TEXTO AURÉO “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. ” (João 7:38)
A celebração era a Festa das
Cabanas, ou dos Tabernáculos (João 7:2). A Festa das Cabanas acontecia no fim
de setembro ou começo de outubro. Era uma das três maiores festas dos judeus,
ocasião em que os homens judeus vinham de todas as partes do mundo a Jerusalém.
A celebração não durava apenas um dia, mas uma semana inteira. Na época do
Senhor, haviam acrescentado um oitavo dia: um sábado solene. Assim como as
demais festas judaicas, a das cabanas tinha aspectos relevantes para o povo.
Primeiramente estava a sua importância histórica: era um memorial dos dias em que
seus ancestrais peregrinaram pelo deserto (Levítico 23:43). Durante as
festividades, os judeus habitavam em cabanas—estruturas provisórias feitas
manualmente com galhos e folhas de palmeiras (Levítico 23:40) . Essas
estruturas eram armadas nas ruas, nos telhados das casas, na área ao redor do
templo e nas colinas que cercavam Jerusalém. Pais e filhos, mães e filhas,
avós—todos habitavam dentro dessas cabanas. Durante uma semana, eles dormiam,
comiam, oravam e estudavam ali, enquanto comemoravam como Deus providenciou
tudo para o Seu povo durante quarenta anos de peregrinação. A festa não
celebrava apenas a provisão de Deus no passado, mas também celebrava Sua
provisão no presente. Tinha uma importância agrícola: era uma festa das
colheitas após as principais safras—cevada, trigo e uvas. O povo agradecia a
Deus pela colheita abundante e pedia que abençoasse as safras do ano seguinte.
Um aspecto central da festa era o ritual da água realizado diariamente. No
começo de cada dia, sacerdotes vestidos de branco conduziam uma procissão de
celebrantes que descia do templo até o tanque de Silóe, um reservatório
alimentado pelas águas do manancial de Giom. Essa era a principal fonte de água
da cidade, a fonte de água potável. Quando eles chegavam ao tanque, um dos sacerdotes
levantava um jarro de ouro reluzente e o afundava no tanque, enchendo-o de
água. Nisto, o povo exclamava: “Nós, com alegria, tiramos água das fontes da
salvação! ” (veja Isaías 12:3). O sacerdote então conduzia a procissão de volta
ao templo, segurando o jarro acima da cabeça. Acompanhando-o, a multidão
recitava Salmos 113 a 118, terminando com: “Oh! Salva-nos, Senhor, nós te
pedimos; oh! Senhor, concede-nos prosperidade!… Rendei graças ao Senhor, porque
ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre” (Salmos 118:25, 29). Ao
se aproximarem da Porta das Águas no sul do pátio interno, eram saudados com
três rajadas de trombetas. A cerimônia celebrava a provisão divina de água no
deserto, quando saiu água de uma rocha (Êxodo 1711; Números 20; veja
Deuteronômio 8:15; Salmos 105:41). E também reconhecia a necessidade
desesperadora da nação por água. Aquela região recebia, quando muito, poucas
chuvas de maio a outubro. Se as chuvas não viessem logo depois da festa, não
haveria colheitas no ano seguinte. No meio dessa exuberante celebração, Jesus
levantou-se e exclamou (v. 37a). O fato de Jesus levantar-se é significativo;
Ele geralmente Se sentava para ensinar (veja João 8:2). O fato de Jesus
exclamar é notável; só em algumas ocasiões se diz que Ele levantou a voz ao
ensinar.
“Quem crê em mim, como diz a Escritura, “ Ele faz essa declaração depois
de insistir para que os que tivessem sede fossem até Ele. Onde exatamente a
Escritura diz isto? No contexto do livro de Zacarias ficamos sabendo que “correrão
de Jerusalém águas vivas" (Zacarias 14.8). Ezequiel, que dá mais detalhes sobre
estas águas, acrescenta que “tudo viverá por onde quer que passe este rio” (Ezequiel
47.9). O cumprimento desta profecia e de outras semelhantes (veja Joel 3.18, Isaías
33.21) não deve ser procurado nos planos do século vinte de construir-se um
canal através do território de Israel para competir com o Canal de Suez ou
outra coisa deste tipo; para todos os que lêem a descrição de João está claro
que ele está falando “rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do
trono de Deus e do Cordeiro” (Apocalipse 22.1). As águas vivas saem de
Jerusalém terrena; elas saem da morada de Deus em vidas que lhe são
consagradas, em corações crentes onde Cristo habita. E para que ninguém entenda
mal o que Jesus quer dizer, o evangelista acrescenta uma observação explícita,
para orientar seus leitores: Isto ele disse com respeito ao Espírito.
“...rios de água viva correrão do seu ventre. ” Anteriormente, Ele
dissera à mulher no poço de Samaria: “Se conheceras o dom de Deus e quem é o
que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva” (João
4:10). Água viva é a essência da vida; é ela que satisfaz a alma. Cristo disse
à samaritana: “Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá
sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a
vida eterna” (João 4:14). A água viva é um antegozo da alegria que haverá no
céu (Apocalipse 7:17; 21:6; 22:1, 17). A palavra “rios” realça a abundância de
bênçãos oferecidas por Cristo. Ele disse que veio “para que tenham vida e a
tenham em abundância” (João 10:10). Segundo o apóstolo João, Jesus tinha em
mente uma bênção particular oferecida pelo Senhor: o dom do Espírito Santo.
Após citar Cristo dizendo: “dele fluirão rios de água viva” (João 7:38), o
apóstolo inseriu esta explicação inspirada: “Isto ele disse com respeito ao
Espírito21 que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até
aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado”
(v. 39).
DEIVY FERREIRA
PANIAGO JUNIOR
17/12/2022
Fontes:
SOARES, Esequias e Daniele. A Justiça Divina – A preparação
do povo de Deus para os últimos dias no Livro de Ezequiel. Rio de Janeiro: CPAD
2022.
http://biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_200707_07.pdf
BRUCE, F.F. João – Introdução e comentário – Série Cultura Bíblica. São Paulo: Mundo cristão, 1987.