quinta-feira, 11 de agosto de 2022

PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO - PASTOR ANTONIO GILBERTO

Os pecados contra o Espírito Santo consistem em palavras, atitudes e atos. Entre os pecados por palavras, acham-se as afrontas verbais e as blasfêmias. As atitudes e atos constam da resistência ao Espírito, e da recusa contínua de se cumprir a vontade de Deus. Contudo, a resistência ao Espírito é o pecado inicial que se comete contra o Consolador. Uma vez cometida esta ofensa, as demais parecerão de somenos importância, visto que o coração do ofensor, afetado terrivelmente pela iniqüidade, considerará o pecado algo comum e corriqueiro.

Lembremo-nos que o Espírito Santo, simbolizado nas Escrituras pela pomba, é muito sensível.

 

I. RESISTÊNCIA AO ESPÍRITO SANTO

 

Este pecado contra o Espírito pode ser compreendido pelo modo como Estevão concluiu seu sermão diante dos anciãos de Israel: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo” (At 7.51). O pecado daqueles homens não era um ato isolado, mas contínuo: resistir “sempre” ao Espírito Santo (v.51).

1. O que é resistir ao Espírito Santo. É recusar, de forma consciente, a vontade divina transmitida pelo Espírito Santo mediante a Palavra de Deus e por meio de seu trabalho em nossos corações.

2. O sentido do texto bíblico. O verbo resistir usado por Estevão no original, vai além de uma mera resistência. Significa lutar contra; lutar com agonia; cair em cima. O povo de Israel até hoje sofre as conseqüências disso (1Ts 2.15,16). O texto em estudo revela que os ouvintes de Estevão lutavam contra o Espírito Santo, empregando nesta peleja, todas as suas forças. Ver Zc 7.12; Gn 6.3; Is 30.1; Ne 9.30; Ez 8.3,6.

Você tem resistido ao Espírito Santo? Israel, o povo de Deus, fez isso por rebeldia contumaz e o Espírito do Senhor tornou-se inimigo deles e passou a lutar contra eles. Que relato terrível e condenatório! (Is 63.10).

 

II. AGRAVO AO ESPÍRITO SANTO

 

Acostumados como estavam ao culto levítico, e sob perseguição por causa do evangelho de Cristo, os cristãos de origem judaica começaram a deixar a igreja e a retornar ao judaísmo centrado no Templo em Jerusalém. Em Hebreus 10.29, eles são incisivamente exortados a não fazê-lo: “De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?”.

Aqueles irmãos cometeram três horrendos pecados: o de pisar o filho de Deus; o de ter por comum o sangue da aliança; e o de agravar o Espírito Santo. Agravar, como aqui é empregado é afrontar, ultrajar, debochar, zombar, injuriar, insultar com desdém.

 

III. ENTRISTECER O ESPÍRITO SANTO

 

Na Epístola aos Efésios, exorta-nos Paulo: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o Dia da redenção. Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós” (Ef 4.30,31).

1. Tristeza do Espírito Santo. O vocábulo original tem a ver com agravo, dor, aflição, angústia. Diante desta recomendação do apóstolo Paulo, um teólogo asseverou: “O Espírito, que faz os homens experimentarem a verdade, é envergonhado quando os santos mentem uns para os outros e têm conversas vãs”.

2. O que pode entristecer o Espírito Santo. Matthew Henry responde: “Toda conversação maligna e corrupta, que estimule os desejos pecaminosos e a luxúria, contrista o Espírito Santo”. O Espírito Santo também é entristecido quando, desprezando a vontade divina, preferimos seguir nossos desejos e ambições; quando o cristão não reverencia a sua presença manifesta e ignora a sua voz; quando não busca a sua vontade e direção.

 

IV. MENTIR AO ESPÍRITO SANTO

 

A mentira ao Espírito Santo está categoricamente exemplificada na passagem em que Pedro, pelo Espírito Santo, denuncia a mentira de Ananias e Safira: “Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade?” (At 5.3). Vejamos o que significa este tipo de pecado:

1. O sentido da palavra “mentira” em Atos 5.3. Aqui, o termo original corresponde a contar uma falsidade como se fosse verdade. Ananias e Safira, certamente, ensaiaram esta mentira, como pode ser visto no versículo 9.

