domingo, 31 de agosto de 2025

Atos 15:30

Atos 15:30 “Tendo eles então se despedido, partiram para Antioquia e, ajuntando a multidão, entregaram a carta.”

 

“Tendo eles então se despedido, partiram para Antioquia”

Terminada a Reunião na cidade de Jerusalém Paulo e seu companheiro Barnabé se despediram de todos os anciões e apóstolos presentes. E de Jerusalém partiram com destino a Antioquia da Síria, igreja gentílica que representaram no concílio: “E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo” (Atos 13:1).

Antioquia foi mencionada no cabeçalho da carta como o primeiro destinatário, pois de lá vieram a controvérsia e o pedido de ajuda: “Os apóstolos, e os anciãos e os irmãos, aos irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia, e Síria e Cilícia, saúde” (Atos 15:23).

 

“... e, ajuntando a multidão, entregaram a carta.”

Essa carta era a primeira epístola inspirada de que se tem conhecimento (Atos 15.23-29). Ela continha a decisão do Concílio de Jerusalém que dos gentios não se exigiria nenhuma submissão generalizada à lei judaica, e muito menos ao rito da circuncisão.

Esta reunião da igreja em Antioquia deve tê-los lembrado de uma reunião parecida, realizada algum tempo antes (Atos 14:27). Paulo e Barnabé estavam presentes em ambas as ocasiões. A primeira fora para receber o relatório da primeira viagem missionária, com notícias maravilhosas sobre a conversão dos gentios; agora recebiam a carta de Jerusalém com notícias igualmente maravilhosas: os gentios que haviam crido em Jesus eram aceitos como cristãos, sem a necessidade de se tomarem prosélitos judeus.

Os irmãos de Antioquia ficaram encorajados porque tomaram a decisão de que os gentios não teriam de guardar a Lei; ficaram encorajados porque a controvérsia estava acabada; ficaram encorajados porque as exigências que fizeram não eram difíceis: “E, quando a leram, alegraram-se pela exortação”(Atos 15:31).

 

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
31/08/2025 

FONTES:

GONÇALVES, José. A igreja em Jerusalém – Doutrina comunhão e fé: A base para o crescimento da igreja em meio as perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

STOTT, John R. W. A Mensagem de Atos: Até aos Confins da Terra, São Paulo: ABU, 1994.

http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_200202_05.pdf

Atos 15.28

Atos 15.28 “Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias.”.

 

“Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós”

Este verso faz parte da primeira epístola inspirada de que se tem conhecimento (vv 23-29). É outra prova de que a reunião em Jerusalém foi diferente dos concílios e conferências denominacionais de hoje: tais sessões não podem e não produzem documentos inspirados pelo Espírito Santo.

O argumento de Tiago, irmão do Senhor, recebeu a concordância da assembléia inteira. Vale a pena ressaltar o sentido disto: significa que os judeus extremistas perderam o argumento e concordaram em seguir uma política mais liberal. Parece que aceitaram a sua derrota sem amargura ou ressentimento. O versículo 22 diz que “pareceu bem aos apóstolos e aos presbíteros, com toda a igreja”.

A não ser quando a questão envolve um princípio espiritual com o qual não podemos ser coniventes, quando a preferência da maioria difere das nossas preferências pessoais, devemos ceder à maioria e tornar a decisão unânime.

 

“... não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias.”

O Espírito Santo, cuja orientação foi prometida aos apóstolos e outros líderes, já testemunhara ao co­ração deles que os gentios deviam ser livres do fardo (Mateus 18.20; João 16.13). O Espírito Santo, na sua atuação entre os gentios, já testemunhara que estes foram libertos do jugo da Lei mosaica (Atos 10.44-48).

Os gentios foram isentos da obrigação de observar os costumes judaicos. Este foi um exemplo da autoridade para ligar e desligar (proibir e permitir) prometida a Pedro (Mateus 16.19) e aos também aos demais líderes da Igreja: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu” (Mateus 18:18).

Esta decisão, inspirada pelo Espírito, é colocada em termos do mínimo de exigências a serem impostas sobre a igreja. Quer dizer que se ressalta que nada mais está sendo requerido senão os regulamentos que se seguem; não se exige nenhuma submissão generalizada à lei judaica, e muito menos ao rito da circuncisão que exigiu maior divisão.

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
31/08/2025 

FONTES:

GONÇALVES, José. A igreja em Jerusalém – Doutrina comunhão e fé: A base para o crescimento da igreja em meio as perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

MARSHALL, Howard. Atos - Introdução e Comentário. Vida Nova/Mundo Cristão. 1991.

