Você já se perguntou por que existem diferentes traduções do texto bíblico? Tem curiosidade de saber quais critérios de tradução definem uma determinada linguagem? E algumas das principais traduções bíblicas disponíveis no Brasil, deseja conhecê-las? A seguir, compartilhamos informações sobre o assunto.
A Bíblia para todos
O primeiro ponto a considerar — e a celebrar — é que a tradução da Bíblia viabiliza o acesso e a proclamação da Palavra de Deus a um maior número de pessoas. Como diz o anúncio publicitário de uma versão contemporânea da Bíblia em inglês: “A verdade não consegue libertar você se você não consegue entendê-la”1. Ter a Bíblia em nosso próprio idioma é um privilégio imensurável.
Certa vez, Lamin Sannheh, historiador e professor de Missões e História da Universidade de Yale (EUA), afirmou: “A tradução está profundamente relacionada à concepção original do evangelho: Deus, que não possui preferências linguísticas, determinou que todos nós deveríamos ter as boas-novas na nossa língua nativa”2. A grande oferta de boas traduções bíblicas é motivo de gratidão a Deus por capacitar homens e mulheres dedicados a tornar possível a leitura das Escrituras por quem não fala ou compreende as línguas originais.
Princípios de tradução
Se você já teve a oportunidade de comparar as traduções Almeida Revista e Corrigida, a Nova Versão Internacional ou a Bíblia Viva, por exemplo, certamente notou diferenças na estrutura do texto. Considerando-as, respectivamente, talvez tenha tido a sensação de que vão de uma linguagem mais “difícil” a uma linguagem mais “fácil”. Isso acontece porque tais traduções representam três metodologias distintas:
A “tradução de equivalência formal”, “literal” ou “palavra por palavra”;
A “tradução de equivalência dinâmica”, “equivalência funcional”, “tradução semântica” ou, ainda “pensamento por pensamento”;
A “paráfrase”, que muitos não consideram uma tradução propriamente dita.
Embora as traduções reflitam uma mistura das metodologias formal e dinâmica, elencamos, a seguir, algumas opções de acordo com sua ênfase mais proeminente, antecedidas de uma breve explicação conceitual:
- 1. “Tradução de equivalência formal”, literal ou “palavra por palavra”: Mantém aspectos do texto original e preserva o máximo possível a sintaxe, a estrutura das frases e expressões idiomáticas. Ela permite que o leitor identifique na tradução os elementos formais do texto na língua original e é de grande valor para acadêmicos e estudos profissionais3.
- 2. “Tradução de equivalência dinâmica”, “equivalência funcional”, “tradução semântica” ou, ainda “pensamento por pensamento”: Esse método focaliza a tradução da mensagem, ou seja, proporciona acesso direto ao texto, permitindo que o significado fique claro de imediato, sem exigir que o leitor lide com expressões idiomáticas e estruturas incomuns. Também facilita o estudo sério da mensagem do texto e a clareza no uso devocional e na leitura em público4.
Algumas traduções enfatizam um maior equilíbrio entre as metodologias formal e dinâmica. Elas têm o objetivo de manter a fidelidade aos textos originais e proporcionar facilidade de leitura.
Exemplos: Nova Versão Transformadora (NVT) e Nova Almeida Atualizada (NAA).
- 3. "Paráfrase": São versões que revelam maior grau de liberdade para a escolha de palavras e estruturas, tendo em vista o público leitor. Um texto adaptado ao público infantil ou à população de determinada região, por exemplo, pode ser uma paráfrase, que é “uma maneira diferente de expressar o que foi dito”, “uma nova versão de um texto com o objetivo de torná-lo mais inteligível”5.
Qual tradução é a melhor?
Conforme sinalizam Stephen M. Miller e Robert V. Huber, autores do livro A Bíblia e sua história (SBB, 2006), “a maioria dos especialistas no assunto entende que não existe só uma maneira correta de traduzir a Bíblia, mas que a maioria das traduções a que se tem acesso hoje em dia podem ser úteis a diferentes grupos de leitores” 6.Talvez a melhor pergunta nesse sentido seja: “Qual tradução atende a minha necessidade e preferência?”. Isso porque as traduções reconhecidamente prestigiadas cumprem o objetivo de transmitir a Palavra de Deus sem adulterá-la. O que muda é o formato: se preserva mais os aspectos do original, se focaliza a língua de destino, se busca um equilíbrio entre os métodos de tradução ou se readapta a linguagem, mas sem mudar a mensagem.
Classificação das Principais Traduções
Equivalência formal
- King James Fiel - a tradução do rei James de 1611, lançada em Janeiro de 2017 em português no Brasil.
- Almeida Corrigida Fiel
- Almeida Revista e Corrigida
- Almeida Revisada Segundo os Melhores Textos
- Novo Testamento de Fridolin Janzen
Um equilíbrio entre equivalência formal e dinâmica
- Almeida Revista e Atualizada
- Almeida Edição Contemporânea
- Almeida Século 21
- Tradução Ecumênica da Bíblia
Equivalência dinâmica
- Bíblia de Jerusalém
- Bíblia do Peregrino
- Nova Versão Internacional
- Nova Tradução na Linguagem de Hoje
Paráfrase
- Bíblia Viva
- Bíblia A Mensagem
Fontes:
¹ Citação do anúncio publicitário da Contemporary English Version (Versão Inglesa Contemporânea) In Stephen M. Miller e Robert V. Huber. A Bíblia e sua história – o surgimento e o impacto da Bíblia. Barueri, SP: Sociedade Bíblia do Brasil, 2006, pág. 226.2, 6 Id. pgs. 204, 228 e 229.
3,4 Com informações da Introdução à Nova Versão Transformadora.
5 Definição de paráfrase em Michaelis On-line (uol.com.br).
https://www.mundocristao.com.br/blog/diferencas-entre-as-traducoes-da-biblia-em-portugues/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Equival%C3%AAncia_formal_e_din%C3%A2mica
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