TEXTO ÁUREO
“Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra. E, descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo.” ”(Atos 8.4,5).
“Mas os que andavam dispersos iam por toda
parte anunciando a palavra”
Esse
versículo nos leva de volta aos cristãos que foram dispersos. A palavra
traduzida por dispersos é o termo usado para indicar “sementeira, semeadura,
espalhar sementes. Warren Wiersbe acrescenta que a perseguição faz com a igreja
aquilo que o vento faz com a semente, espalhando-a e aumentando a colheita. Os
cristãos em Jerusalém eram as sementes de Deus, e a perseguição foi usada por
Deus para plantá-los em novo solo, a fim de que dessem frutos. Daí nasceu o
provérbio: “O sangue dos mártires é a sementeira da igreja”.
Gamaliel,
o professor de Paulo, lembrou ao sinédrio anteriormente o efeito da dispersão
sobre os seguidores de Teudas e Judas, galileu: “Porque, antes destes dias,
se levantou Teudas, insinuando ser ele alguma coisa, ao qual se agregaram cerca
de quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe prestavam
obediência se dispersaram e deram em nada. Depois desse, levantou-se Judas, o
galileu, nos dias do recenseamento, e levou muitos consigo; também este
pereceu, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos” (Atos 5.36,37).
A
dispersão dissipou os seguidores tanto de Teudas como de Judas, mas não foi
capaz de dissipar os seguidores de Cristo. Entenda o motivo nas próprias
palavras de Gamaliel: “E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e
deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, Mas,
se é de Deus, não podereis desfazê-la [...]” (Atos 5:38-39).
Esses
cristãos perderam tudo que possuíam: casas, rebanhos, bens, tudo exceto o pouco
que podiam carregar nas costas. Eles fugiram a pé pelas estradas da Palestina
com medo do perseguidor Saulo. Mas ao passarem por outros viajantes, eram
objeto de curiosidade. As pessoas indagavam: “O que aconteceu? Ao invés deles
murmurarem que deixaram tudo para trás eles preferiam anunciavam a palavra de
Deus. A palavra grega equivalente a “anunciando” significa “evangelizar”, contar
as boas novas!
Esses
cristãos perseguidos não saíram dizendo: “Vejam só para onde está indo este mundo!
”, mas, sim: “Vejam Aquele que veio ao mundo! ”. Eles aprenderam com o exemplo de Estêvão: seus
inimigos podiam ferir sua carne, mas não seu espírito; podiam abreviar suas
vidas, mas não sua influência; podiam tomar suas casas, mas não seu lar
celestial (João 14:1–3); podiam roubar seus bens, mas não seus tesouros (Mateus
6:20).
“E, descendo Filipe”
Como todos que são guiados pelo Espírito
são como o vento: “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não
sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito”
(João 3:8). Não havia planejado Filipe uma excursão em Samaria. Mas o Senhor o
enviou ali para cumprir suas próprias palavras.
Filipe desceu a cidade de
Samaria. Se ele desceu ele se esvaziou. Outrora ele estava em Jerusalém: “Onde
sobem as tribos, as tribos do Senhor, até ao testemunho de Israel, para darem
graças ao nome do Senhor” (Salmos 122:4).
Em Jerusalém ele havia sido
ordenado diácono junto com seis dos seus companheiros, incluindo Estevão: “e
elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e
Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; E os
apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos” (Atos
6:5,6).
Poderia ter pensado Filipe que
ali servia ao Senhor. Todavia o martírio de Estevão, seu companheiro provocou
contra a igreja primitiva grande perseguição: “E fez-se naquele dia uma grande
perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos
pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto os apóstolos” (Atos 8:1). Mas os
que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra (Atos 8:4).
Filipe foi um deles.
“... à cidade de Samaria “
O Senhor havia dito a seus
seguidores: “que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a
promessa do Pai” (Atos 1:4), sobre essa promessa ele acrescentou: “Mas
recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis
testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos
confins da terra” (Atos 1:8).
A promessa do pai havia descido
em Jerusalém na festa de Pentecoste: “E todos foram cheios do Espírito
Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes
concedia que falassem” (Atos 2:4). E iniciou de forma veloz a evangelização
de Jerusalém. Já no primeiro sermão pentecostal “agregaram-se quase três mil almas“ (Atos
2:41).
A evangelização chegou a Samaria
através do Diácono Filipe que havia sido disperso de Jerusalém por conta do martírio
do outro diácono chamado Estevão.
“... lhes pregava a
Cristo.”
Quando Filipe “anunciou a Cristo”
aos samaritanos, sem dúvida, ele pregou as grandes verdades a respeito de
Cristo que outros pregadores inspirados pregaram: o fato de Jesus ter cumprido
as profecias (2:16; 8:35), os detalhes de Sua vida e de Seus milagres (2:22;
10:38), Sua morte na cruz por todos (2:23; 8:32; 10:39), Sua ressurreição dos
mortos (2:32; 10:40), Sua ascensão à direita de Deus e Seu reinado nos céus
(2:30–36) e Sua volta prometida (10:42). Essas verdades foram o alicerce e o
cerne da pregação de Filipe.
Pregar Cristo envolve não somente
pregar as grandes verdades relativas à Sua pessoa, mas também pregar sobre o
reino/a igreja, pregar sobre Seu nome e pregar o batismo. Outros tópicos
poderiam ser mencionados, mas estes são suficientes para observarmos como o
tema “pregar Cristo” é tão magnífico e compreensivo.
A maneira como se “anuncia a
Cristo” pode ser comparada com certa igreja. Essa igreja pregou uma enorme
placa do lado de fora de seu prédio que dizia: “Nós Pregamos Cristo
Crucificado”. Com o passar do tempo, alguns membros da igreja ficaram
confusos com a ideia de um sacrifício de sangue, de modo que a palavra
“crucificado” foi apagada da placa, restando: “Nós Pregamos Cristo”.
Logo, um pregador novo chegou e, estando mais preocupado com os acontecimentos
da época do que com a história de Jesus, apagou o nome “Cristo”. A placa, então
dizia apenas: “Pregamos”. Finalmente, a igreja decidiu que pregar não
era mais a maneira de atingir as pessoas, e apagaram a palavra “pregamos”,
passando a fazer apresentações teatrais e musicais. E a placa dizia apenas: “Nós”.
Que Deus nos ajude a nunca
abandonar nenhuma parte da plena “pregação de Cristo e Cristo crucificado”. “Mas
nós pregamos a Cristo crucificado“ (1 Coríntios 1:23)
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
13/08/2025
FONTES:
GONÇALVES, José. A igreja em Jerusalém – Doutrina comunhão e
fé: A base para o crescimento da igreja em meio as perseguições. Rio de
Janeiro: CPAD, 2025.
MARSHALL, Howard. Atos - Introdução e Comentário. Vida
Nova/Mundo Cristão. 1991.
Lopes, Hernandes Dias Atos: a ação do Espírito Santo na vida
da igreja. São Paulo: Hagnos, 2012.
GONZALES, Justo. História ilustrada do cristianismo vol I- A
era dos mártires até A era dos sonhos frustrados. São Paulo: Vida Nova, 2019.
WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo. Geográfica, Vol. 5.
http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_200111_05.pdf
http://biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_200111_06.pdf