quinta-feira, 10 de julho de 2025

Atos 4.32

   

Atos 4.32 “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns ”.

 

“E era um o coração e a alma da multidão dos que criam,”

Lucas acabara de relatar que, em resposta às suas orações, os cristãos ficaram novamente "cheios do Espírito Santo" (v. 31). O resultado imediato foi que com intrepidez "anunciavam a palavra de Deus". Desse modo, ignoraram a proibição do Sinédrio, sendo o seu testemunho caracterizado por intrepidez e poder. Lucas, agora mostra que a plenitude do Espírito se manifesta tanto nos atos como nas palavras, tanto no serviço como no testemunho, tanto no amor pela família como na proclamação ao mundo.

A multidão dos que creram, começa ele em 4:32 como em 2:44, formava um grupo muito unido. Eles estavam juntos (2:44) quando se dedicavam à comunhão (2:42) e tinham um só coração e alma (4:32). Essa era a solidariedade de amor fundamental que os crentes gozavam, e a comunhão econômica era apenas uma expressão da união de seus corações e almas.

Esse ideal moveu Paulo a escrever aos gentios de Corinto e Filipos para que agissem como a igreja de Jerusalém: “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer” (1 Coríntios 1:10);  Completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa” (Filipenses 2.2).

 

“... e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.”

Os crentes, movidos por amor cristão, vendiam seus imóveis espontaneamente. Faziam isto para distribuírem a importância apurada conforme a necessidade de cada um. Eles "tinham tudo em com um"; ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía.

Deus prometera a Israel: “para que entre ti não haja pobre”, mas havia uma condição: “se apenas... cuidares em cumprir todos estes mandamentos que hoje te ordeno” (Deuteronômio 15:4, 5). Israel fracassou em cumprir a exigência, então o povo deixou de receber a promessa. Finalmente, na Israel espiritual, o povo de Deus dedicou-se em fazer a Sua vontade. Por isso lemos as maravilhosas palavras: “nenhum necessitado havia entre eles” ! Essa condição ideal tem sido o objetivo de inúmeras sociedades há anos. Onde existe pobreza, o mundo invariavelmente diz: “Precisamos é de mais programas de governo”. Lucas sugeriria: “Precisamos é ter mais o espírito de Cristo!”

A luz da afirmação posterior de Pedro a Ananias de que a sua propriedade lhe pertencia (Lucas 5:4), não podemos atribuir a essas palavras o sentido de que os crentes tivessem literalmente renunciado à propriedade privada, para o bem comum. Ou seja, não podemos dizer que a igreja de Jerusalém , por ser cheia do Espírito, apresenta um modelo obrigatório — um tipo de "comunismo" cristão primitivo — o qual Deus deseja que todas as comunidades cheias do Espírito copiem.

Adolf Pohl diz que aqui não se ensaiava um novo modelo social nem se definia um novo “conceito de propriedade”. William Barclay é claro nesse ponto: “A sociedade chega a ser verdadeiramente cristã não quando a lei nos obriga a repartir, mas quando o coração nos move a fazê-lo”.

Talvez a frase mais importante seja que ninguém considerava suas as propriedades. Embora de fato e de direito continuassem possuindo seus próprios bens, no coração e na alma cultivavam uma atitude tão radical que consideravam que suas posses estavam à disposição para ajudar os irmãos necessitados.

Tendo retratado a solidariedade de amor gozada pela igreja de Jerusalém, Lucas fornece ao leitor posteriormente dois exemplos contrastantes: Barnabé, cuja generosidade e sinceridade cumpriu o ideal narrado (4:36­ 37); e Ananias e Safira, cuja ganância e hipocrisia o contradisseram (5:1.).

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
10/07/2025 

FONTES:

GONÇALVES, José. A igreja em Jerusalém – Doutrina comunhão e fé: A base para o crescimento da igreja em meio as perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

STOTT, John R. W. A Mensagem de Atos: Até aos Confins da Terra, São Paulo: ABU, 1994.

POHL, Adolf. Atos dos Apóstolos. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2002.

BARCLAY, William. Hechos de los Apóstoles. Editorial. Editorial CLIE, 1974.

PEARLMAN, Myer. Atos – E a igreja se fez missão. Rio de Janeiro: Cpad, 1995. 

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD 10 DE JULHO DE 2025 (Atos 2.38-39)

LEITURA BÍBLICA DIÁRIA CPAD
10 DE JULHO DE 2025
ARREPENDIMENTO, BATISMOS E O DOM DO ESPÍRITO SANTO

Atos 2.38-39 “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar. ”


Após Pedro pregar seu primeiro sermão pentecostal na festa de Pentecoste, a multidão que o ouviu perguntaram a respeito do caminho a seguir: “E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, varões irmãos? ” (Atos 2.37).

