“Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, “
O conflito contra o reino das trevas “não é contra carne e sangue”. “Carne e sangue” significa “ seres humanos” na sua presente natureza humana mortal: “Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus” (Mateus 16:17). Não é contra a pessoa humana, mas contra o reino das trevas nas “regiões celestes”. Noutras palavras, nossa luta não é contra homens ou mulheres, mas contra inteligências cósmicas; nossos inimigos não são humanos, mas demoníacos.
Os leitores asiáticos de Paulo estavam bem familiarizados com este fato. Sem dúvida se lembravam — ou deviam ter ouvido contar o caso — do incidente dos exorcistas judeus em Éfeso (Filhos de Ceva) que foram suficientemente atrevidos para procurarem expulsar espíritos malignos em nome de Jesus sem eles mesmos conhecerem o Jesus cujo nome invocavam. Ao invés de conseguirem o que tentavam, foram dominados pelo endemoninhado e fugiram em pânico, desnudos e feridos:“E, saltando neles o homem que tinha o espírito maligno, e assenhoreando-se de todos, pôde mais do que eles; de tal maneira que, nus e feridos, fugiram daquela casa” (Atos 19:16)
Na continuidade do versículo em comento, Paulo identifica as forças do mal que marcham contra a Igreja.
“...mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. ”
O apóstolo menciona a existência de quatro categorias entre as hostes de Satanás que atuam no propósito do reino das trevas dispostas em ordem de batalha contra os crentes, a saber: principados, potestades, príncipes do mundo destas trevas e hostes espirituais da iniquidade.
Esses seres são caracterizados por três aspectos: são poderosos; são malignos e são astutos.
O termo “principados” é a forma plural do grego arché, com a ideia de primazia de poder ou domínio, e o termo “potestades” é plural de exoussía, que denota liberdade para agir e autoridade para presidir. A expressão refere-se a governos ou autoridades tanto na esfera terrestre quanto na espiritual.
“Príncipes destas trevas” significam literalmente “governantes do mundo” que, ao lado de Satanás, governam sobre a atual Ordem Mundial, organizada em rebelião contra Deus. Stott lembra que eles também são chamados de “os dominadores deste mundo tenebroso”, o que pode ser referência ao título de “príncipe deste mundo”, que Jesus atribuiu ao Diabo:“..., porque já o príncipe deste mundo está julgado” (João 16.11), bem como a declaração de João de que “todo o mundo está no maligno” (1 João 5.19).
Quanto às “hostes espirituais da maldade”, compreende-se as vastas hostes de demônios que servem aos propósitos iníquos de Satanás para a destruição geral: “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância” (João 10:10)
Literalmente, essas forças espirituais do mal, habitam nas regiões celestes: “Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência” (Efésios 2:2).
Apesar desse imenso império do mal, a Igreja é exortada a não temer. Em contraste com o poder do domínio sobrenatural hostil, Paulo enfatiza a superioridade do poder de Deus e a supremacia de Cristo (Ef 1.19-23; 4.8-10).
Ele demonstra que os fiéis têm acesso a esse poder em virtude de sua união com Cristo”. Doravante, somos incentivados a lutar e, sobretudo, vencer, pois o Senhor da Igreja está elevado ao nível “acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio” (1.21).
DEIVY FERREIRA
PANIAGO JUNIOR
26/11/2023
FONTES:
GABY, Wagner. Até os confins da terra – Pregando o evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
CABRAL, ElienaI. Comentário Bíblico: Efésios. 3a Ed. – Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1999.
BAPTISTA, Douglas. A igreja eleita – Redimida pelo sangue de Cristo e selada com o Espírito Santo da promessa. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
PFEIFFER, Charles F. Comentário Bíblico Moody. Batista Regular,
2017.
STOTT, John. A mensagem de Efésios - A Nova Sociedade de Deus [tradução de Gordon Chown] - 6.a ed. - São Paulo: ABU Editora, 2001.
FOULKES, Francis. Efésios – Introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 2014.
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