quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Hebreus 9:14

Hebreus 9:14 “Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? “

 

“Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus,”

O argumento do escritor aos Hebreus parte da premissa menor para a maior: “se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha aspergida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne” (v.13), quanto mais o sangue de Jesus, o Filho de Deus, pode realmente purificar as nossas consciências! O escritor quer com esse argumento mais uma vez ressaltar a superioridade de Cristo, desta vez na avaliação da Sua oferta.

O sangue de bodes e de touros — é provavelmente uma referência às ofertas no Dia da Expiação (Levítico 16), a cinza de uma novilha pode referir-se à oferta ocasional de uma novilha (Números 19). Estas eram disposições externas que ofereciam a purificação ritual da contaminação da carne. É importante notar o contraste entre “carne” e o “Espírito” que acontece entre os versos 13 e 14. As ofertas levíticas podiam fornecer a pureza cerimonial, mas a oferta que Cristo faz purificará a nossa consciência, isto é, era uma purificação interior e espiritual.

O bispo Westcott observa os seguintes motivos pelos quais o sangue de Cristo é superior, partindo da análise de seu sacrifício, que foi: voluntário, ao contrário dos sacrifícios exigidos pela Lei; racional, e não como o dos animais (irracionais); espontâneo, e não em obediência a ordens superiores e moral, como oferta de si próprio por ação do supremo poder nEle residente (o Espírito Eterno).

Jesus se ofereceu “pelo Espírito eterno”. Todas as traduções consideram ser essa uma referência ao “Espírito Santo” ou ao “eterno Espírito de Cristo” e, por isso, deram inicial maiúscula a “Espírito”. É inadequado alegar com base nessa afirmação que o Espírito Santo ajudou Jesus em Sua morte no Calvário. Se fosse assim, as palavras de Jesus de abandono na cruz pareceriam banais (Mateus 27:46). Com certeza, tudo que Cristo fez na terra foi em harmonia com a vontade do Espírito Santo e pode ser esse o sentido aqui.

Cristo fez Seu sacrifício em pleno entendimento do que Ele estava fazendo, o que nenhum animal jamais poderia fazer. Ele Se ofereceu. Nenhuma outra vítima e certamente nenhum outro sumo sacerdote havia feito isso. Foi uma ação tanto voluntária quanto premeditada. Os animais não têm “espírito” pelo qual submetam-se a sacrificar os próprios corpos, mas Jesus tinha. Ele foi até a cruz espontaneamente “sem mácula”, o que significa que Ele não tinha pecado que manchasse a Sua alma. A palavra para “sem mácula” é a mesma usada na LXX para um animal “sem defeito” (Levítico 1:3, 10; 1 Pedro 1:19).

 

“... purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? “

A mera “lavagem cerimonial” dos rituais vétero-testamentários não podia “purificar a consciência”. “A Purificação da carne” (v. 13) era uma lavagem de impureza ritual e não de impureza moral. O autor sagrado já se queixara de que o antigo sistema de sacrifícios nada fizera em favor da natureza moral (ou consciência) dos adoradores: “é uma alegoria para o tempo presente, em que se oferecem dons e sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço” (v.9). Porém, o sangue de Cristo é um agente de total purificação do homem interior, o coração.

Limpar a “consciência” era limpar a alma da culpa. O sangue de Cristo continua a nos purificar até hoje (1 João 1:7). Quando a culpa é tirada e a pessoa entende que está perdoada, ela pode finalmente perder o medo de comparecer perante Deus quando morrer. O que o inocente tem a temer? Uma pessoa pode se apresentar calma e tranqüila em todas as calamidades quando ela está ciente, pela fé, de que não tem culpa perante Deus.

Obras mortas referem-se a feitos realizados debaixo da velha aliança que não podiam trazer vida ou vivificar. A mesma expressão ocorre em 6:1: “Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus,” (Hebreus 6:1). São todas as obras do homem em si, à parte de Deus.

Essas obras não têm valor comparadas à justiça imputada que temos em Cristo. Porque quem está no pecado está morto para Deus porque está perdido, fora de Cristo. Tal pessoa não pode realizar obras “vivas” que são aceitáveis a Deus: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam” (Isaías 64:6).

Removidas as obras mortas, a pessoa pode enfim “servir ao Deus vivo”. Uma pessoa não pode adorar adequadamente nem servir a Deus sem obter essa remoção. Pois, as obras devem ser negadas, afinal não podem nos salvar. Para termos enfim acesso a justiça imputada por Cristo pela fé: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6).

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
05/11/2025

FONTES:)

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito – A restauração integral do ser humano para chegar a estatura completa de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

http://biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201405_08.pdf

GUTHRIE, Donald. Hebreus – Introdução e comentário. Série Cultura Bíblica. Trad. Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1983.

https://textoaureoebd.blogspot.com/2024/12/hebreus-61.html

BOYD, Frank M. Comentário Bíblico Gálatas, Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses e Hebreus. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1996. 

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