As palavras de Pedro foram como flechas. Atravessaram a casca dura do preconceito judaico, a ponto de os ouvintes serem feridos de remorsos pela ideia de terem assassinado seu Messias. O incidente aponta para o dia em que a nação inteira lamentará por causa daquele a quem traspassaram (Zacarias 12.10).

Queriam saber como seriam perdoados por tão grande pecado. Como seriam aceitos no Reino do Messias. Tal pergunta é o primeiro passo para a conversão.


“E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, “

O verbo “arrepender-se” é a tradução de uma palavra grega composta que significa literalmente “mudar de ideia ou atitude em relação a”; aplicado ao ser humano, geralmente quer dizer “mudar de ideia em relação ao pecado” — decidir parar de pecar e viver um tipo de vida diferente!

No texto o arrependimento pode ser explicado nos seguintes termos: “Vocês mataram o Messias, no entanto, Deus derrotou os seus propósitos ao ressuscitá-lo. O que vocês fizeram realmente ajudou a cumprir o plano dele. Vocês, porém, fizeram isso por ódio: seu pecado é patente e permanece. Arrependam-se enquanto a misericórdia divina lhes é oferecida. Logo, Cristo virá como Juiz. Tornem-se seus amigos a fim de que sua vinda lhes seja motivo de alegria, não de condenação”.

Arrependimento é uma santa tristeza pelo pecado, seguida pelo abandono deste. E uma total reviravolta feita pela pessoa que descobriu estar andando pelo caminho errado. É um ato da vontade mediante o qual a pessoa, sob convicção, altera totalmente sua atitude para com Deus e com o pecado. Cumpre assim a ordem do profeta: “Criai em vós um coração novo e um espírito novo...” (Ezequiel 18.31).


“... e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, ”

“Batizado em nome de Jesus Cristo”. Não há conflito com a fórmula trinitariana: “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”(Mateus 28.19). Não se declara aqui que Atos 2.38 é uma fórmula de batismo. É apenas uma declaração da fonte de autoridade para o batismo do crente. Quem é batizado em nome de Jesus segue sua liderança. Por seu intermédio passa da antiga para uma nova vida de retidão, em obediência ao mandamento do Pai e por meio do Espírito Santo.

À primeira vista, estas palavras ensinam que o batismo na água é, de certa forma, essencial ao perdão dos pecados. No entanto, a remissão dos pecados está sendo mencionada em conexão com o arrependimento e não apenas com o batismo na água.

A maneira oriental de falar muitas vezes coloca o símbolo antes da experiência ou outra coisa simbolizada. Desta forma o ouvinte ocidental tem a impressão de que é o símbolo ou a coisa simbolizada que produz a experiência (Atos 22.16).

O que Pedro queria dizer era: “Arrependei-vos, e recebereis a remissão dos vossos pecados, e, como testemunho público disto, deveis ser batizados na água”.

Que o perdão dos pecados, dado por Deus, ocorre separadamente do batismo na água se comprova em Atos 10.44-48, pois os convidados de Cornélio após se arrependerem foram selados com o Dom do Espírito. E que nenhum poder existe inerente na água é demonstrado em Atos 8.13.21,22, Simão após ser batizado tinha que se arrepender:“Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade”. Naturalmente, isto não diminui a importância do batismo na água. Como um rito estabelecido por ordem divina exige assim a nossa obediência.

Por que a fé não é mencionada como condição prévia do batismo? A fé é entendida nas palavras: “em nome de Jesus Cristo". O batismo na água é uma expressão exterior da fé nele.


“... e recebereis o dom do Espírito Santo. ”

A purificação do pecado é seguida pelo revestimento do poder. "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo...” O livro de Atos indica que estas são experiências distintas, embora possam ser recebidas simultaneamente (cf. At 19.4-7; 10.44).

Na época do Antigo Testamento, o Espírito era concedido a indivíduos especialmente escolhidos: profetas, reis e sacerdotes. Agora o dom é para “toda a carne”.

Pedro ensina que a promessa é universal.Sendo assim, eles não deviam pensar que a dádiva do Pentecoste era apenas para apóstolos, ou para os cento e vinte discípulos que tinham aguardado a vinda do Espírito por dez dias, ou para um grupo de elite, ou apenas para aquela nação ou geração. Deus não colocou esse tipo de limitação em sua oferta e dádiva. Pelo contrário: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (Atos 2:39. Se Pedro tivesse explicado a salvação do ponto de vista humano, teria dito: “Para quantos aceitarem a chamada divina à salvação”.

Num só dia foram acrescentados 3000 aos 120 membros originais da primeira igreja - um acréscimo de 2500 por cento ־ a divina adição e multiplicação: “De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas”.

