1 Timóteo 2.1 “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens;”
“Admoesto-te, pois, antes de tudo,”
A palavra “admoestar” ” ( noutheteō ), significa aconselhar, advertir. Refere-se a conselhos, observações e advertências concernentes ao comportamento e à prática de vida do cristão. Paulo admoestava os irmãos em vários lugares (Atos 20:31; 1 Coríntios 4:14). Ao mesmo tempo, ele instruía os discípulos a admoestarem uns aos outros (1 Tessalonicenses 5:14), e especialmente ensinava aos pais sobre a importância de admoestar os próprios filhos (Efésios 6:4).
Um dos motivos de nos reunirmos com os nossos irmãos em Cristo é a admoestação mútua que ajuda cada um a se manter fiel (Hebreus 10:25). Admoestação e advertência fazem parte do trabalho dos evangelistas (1 Timóteo 1:3; 4:13; 2 Timóteo 4:2), mas eles não são os únicos que devem (Romanos 12:8; Gálatas 6:1; Hebreus 3:13).
“Antes de tudo”. As palavras próton pánton “antes de tudo” indicam primazia de importância e não de tempo. A comissão de Cristo para irmos a toda criatura (Marcos 16:15-16) sempre será grande demais para mentes finitas a compreenderem. Precisamos da ajuda de Deus. Por isso, Paulo exortou a Timóteo e a nós a, “antes de tudo”, orarmos.
A oração não é um apêndice no culto, mas parte vital dele. Os apóstolos entenderam a primazia da oração, quando decidiram: “Quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra” (Atos 6.4).
“... que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças,”
Muito embora o objetivo de Paulo é insistir na centralidade da oração mais do que numa análise de seus tipos, o apóstolo usa aqui quatro formas de oração.
“Deprecações” - O termo (gr. deesis) significa “suplicar, implorar, rogar por” alguém ou alguma coisa (Dicionário Houaiss). Dá a entender um tipo de oração que é feita de modo ardente, dramático, compassivo. A ideia fundamental da palavra grega deesis, é um sentimento de necessidade. A oração começa com esse sentimento de nossa total dependência de Deus. Oração é a insuficiência humana aproximando-se da suficiência divina.
Segundo, as “orações” (gr. proseuchomai) – “oferecer oração ou votos a Deus”. Designam o movimento da alma em direção a Deus. As orações são um ato de adoração a Deus, exaltando-o pela excelência de seus atributos e rogando a ele pela grandeza de suas misericórdias. A oração é tema de grande destaque na Bíblia. No Antigo Testamento, os homens de Deus venceram sob o manto da oração. Davi orava sempre (SaImo 55.16,17) e Daniel venceu na cova dos leões porque tinha reservas de oração (Daniel 6.10). Esses dois exemplos indicam o valor extraordinário da oração fervorosa e sincera, diante de Deus.
Terceiro, as “intercessões” (gr.: enteuxis). Elas estão relacionadas com a súplica em favor de alguém ou de alguma coisa. Tem o sentido de “intervenção, mediação, interferência, intermédio” (Dicionário Houaiss). Do grego enteuxis, significando “apelar para”, ou intercessões em geral, que se fazem em favor de alguém. A palavra enteuxis também traz a ideia de entrar na presença do rei para lhe fazer uma petição. Portanto, nenhum pedido é grande demais para ele. Para Deus não há impossíveis!
Quarto, as “ações de graças”. Essas grandiosas possibilidades alcançadas pela oração criam uma necessidade natural de incluirmos em nossas petições “ações de graça”. Elas tratam da nossa gratidão a Deus pelo que ele tem feito. A palavra grega eucaristia, deixa claro que orar não é apenas aproximar-se de Deus para adorá-lo por quem ele é, e rogar a ele suas bênçãos, mas, também, e sobretudo, agradecê-lo pelo que ele tem feito. Na avaliação da necessidade e do privilégio de trabalharmos com Deus, que adequada se torna a admoestação de Paulo: “dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Efésios 5:20)
“... por todos os homens;”
A oração deve ser “em favor de todos os homens”. Não é só a oração que é em favor de todos, o plano de Deus também é para todos. Sua graça é suficiente para que “todos sejam salvos”. Jesus morreu por todos (2 Coríntios 5:14, 15), Ele nos manda ir a todos (Marcos 16:15, 16; Mateus 28:18–20) e disponibilizou o evangelho a todos (Judas 3). Por meio desse evangelho todos serão julgados (Romanos 14:10–12; 2 Coríntios 5:10). Salvar almas do pecado apaga o passado pecaminoso (Atos 2:38; 22:16). O plano de Deus também é para que todos “cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (v.4).
A o que parece, as igrejas evangélicas, nos tempos atuais, têm-se esquecido dessa oração “por todos os homens”. E mais comum ouvirem-se orações pela com unidade cristã; por suas atividades, na evangelização, no ensino, no discipulado. São orações legítimas e indispensáveis. Mas o alcance da oração da igreja cristã deve ultrapassar “as quatro paredes” dos templos, nas igrejas locais. Onde quer que formos, jamais encontraremos uma pessoa pela qual não precisamos orar.
DEIVY FERREIRA
PANIAGO JUNIOR
31/7/2024
FONTES:
QUEIROZ, Silas. O Deus Que Governa o Mundo e Cuida da Família – Os Ensinamentos Divinos nos livros de Rute e Ester para a Nossa Geração. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.3
http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_200311_05.pdf
RENOVATO, Elinaldo. As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
LOPES, Hernandes Dias. 2Timóteo: o testamento de Paulo à igreja. São Paulo: Hagnos, 2014.