TEXTO ÁUREO “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens. “ (Lucas 2:52)
Os textos canônicos, mesmo sendo
breves em seus relatos, revelam muito sobre o lado humano de Jesus. Jesus
nasceu e cresceu como qualquer outro menino da sua idade da Palestina dos seus
dias. Os teólogos e educadores Eulálio Figueira e Sérgio Junqueira ao
descreverem a educação no antigo Israel no tempo de Jesus, fizeram uma
excelente exposição sobre essa dimensão humana de Jesus. Eles observam que
Jesus era semelhante a nós em tudo, menos no pecado (Hebreus 4.15), e que viveu
o mesmo processo de crescimento comum a todos os homens. Como todos os homens
ele cresceu nas dimensões bio-psico-social.
“E crescia Jesus em sabedoria, “ Crescer em sabedoria é assimilar
os conhecimentos da experiência humana diária, acumulada ao longo dos séculos
nas tradições e costumes do povo. Isso se aprende convivendo na comunidade do
povoado. Cada ser humano que nasce neste mundo, pertence a um determinado
lugar, a uma determinada família e a um determinado povo. Nasce, portanto,
sujeito a condicionamentos. Com Jesus também foi assim. Não há como negar que
fatores culturais, tais como o ambiente familiar, a língua e o lugar onde
nascemos marcam a vida de cada um de nós de forma profunda. Um gigante pode ser
mentalmente retardado. Mas o Senhor crescia em conhecimento. Melhor ainda, na
capacidade de aplicar este conhecimento - esta é a sabedoria. O homem natural cresce
em sabedoria mediante a correção de erros e falhas. Jesus, porém, teve
crescimento perfeito, livre de todas as limitações da natureza pecaminosa. Nessa
narrativa, Lucas, com excelente capacidade literária e inspirado pelo Espírito
Santo, destacou “a sabedoria” antes da “estatura”, porque na mente do autor a
sabedoria era mais importante para assinalar as suas relações com o Pai celestial.
Jesus, sendo Deus, reteve sua natureza divina, mediante o seu esvaziamento: “Mas
esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos
homens” (Filipenses 2.7), e limitou-se a desenvolver qualidades humanas
durante sua vida física, sem perder sua divindade.
“...e em estatura, “ A estatura de Jesus era mediana como a de
qualquer judeu. Ele não cresceu em “estatura” descomunal, mas essa passagem das
Escrituras refere-se ao crescimento físico do menino Jesus, porque quando o
texto foi citado Jesus tinha apenas 12 anos de idade. Na vida cotidiana em sua
casa em Nazaré, cuidava dos pais com amor e carinho. Ele era o primogênito de
Maria, e desenvolveu seu porte físico trabalhando com o pai, o qual lhe ensinou
a arte da carpintaria: ” Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão
de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas irmãs?
E escandalizavam-se nele” (Marcos 6.3). Por vezes, representam-no os
pintores pálido e doentio. É certo, porém, que o trabalho braçal na carpintaria
e o tempo passado ao ar livre tenham-lhe dotado de corpo forte e saudável “...homem
de dores, e experimentado nos trabalhos...” (Isaías 53:3). Um corpo forte e
saudável é de grande ajuda ao serviço cristão. A palavra “estatura” pode ter,
também, um sentido figurado de “altura e grandeza moral e espiritual”. Porém o
contexto dessa passagem bíblica indica o seu desenvolvimento físico. Até os 30
anos, Jesus viveu em Nazaré com sua mãe e seus irmãos, visto que José já havia
morrido.
“...e em graça para com Deus e os homens. “ A graça que tinha para
com Deus, o Pai, tinha a ver com a consciência que Jesus tinha de quem era e
porque, sendo Deus, se fez carne (João 1.1,14). A consciência que Ele tinha do
seu papel como Filho de Deus é revelada no episódio quando seus pais o acharam
no Templo discutindo com os doutores da Lei. Ele gentilmente respondeu a José e
Maria: “Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos
negócios de meu Pai? ” (Lucas 2.49). Ora, cuidar dos “negócios do Pai e
fazer a sua vontade” eram mais importantes que comer e beber, e mais
importante até mesmo que o aconchego da sua família. “A graça para com os
homens” dizia respeito à simpatia que Ele irradiava para com as pessoas,
especialmente as mais carentes, e ao poder que Jesus tinha para atrair para si
a esperança dos pecadores de serem salvos. Sua personalidade era cativante e
seu carisma era manifestado quando abria a boca para falar do Reino de Deus.
DEIVY FERRREIRA PANIAGO JUNIOR
05/6/2023
FONTES:
CABRAL, Elienai. Relacionamentos em
Família – Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Rio
de Janeiro: CPAD, 2023.
FIGUEIRA, Eulálio & JUNQUEIRA,
Sérgio. Teologia e Educação - educar para a caridade e a solidariedade. São
Paulo: Editora Paulinas, 2012.
GONÇALVES, José. Lucas – O
evangelho de Jesus o homem perfeito. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
PEARLMAN, Myer. Lucas, ó Evangelho
do Homem Perfeito. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus,
1995.
Nenhum comentário:
Postar um comentário