(Texto Áureo) “[…] Disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram” (Atos 13.2,3)
“[…] Disse o Espírito Santo:” A pessoa do Espírito Santo fala e direciona os líderes da igreja como Cristo havia prometido aos seus discípulos: “Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar “(João 16: 13,14). Esse mesmo Espírito está disponível hoje a toda a igreja, pois habita dentro dela: “O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós” (João 14:17); “Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus “ (1 Coríntios 2:12). Quando o ouvimos devemos atentar ao seu mandar e orientação, pois Ele fala com autoridade divina: “Hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações. ” (Hebreus 4:7); “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Apocalipse 2:29).
“Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.” A pessoa do Espírito Santo convoca para a obra missionária dois entre os seus líderes: “Barnabé e Saulo”. Barnabé era um levita de Chipre. Seu nome era José; o nome Barnabé lhe foi dado pelos apóstolos para indicar o seu caráter (Filho da Consolação, Atos 4.36). Foi o primeiro homem mencionado por sua generosidade, que vendeu uma propriedade e trouxe o dinheiro da venda aos apóstolos para que as necessidades dos membros mais pobres da igreja fossem supridas (Atos 4.36). Ele aparece novamente em Atos 9.27 prestando os seus bons serviços a Saulo de Tarso, quando Saulo retornou a Jerusalém no terceiro ano após a sua conversão, recomendando-o aos apóstolos, afirmando que Saulo era um crente genuíno. Isto sugere que ele já conhecia Saulo. Quando, alguns anos mais tarde, chegou a Jerusalém a notícia de que uma evangelização em larga escala havia ocorrido em Antioquia da Síria, por cristãos helenistas refugiados da perseguição que teve início na Judéia após a morte de Estêvão, Barnabé foi enviado até lá para investigar a situação e agir da forma que julgasse ser mais apropriada. Não podiam ter enviado um homem mais adequado. Longe de sentir-se chocado pelas inovações que ali encontrou, Barnabé sentiu prazer por ver a graça de Deus em ação na conversão dos pagãos em Antioquia, e assim encorajou tanto os evangelistas quanto os novos convertidos com todas as suas forças. Barnabé fortaleceu grandemente os laços de amizade entre a congregação de Antioquia e a igreja-mãe em Jerusalém (At 11.22-30).
Saulo, um israelita circuncidado da tribo de Benjamin, que falava a língua aramaica em sua casa, herdeiro da tradição do farisaísmo, estrito observador das exigências da Torá, e mais avançado no judaísmo do que seus contemporâneos era o primeiro e o mais proeminente entre os judeus (Filipenses 3.5,6; Gálatas 1.14). Era um judeu da Dispersão, nascido em Tarso da Cilicia, um lugar que não era insignificante (At 21.39), apesar de ser natural de Tarso estudou desde cedo em Jerusalém como ele mesmo diz aos pés de Gamaliel: “...e nesta cidade criado aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais, zelador de Deus, como todos vós hoje sois”(Atos 22:3). Após sua célebre conversão no caminho de Damasco procurou conhecer os demais apóstolos em Jerusalém por intermédio de Barnabé, depois de algum tempo em Jerusalém foi enviado para sua terra natal, pois em Jerusalém procuravam matá-lo: “Sabendo-o, porém, os irmãos, o acompanharam até Cesaréia, e o enviaram a Tarso” (Atos 9:30). Após algum tempo em Tarso, foi convidado por Barnabé para ajudá-lo na supervisão daquela da igreja de Antioquia: “E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia” (Atos 11:25).
“Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram” Para obedecer à ordem do Espírito Santo, a igreja de Antioquia fez um culto especial. Realizaram tal culto, “jejuando e orando, e impondo sobre eles as mãos”. Esta é a primeira vez que o jejum (abstinência deliberada de alimento por um período) é mencionado em Atos. No Antigo Testamento, o jejum expressava primeiramente arrependimento; no Novo Testamento, indica prioridades. O alimento não era tudo o que importava para os primeiros cristãos. Às vezes, para cumprir os propósitos de Deus, eles ignoravam a hora das refeições. Quando você está envolvido na obra missionária, você faz parte de uma comunhão que tem suas prioridades definidas, e se relaciona com pessoas dedicadas a servir a Deus e aos homens. Não há comunhão de melhor qualidade! Além de jejuar eles oravam em gratidão pelo que Deus realizara entre os gentios daquela cidade (Antioquia). E também, em favor das multidões não evangelizadas da Ásia Menor e Europa. Aqui é descrito o culto de consagração. A igreja solene e oficialmente reconheceu a vocação missionária dos irmãos. A ordenação de Barnabé e Saulo é correspondente às ordens que o Espirito Santo deu para separá-los: Não foi para o ministério em geral (há muito que Barnabé e Saulo já eram ministros), mas para um serviço em particular no ministério. Era algo peculiar e que exigia novo comissionamento. Deus considerou que o momento era oportuno para transmitir essa ordem por meio das mãos desses profetas e doutores a fim de que a igreja recebesse estas orientações: os doutores devem ordenar doutores (quanto a profetas já não devemos mais esperar que haja), e aqueles a quem foram confiadas as palavras de Cristo devem, para o benefício da posteridade, confiá-las a homens fiéis, que sejam idóneos para também ensinarem os outros (2 Timóteo 2.2). Terminado o culto, os irmãos de Antioquia “o despediram” (v. 3b). Imagine, por um instante, que você é Barnabé ou Saulo a caminho da saída da cidade, as orações e os votos de sucesso dos irmãos ressoam nos seus ouvidos. Sem dúvida, os dois homens tinham um misto de sentimentos; ambos estavam cientes da emoção e da dificuldade de enfrentar o desconhecido. Porém, sabiam que estavam exatamente no lugar em que Deus queria que estivessem fazendo o que Deus queria que fizessem. Os missionários podem ter a grandiosa sensação de que estão cumprindo o plano de Deus para suas vidas.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
23/05/2022
Fontes:
GOMES, Osiel. Os valores do reino de Deus – a relevância do sermão do monte para a igreja de Cristo. Rio de Janeiro: Cpad, 2022.
PFEIFFER, Charles F.; REA, VOS, Howard F.; REA, John.Dicionário Bíblico Wycliffe. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico – Atos a Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
http://biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_200201_05.pdf