domingo, 3 de agosto de 2025

Gálatas 5.13

    

Gálatas 5.13 “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.”

 

“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne,”

“Porque” introduz a razão do que foi dito no versículo anterior: “Eu quereria que fossem cortados aqueles que vos andam inquietando” (Gálatas 5:12), no qual o apóstolo desejou uma maldição para os judaizantes que estavam tentando desviar os gálatas da nova liberdade em Cristo para a velha escravidão da lei. Nesse verso temos um chamado, uma advertência e um mandamento.

O chamado. Fomos chamados para a liberdade, e não para a escravidão do pecado. A liberdade cristã não é uma licença para pecar, mas o poder para viver em novidade de vida. A liberdade cristã é a liberdade do pecado e não liberdade para pecar. A liberdade cristã não é licenciosidade, mas deleite na santidade. A licenciosidade desenfreada não é liberdade alguma; é outra forma mais terrível de servidão, uma escravidão aos desejos de nossa natureza caída. Jesus disse que aquele que pratica o pecado é escravo do pecado (João 8.34). Paulo disse que o homem antes da sua conversão é escravo de toda a sorte de paixões e prazeres (Tito 3.3). Muitos defendem a liberdade do amor livre, a prática irrestrita do aborto, o uso indiscriminado das drogas e o homossexualismo. Isso, porém, não é liberdade; é escravidão do pecado.

A advertência. “Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne”. Calvino destaca que, após exortar os gálatas a não permitirem nenhum impedimento de sua liberdade (Gálatas 5.1), Paulo agora lhes recomenda que sejam moderados em usá-la. A palavra grega aphorme, traduzida por “ocasião à carne”, era usada no contexto militar em referência a um lugar do qual se faz um ataque, se lança uma ofensiva. Portanto, significa um lugar vantajoso e também uma oportunidade ou pretexto. Assim, a nossa liberdade em Cristo não deve ser usada como um pretexto para a autoindulgência. Nessa mesma linha, Donald Guthrie explica que a palavra aphorme é um vocábulo militar para “base de operações”. Dessa forma, a carne é representada como um oportunista, sempre pronto a aproveitar-se de qualquer oportunidade.

Já houve na Epístola a menção do conflito entre o Espírito e a carne. Mas, por que pensar na “carne” como sendo o principal inimigo da Liberdade? Por que não a “lei”, ou até mesmo o “pecado”, como em Romanos 7:8? Questiona Lopes. A escolha da palavra “carne” é significante, pois resume o motivo que impele o homem natural, a tendência moral do homem que não é movido pelo Espírito.

 

“... mas servi-vos uns aos outros pelo amor.”

O mandamento. Devemos servir uns aos outros pelo Amor. Calvino declara que o método para impedir a liberdade de irromper em abuso imoderado e licencioso é regulá-la pelo amor. Quem ama não explora, mas serve o próximo. Somos livres para amar e servir. O amor não pratica o mal contra o próximo. O amor verdadeiro deve ser mútuo e não pode colocar seus próprios interesses em primeiro lugar.

Não podemos usar o próximo como se fosse uma coisa para nos servir; temos de respeitá-lo como pessoa e nos dedicar a servi-lo. Pelo amor temos de nos tornar douleuete, “escravos” uns dos outros, não um senhor com uma porção de escravos, mas um pobre escravo com uma porção de senhores, sacrificando o nosso bem pelo bem dos outros, e não o bem deles pelo nosso. A liberdade cristã é serviço, não egoísmo. John Stott diz: “Somos livres em nosso relacionamento com Deus, mas escravos em nosso relacionamento com os outros”.

A idéia do serviço cheio de amor como característica da liberdade em Cristo jamais esteve totalmente ausente da Igreja Crista, mas em muitos períodos da sua história a evidência nesse sentido tem sido fraca. Este princípio é uma lição tão válida para nossa própria era quanto o foi para o primeiro século.

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
03/08/2025 

FONTES:

GONÇALVES, José. A igreja em Jerusalém – Doutrina comunhão e fé: A base para o crescimento da igreja em meio as perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

GUTHRIE, Gálatas: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1999.

LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. — São Paulo: Hagnos, 2011. 

 STOTT, John. A mensagem de gálatas. São Paulo: ABU, 2000.

http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201806_05.pdf

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