Isaías 64.4 “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalhe para aquele que nele espera.”
“Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu,”
Este versículo generaliza o anterior. “Quando fazias coisas terríveis, que nunca esperávamos, descias, e os montes se escoavam diante da tua face” (v.3). Desde a antiguidade remete aqui a aos tempos antigos da doação da lei, no Sinai. Os acontecimentos do Sinai tomaram Israel de surpresa, primeiramente devido ao próprio acontecimento; depois pela maneira notável como tudo sucedeu.
Desde a antiguidade não se ouviu o que eles ouviram. Após os filhos de Israel aceitar a aliança com Deus de se tornarem sua propriedade peculiar dentre todos os povos. Todo o povo respondeu a uma voz, e disse: “Tudo o que o Senhor tem falado, faremos” (Êxodo 19.8). Deus disse a Moisés que viria a ele numa nuvem espessa para que o povo o ouvisse e cressem nele eternamente (Êxodo 19.9).
No terceiro dia uma espessa nuvem e um sonido de buzina muito forte veio sobre o monte Sinai e todo o povo se estremeceu: “Então falou Deus todas estas palavras...” (Êxodo 20.1). Essas palavras começaram com os dez mandamentos, todavia o povo temeu e se retirou para mais longe possível do monte “E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos: e não fale Deus conosco, para que não morramos” (Êxodo 20.19).
Deus falou de maneira terrível ao povo, pois não há Deus fora dele: “Anunciai, e chegai-vos, e tomai conselho todos juntos; quem fez ouvir isso desde a antigüidade? Quem , desde então, o anunciou ? Porventura, não sou eu, o Senhor? E não há outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador, não há fora de mim” (Isaías 45.21).
“... nem com os olhos se viu um Deus além de ti,”
Desde a antiguidade não se viu os que os filhos de Israel viram: “Ele é o teu louvor e o teu Deus, que te fez estas grandes e terríveis coisas que os teus olhos têm visto” (Deuteronômio 10.21).
Quando Deus desceu sobre o monte Sinai em fogo fez o monte fumegar e tremer e advertiu o povo para que não passasse o termo para vê-lo, a fim de que lês não perecessem (Êxodo 19.21). Ninguém jamais tinha visto os deuses pagãos fazer os tipos de maravilhas sobre as quais se lê na história de Israel, pois não há nenhum além dele.
Para o povo a visão de Deus sobre o Sinai foi assustadora: “E todo o povo viu os trovões e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso retirou-se e pôs-se de longe” (Êxodo 20.18). Isso aconteceu para que entre o povo houvesse sempre o temor, a fim de que eles não pecassem (Êxodo 20.20).
Hoje Deus quer que olhemos para ele a fim de nos salvar: “Olhai para mim e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus; e não há outro” (Isaías 45.22). Pois agora a sua salvação não é só para Israel, mas para “os termos da terra”. Ele revelou o seu propósito a Abraão para abençoar todas as famílias (nações) da terra (Genesis 12.3). Isto nunca mudou. Muitos no mundo ainda estão olhando na direção errada. Todos precisam olhar para ele como os israelitas olharão para a serpente de bronze no deserto: “E disse o Senhor a Moisés: Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela” (Números 21.8)
“... que trabalhe para aquele que nele espera.”
Jesus disse aos opositores judeus: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (João 5.17), este dia era um sábado e Jesus foi acusado de violar o sábado por ter curado um paralítico e ordenado ele a tomar a sua cama e andar: “Logo aquele homem ficou são; e tomou o seu leito, e andava. E aquele dia era sábado. Então os judeus disseram àquele que tinha sido curado: É sábado, não te é lícito levar o leito” (João 5.9-10).
Jesus reafirmou que o seu ato no sábado era coerente com o descanso sabático prescrito por Deus (Gênesis 2:2, 3; Hebreus 4:4). Após a obra da criação, Deus descansou no sétimo dia; mas continuou a suster o universo. Deus trabalha constantemente, mas isso não significa que ele mesmo viole o sábado. D. A. Carson disse que entre os rabinos havia o consenso de que “Deus trabalha no sábado, porque, do contrário, a própria providência semanalmente entraria em suspensão”.
Tendo atestado que Deus está sempre trabalhando, Jesus acrescentou que ele também trabalhava continuamente em favor daqueles que nele esperam. “Esperar” para o Senhor implica o tipo de confiança que permite nos entregarmos a Ele por toda a vida. É satisfazer-se com “o cronograma de Deus” e não o nosso. Os que esperam em Deus podem aguardar grandes coisas, ainda que não tão dramáticas como aquelas sobre as quais lemos nas Escrituras.
Paulo, em 1 Coríntios 2:9, aplica essas palavras à sua maneira, descrevendo às bênçãos eternas que Deus prepara para Seu povo: “Mas, como está escrito:As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu,e não subiram ao coração do homem,são as que Deus preparou para os que o amam”. Clemente de Roma diz que se pode notar uma aplicação semelhante das palavras, dando “aqueles que o esperam” (como em Isaías) e “aqueles que o amam” (como em 1 Coríntios).
DEIVY FERREIRA
PANIAGO JUNIOR
24/8/2024
FONTES:
QUEIROZ, Silas. O Deus Que Governa o Mundo e Cuida da Família – Os Ensinamentos Divinos nos livros de Rute e Ester para a Nossa Geração. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201011_08.pdf
http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_202111_06.pdf
D. A. Carson, O Comentário de João. Trad. Daniel de Oliveira e Vivian Nunes do Amaral. São Paulo: Shedd Publicações, 2007.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.
ELLICOTT, Charles J. A Old Testament Commentary for English Readers (1882).
BARNES, Albert. Notes on the Old & New Testaments. Baker Book House, 1983.