Romanos 14.17 “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.”
“Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, ”
Paulo agora nos ensina que nossa abstinência não nos leva a nenhuma perda de nossa liberdade, uma vez que o reino de Deus não consiste dessas coisas.
O judaísmo consistia muito em comidas e bebidas (Hebreus 9.10), abstendo-se religiosamente de alguns tipos de comida (Levítico 11.2), comendo outros religiosamente, como em vários sacrifícios, parte dos quais devia ser comida diante do Senhor. Mas todas essas prescrições para Paulo estão agora abolidas não sendo mais necessárias (Colossenses 2.21,22). A questão está resolvida.
Paulo considerava todas as espécies de comida como kosher ("certas", "lícitas") “Toda criatura de Deus é boa” (1 Timóteo 4.4), mas se o seu exemplo, ao comer certas espécies de comida, ia prejudicar alguém, ele as evitaria. Os homens devem lembrar que a liberdade cristã e a caridade cristã devem ir de mãos dadas.
Se por causa do amor podemos abster-nos do uso de alimentos sem trazer qualquer desonra ao nome de Deus, sem prejudicar o reino de Cristo, ou sem escandalizar a consciência dos piedosos, não podemos tolerar os que trazem conturbação à Igreja por causa de comida.
Ele usa argumentos similares em sua Primeira Epístola aos Coríntios: “Não é a comida que nos recomendará a Deus, pois nada perderemos se não comermos, e nada ganharemos se comermos” [1 Coríntios 8.8]. Ele desejava mostrar-nos com isso que a comida e a bebida são de mui pouco valor para serem causa de empecilho no avanço do evangelho.
Não é de comida e bebida que o reino de Deus se ocupa, mas de justiça, paz e alegria no Espírito. A ênfase do cristianismo não deve ser colocada sobre essas coisas, nem elas são essenciais para a fé cristã.
“..., mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. ”
O Reino dos céus, não consiste em comer ou beber. Consiste em três grandes coisas, todas as quais são essencialmente alheias ao egoísmo.
Primeiro: Justiça (Dikaiosune), e a justiça consiste em dar aos homens e a Deus o que lhes corresponde. Então, o primeiro que devemos oferecer a um semelhante na vida cristã é simpatia e consideração; no momento em que nos transformamos em cristãos, os sentimentos de outros se tornam mais importantes que os nossos próprios; o cristianismo significa colocar primeiro a outros e depois o eu. Não podemos dar a outro o que corresponde e, ao mesmo tempo, fazer o que queremos.
Logo vem a Paz (Eirene). No Novo Testamento, a paz não significa somente ausência de problemas; a paz não é algo negativo, é intensamente positiva; significa tudo aquilo que tende ao bem supremo do homem. Os próprios judeus frequentemente pensavam que a paz significava um estado de corretas relações entre homem e homem. Se insistirmos em que a liberdade cristã significa fazer tudo o que queiramos, isto é precisamente um estado de coisas que nunca poderemos alcançar. O cristianismo consiste inteiramente em relações pessoais com os homens e com Deus. A ilimitada liberdade cristã está condicionada pela obrigação cristã de viver em boas relações, em paz, com nossos semelhantes.
Por último a Alegria (Chara). No cristianismo, a alegria nunca pode ser egoísta. A alegria cristã não consiste em que sejamos felizes, consiste em fazer os outros felizes. Uma mau chamada felicidade que angústia e ofende a outros, não é uma felicidade cristã. Se em sua própria busca da felicidade alguém machuca o coração ou fere a consciência de outro, o fim último de sua busca não será alegria, mas tristeza. A alegria cristã não é individualista; é algo interdependente. A liberdade cristã não é liberdade para pisar os sentimentos de outros. O cristão se alegra só quando dá alegria a um semelhante, embora seja à custa de limitações pessoais para ele.
No Espírito Santo. Para o apóstolo, "o reino de Deus" é a futura herança do povo de Deus, mas "no Espírito Santo" as bênçãos da herança futura já podem ser desfrutadas: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei” (Gálatas 5:22).
No grande dia, não será perguntado: “Quem comeu carne e quem comeu legumes? ” Ou “Quem guardou os dias santos e quem não guardou? ” Mas será indagado: “Quem temeu a Deus e praticou a justiça e quem não o fez? ”
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
21/10/2024
FONTES:
RENOVATO, Elinaldo. As Promessas de Deus - Confie e Viva as Bênçãos do Senhor porque Fiel é o que Prometeu. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
http://www.biblecourses.com/Portuguese/Po_lessons/Po_200905_05.pdf
BARCLAY, William. The Letter to the Romans - Tradução: Carlos Biagini O NOVO TESTAMENTO Comentado por William Barclay.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry – Atos a Apocalipse. Rio de Janeiro CPAD, 2008.
BRUCE, F, F. Romanos - Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 2002.
CALVINO, João, (1509-1564). Romanos [tradução de Valter Graciano Martins]. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014.