Na primeira Convenção Geral da Assembleia de Deus no no Brasil (1ª AGO) a assembleia aprovou-se a fusão dos jornais Boa Semente e O Som Alegre no jornal Mensageiro da Paz, que desde então é o órgão oficial de comunicação da Instituição. Vingren (2000, p. 179) comenta sobre a decisão da 1a AGO em relação aos jornais:
A conferência também decidiu que os dois jornais que se editavam, O Boa Semente e o Som Alegre, um no Pará e outro no Rio de Janeiro, respectivamente, não deviam mais ser publicados. No lugar deles surgiria uma nova publicação de circulação nacional. Assim, desde 1930 edita-se o jornal pentecostal brasileiro Mensageiro da Paz, que circula em todo o Brasil e é impresso no Rio de Janeiro.
Segundo a CGADB, atualmente, o Mensageiro da Paz mantém, desde sua primeira publicação, “um papel de grande importância na difusão do evangelho de Nosso Senhor Jesus
Cristo por todo o país com uma tiragem de cerca de 300 mil exemplares mensais” que favorece a formação de opinião de seus membros:
Suas 1614 páginas trazem um valioso conteúdo de informações acerca da obra de Deus em todo o mundo, de matérias de interesse da coletividade e de artigos dos mais renomados teólogos das Assembleias de Deus no Brasil. Leia o jornal Mensageiro da Paz e seja um cristão bem instruído na Palavra de Deus (http://www.cgadb.com.br/p_publicacoes.htm).
Sobre o Nome: Mensageiro da Paz
O Jornal n. 1, ano 1, de 01 de dezembro de 1930, publicado no Rio de Janeiro, apresenta a parte final do salmo 29:11 logo abaixo do Cabeçalho: Mensageiro de Paz. "JEHOVAH ABENÇOARA COM PAZ O SEU POVO" PSALMO 29:11. Na tradução João Ferreira de Almeida, revista e corrigida o Salmo 29:11 diz: "O Senhor dará força ao seu povo; o Senhor abençoará o seu povo com paz. É provável que a idéia de Vingren e sua esposa Frida é que o Jornal seria aquele que levaria a mensagem (o mensageiro) que abençoaria o seu povo com a paz: Mensageiro de Paz. Em 1935 o nome do Jornal já aparece grafado como Mensageiro da Paz. O Diretor executivo da Casa Publicadora das Assembléias de Deus - CPAD, Ronaldo Rodrigues de Souza faz um comentário sobre a mudança na grafia de "de" para "da": "Os dois periódicos assembleianos cobrem o período de 1911 a 1930, quando dão lugar ao Mensageiro da Paz, inicialmente com os seus primeiros números, que não especificava a Paz de Cristo, sob a grafia Mensageiro de Paz".
O primeiro jornal em circulação pela AD, em 1917, foi A Voz da Verdade que foi substituído pelo Boa Semente em janeiro de 1919. A partir de dezembro de 1929 passou a circular simultaneamente O Som Alegre. Eram publicados e circulavam, respectivamente, nas Regiões Norte e Sudeste. O periódico da Região Norte era dirigido pelos Missionários Samuel Nyström e Nels Julius Nelson. O jornal da Região Sudeste, mais recente, era dirigido por Gunnar Vingren em colaboração com Frida Vingren. A proposta de fusão dos jornais foi apresentada na 1a AGO por Gunnar Vingren. O jornal Mensageiro da Paz — MP — começou a circular no Brasil em 1930, com a Redação no Rio de Janeiro sob direção de Gunnar Vingren e Samuel Nyström (Conde, 2003, p. 209).
O número de páginas do MP variou ao longo dos anos. A partir de julho de 2004 passou de 16 para 24.
Em 1919, Gunnar Vingren e Otto Nelson fundaram em Belém do Pará o jornal Boa Semente, na ocasião, órgão oficial de comunicação da AD. Em 1923 Samuel Nyström e Nels Julius Nelson, então diretores do jornal, dedicaram tempo e investiram em máquinas tipográficas para expansão do Boa Semente (id. Ibidem p. 309). O número de exemplares por tiragem aumentava e não estava nos planos da direção do Boa Semente tirá-lo de circulação em 1930. A proposta de Gunnar sobre a fusão dos jornais foi aceita, pelos congressistas, mais pelo respeito hierárquico devido a Gunnar do que por uma ação estratégica.
Segundo Daniel (2004, p. 33), o jornal Mensageiro da Paz é o próprio O Som Alegre na diagramação, articulistas e conteúdo, “apenas o nome do jornal mudou”. Frida Vingren, esposa de Gunnar Vingren, era uma articulista assídua do O Som Alegre que passou a escrever para o Mensageiro da Paz. A primeira edição foi publicada em 1o de dezembro de 1930. Embora o jornal Mensageiro da Paz circulasse em nível nacional e devesse veicular notícias de todas as regiões do país, pode-se perceber pelas palavras de Nels Julius Nelson, em seu diário, que o Mensageiro da Paz não substituía o Boa Semente:
Já faz muito tempo que os leitores do Mensageiro da Paz não têm oportunidade de receber notícias do Pará: procuraremos, porém, doravante, manter um relatório mensal de todas as boas notícias que houver, para a Glória de Deus e conforto dos nossos prezados irmãos dos demais Estados do Brasil (Nelson, 2001, p. 84).
Nelson, embora tenha comentado sobre a omissão do recém fundado jornal, era um incentivador da mídia impressa como um “elemento indispensável na evangelização dos pecadores e na edificação dos crentes”. A proposta de fusão dos jornais na realidade foi uma manobra política para retirar o Boa Semente de circulação. Mas apesar dessa manobra Nelson continua apoiando Gunnar e é um dos líderes atuantes na divulgação do Mensageiro da Paz, criando inclusive o Dia do Mensageiro da Paz. Escreveu Nelson:
A primeira quinzena de agosto de 1935 está se aproximando, tempo que, pela Convenção foi escolhido para ofertas especiais ao nosso órgão informativo.
Cada igreja deve escolher o dia mais conveniente, dentro dessa quinzena. Estou certo de que todos farão o melhor possível na contribuição para o nosso jornal, que tem sido o portador silencioso da mensagem de Jesus Cristo, levando conforto, luz e bênção para milhares de pessoas.
Onde muitos evangelistas não têm podido entrar, ali o Mensageiro entra com sua mensagem de paz (Nelson, 2001, p. 90).
Fonte:
No documento Assembléia de Deus no Brasil e a Política: Uma leitura a partir do Mensageiro da Paz (páginas 46-49)