PEARLAM, Myer. Atos – E a igreja se fez missão. Rio de Janeiro: Cpad, 1995. 

http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_200202_05.pdf

Atos 11:29

Atos 11:29 “E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judeia.”

 

“E os discípulos determinaram mandar,”

Movido pelo Espírito Santo, o profeta Agabo profetizou um período de grande fome por todo o mundo, a qual sobreveio nos dias do imperador Cláudio, que reinou de 41 a 54 d.C. Esse fato foi amplamente documentado pelos historiadores.

Uma das regiões mais atingidas por essa fome foi a Judéia, especialmente porque, no tempo de Cláudio, todos os judeus foram expulsos de Roma (Atos 18.2) e retornaram à Judéia sem suas casas, suas terras e seus bens. Essa fome atingiu de cheio a igreja de Deus na região da Judéia. A escassez de alimentos na Judéia foi especialmente grave e, de acordo com o historiador judeu Flávio Josefo, muitas pessoas morreram por falta de recursos para comprar a pouca comida que havia disponível.

A resposta dos discípulos de Antioquia foi imediata e abnegada: “Os discípulos, cada um conforme as suas posses resolveram enviar socorro aos irmãos que moravam na Judéia”. A profecia encorajou os cristãos em Antioquia a enviar uma coleta em dinheiro para capacitar seus irmãos na Judéia a comprarem estoques de gêneros alimentícios para enfrentar a crise vindoura. Trata-se de um ato de fraternidade cristã, da qual os membros da igreja participaram de acordo com as suas possibilidades.

 

“...  cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judeia.”

Os discípulos de Antioquia ficaram contentes com a oportunidade de retribuir ao que os cristãos judeus em geral e a igreja de Jerusalém em particular haviam feito por eles. Os cristãos judeus haviam lhes levado a melhor mensagem (o evangelho); a igreja de Jerusalém havia lhes enviado seu melhor homem (Barnabé); agora, eles enviariam a melhor contribuição ao seu alcance. Mais tarde, Paulo destacará a importância desse gesto ao escrever: “Isto lhes pareceu bem, e mesmo lhes são devedores; porque, se os gentios têm sido participantes dos valores espirituais dos judeus, devem também servi-los com bens materiais” (Romanos 15.27).

A fé cristã não abre apenas nosso coração para crer, mas também nosso bolso para contribuir. Recebemos não apenas a graça da salvação, mas também a graça da contribuição. A generosidade não é causa da salvação, mas sua conseqüência.

Duas expressões chamam à atenção no versículo: 1) “Cada um.” Aparentemente, todos os membros da congregação de Antioquia sentiram-se tocados com a situação de seus irmãos. 2) “Conforme as suas posses.” No Antigo Testamento, Deus ordenou uma percentagem. A base do Novo Testamento para determinar a oferta de uma pessoa para a obra do Senhor é “conforme a sua prosperidade” (1 Coríntios 16:2). Nenhum sistema financeiro seria mais proporcional: quem tem mais dá mais; quem tem menos dá menos.

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
31/08/2025 

FONTES:

GONÇALVES, José. A igreja em Jerusalém – Doutrina comunhão e fé: A base para o crescimento da igreja em meio as perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

JOSEFO, F. História dos hebreus. 8. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

Lopes, Hernandes Dias Atos: a ação do Espírito Santo na vida da igreja. São Paulo: Hagnos, 2012.

http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_200202_02.pdf

Atos 14:21

Atos 14:21 “E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, e Icônio e Antioquia,”

 

“E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos,

A cidade que Paulo e Barnabé anunciou o evangelho chamava-se Derbe. Derbe ficava na região da Licaônia. Juntamente com Icônio, Listra e Antioquia Psídia, Derbe é uma das igrejas “gálatas” para a qual Paulo escreveu a epístola. Paulo foi a Derbe depois de ser apedrejado em Listra: “Sobrevieram, porém, uns judeus de Antioquia e de Icônio que, tendo convencido a multidão, apedrejaram a Paulo e o arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava morto. Mas, rodeando-o os discípulos, levantou-se, e entrou na cidade, e no dia seguinte saiu com Barnabé para Derbe” (Atos 14:19,20). Paulo passou por Derbe em sua também em segunda viagem da Cilícia até Listra (Atos 16.1) e provavelmente visitou-a em sua terceira viagem.

