(Texto Áureo) "Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as
ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração. E acharás graça e bom
entendimento aos olhos de Deus e do homem. " (Provérbios 3:3,4)
“Não te desamparem a benignidade
e a fidelidade; ” Esse trecho bíblico incentiva a honestidade usando dois
termos: (1) Benignidade: o termo hebraico kesed, traduzido como “benignidade” é
também traduzido frequentemente como “misericórdia” A versão RSV em inglês
frequentemente traduz a palavra como '‘amor constante”. A palavra hebraica era
anteriormente usada “para denotar a atitude de lealdade e fidelidade que cada
uma das partes em uma aliança deveria observar”. Da parte de Deus ele determina
em seu amor incontestável manter o seu compromisso benigno com a nação da sua
aliança, apesar da apostasia do povo; desse modo, a sua hesed se toma um amor
imerecido, a sua “benignidade”. Da parte dos homens é a lealdade à sua aliança
expressa através da obediência e dos atos de misericórdia e compaixão em
relação aos seus companheiros. (2) Fidelidade (Gg Pistis) é a característica da
pessoa que é fiel, que não trai alguém, que não desvia recursos ou, ainda, que
não se esquiva de um princípio importante. Ela materializa-se em lealdade
constante e inabalável a alguém com quem se está unido por promessa,
compromisso ou convicções. É uma das partes do Fruto do Espírito (Galatas
5.22), que significa uma convicção inabalável de que certos valores são
inegociáveis na vida, ainda que se corram sérios riscos e que se possa ter
perdas financeiras, de reputação ou mesmo da vida para mantê-los: “A cujos olhos o réprobo é desprezado; mas
honra os que temem ao Senhor; aquele que jura com dano seu, e, contudo, não
muda” (Salmos 15:4). A fidelidade não se dá apenas na presença da parte
interessada ou quando ninguém está vendo. Ela é uma característica que
acompanha o sujeito em qualquer lugar ou situação. “Se formos infiéis, ele
permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo” (2 Timóteo 2:13). A fidelidade
enobrece a alma da pessoa e ainda faz com que a pessoa seja benquista e
respeitada em todos os lugares, pois o Senhor faz com que o caminho do justo
seja todo plano (ver Isaías 26.7). A maior honra de que somos capazes neste
mundo é gozar da benignidade e da fidelidade de Deus.
“...ata-as ao teu pescoço;
escreve-as na tábua do teu coração. ” Essas duas expressões nos exortam a
jamais esquecermos da benignidade e da fidelidade. “Atar ao pescoço” segundo
Adam Clarke quer dizer mantenha os sempre a vista, enquanto “escrever nas
tábuas do coração” pode também significar “escreva-os na tábua da tua mente”. A
alusão é às tábuas do decálogo, e a ordem (Deuteronomio. 6:8, 9) para escrever
os preceitos divinos nas mãos e na testa, portas e portões (os posteriores
filactérios, etc.). Deus trabalhou sozinho para esculpir e gravar as duas
primeiras tábuas dos mandamentos, mas, depois do pecado de Israel, houve
necessidade de que o homem passasse a ter de colaborar com o processo,
cinzelando as duas outras que substituíram as primeiras. Deus pediu a Moisés que este esculpisse e
trouxesse as duas novas tábuas de pedra.
Deus pediu ao homem novas tábuas onde queria escrever Suas palavras,
assim como Ele pede que Lhe entreguemos os nossos corações: “Então aspergirei
água pura sobe vós, e ficareis purificados de todas as vossas imundícias e de
todos os vossos ídolos vos purificarei.
Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de
vós o coração de pedra, e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei
que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis…” (Ezequiel 36: 25-27) “Vós sois a nossa carta,
escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos os homens, estando já
manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não
com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em
tábuas de carne, isto é, nos corações.
E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus…” (II Coríntios 3: 2-4)
“E acharás graça e bom entendimento aos olhos
de Deus e do homem. “ Para nos encorajar nisto, nós somos assegurados (v. 4) de
que esta é a maneira de nos recomendar, tanto para o nosso Criador como para as
criaturas, nossas companheiras: 1. Um homem bom busca a graça de Deus, em
primeiro lugar, ambiciona a honra de ser aceito pelo Senhor, e fazendo isto
achará esta graça, e com bom entendimento; Deus o usará nas suas mãos, ao
máximo, e aplicará uma interpretação favorável ao que ele diz e faz. Ele será
reconhecido como um dos filhos da Sabedoria, e será elogiado na presença de
Deus, como alguém que tem um bom entendimento - algo que é atribuído a todos os
que obedecem aos seus mandamentos. 2. Ele deseja alcançar a graça também entre
os homens (como Cristo, Lucas 2.52), ser aceito pela multidão dos seus irmãos
(Ester 10.3) - e conseguirá isto; eles o entenderão corretamente, e nas suas
atitudes para com eles, ele parecerá ser prudente, agirá com inteligência e
critério. Ele terá sucesso (assim alguns traduzem), que é o resultado comum do
bom entendimento.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
26/08/2021
Fontes:
POMMERENING, Claiton, Ivan. O Plano de Deus para Israel em
meio a infidelidade da nação – As correções e os ensinamentos divinos no
período dos reis de Israel. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico – Livros Históricos. Rio
de Janeiro: CPAD, 2010.
PFEIFFER, Charles F.; REA, VOS, Howard F.; REA, John. Dicionário
Bíblico Wycliffe. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
BORTOLATO, Jose Francisco. Deuteronômio – VIII – Deus pede
nossa tábua do coração. 19/9/2014. Disponivel em: <fbortolato.com/deuteronomio-viii-deus-pede-nossa-tabua-do-coracao/>
Acesso e, 26/8/2021.