quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Atos 24.16

Atos 24.16 “E, por isso, procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens.”

 

“E, por isso, procuro sempre ter uma consciência sem ofensa,”

Paulo em sua defesa perante Felix afirma para ele e seus acusadores que realmente é seguidor da religião do Caminho (v.14), mas ao mesmo tempo diz que não se trata de uma seita, como os judeus a chamavam, pois ele adorava ao Deus de seus pais e cria no ensinamento das Escrituras Ele não havia rejeitado as Escrituras judaicas; de fato, cria que elas prediziam a vinda do Messias e Seu reino. A religião do Caminho não era uma novidade religiosa inventada por Paulo, mas tinha suas raízes no Antigo Testamento. E que o Cristo anunciado por ele era o mesmo proclamado pelos profetas.

Quando uma pessoa acredita que haverá um julgamento futuro, é bom senso para ele tentar manter consciência pura no que diz respeito às suas ações diretamente diante de Deus, e indiretamente no seu trato com outras pessoas. Então, disse com intrepidez: “procuro sempre ter uma consciência sem ofensa”. Em outras palavras: “Meu coração sabe que não sou culpado das coisas de que tenho sido acusado.

Paulo diz aos líderes religiosos dos judeus que andou com Deus e com a consciência tranqüila, ou seja, está em paz com Deus e consigo mesmo. Obviamente ele não se refere ao seu passado sombrio como perseguidor da igreja, mas à sua vida após a conversão.

Warren Wiersbe diz que consciência é uma das palavras prediletas de Paulo, e ele a emprega duas vezes no livro de Atos (23.1; 24.16) e 21 vezes em suas epístolas. A consciência é o juiz ou a testemunha interior que nos aprova quando fazemos o que é certo e nos reprova quando fazemos o que é errado (Romanos 2.15).

No dia 17 de abril de 1521 Lutero compareceu ante a Dietade Worms, presidida pelo imperador Carlos V. Em resposta a um pedido de que se retratasse, e renegasse o que havia escrito, após algumas considerações respondeu que não podia retratar-se, a não ser que fosse desaprovado pelas Escrituras e pela razão, e terminou com estas palavras: 

"Que se me convençam mediante testemunho das Escrituras e claros argumentos da razão, porque não acredito nem no Papa nem nos concílios já que está provado amiúde que estão errados, contradizendo-se a si mesmos - pelos textos da Sagrada Escritura que citei, estou submetido a minha consciência e unido à palavra de Deus. Por isto, não posso nem quero retratar-me de nada, porque fazer algo contra a consciência não é seguro nem saudável.""Não posso fazer outra coisa, esta é a minha posição. Que Deus me ajude. Amém!"

 

 

“... tanto para com Deus como para com os homens.”

A fraseologia de Paulo reflete a idéia comum do dever humano para com Deus e os homens: “Filho meu, não te esqueças da minha lei, e o teu coração guarde os meus mandamentos. Porque eles aumentarão os teus dias e te acrescentarão anos de vida e paz. Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração. E acharás graça e bom entendimento aos olhos de Deus e do homem” (Provérbios 3:1-4), e se encaixa com o resumo que Jesus fez da lei, em termos de amor a Deus e ao próximo e de como ele vivia: “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lucas 2:52).

Além disto, ecoa sua alegação anterior em 23:1 quanto a ter boa consciência, isto é, que não o condena, não por ser insensível, mas, sim, porque não detecta falhas: “E, pondo Paulo os olhos no conselho, disse: Homens irmãos, até ao dia de hoje tenho andado diante de Deus com toda a boa consciência” (Atos 23:1).

Paulo estava dizendo que ele sempre vivera de acordo com o que pensava ser o certo e justo para com todos. Mesmo quando perseguia os cristãos, Paulo pensava que estava prestando um serviço a Deus (Atos 26:9). Este é um excelente versículo para estabelecer que “viver de acordo com a consciência” nem sempre é o bastante para agradar a Deus. Pois se um indivíduo persiste em pecar contra a consciência, pode desenvolver a chamada “má consciência” ou “consciência cauterizada”. Por isso todos precisamos purificá-la: “Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa” (Hebreus 10:22).