Eles “pregaram o evangelho naquela cidade” e também pregaram na “circunvizinhança” (v. 6). Por alguma razão, os judeus de Antioquia e Icônio não seguiram Paulo e Barnabé até Derbe. Talvez por pensarem que Paulo havia morrido. Portanto, puderam trabalhar sem serem maltratados . Deus abençoou os esforços deles, e tiveram uma grande colheita de almas. Não sabemos muito sobre os “muitos discípulos” (v. 21) de Derbe; o único nome registrado é “Gaio, de Derbe”, um dos discípulos e companheiros de Paulo (Atos 20:4). Todavia, depois do tumulto em Antioquia, Icônio e Listra, que prazer deve ter sido pregar as boas novas em paz!

 

“... voltaram para Listra, e Icônio e Antioquia,”

Como Derbe foi o ponto mais distante de sua primeira viagem, depois de terem terminado o trabalho lá, teria parecido natural eles irem para o leste atravessando aquela passagem (Cilicia) pegando o caminho mais curto de volta à Antioquia da Síria. Em vez disso, “tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, e Icônio, e Antioquia”.

Sim! Listra? Icônio? Antioquia? Paulo foi apedrejado em Listra. Ele e Barnabé mal conseguiram escapar de um apedrejamento em Icônio. Foram postos para fora de Antioquia! Mas, como veremos, tinham uma forte razão para voltar e Deus deu-lhes coragem para voltar àquelas cidades onde foram maltratados! Paulo e Barnabé “voltaram para Listra, e Icônio, e Antioquia, exortando-os a permanecer firmes na fé” (vv. 21b, 22a).

Quando Jesus deu a Grande Comissão, Ele disse: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado...” (Mateus 28:19, 20). No texto original, essa ordem compõe-se de apenas um verbo, que é traduzido por “fazei discípulos”. A seguir vêm três particípios que dizem como “fazer discípulos”: “indo” (traduzido por “ide”), “batizando” e “ensinando”.

Paulo e Barnabé tinham “ido” com o evangelho e haviam “batizado” muitos em Cristo, mas o trabalho não estava terminado. Ainda precisavam voltar (mesmo em face do perigo) para “ensinar” os cristãos recém convertidos a “guardarem tudo” que Cristo ordenara.

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
31/08/2025 

FONTES:

GONÇALVES, José. A igreja em Jerusalém – Doutrina comunhão e fé: A base para o crescimento da igreja em meio as perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

PFEIFFER, Charles F.; REA, VOS, Howard F.; REA, John.Dicionário Bíblico Wycliffe. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.  

http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_200202_02.pdf

Romanos 15:24

Romanos 15:24 “Quando partir para Espanha irei ter convosco; pois espero que de passagem vos verei, e que para lá seja encaminhado por vós, depois de primeiro em parte me satisfazer de vossa companhia.”

 

“Quando partir para Espanha irei ter convosco; pois espero que de passagem vos verei, e que para lá seja encaminhado por vós,

Depois de compartilhar com a igreja de Roma a sua visão do ministério apostólico que lhe foi confiado, Paulo olha para o futuro e confia aos romanos seus planos de viagem. Primeiro ele pegará o navio de Corinto para Jerusalém, levando consigo a coleta que vinha organizando há muito tempo. De Jerusalém ele pretende ir à Espanha, e passará em Roma para visitá-los apenas "de passagem”.

Essa visita a Roma seria um "trampolim" para ir à Espanha. Ele planeja visitá-los quando for à Espanha. Essa perspectiva ajuda-o a permanecer firme no propósito de "não edificar sobre alicerce de outro"; ele os visitará apenas de passagem, afinal não foi ele que fundou a igreja de Roma. Não sabemos o nome de quem a fundou, porém é certo que foram os “forasteiros romanos” judeus ou prosélitos que testemunharam o sinal do pentecoste quando estavam em Jerusalém:  E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus” (Atos 2:10,11).

Ao mesmo tempo ele acalenta uma segunda esperança: Espero visitá-los... e dar-lhes a oportunidade de me ajudar em minha viagem para lá (para a Espanha), depois de ter desfrutado um pouco da companhia de vocês. O verbo aqui traduzido como ajudar já parece ter-se tornado quase um termo técnico cristão para referir-se a ajudar missionários a caminho. No dicionário o termo grego significa "ajudar alguém em sua jornada com alimento e dinheiro, providenciando-lhe companhia, meio de transporte, etc." Paulo tinha confiança nos romanos.