 

“Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, ”

O fenômeno do Pentecoste é o cumprimento da promessa de Deus Pai para a sua igreja, feito ainda na antiga aliança pelo profeta Joel, onde ele diz: “ E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões e também sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias derramarei o meu Espírito “.

Na época do Antigo Testamento, o Espírito era concedido a indivíduos especialmente escolhidos: profetas, reis e sacerdotes. Agora o dom do Espírito é para “toda a carne”. Pedro ensina que a promessa é universal.

É para qualquer pessoa presente, pois “a promessa diz respeito a vós”. Para todos os judeus. Todos aqueles que buscam essa promessa recebem de graça: “E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado” (João 7.37-39).

A promessa é para todas as próximas gerações “vossos filhos”, ou seja, aos descendentes dos judeus convertidos. Promessas semelhantes ocorrem em Isaías 44: 3: “Derramarei meu Espírito sobre a tua descendência e minhas bênçãos sobre a tua descendência”; e em Isaías 59:21 : “O meu Espírito que está sobre ti e as minhas palavras que eu coloquei na tua boca não se apartarão da tua boca, nem da boca da tua semente, nem da boca da tua boca, Semente da semente, diz o Senhor, de agora em diante e para sempre. ” É uma promessa para os pais que as bênçãos de Deus não se limitam a eles, mas também se estendam à sua posteridade.

 

“...e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar. ”

A promessa inclui também a “todos os que estão longe”, ou seja, diretamente os judeus que habitavam em outras terras. Os que foram espalhados em outras nações. Pedro até o momento desse sermão não tinha entendido que o evangelho também deveria ser pregado aos gentios (Romanos 10:12, Romanos 10: 14-20) . Os gentios são algumas vezes claramente indicados pela expressão “longe” de Efésios 2:13 , Efésios 2:17 ; e eles são representados como tendo sido trazidos para “perto” pelo sangue de Cristo. A frase é igualmente aplicável àqueles que estiveram longe de Deus por seus pecados e suas más afeições. Para eles também a promessa é estendida se eles voltarem.

 

E ainda a promessa é “a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar”, ou seja, aqueles que não ouviram o evangelho e por isso não acetaram a fé. Esses cristãos do futuro, nós, e as próximas gerações somos alcançados por essa promessa. Jesus já orava por nós:  Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão de crêr em mim".

E nós temos muitos exemplos bíblicos de Batismo no Espírito Santo após o Pentecostes. Na casa de Cornélio (Atos 11.13-15); os crentes em Samaria (Atos 8.14- 17); Saulo (Atos 9.17); os discípulos de Éfeso (Atos 19.1-7), esse fato aconteceu após vinte e cinco anos depois do derramamento do Espírito Santo em Pentecostes. Desde o evento em Atos dos apóstolos nunca mais o Espírito Santo abandonou a igreja do SENHOR,

Não há restrição de tempo — de geração em geração; não há restrição social— de jovem a velho, de mulher a homem e de escravos a pessoas livres (vs. 17,18); não há restrição geográfica — de Jerusalém até aos confins da terra (Atos 1.8). Deus deseja que todo o seu povo tenha a mesma experiência que os discípulos receberam no Dia de Pentecostes. O cumprimento da promessa do Espírito, dada no Antigo Testamento, não se exaure no Livro de Atos, mas permanece uma bênção presente e universal na história e na presente era. Temos muitos fatos históricos:

Tertuliano (160- 220 d.C) “ foi o primeiro a identificar um rito separado do Batismo que marcava o recebimento do Espírito Santo. Evidências do Espírito Santo na Alemanha e Grã-Bretanha “Pietismo", Metodismo Wesleyanos, Movimento de Santidade nos Séculos XIX e XX na América do Norte. No Brasil no dia 9 de junho de 1911, a irmã Celina Albuquerque recebeu o Batismo no Espírito Santo com evidência de falar em línguas estranhas. Poderíamos citar inúmeros eventos, mas podemos afirmar historicamente que os dons não cessaram.

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
FONTES:

RENOVATO, Elinaldo. As Promessas de Deus - Confie e Viva as Bênçãos do Senhor porque Fiel é o que Prometeu. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.

PEARLAM, Myer. Atos – E a igreja se fez missão. Rio de Janeiro: Cpad, 1995. 

SOARES, Esequias. O Verdadeiro Pentecostalismo: A atualidade da doutrina bíblica sobre a atuação do Espírito Santo. Rio de Janeiro. CPAD, 2020.

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra – O chamado das escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

ARRINGTON French L; STRONSTAD Roger. Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

https://versiculoscomentados.com.br/estudos-biblicos/estudo-de-atos-2-39-comentado-e-explicado/

GONÇALVES, José. O Corpo De Cristo – Origem, Natureza e Missão da Igreja no Mundo. Rio de Janeiro CPAD, 2023.