Gênesis 2:7 “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em
suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente. “
“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra,“
Não somos o resultado de um longo e entediante processo evolucionário, mas a coroa de um ato criativo de Deus. De maneira singela, mas verdadeira e literal, a Bíblia descreve a nossa feitura com simplicidade.
Deus escolheu o pó da Terra para modelar o homem. Ele poderia ter optado pelo ouro, ou pelo mármore. Naquele momento, porém, o Senhor não tencionava fazer uma joia, nem talhar uma estátua. Era o seu propósito criar algo infinitamente mais precioso: o ser humano segundo a sua imagem e semelhança. O próprio Deus criou o homem, a coroa da criação. E usou o pó da Terra para criar-nos, pois nela vivemos e dela nos alimentamos. Nenhum outro solo, a não ser o da Terra, serviria para dar-nos forma.
Tirados da terra, temos as propriedades dela. E, um dia, à Terra voltaremos: ” até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás”(Gênesis 3:19). De seus produtos, alimentamo-nos. E, com o material que nos fornece, abrigamo-nos. Enfim, ela fornece-nos tudo de que necessitamos.
Em nosso organismo, acham-se, entre outros, os seguintes elementos químicos do solo: ferro, manganês, potássio, sódio, cobre, cálcio, selênio, molibdênio, zinco, iodo, fósforo, magnésio, cobalto, iodo, enxofre e cloro. Diante de semelhante fato, como desprezar a narrativa do Gênesis, que, de forma tão simples e clara, mostra o homem como formado do pó da terra?
“...e soprou em suas narinas o fôlego da vida; “
Após formar o homem do pó da terra, e nele imprimir a sua imagem, sopra-lhe Deus as narinas. Isto enfatiza que o homem é mais do que um pedaço de terra moldado por Deus. Ele muito mais do que uma combinação acidental de elementos químicos, glândulas e impulsos elétricos. Ele possui dentro de si o dom da vida que só Deus pode conceder.
O fôlego divino que foi “soprado” nas “narinas” do homem é identificado como “o fôlego de vida” e tem seu paralelo mais próximo na pregação de Ezequiel durante o cativeiro babilônico (Ezequiel 37:1–10). O Termo ruach é traduzido por “espírito” e também significa “sopro” ou “vento”, dependendo do contexto.
Deus mandou o profeta Ezequiel falar ao povo de Israel, o qual perdera a esperança após anos no exílio. Ele deveria dizer o seguinte a eles: “Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor” (Ezequiel 37:4). Depois, através da palavra falada, o Senhor afirmou: “Eis que farei entrar o espírito [ruach] em vós, e vivereis” (Ezequiel 37:5). Deus disse ao profeta: “Profetiza ao espírito e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Vem... ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam” (Ezequiel 37:10).
A proximidade de “soprou” é “calorosamente pessoal, com a intimidade do contato face a face de um beijo e com o significado de que este era um ato de dar, bem como de formar, e de dar-se a si mesmo”.
Isto também é corroborado num ato de Jesus, quando Ele apareceu aos apóstolos após a ressurreição. João 20:22 diz: “E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”. O sopro (Espírito) do Senhor ressurreto concedeu vida nova e esperança ao corpo de discípulos que se tornaria o núcleo de uma nova comunidade (uma nova criação) – o corpo espiritual de Cristo.
“...e o homem foi feito alma vivente.
“A palavra “alma vivente” também está em Gênesis 1.20 e 9.10 referindo-se aos animais. Porém, tenhamos presente que há grande diferença entre a criação dos animais e a criação do homem em Gênesis 2.7. Enquanto na criação dos animais, disse o Criador: “...produza a terra alma vivente conforme a sua espécie...” (Genesis 1.24a). E a terra produziu toda espécie animal. Tenhamos presente que tudo que é animal procede da terra.
Porém, quanto ao homem, disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” (Gn 1.26a). O Criador dispensou-nos cuidados paternos a nós, de maneira que, embora pó e cinza, possuímos uma alma imortal que, um dia, a Ele tornará: “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Eclesiastes 12:7).
O fôlego de vida tornou-se a alma e o espírito do homem, isto é, o princípio da vida dentro dele, de acordo com a necessidade do corpo. Este fôlego de vida vem do Senhor da Criação. Todavia, não devemos confundir o espírito do homem com o Espírito de Deus. O último é diferente do nosso espírito em essência e em poder. Romanos 8.16 manifesta esta diferença declarando que: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito...”
O original da palavra “vida” em fôlego de vida é “chay” e está no plural. Isto pode ser uma indicação para o fato de que o sopro de Deus produziu uma vida dupla: a vida da alma e a vida do espírito. Assim, portanto, o homem ficou constituído de duas naturezas: a divina e a humana.
Esta segunda parte do homem, que é constituída pelo espírito e a alma, é a que chamamos de o “homem interior”, que, segundo é depreendido, se compõe das duas substâncias espirituais: alma e espírito, respectivamente (1 Tessalonicenses 5.23; Hebreus 4.12). Neste sentido Deus colocou a “eternidade no homem”.
Paulo emprega esta expressão em vários textos e contextos de suas cartas (Romanos 7.22, Efésios 3.16). Na passagem de 2 Coríntios 4.16, ele define claramente isso, quando diz: “Por isso não desfaleceremos: mas, ainda que o nosso ‘homem exterior’ se corrompa, o ‘interior’, contudo, se renova de dia em dia”. Portanto, se faz necessário que “o homem interior” (a alma e o espírito) “se renove de dia em dia”.
DEIVY FERREIRA
PANIAGO JUNIOR
13/7/2023
FONTES:
BAPTISTA, Douglas. A igreja de Cristo e o império do mal – Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
ANDRADE, Claudionor. O começo de todas as coisas – estudos no livro de Genesis. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
http://biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201506_04.pdf
SILVA, Severino Pedro. O homem: corpo, alma e espírito. Rio de Janeiro, CPAD, 1988.
Nenhum comentário:
Postar um comentário