A base de operações de Paulo era a Antioquia da Síria (Atos 13:1–3; 14:26–28), mas a Espanha e outros países do mundo mediterrâneo ocidental ficavam muito distantes de Antioquia. A maioria dos comentaristas acredita que Paulo pretendia fazer de Roma sua base de operações para levar o evangelho para o oeste.

Os espanhóis estavam entre os homens mais influentes do Império Romano. A Espanha era uma região importante para o evangelho e poderia ser também futuramente outra base de lançamento para a evangelização ao extremo oeste à medida que o império se expandisse. Merrill C. Tenney escreveu que Paulo “perseguiu uma campanha de evangelismo missionário própria de um estadista. Seus planos de viajar para Roma e Espanha mostravam que ele queria equiparar as conquistas imperiais à fé imperial”.

 

“... depois de primeiro em parte me satisfazer de vossa companhia.”

Paulo havia recebido uma revelação. Deus o enviaria a Roma: “E na noite seguinte, apresentando-se-lhe o Senhor, disse: Paulo, tem ânimo; porque, como de mim testificaste em Jerusalém, assim importa que testifiques também em Roma” (Atos 23:11). Quando escreveu a eles de Corinto demonstrou o seu desejo de ir lá: “Pedindo sempre em minhas orações que nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter convosco” (Romanos 1:10), e conforme este verso fez até planos de ir. Quando esteve em Éfeso, ele disse: “...importa-me ver também Roma” (Atos 19:21).

Porém, as coisas não aconteceram conforme ele havia planejado. Ele foi preso em Jerusalém e posteriormente em Cesaréia. Mas Deus o levou a Roma de outra maneira: “E, como se determinou que havíamos de navegar para a Itália, entregaram Paulo, e alguns outros presos, a um centurião por nome Júlio, da coorte augusta” (Atos 27:1). Enfim chegou a capital do império e cumpriu prisão domiciliar: “E, logo que chegamos a Roma, o centurião entregou os presos ao capitào da guarda; mas a Paulo se lhe permitiu morar por sua conta à parte, com o soldado que o guardava”.

Estando já em Roma alguns da igreja em Roma o foram receber e Paulo enfim pode por dois anos desfrutar da companhia deles: “E de lá, ouvindo os irmãos novas de nós, nos saíram ao encontro à Praça de Ápio e às Três Vendas, e Paulo, vendo-os, deu graças a Deus e tomou ânimo” (Atos 28:15).

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
31/08/2025 

FONTES:

GONÇALVES, José. A igreja em Jerusalém – Doutrina comunhão e fé: A base para o crescimento da igreja em meio as perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

STOTT, John. A mensagem de Romanos. ABU Editora, 2000.

MERRILL C. Tenney, O Novo Testamento, Sua Origem e Análise. São Paulo: Edições Vida Nova, 1972

http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_200906_01.pdf

LIÇÃO 10: A EXPANSÃO DA IGREJA - 3 TRIMESTRE DE 2025

TEXTO ÁUREO

“Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra. E, descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo.” ”(Atos 8.4,5).

 

“Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra”

Esse versículo nos leva de volta aos cristãos que foram dispersos. A palavra traduzida por dispersos é o termo usado para indicar “sementeira, semeadura, espalhar sementes. Warren Wiersbe acrescenta que a perseguição faz com a igreja aquilo que o vento faz com a semente, espalhando-a e aumentando a colheita. Os cristãos em Jerusalém eram as sementes de Deus, e a perseguição foi usada por Deus para plantá-los em novo solo, a fim de que dessem frutos. Daí nasceu o provérbio: “O sangue dos mártires é a sementeira da igreja”.

Gamaliel, o professor de Paulo, lembrou ao sinédrio anteriormente o efeito da dispersão sobre os seguidores de Teudas e Judas, galileu: “Porque, antes destes dias, se levantou Teudas, insinuando ser ele alguma coisa, ao qual se agregaram cerca de quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe prestavam obediência se dispersaram e deram em nada. Depois desse, levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou muitos consigo; também este pereceu, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos” (Atos 5.36,37).

A dispersão dissipou os seguidores tanto de Teudas como de Judas, mas não foi capaz de dissipar os seguidores de Cristo. Entenda o motivo nas próprias palavras de Gamaliel: “E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la [...]” (Atos 5:38-39).

Esses cristãos perderam tudo que possuíam: casas, rebanhos, bens, tudo exceto o pouco que podiam carregar nas costas. Eles fugiram a pé pelas estradas da Palestina com medo do perseguidor Saulo. Mas ao passarem por outros viajantes, eram objeto de curiosidade. As pessoas indagavam: “O que aconteceu? Ao invés deles murmurarem que deixaram tudo para trás eles preferiam anunciavam a palavra de Deus. A palavra grega equivalente a “anunciando” significa “evangelizar”, contar as boas novas!