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
30/10/2025

FONTES:)

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito – A restauração integral do ser humano para chegar a estatura completa de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

MARSHALL, Howard. Atos - Introdução e Comentário. Vida Nova/Mundo Cristão. 1991.

Lopes, Hernandes Dias Atos: a ação do Espírito Santo na vida da igreja. São Paulo: Hagnos, 2012.

PEARLMAN, Myer. Atos: E as igreja se fez missões. CPAD, 1ª edição, Rio de Janeiro, 1995.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Wiersbe. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2013.

 

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD 30 DE OUTUBRO DE 2025 (Jó 10:1)

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD
30 DE OUTUBRO DE 2025
TÉDIO E AMARGURA ÀS VEZES INVADEM A ALMA

Jó 10:1 “A minha alma tem tédio da minha vida; darei livre curso à minha queixa, falarei na amargura da minha alma.”

 

“A minha alma tem tédio da minha vida;”

Depois de responder a Bildade, Jó se volta para o próprio Deus. Ele não pode acreditar que Deus o fez para acabar em semelhante estado. No Antigo Testamento é afirmado repetidas vezes que Deus cuida com ternura das Suas criaturas, especialmente aquelas que estão abatidas.

Jó esperava que surgisse alguma espécie de árbitro, para pleitear o seu caso, algum homem, algum anjo, mas ele não achava ninguém (Jó 9.33). Portanto, resolveu tornar-se seu próprio advogado de defesa. Em seu desespero, Jó desafiou a Deus. Achou que nada tinha para perder. Ele já havia sofrido tudo, exceto a morte, e esta seria extremamente bem-vinda, pois significaria paz e livramento de dores intoleráveis.

Por isso permitiu externar a sua ira mesmo que Deus o matasse, então diz: “A minha alma tem tédio de minha vida”. Ele sentia tédio do seu corpo, e se sentia impaciente para se ver livre dele. Brigado com a vida, e insatisfeito com ela, Jó desejava a morte com essas palavras.

O sofrimento faz com que o aflito e o amargurado de alma muitas vezes desejem a morte como uma forma de livramento. Isso não é incomum em pessoas que experimentam, por exemplo, grandes dores físicas e até mesmo psicológicas. Todavia, convém dizer que querer a morte para ver-se livre da aflição é bem diferente de dar fim à própria vida. Jó não se atreveu.

 

“... darei livre curso à minha queixa, falarei na amargura da minha alma.”

Jó, tendo tédio da sua vida e não tendo tranqüilidade de outra forma, resolve se queixar, resolve falar. Ele não dará vazão à sua alma por meio de mãos violentas, mas dará livre curso à amargura da sua alma por meio de palavras violentas.

Ele falará com “amargor de espírito", porquanto sua vida se tornara amarga e insuportável. Assim como sentia Noemi: "Não me chamem Noemi, melhor que me chamem de Mara, pois o Todo-poderoso tornou minha vida muito amarga!" (Rute 1.20).

Sua boca falará, mas será a amargura da sua alma que ela expressará, e não o seu juízo estabelecido. Se ele falar errado, não seria ele, mas o pecado dentro dele; não falará de sabedoria, mas dos sentimentos. Apesar de sentimentos serem reais, não devemos ser dirigidos por eles. Eles nem sempre são justos por causa da nossa natureza caída. Nem sempre podemos confiar em nossos corações.

O Targum diz aqui: “Minha alma é decepada em minha vida", ou seja, estou morrendo enquanto ainda vivo. Em outras palavras, Jó estava vivendo uma vida que não era digna de ser vivida. Portanto, ele arriscou aquela vida miserável, a fim de queixar-se ousadamente na presença do Deus Todo-poderoso.

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
28/10/2025

FONTES:

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito – A restauração integral do ser humano para chegar a estatura completa de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico – Poéticos. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Hagnos, 2001. 

ANDERSEN, Francis I., Jó: Introdução e comentário, Série Cultura Bíblica. São Paulo: Mundo Cristão, 1991.