escreveu: “Aquele que encontra uma esposa, acha o bem, e alcança a benevolência do Senhor” (Provérbios 18:22). Todavia no mundo há vários tipos de mulheres. Segundo o mesmo autor há a mulher adúltera ou estranha: “ Para te afastar da mulher estranha, sim da estranha que lisonjeia com suas palavras” (Provérbios 2:16; mulher briguenta ou contenciosa: “ Melhor é morar só num canto de telhado do que com a mulher briguenta numa casa ampla” (Provérbios 25:24) e a mulher tola ou louca: “A mulher louca é alvoroçadora; é simples e nada sabe ” (Provérbios 9:13). Em contrapartida a essas mulheres há a mulher sábia ou virtuosa: “ Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos” (Provérbios 14:1). A palavra hebraica para virtuosa significa força tanto do corpo como da mente. Assim, a mulher virtuosa é uma mulher de caráter forte.

Virtude significa excelência. Virtude e excelência são palavras que são usadas de modo trocável nas Escrituras. Rute é um exemplo de uma mulher excelente e virtuosa na Bíblia. “Agora, minha filha, não tenha medo; farei por você tudo o que me pedir. Todos os meus concidadãos sabem que você é mulher virtuosa [de excelência]” (Rute 3:11).

Mesmo nos tempos de Salomão, uma esposa excelente ou virtuosa era difícil de se encontrar – agora ela é ainda mais difícil de se encontrar. Nós precisamos desesperadamente encontrar jovens mulheres virtuosas para nossos filhos se casarem e mulheres virtuosas mais velhas para ensinar nossas mulheres jovens.


O seu valor muito excede ao de rubis.  “ 

O rubi é uma das pedras preciosas, bonitas, caras e raras do mundo. Na verdade, ele é considerado soberano incontestável dentre todas as pedras preciosas — o “rei das joias”. Como tudo neste mundo, quanto mais rara for uma determinada coisa, maior será o seu valor e menos pessoas a possuirão. O valor de uma mulher virtuosa vai muito além do valor físico. Ela enfrenta as mesmas lutas que todas as outras mulheres do mundo, de todas as idades, de todas as nações e em circunstâncias diversas, mas nenhuma dessas lutas diminui o seu valor — ao contrário do que acontece com muitas mulheres por aí. Por isso ela é tão rara quanto o rubi. Ela é diferente em muitos aspectos. Suas qualidades e características são raras. Mas, ainda assim, muitas mulheres se sentem facilmente atraídas pelo que é comum, e não pelo que é raro.

 

“O coração do seu marido está nela confiado; “ 

Um dos pilares de todo relacionamento duradouro é a confiança. Sem confiança não existe casamento equilibrado. O texto de Provérbios destaca que o marido da mulher virtuosa confia nela. O vocábulo hebraico traduzido como confiar quer dizer que ele se sente seguro, que ele está despreocupado. A escritora Cristiane Cardoso em seu livro A Mulher “V” — moderna à moda antiga, comentando sobre esse versículo diz: O marido da Mulher Virtuosa confia nela porque ele sabe que pode confiar. Uma mulher confiável não precisa convencer as pessoas de que podem confiar nela; o seu comportamento diário diz praticamente tudo. Você é capaz de dizer se uma pessoa é madura ou não apenas pelo seu jeito de falar. Ela tem segurança para olhar nos seus olhos enquanto fala. Seus planos, seus desejos, sua própria vida não são a sua prioridade. E, por causa disso, seu marido confia nela. Ele se sente seguro por estarem ambos no mesmo barco e por ele estar não remando sozinho.


“... assim ele não necessitará de despojo. “  

Ela é tão infalível na sua dedicação que ao seu marido “não lhe faltam riquezas”. Tudo que ela faz contribui para o bem-estar dele: “Ela só lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida” (Provérbios 31:12). Ela até pode até ser tímida, mas sempre faz aquilo que precisa ser feito; é responsável com os seus afazeres. Por isso que ela não tem necessidade de coisa alguma, e nem deixa que sua família tenha. Ela pensa em si e na sua família como se fossem um só. Se a sua família está enfrentando dificuldades financeiras, ela não fica apenas esperando que as coisas melhorem — ela providencia para a sua família. Essa mulher não apenas põe as necessidades de sua família em primeiro lugar como economiza — o que, para muitas mulheres, é coisa de outro mundo.

 

“Busca lã e linho,”

A mulher virtuosa vai à feira, compra lã e linho da mão dos mercadores, para depois fiar e tecer esses elementos, e com eles fabricar as roupas de casa. O linho e a lã eram, em geral, de propriedade doméstica; o linho era semeado no campo e depois colhido e, à custa de um processo moroso e muito trabalhoso, posto em condições de ser fiado na roca e no fuso, para então ir ao tecelão também caseiro, para o preparo dos tecidos: Estende as suas mãos ao fuso, e suas mãos pegam na roca” (v.19).  

A lã era oferecida pelas ovelhas e pelos carneiros domésticos, e quase todos os hebreus possuíam as suas granjas, onde criavam esses animais. Ela serve para proteger do frio: “Não teme a neve na sua casa, porque toda a sua família está vestida de escarlata” (v.21).

 

“... e trabalha de boa vontade com suas mãos.”

Apesar de ser responsável pela casa: “Levanta-se, mesmo à noite, para dar de comer aos da casa, e distribuir a tarefa das servas” (v.15), ela trabalha. Ela não trabalha duro apenas com as mãos, mas com a cabeça também: “examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com o fruto de suas mãos” (v.16). Está sempre aprendendo coisas novas, sempre investindo um pouco mais em suas habilidades. E ela não precisa que ninguém lhe mande fazer isso. Ela trabalha duro porque quer. Para ela, não é um fardo aprender uma nova língua, aprender a cozinhar, ou aprender um novo trabalho.

O que é surpreendente sobre essa descrição é o fato de contradizer tão vigorosamente a opinião de alguns cristãos de que uma boa esposa deve ficar em casa, ter bebês e se ocupar do trabalho de casa. Provérbios 31 nos mostra uma mulher do Antigo Testamento que é, na verdade, uma mulher de negócios, que usava ao máximo os seus talentos e as suas capacidades, e realizava o mesmo tipo de tarefas que os homens daquela sociedade realizavam.

“A mulher virtuosa” do Antigo Testamento não é a mulher silenciosa e subserviente que tantos cristãos imaginam, mas uma mulher decidida e realizada, cujo sucesso a revestiu “de força e glória” e que se sabe que fala “com sabedoria”, pois “a lei da beneficência está na sua língua (v.26).

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
17/11/2025

FONTES:

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito – A restauração integral do ser humano para chegar a estatura completa de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

MESQUITA, Antonio Neves. Estudo no Livro de Provérbios - princípios para uma vida feliz. Rio de Janeiro: JUERP, 1979.

RICHARDS, Lawrence. Comentário Devocional da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

CARDOSO, Cristiane. A mulher V : Moderna, à moda antiga / Cristiane Cardoso. - Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2013.

BAPTISTA, Douglas. A igreja de Cristo e o império do mal – Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

GONÇALVES, José. Sábios Conselhos para um viver vitorioso - Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Rio de Janeiro: CPAD, 2013

BEACON. Cpad, 2005

http://biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_200410_08.pdf