Esses cristãos perseguidos não saíram dizendo: “Vejam só para onde está indo este mundo! ”, mas, sim: “Vejam Aquele que veio ao mundo! ”.  Eles aprenderam com o exemplo de Estêvão: seus inimigos podiam ferir sua carne, mas não seu espírito; podiam abreviar suas vidas, mas não sua influência; podiam tomar suas casas, mas não seu lar celestial (João 14:1–3); podiam roubar seus bens, mas não seus tesouros (Mateus 6:20).

 

“E, descendo Filipe”

Como todos que são guiados pelo Espírito são como o vento: “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (João 3:8). Não havia planejado Filipe uma excursão em Samaria. Mas o Senhor o enviou ali para cumprir suas próprias palavras.

Filipe desceu a cidade de Samaria. Se ele desceu ele se esvaziou. Outrora ele estava em Jerusalém: “Onde sobem as tribos, as tribos do Senhor, até ao testemunho de Israel, para darem graças ao nome do Senhor” (Salmos 122:4).

Em Jerusalém ele havia sido ordenado diácono junto com seis dos seus companheiros, incluindo Estevão: “e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos” (Atos 6:5,6).

Poderia ter pensado Filipe que ali servia ao Senhor. Todavia o martírio de Estevão, seu companheiro provocou contra a igreja primitiva grande perseguição: “E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto os apóstolos” (Atos 8:1). Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra (Atos 8:4). Filipe foi um deles.

 

 “... à cidade de Samaria “

O Senhor havia dito a seus seguidores: “que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai” (Atos 1:4), sobre essa promessa ele acrescentou: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (Atos 1:8).

A promessa do pai havia descido em Jerusalém na festa de Pentecoste: “E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (Atos 2:4). E iniciou de forma veloz a evangelização de Jerusalém. Já no primeiro sermão pentecostal  agregaram-se quase três mil almas“ (Atos 2:41).

A evangelização chegou a Samaria através do Diácono Filipe que havia sido disperso de Jerusalém por conta do martírio do outro diácono chamado Estevão.

 

“... lhes pregava a Cristo.”

Quando Filipe “anunciou a Cristo” aos samaritanos, sem dúvida, ele pregou as grandes verdades a respeito de Cristo que outros pregadores inspirados pregaram: o fato de Jesus ter cumprido as profecias (2:16; 8:35), os detalhes de Sua vida e de Seus milagres (2:22; 10:38), Sua morte na cruz por todos (2:23; 8:32; 10:39), Sua ressurreição dos mortos (2:32; 10:40), Sua ascensão à direita de Deus e Seu reinado nos céus (2:30–36) e Sua volta prometida (10:42). Essas verdades foram o alicerce e o cerne da pregação de Filipe.

Pregar Cristo envolve não somente pregar as grandes verdades relativas à Sua pessoa, mas também pregar sobre o reino/a igreja, pregar sobre Seu nome e pregar o batismo. Outros tópicos poderiam ser mencionados, mas estes são suficientes para observarmos como o tema “pregar Cristo” é tão magnífico e compreensivo.

A maneira como se “anuncia a Cristo” pode ser comparada com certa igreja. Essa igreja pregou uma enorme placa do lado de fora de seu prédio que dizia: “Nós Pregamos Cristo Crucificado”. Com o passar do tempo, alguns membros da igreja ficaram confusos com a ideia de um sacrifício de sangue, de modo que a palavra “crucificado” foi apagada da placa, restando: “Nós Pregamos Cristo”. Logo, um pregador novo chegou e, estando mais preocupado com os acontecimentos da época do que com a história de Jesus, apagou o nome “Cristo”. A placa, então dizia apenas: “Pregamos”. Finalmente, a igreja decidiu que pregar não era mais a maneira de atingir as pessoas, e apagaram a palavra “pregamos”, passando a fazer apresentações teatrais e musicais. E a placa dizia apenas: “Nós”.

Que Deus nos ajude a nunca abandonar nenhuma parte da plena “pregação de Cristo e Cristo crucificado”. “Mas nós pregamos a Cristo crucificado“ (1 Coríntios 1:23)

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
13/08/2025 

FONTES:

GONÇALVES, José. A igreja em Jerusalém – Doutrina comunhão e fé: A base para o crescimento da igreja em meio as perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

MARSHALL, Howard. Atos - Introdução e Comentário. Vida Nova/Mundo Cristão. 1991.

