(Texto Áureo) “Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho. ” (Salmo 119.105)
O Salmo 119. Esse é um salmo por si mesmo, distinto de todos os
outros; ele supera todos os outros e destaca-se por seu brilho nessa
constelação. A composição dele é singular e muito precisa. Ele é dividido em
vinte e duas partes, de acordo com o número de letras do alfabeto hebraico, e
cada parte consiste de oito versículos, todos os versículos da primeira parte
começam com álefe; todos os versículos do segundo, com bete e assim por diante,
sem nenhuma falha em todo o salmo. Nessa passagem a letra hebraica em questão é
“Nun”.
“Lâmpada para os meus pés é tua palavra...” Nós somos andarilhos
pela cidade deste mundo, e frequentemente temos que sair e entrar nas trevas; jamais
devemos nos aventurar ali sem a palavra que ilumina, para não escorregarmos.
Cada homem deve usar a palavra de Deus pessoalmente, praticamente e
habitualmente, para que possa ver o seu caminho e o que há nele. Quando as
trevas se instalam ao meu redor, a palavra do Senhor, como uma tocha ardente,
revela o meu caminho. Uma vez que, antigamente, nas cidades orientais não havia
lâmpadas fixas, cada passageiro carregava consigo uma lâmpada para que não
caísse no esgoto aberto, nem tropeçasse nas pilhas de lixo que poluíam a
estrada. Este é um verdadeiro retrato do nosso caminho por este mundo sombrio:
nós não conheceríamos o caminho, nem andaríamos por ele, se as Escrituras, como
uma tocha ardente, não o revelasse. Um dos benefícios mais práticos dos Textos
Sagrados é a orientação nos atos da vida diária; esta tocha não é enviada para
nos assombrar com seu brilho, mas para nos orientar com a sua instrução. É
verdade que a cabeça precisa de esclarecimento, mas ainda mais os pés precisam
de orientação, caso contrário tanto a cabeça como os pés poderão cair em uma
cova. Feliz é o homem que se apropria pessoalmente da palavra de Deus, e a usa,
praticamente, como seu consolo e conselheiro - uma lâmpada para os seus
próprios pés.
“...e luz, para o meu caminho. ” É uma lâmpada durante a noite, uma luz durante
o dia, e um prazer, em todos os momentos. Davi guiou seus próprios passos por
ela, e, graças aos seus raios, também viu as dificuldades do seu caminho.
Aquele que anda nas trevas, mais cedo ou mais tarde, certamente irá tropeçar;
ao passo que aquele que anda sob a luz do dia, ou com a lâmpada à noite, não
tropeça, mas conserva a sua firmeza. A ignorância é dolorosa, nos aspectos
práticos: ela gera indecisão e suspense, e estas coisas são desconfortáveis: a
palavra de Deus, transmitindo conhecimento celestial, conduz à decisão, e
quando é seguida com resolução determinada, como neste caso, traz consigo
grande tranquilidade para o coração. Este versículo dialoga com Deus, em um tom
de adoração e, apesar disto, familiar. Nós não temos alguma coisa com este
mesmo teor para dirigir ao nosso Pai Celestial? Observe como este versículo é
semelhante ao primeiro versículo do primeiro conjunto de oito, e também ao
primeiro versículo do segundo e do terceiro conjuntos. Os segundos versículos
de cada conjunto também são semelhantes entre si.
A lâmpada é usada durante a
noite, ao passo que a luz do sol brilha durante o dia. Seja dia ou noite
conosco, claramente nós compreendemos o nosso dever, pela Palavra de Deus. A
noite significa adversidade, e o dia, a prosperidade. Consequentemente, podemos
aprender como nos comportar em todas as condições. A palavra “caminho” indica a
nossa escolha e o curso da vida; a palavra “p és”, os nossos atos em
particular. Quer a questão com que devemos ser informados diga respeito à nossa
escolha do caminho que conduz à verdadeira felicidade, ou à nossa hábil busca
do caminho, a palavra de Deus ainda irá orientar uma mente humilde e bem
disposta. - Thomas Manton.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
02/02/2022
Fontes:
BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras – a
Inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.
SPURGEON, Charles. Os Tesouros de Davi – Volume II. Rio de
Janeiro: CPAD, 2017.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico – Livros Poéticos. Rio de
Janeiro: CPAD, 2010.