2. As implicações de se mentir ao Espírito Santo. Quem mente ao Espírito Santo, menospreza a sua deidade; Ele é Deus (vv.3,4). Como a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, Ele é onisciente, onipresente e onipotente. Isso significa que o Espírito Santo tudo sabe e tudo conhece. Logo, mentir e tentar o Espírito do Senhor (v.9), é testar a tolerância de Deus, isto é, pecar até enquanto Deus suportar. Ver Nm 14.22,23; Dt 6.16; Mt 4.7.

 

V. EXTINGUIR O ESPÍRITO SANTO

 

Paulo escrevendo aos irmãos de Tessalônica, exortou-os: “Não extingais o Espírito” (1Ts 5.19). Tem-se a impressão de que aquela igreja, esquecendo-se de seu primeiro fervor (1Ts 1.2,3,7), tornara-se formalista; sua liturgia começava a extinguir o Espírito Santo. Se por um lado, não podemos concordar com as meninices e fanatismos; por outro, não haveremos de nos conformar ao mero ritualismo, pois sempre resulta na supressão e extinção das operações do Espírito Santo em nosso meio.

1. O que é extinguir o Espírito. O termo traduzido por “extinguir” referente ao Espírito Santo, tem o sentido colateral de apagar aos poucos uma chama, um fogo que está a arder. Portanto, extinguir o Espírito é agir de modo a impedir, suprimir ou limitar a manifestação do Espírito do Senhor. Quando se perde o primeiro amor, extinguimos ou apagamos de nossas vidas o Espírito de Cristo (Ap 2.4).

2. O perigo de se extinguir o Espírito. A extinção das operações do Espírito Santo na vida da igreja quando não é letal, a adoece e debilita, sem que ninguém o perceba. Mais tarde, resta somente a lembrança do passado quando o fogo do céu ardia. Sempre que for detectada a falta de operações do Espírito Santo em nosso meio, devemos clamar a Deus sem cessar por um avivamento espiritual. A extinção do Espírito Santo leva a igreja a mornidão espiritual (Ap 3.14-22).

 

VI. BLASFEMAR CONTRA O ESPÍRITO SANTO

 

1. O que é blasfemar contra o Espírito Santo? Encontrava-se o Senhor Jesus numa sinagoga em Cafarnaum, a sua cidade, quando lhe trouxeram um endemoninhado cego e mudo. Jesus por sua compaixão libertou totalmente o homem possesso. Os fariseus alegaram que Ele operara tal milagre pelo poder do chefe dos demônios. Era o cúmulo do pecado deles contra o Espírito Santo (Mt 12.24). Jesus lhes disse: “Todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro” (Mt 12.31,32; Mc 3.28-30; Lc 12.10).

Os adversários de Jesus blasfemavam contra Ele e o Espírito Santo, declarando consciente, proposital e seguidamente que Jesus operava milagres pelo poder de Satanás, o chefe dos demônios (Mt 9.32-34; 12.22-24; Mc 3.22; Lc 11.14,15). Com essa blasfêmia, eles estavam rejeitando de modo deliberado o Espírito Santo que operava em Jesus, o Messias (Mt 12.28; Lc 4.14-19; Jo 3.34; At 10.38).

2. A blasfêmia contra o Espírito Santo é imperdoável. O ser humano pode chegar a tal cegueira espiritual a ponto de blasfemar contra o Espírito. Ver Mt 23.16,17,19,24,26. A blasfêmia contra o Espírito de Deus é a conseqüência de pecado similares que a precedem, como: (1) Rebelar-se e resistir ao Espírito (Is 63.10; At 7.51); (2) Abafar e apagar o fogo interior do Espírito (1Ts 5.19; Gn 6.3; Dt 29.18-21; 1Ts 4.4); (3) Endurecimento total do coração, cauterização da consciência e cegueira total. Chegando o ser humano a este ponto, torna-se réprobo quanto à fé (2Tm 3.8) e passa a chamar o mal de bem e o bem de mal (Is 5.20). A blasfêmia contra o Espírito do Senhor é imperdoável porque sendo Ele o que nos convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.7-11), e, que intercede por nós (Rm 8.26,27), é recusado, rejeitado e blasfemado. Ver 1Sm 2.25.


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