Lopes, Hernandes Dias Atos: a ação do Espírito Santo na vida da igreja. São Paulo: Hagnos, 2012.

GONZALES, Justo. História ilustrada do cristianismo vol I- A era dos mártires até A era dos sonhos frustrados. São Paulo: Vida Nova, 2019.

WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo. Geográfica, Vol. 5.

http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_200111_05.pdf

http://biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_200111_06.pdf 

sábado, 30 de agosto de 2025

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD 30 DE AGOSTO DE 2025 (Atos 7:60)


LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD
30 DE AGOSTO DE 2025

MORRENDO E PERDOANDO PELA FÉ

Atos 7:60 “E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu.”

 

“E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz:”

Após ser retirado da cidade pelos seus algozes a fim de ser apedrejado. Estevão durante o seu martírio invoca a Jesus a quem vê em pé a direita de Deus. Ele pronunciou duas frases. A primeira no verso anterior: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (v. 59). Sua oração é parecida com a que, segundo Lucas, Jesus pronunciou pouco antes de morrer: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!" (Lucas 23.46). Mas essas não seriam as últimas palavras de Estevão. Ele diz uma segunda frase ao se ajoelhar.

 

 “Senhor, não lhes imputes este pecado.”

Estevão ainda ecoa outra declaração de Jesus na cruz: “Senhor não lhes imputes este pecado”. Esta declaração é uma reminiscência da primeira frase dita por Jesus na cruz, relatada por Lucas: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23.34). Quer tenha sido Estevão quem imitou seu Mestre deliberadamente ou Lucas quem observou e ressaltou o fato, existem várias semelhanças entre a morte de Jesus e a morte de Estevão.

Em ambos os casos, foram contratadas falsas testemunhas e a acusação era blasfêmia. As duas execuções foram acompanhadas por duas orações, rogando o perdão para os acusadores e a aceitação de seus próprios espíritos ao morrerem. Portanto — conscientemente ou não — o discípulo imitou seu Mestre. A única diferença foi que Jesus dirigiu suas orações ao Pai, enquanto que Estevão as dirigiu a Jesus, chamando-o de "Senhor" e colocando-o no mesmo nível de Deus.

Naquele momento de suplício e de dores, Estevão não demonstrou sentimento de vingança ou de ódio. Todos ouviram esta testemunha inspirada oferecer uma oração de perdão aos seus executores. Somente o poder do Espírito Santo pode capacitar Estevão a fazer a oração que ele fez. Cumpriu-se o que diz a Palavra de Deus: “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos” (Salmo 116.15). Um crente cheio do Espírito Santo não cultiva a vingança nem o ódio no coração. Ele está pronto a perdoar seus algozes.

 

“E, tendo dito isto, adormeceu.”

Após dizer essas palavra de perdão Estevão adormeceu ( 1 Tessalonicenses 4:14-15). A palavra adormeceu é um eufemismo. Como quando Jefté “loucamente” ofereceu sua filha em holocausto: “E sucedeu que, ao fim de dois meses, tornou ela para seu pai, o qual cumpriu nela o seu voto que tinha feito; e ela não conheceu homem...”(Juízes 11:39). Bengel denomina a escolha da palavra “adormeceu” de "uma palavra cheia de tristeza, mas doce". F. F. Bruce diz que foi "uma descrição inesperadamente bonita e cheia de paz para uma morte brutal".

Estevão então morreu. Ele dormiu na terra e logo foi recebido no céu pelo próprio Senhor Jesus. O primeiro cristão a morrer por amor a Jesus. Para Estevão, o terrível tumulto terminou em uma estranha paz.

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
11/08/2025 

FONTES:

GONÇALVES, José. A igreja em Jerusalém – Doutrina comunhão e fé: A base para o crescimento da igreja em meio as perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

RENCH, Arrington L., STRONSTAD, Roger (Eds). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

MARSHALL, Howard. Atos - Introdução e Comentário. Vida Nova/Mundo Cristão. 1991.

STOTT, John R. W. A Mensagem de Atos: Até aos Confins da Terra, São Paulo: ABU, 1994.

 

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD 29 DE AGOSTO DE 2025 (Apocalipse 2:10)

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD
29 DE AGOSTO DE 2025
FIEL ATÉ À MORTE NAS PERSEGUIÇÕES CONTRA A FÉ

Apocalipse 2:10 “Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.”

 

“Nada temas das coisas que hás de padecer.”

