TEXTO ÁUREO
“Peso da Palavra do Senhor sobre Israel. Fala o Senhor, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele.” (Zacarias 12.1).
“Peso da palavra do Senhor sobre Israel:”
Um problema com que todo tradutor se defronta é a impossibilidade de encontrar em outra língua equivalentes exatos para algumas palavras que ele tem de traduzir. A palavra hebraica massã é um destes casos. Ela vem da raiz nãsã que significa “erguer”, “carregar uma carga”, e por isso alguma versões traduzem “a carga (ou peso) da palavra do Senhor”, algumas traduções preferiram as palavras “sentença” ou “oráculo”. Isaías usou a palavra como título para suas profecias às nações.
P. B. H. de Boer fez um estudo detalhado da palavra massã examinando as sessenta e tantas ocorrências no Antigo Testamento, consultando as versões antigas para ver como os tradutores daquele tempo a entendiam, depois de considerar exemplos modernos de exegese. Apesar de dicionários e tradutores terem distinguido dois significados, “carga” e “oráculo”, de Boer não encontra evidências para tal distinção. Ele descobriu que a etimologia e o uso da palavra do Antigo Testamento e nas traduções antigas indicam um só significado.
Massã' é uma carga, “colocada por um senhor sobre os que lhe são subordinados. Quando aplicada a um profeta significa “carga imposta sobre ...”, por isso normalmente pesa sobre o coração do profeta: “Então disse eu: Não me lembrarei dele, e não falarei mais no seu nome; mas isso foi no meu coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; e estou fatigado de sofrer, e não posso mais” (Jeremias 20:9)
A palavra sublinha o senso de compulsão do profeta ao proclamar a mensagem que segue. Ele não foi voluntário para fazê-lo, mas não tem opção. Ela foi colocada sobre ele, e ele tem de aceitá-la e cumprir sua obrigação com se fosse um estivador. Ele tem de entregar a mensagem como um embaixador, que mesmo que não concorde com ela não pode alterá-la; nisto está o aspecto pesado da sua vocação.
Esse peso é colocado também sobre Israel. Isto é inesperado, pois o interesse está se concentrando em Judá e Jerusalém, mas a dificuldade desaparece se tomarmos “Israel” para o povo todo, e não só para o reino do norte, como em 11:4. O conflito entre Israel e Judá não é trazido para os capítulos 12-14.
“Fala o Senhor, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele.”
Há uma solenidade incomum ligada às palavras iniciais deste oráculo. Para acabar com toda a dúvida sobre sua capacidade de livrar o povo, Deus prefacia a predição deste acontecimento glorioso e invoca o seu poder criativo e sustentador. Fala na função de Criador que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele.
Esta referência ao poderoso Criador do universo, da terra e do homem lembra Isaías 42:5: “Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus, e os estendeu, e espraiou a terra, e a tudo quanto produz; que dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam nela”, é uma introdução adequada a estes capítulos, que apontam para a consumação de todas as coisas no Senhor, o Rei.
O trecho “que forma o espírito do homem dentro dele” é alusão a Gênesis 2.7: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” , quando a respiração divina animou o homem.
O fôlego divino que foi “soprado” nas “narinas” do homem é identificado como “o fôlego de vida”. O fôlego de vida tornou-se a alma e o espírito do homem, isto é, o princípio da vida dentro dele, de acordo com a necessidade do corpo. Este fôlego de vida vem do Senhor da Criação.
O mesmo Deus que criou céus, terra e o homem é o Deus que cumprirá toda a sua sentença. Seu desejo é que não duvidemos da promessa de Deus, mas que estejamos certíssimos “de que o que” prometeu “também é “poderoso para o fazer” (Romanos 4.21).
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
30/09/2025
FONTES:
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito – A restauração integral do ser humano para chegar a estatura completa de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.
BALDWIN, Joyce G. Ageu, Zacarias e Malaquias: introdução e comentário. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 1982
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.
HARPER, A. F. (Ed.). Comentário Bíblico Beacon. Vol. 6. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
https://textoaureoebd.blogspot.com/2024/01/genesis-27.html

Nenhum comentário:
Postar um comentário