segunda-feira, 28 de junho de 2021

Lição 1 – A ascensão de Salomão e a construção do Templo - 3 Trimestre de 2021.


 (Texto Áureo) E não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor enchera a Casa do Senhor. (1 Reis 8:11)

“E não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, ” Este, talvez, seja o texto mais citado pelos pregadores que ministram o “cair no Espírito”, os quais têm argumentado: “Ninguém suporta ficar de pé quando a unção do Espírito vem sobre nós”. Bem, vamos examinar com atenção o que aconteceu, começando com uma leitura atenta do contexto imediato: “E sucedeu que, saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a Casa do SENHOR. Como se percebe, essa passagem bíblica nada menciona a respeito do “cair no Espírito”. O que ela diz é que a nuvem da glória do SENHOR encheu a sua Casa e impediu os sacerdotes de ministrar. Quanto à frase “não podiam ter-se em pé”, a versão bíblica Almeida Revista e Atualizada (ARA) é ainda mais clara: “não puderam permanecer ali”, ou seja, não puderam ministrar.

“Por causa da nuvem, ” Na Bíblia, a nuvem de glória significa uma representação da presença imediata de Deus no meio do seu povo. A nuvem como um símbolo da presença de Deus é amplamente indicada nas Escrituras (cf. Êxodo 19:9; 33:9,10; Números 9:15-22; Salmos 99:7; 105:39). No tempo da peregrinação dos israelitas pelo deserto, a presença orientadora e protetora do Senhor se manifestava a eles através de uma coluna de nuvem durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite (Êxodo 13:21). Quando o Tabernáculo foi construído para ser o local oficial de comunhão entre Deus e os israelitas, a nuvem de glória finalmente cobriu o Santuário que ficava no meio do acampamento. A Bíblia diz que “a nuvem cobriu a tenda da congregação. Moisés não podia entrar na tenda da congregação; porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do SENHOR enchia o Tabernáculo” (Êxodo 40:34). Aqui, como em inúmeras ocasiões distintas, o Senhor fez a sua presença real e conhecida em uma nuvem. Não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da nuvem. Os sacerdotes, confrontados com a esmagadora presença de Deus, interromperam o seu trabalho. E uma magnífica ocasião, um dia altamente sagrado, quando Deus assume o completo controle e, aqueles que normalmente seriam os condutores dos acontecimentos, passam a um segundo plano.

“Porque a glória do Senhor enchera a Casa do Senhor. “ A presença da glória do Senhor no Templo é importante porque ela representa a própria presença dEle no local. Assim como a sua presença esteve no Tabernáculo no deserto (Êxodo 33.9; 40.34,35; Numeros 12.4-10), agora também estava presente no Templo; trata-se do símbolo de que Deus tomou posse da sua casa e que agora ela é sua. Foi por isso que Ezequias, ao receber as cartas ameaçadoras de Senaqueribe, apresentou-as diante de Deus no Templo, e são vários os Salmos que celebram a presença de Deus no Templo (Salmo 27.4; 42.5; 76.3; 84; 122.1-4; 132.13,14; 134). Embora Deus não habite em templos feitos por mãos de homens (Isaias 66.1; Atos 17.24), a representatividade da sua presença manifestou-se no Templo. O próprio Salomão, na sua oração de consagração do Templo, reconheceu a transcendência de Deus para além do Templo: “Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus te não poderiam conter, quanto menos esta casa que eu tendo edificado” (1 Reis 8.27). A presença de Deus no Templo é uma teofania do Antigo Testamento, necessária à revelação progressiva de Deus na história do seu povo. Já no Novo Testamento, a ênfase demasiada sobre o local de culto e a sua valorização excessiva como local da presença de Deus ofusca o verdadeiro local dessa presença, que é dentro de cada crente que se torna morada do Espírito Santo. Jesus disse: “Eu derribarei este templo, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens” (Marcos 14.58). Portanto, no Novo Testamento, o Templo não é um lugar fixo geográfico, mas é ambulante, porque o seu povo movimenta-se no mundo como sinal do Reino de Deus. Todavia, é evidente também que, quando vários desses templos individuais do Espírito Santo, ou seja, as pessoas, ajuntam-se no templo/igreja, cria-se uma grande assembleia onde Deus, em Cristo, manifesta a sua presença não por causa do templo físico em si, mas por causa de os filhos de Deus em Cristo, em quem Ele habita, estarem juntos. Foi por isso que Jesus tirou a ênfase no Templo quando disse: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mateus 18.20).

APÊNDICE

Reconheço que alguém, em um culto pentecostal, possa até sentir a glória de Deus de modo tão intenso, a ponto de não suportar ficar de pé. Isso já aconteceu com pessoas piedosas e tementes a Deus. João, o apóstolo, em Apocalipse 1.17, afirmou, referindo-se ao Senhor Jesus: "E, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; eu sou o Primeiro e o Último". Porém, da experiência vivida por João (Apocalipse 1) extraímos verdades importantes:

1) Ele não perdeu, em momento algum, a consciência. Haja vista ouvir claramente a mensagem de Jesus. Não foi um transe ou algo parecido.

2) Ele também não caiu ao chão estrebuchando-se ou debatendo-se.

3) Ele caiu diante da presença real de Jesus Cristo glorificado. Quem poderia, diante de tamanha glória, permanecer sobre seus pés?

4) João caiu aos pés de Cristo. Muitos não caem de joelhos, mas são derrubados, caindo para trás, de costas. Permaneçamos, pois, em pé diante do Senhor e valorizemos a genuína manifestação do Espírito Santo, baseada inteiramente na Palavra de Deus. Lembremo-nos de que nós temos a unção do Santo e sabemos tudo (1 João 2.20).

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
23/06/2021

Fontes:

POMMERENING, Claiton, Ivan. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da nação – As correções e os ensinamentos divinos no período dos reis de Israel. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.

COX, Leo G. Comentário Bíblico Beacon – Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

ZIBORDI, Ciro, Sanches. Mais erros que os pregadores devem evitar. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

CONGENERO, Daniel. O Que é a Nuvem de Glória na Bíblia?. Estilo Adoração. Disponível em: https://estiloadoracao.com/nuvem-de-gloria/. Acesso em: 23/06/2021.