As aflições e perseguições que os crentes de Esmirna sofriam, causavam-lhes medo. Está implícito que esse medo estava num processo de crescimento. Jesus, então, exorta-os a que parassem de sentir pavor quanto ao que estavam por sofrer. Ao mesmo tempo, não dá nenhum falso encorajamento, nenhuma falsa esperança de paz e prosperidade. Pois a perseguição haveria de aumentar. Por isso ele disse aos seus discípulos: “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16.33).

O apostolo Paulo quando voltou para Listra, e Icônio e Antioquia, Confirmou os ânimos dos discípulos, e exortou-os a permanecer na fé, e disse-lhes:  que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus” (Atos 14:21,22). A Timóteo ele escreveu sobre essa condição: E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições   (2 Timóteo 3.12). Mas aos romanos ele escreveu um cântico de vitória sobre as provações, pois nada seria capaz de nos separar do amor de Cristo: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” (Romanos 8:35).

 

“Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias.”

O diabo lançaria alguns deles na prisão, e haveriam de enfrentar diversas provações. No mundo antigo a prisão não era um tanto lugar de castigo, mas de detenção antes do julgamento. O julgamento podia resultar favorável à defesa ou em algum tipo de castigo, inclusive morte. Prisão e morte possível eram identificadas como obra do diabo, e implicavam em uma prova da validade da fé cristã. Todos que diziam ser discípulos de Jesus tinham de estar dispostos a ir para a prisão e, se necessário, deixar sua vida pelo seu Senhor.

O número dez dias não tem nenhum significado simbólico especial além de indicar um período relativamente curto de perseguição. Seus sofrimentos brevemente chegariam ao fim (após "dez dias"). Ladd diz que João, no caso dos esmirneanos, não prevê uma perseguição mundial, mas local e de curta duração.

Para Gilberto "Dez dias" pode referir-se às dez perseguições de 64-305, sob os dez imperadores romanos dessa época.  Algumas não duraram muito; outras não alcançaram todas as províncias do império. Não obstante, milhares de cristãos foram queimados em fogueiras, jogados aos leões, torturados e mortos das mais terríveis maneiras. Contudo, nem a morte, nem as forças do inferno foram capazes de impedi-los de divulgar o Evangelho nem de conter o avanço e o crescimento da Igreja.

 

“Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.”

Como já foi dito o julgamento podia resultar na morte de alguns. Policarpo, um dos mais famosos mártires da antiguidade, foi Bispo de Esmirna e enfrentou com coragem seu martírio. Este dedicado líder foi queimado vivo em uma fogueira no ano 155 d.C. Levado ao estádio, o procônsul instou com ele, dizendo: “Jura, maldiz a Cristo e te porei em liberdade.” Policarpo lhe respondeu: “Oitenta e seis anos eu tenho servido a Cristo, e Ele nunca me fez mal, só o bem. Como então posso eu maldizer o meu Rei e Salvador?”

As palavras de Jesus "Sê fiel até a morte" não significa ser fiel até morrer, mas, ser fiel mesmo que, para isso, tenhamos de dar a vida pela fé cristã. É preferir morrer a negar a Jesus. Jesus foi obediente até à morte e morte de cruz. Ele foi da cruz até à coroa. Essa linha também foi traçada para a igreja de Esmirna: “Sê fiel até à morte e dar-te-ei a coroa da vida”. Desta forma, a igreja de Esmirna não é candidata à morte, mas à vida. A morte física não poderia roubar-lhes a vida que haviam recebido de Cristo.

A coroa da vida não é uma promessa de recompensa especial para os mártires. Todos os que pertencem a Cristo receberão uma coroa da vida. Deus prometeu sua coroa a todos os que o amam (Tiago 1:12). A figura da coroa não vem da monarquia, mas dos jogos atléticos. Os competidores lutavam “para alcançar uma coroa (é usada a mesma palavra grega) corruptível; nós, porém, a incorruptível” (1 Coríntios 9:25). João introduziu a promessa da coroa da vida neste contexto para lembrar os esmirneanos de que apesar de sofrerem morte física eles tinham certeza do prêmio da vida eterna.

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
13/08/2025 

FONTES:

GONÇALVES, José. A igreja em Jerusalém – Doutrina comunhão e fé: A base para o crescimento da igreja em meio as perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

HORTON, Stanley. Apocalipse – as coisas que brevemente devem acontecer. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

GILBERTO, Antonio. Daniel e Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 1984.

