(Texto áureo) “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João 10.11).
A palavra pastor vem do latim “pastor” com o significado de
“aquele que guarda as ovelhas”, “o que cuida das ovelhas”. Na língua original
do Novo Testamento, pastor (gr. poimen), de acordo com Vine, é “...aquele que
cuida de rebanhos (não meramente aquele que os alimenta), é usado
metaforicamente acerca dos ‘pastores’ cristãos (Efésios 4.11) ”. Em termos
ministeriais, o pastor é aquele que tem esse dom ministerial, e é encarregado
de cuidar da vida espiritual dos que aceitam a Cristo e ficam sob seus
cuidados, numa igreja ou congregação local. Pastor é um termo de cuidado, de
zelo, de ternura, para com as ovelhas de Jesus.
“Eu sou o bom Pastor”
A cura do cego, descrita no capítulo anterior, serve como pano de fundo ao
discurso de Jesus do contexto do versículo. Os líderes religiosos já haviam
determinado que qualquer pessoa que confessasse ser Jesus o Messias fosse
excomungada, expulsa da sinagoga (João 9.22). Quando o cego curado persistiu na
sua lealdade a Jesus, “expulsaram-no’' (João 9.34). Existiam vários graus de
excomunhão; a forma mais severa, chamada “querem” fazia com que o excomungado
fosse contado como virtualmente morto: não tinha licença de estudar com outras
pessoas, e ninguém devia lhe oferecer convívio - nem sequer indicar-lhe a
direção a seguir quando viajava. Embora lhe fosse permitido comprar os
mantimentos para a sobrevivência, proibia-se que outras pessoas comessem ou
bebessem com ele. O cego curado fizera a escolha certa, embora possa ter
sentido pesar por ser rejeitado pelos líderes religiosos, repudiado por todos
que o viam passando pela rua e sem o direito ao convívio com homens bons, o que
o ajudaria em sua nova vida. O Mestre, no entanto, não o deixou desamparado.
Quando os falsos pastores o colocaram fora do aprisco deles, Jesus, o Bom
Pastor, procurou-o para abrigá-lo no seu aprisco. Fechou-se a porta da
sinagoga; abriu-se a porta do reino dos céus. E em face a tal situação que
Jesus declara: “Eu sou a porta das ovelhas... Eu sou o bom Pastor”. O próprio
Messias, o Pastor de Israel, ofereceu acesso à segurança e ao gozo espiritual,
cancelando a sentença injusta dos falsos dominadores do rebanho, que nenhuma autoridade
tinham para admitir ou demitir pessoas na vida espiritual e na verdadeira
comunhão. Jesus é a suprema autoridade em assuntos espirituais, e quem nEle crê
está livre da tirania de falsos líderes religiosos. Jesus, revelando talo
verdade, aplica a si mesmo a expressão figurada: Eu sou o bom Pastor. Sobre ele
ter se chamado “bom” o escritor aos Hebreus denomina Jesus Cristo de “o grande
Pastor das ovelhas” (Hebreus 13.20). Só ele merece a qualificação de “bom” ou “grande”.
No seu nascimento, marcado pela humildade e despojamento de sua glória, Jesus
foi chamado de “grande”, na mensagem do anjo a Maria (Lucas 1.32). Nenhum
pastor, nas igrejas locais, deve aceitar o título de “bom” ou “grande”, pois só
Jesus o merece. Ele é bom e grande em todos os aspectos que se possam
considerar em relação à sua pessoa.
“O bom Pastor dá a vida pelas ovelhas. ” Jesus assim se
destaca do mercenário (v. 12), que pensa ser o pastorado um a profissão, com o
a de pedreiro, advogado, médico ou negociante. O mercenário não se preocupa com
as ovelhas; procura apenas salário. Sua disposição não é ver o quanto pode dar
de si às ovelhas, e sim o quanto pode arrancar delas. É natural que fuja quando
se aproxima o perigo, porque o motivo dominante no seu trabalho é a
autopreservação. Em contraste com tal atitude, o objetivo do verdadeiro pastor
é procurar para suas ovelhas uma vida mais abundante. Na Palestina, a devoção
dos pastores às suas ovelhas muitas vezes tem levado alguns deles a morrer na
luta contra feras ou salteadores. O Senhor Jesus considera a raça humana
necessitada como rebanho seu (Mateus 9.36), fazendo pelas suas ovelhas o
supremo sacrifício. Não somente morreu em prol delas, como também ressuscitou
para lhes dar a vida (Hebreus 13.20), voltou para o Céu com a intenção de
levá-las consigo. Removeu a peçonha da taça da morte, para transformá-la em
simples soporífico visando o despertar saudável, de modo que seus seguidores
possam dizer, como Davi: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não
temerei mal nenhum, porque tu estás comigo”.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
16/05/2021
Fontes:
RENOVATO, Elinaldo. Dons espirituais e ministeriais -
Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. Rio de Janeiro: CPAD,
2014.
PEARLMAN, Myer. João, o Evangelho do Filho de Deus. 1 ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
Dicionário VINE, W. E. Vine, Merril F. Unger, William White
Jr., CPAD, 2002, 1a. Edição