João 14.27 “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. ”
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; ”
Quando Cristo estava prestes a deixar o mundo, Ele fez seu testamento. Apesar Dele não possuir nem ouro e nem prata, deixou algo aos seus discípulos que era infinitamente melhor, a sua paz.
No Antigo Testamento, encontramos a palavra “shalom” para “paz”, que tem o sentido de segurança, bem-estar, saúde, prosperidade, paz (Números 6.26); representando tudo o que há de melhor para a vida. No Novo Testamento, em grego, a palavra “paz” é “eirene”, com significado semelhante, contudo, enfatizando a ideia de quietude e repouso (Filipenses 4.6). No dicionário, a palavra “paz” tem os seguintes sinônimos: “tranquilidade”, “repouso”, “silêncio”, “sossego”.
Todavia a paz de Cristo é muito além a essas humildes definições. Ela é uma paz diferente do conhecido até então, ela excede o conhecimento humano: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus” (Filipenses 4.7).
A paz que Jesus nos deixou se refere ao que Paulo chamou “justificação” e “reconciliação”: Quer dizer que por causa da obra de Jesus, as pessoas estão numa nova relação com Deus. Pois a partir daí ela uma nova posição diante de Deus por causa da obra de Jesus: “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5.1). O Espírito Santo traz esta paz ao crente dando testemunho dessa obra: "O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus" (Romanos 8.16).
A paz de Jesus não garante a ausência de dificuldades - porque o próprio Senhor Jesus enfrentou lutas espirituais, físicas e emocionais torturantes nas horas que se seguiram. Em vez disso, a paz de Jesus provê força e conforto para que suportemos as cargas a que somos chamados para carregar.
“... não vo-la dou como o mundo a dá. ”
A paz que Cristo nos dá é diferente da paz que o mundo pode oferecer. Cristo não estava os saudando como eles eram saudados no mundo quando diziam: “Paz seja convosco”. Não, isto não é uma mera formalidade, mas uma bênção verdadeira”.
A paz que Cristo dá é de tal natureza, que os sorrisos do mundo não podem dá-la, nem as censuras do mundo, removê-la. Ela é permanente. Os presentes que Cristo nos dá não são como os que o mundo dá aos seus filhos. O mundo nos dá vaidades mentirosas e aquilo que irá nos enganar. Cristo nos dá bênçãos substanciais, que nunca falharão conosco. O mundo dá e toma. Cristo dá uma boa parte que nunca será tomada.
A paz que Cristo dá é infinitamente mais valiosa do que aquela que o mundo dá. É uma paz que nenhuma dor, perigo ou sofrimento pode diminuir. É uma paz independente das circunstâncias exteriores.
“Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. ”
Jesus aqui repete as palavras do verso 1: “Não se turbe o vosso coração”. Talvez pela aparente fisionomia dos discípulos: “os discípulos olhavam uns para os outros” (João 13.22), com ansiedade e preocupação.
Eles não deviam se (turbar) perturbar a ponto de ficarem confusos e agitados, como o mar agitado quando não pode repousar. Ele nos diz: “Não se confundam nem se descomponham, não se abatam nem se perturbem” (Salmos 42.5).
Depois de ressuscitado Jesus veio aos seus discípulos outra vez para lhes lembrar de que possuíam sua paz. Eles estavam já escondidos e atemorizados: ”Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco” (João 20.19).
A paz que excede todo o entendimento nos acalma diante das inquietações da vida (Filipenses 4.6). Essa paz acalmará o nosso coração, nos fortalecerá para resistir às intempéries diante de nós, assim como aconteceu com o apóstolo Pedro que, mesmo preso numa cadeia típica do primeiro século, dormia um sono profundo e sereno (Atos 12.5-7).
Por qualquer mal, passado ou presente ou futuro não devemos nos atemorizar. Pois aqueles que estão em Cristo têm o direito à paz que ele oferece, não devemos rendermos a tristezas e temores esmagadores. O que ele chamou de minha paz era algo mais profundo e duradouro, paz no coração que expulsa ansiedade e medo.
DEIVY FERREIRA
PANIAGO JUNIOR
12/11/2024
FONTES:
RENOVATO, Elinaldo. As Promessas de Deus - Confie e Viva as Bênçãos do Senhor porque Fiel é o que Prometeu. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
BRUCE, F. F. João introdução e comentário. São Paulo: Mundo Cristão, 1987.
Comentário do Novo Testamento: Aplicação Pessoal. Tradução: Degmar Ribas. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
BARCLAY, William. The Gospel of John. Tradução: Carlos Biagini. 1974.
ARRINGTON French L; STRONSTADRoger. Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Volume 5 - Evangelhos. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
PEARLMAN, Myer. João o Evangelho do Filho de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
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