Lopes, Hernandes dias. Apocalipse - futuro chegou, as coisas que em breve devem acontecer. São Paulo, SP: Hagnos 2005.

LAWSON, Steven J. As Setes Igrejas do Apocalipse: O Alerta Final para o seu povo. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004,

LADD, George Eldon. Apocalipse - introdução e Comentário. São Paulo: Mundo Cristão, 1986.

 

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD 28 DE AGOSTO DE 2025 (Atos 6.11)


LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD
28 DE AGOSTO DE 2025
CALUNIADOS E DIFAMADOS PELOS OPOSITORES

Atos 6.11 “Então subornaram uns homens, para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus.”

 

“Então subornaram uns homens,”

Já que não puderam silenciar Estevão com palavras, alguns estavam determinados a achar alguma outra maneira, qualquer que fosse. Os inimigos de Estevão usaram métodos subversivos. Usaram dinheiro como suborno para comprar falsas testemunhas.

A palavra grega shohad significa um presente, mas no sentido corrupto, um suborno. A lei hebraica condenava dar ou receber presentes ou subornos com a finalidade de perverter a justiça: “Também suborno não tomarás; porque o suborno cega os que têm vista, e perverte as palavras dos justos” (Êxodo 23.8). São feitas muitas referências ao seu uso para corromper juízes e governantes (Jó 15.34; 1 Samuel 8.3; Salmo 26.10; Isaías 33.15; Ezequiel 22.12).

Nos julgamentos anteriores de Pedro e dos demais apóstolos, vemos a mesma tática que foi usada para condenar Jesus. Foi assim também com Estevão, antes de ser levado perante o Sinédrio, pois assim como os adversários de Estêvão, os inimigos de Cristo também “procuraram algum testemunho falso contra Jesus, a fim de o condenarem à morte” (Mateus 26:59).

O nono mandamento: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êxodo 20:16), havia sido dado para proteger as pessoas de falsas acusações em juízo: “Não admitirás falso boato, e não porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha falsa. Não seguirás a multidão para fazeres o mal; nem numa demanda falarás, tomando parte com a maioria para torcer o direito. Nem ao pobre favorecerás na sua demanda” (Êxodo 23:1-3).

Deveria haver pelo menos duas ou três testemunhas; não era possível condenar uma pessoa com base em apenas um testemunho: “Uma só testemunha contra alguém não se levantará por qualquer iniqüidade, ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado que cometeu; pela boca de duas testemunhas, ou pela boca de três testemunhas, se estabelecerá o fato” (Deuteronômio 19:15). E foi o que os acusadores de Estevão buscaram, mais de uma testemunha falsa através do dinheiro e com isso perverteram o juízo justo.

 

 “... para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus.”

Essas falsas testemunhas compradas deveriam disser que Estevão proferiu palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus. “Blasfêmia” é usada no sentido de “falar contra”. Estevão foi acusado pelas testemunhas compradas de falar contra a Lei de Moisés e contra Deus. As acusações contra Estevão, porém eram falsas (Atos 6:13), resultado de terem distorcido suas palavras. Estevão ensinou que não se podia ser salvo por guardar a lei de Moisés, mas ele não blasfemou contra Moisés. E é certo também que ele jamais blasfemara contra Deus!

Até esta altura, os saduceus tinham se empenhado em perseguir os cristãos porque os apóstolos ensinavam a ressurreição, algo em que o saduceus não criam, mas os fariseus criam: “E, estando eles falando ao povo, sobrevieram os sacerdotes, e o capitão do templo, e os saduceus, Doendo-se muito de que ensinassem o povo, e anunciassem em Jesus a ressurreição dentre os mortos” (Atos 4:1,20.

Agora, porém, a acusação de que Estevão estava falando contra Moisés, a Lei, e as tradições judaicas fizeram também os fariseus se envolveram na questão! Pois , blasfemar contra Moisés era um crime. Então todo o conselho investiu contra Estevão. Posteriormente o povo também se revoltou. As acusações apesar de falsas, foram suficientes para colocar a opinião pública contra Estevão. “Sublevaram o povo, os anciãos e os escribas” (v. 12a).

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
11/08/2025 

FONTES:

GONÇALVES, José. A igreja em Jerusalém – Doutrina comunhão e fé: A base para o crescimento da igreja em meio as perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

MARSHALL, Howard. Atos - Introdução e Comentário. Vida Nova/Mundo Cristão. 1991.

http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_200111_03.pdf

PEARLMAN, Myer. Atos: E as igreja se fez missões. CPAD, 1ª edição, Rio de Janeiro, 1995.