(Texto Áureo) “E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele.” (Gênesis 2.18)
“E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só;” Eis aqui
um exemplo do cuidado do Criador pelo homem, e a sua preocupação paternal pelo
seu conforto. Embora Deus lhe tivesse dado a conhecer que ele era um súdito,
dando-lhe um mandamento (w. 16,17), aqui o Senhor também o faz saber, para seu
encorajamento na sua obediência, que ele era um amigo, um favorito, e alguém
por cuja satisfação o Senhor sentia ternura. Embora houvesse um mundo superior
de anjos, e um mundo inferior de animais, e o homem estivesse entre eles, ainda
assim, não havendo ninguém da mesma natureza e nível de existência, ninguém com
quem ele pudesse conviver familiarmente, ele podia ser verdadeiramente
considerado só. Pois o homem é uma criatura sociável. É um prazer, para ele,
trocar conhecimentos e afetos com aqueles semelhantes a ele, informar e ser
informado, amar e ser amado. Aquilo que Deus diz aqui, sobre o primeiro homem,
Salomão diz, sobre todos os homens (Eclesiastes 4.9): Melhor é serem dois do
que um, mas ai do que estiver só. Se
houvesse somente um homem no mundo, que homem melancólico ele deveria ter sido!
A solidão perfeita transforma um paraíso em um deserto, e um palácio em uma
masmorra. Portanto, são tolos aqueles que são egoístas e desejariam estar
sozinhos na terra. Mesmo na nossa melhor condição neste mundo, temos
necessidade da ajuda uns dos outros. Pois somos membros uns dos outros, e assim
o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti, I Corintios 12.21.
Nós devemos, portanto, ficar satisfeitos de receber ajuda de outros, e dar
ajuda a outros, se houver oportunidade. Somente Deus conhece perfeitamente as nossas
necessidades, e é perfeitamente capaz de suprir todas elas, Filipenses 4.19.
Somente nele está a nossa ajuda, e dele são todos aqueles que nos ajudam.
“... far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele.” Alguns
entendem que a palavra “auxiliadora” é um termo degradante que retrata a mulher
como sendo inferior ao homem. Para eles, a palavra soa como se ela pudesse ser
comparada a uma serva que ajuda sua ama com várias tarefas domésticas. O uso bíblico do termo “adjudora ou
auxiliadora” é muito diferente dessas idéias. Basicamente, denota qualquer um
que presta assistência a outra pessoa, grupo ou nação fazendo algo que este não
poderia fazer sozinho. Carrega a idéia de “ação comum ou cooperação de
[sujeito] e [objeto] quando a força de um é insuficiente”. Geralmente, o
auxiliador é superior a quem está sendo auxiliado, como na ocasião em que uma
nação fraca como Judá pediu ajuda ao Egito para lutar contra os babilônios
(Isaías 31:1–3). A superioridade do auxiliador sobre quem é auxiliado é
evidente em cerca de quarenta ocorrências no Antigo Testamento, em que Deus é
retratado como o “auxiliador” de Seu povo (veja Êxodo 18:4; Deuteronômio
33:26). De modo algum Deus poderia ser considerado inferior ao homem porque Ele
Se inclinou para ajudar, libertar e salvar os que confiam nEle e O invocam na
hora da necessidade. A mulher, a auxiliadora do homem, nem é superior nem é
inferior a ele; antes, ela deve ser sua companheira e compartilhar igualmente
com ele de uma vida em comum. Um homem e uma mulher possuem temperamentos
diferentes e trazem para o casamento dons e qualidades diferentes. Cada um tem
um papel a desempenhar à medida que os dois edificam uma vida juntos; mas seus
diferentes papéis se complementam (se preenchem e se completam), suprindo o que
falta na outra pessoa e fortalecendo áreas que podem estar fracas. O resultado
é que cada um se torna uma pessoa melhor ao ser suprido com atributos e
habilidades trazidos pelo outro para o casamento. Evidentemente, o autor de
Gênesis só estava descrevendo a criação da mulher, a qual deveria ser uma
auxiliadora do homem, mas o princípio se aplica a todo relacionamento
marido/mulher (Mateus 19:3–6; Efésios 5:25–33; 1 Pedro 3:1–7). Além de ser uma
auxiliadora do homem, a posição da mulher é ainda mais definida por ser ela
“idônea” para ele, ou literalmente “diante” ele. O termo carrega em si a
conotação de “proeminência” ou “ser evidente”; mas em 2:18 e 20, sugere que ela
“corresponde a” o homem. O hebraico contém uma expressão composta
preposicionada que significa literalmente que a mulher é “como o oposto dele”.
Em outras palavras, ele não precisa de alguém exatamente como ele, mas como ele
em alguns aspectos e diferente dele em outros aspectos. O homem precisa de mais
do que apenas alguém que o auxilie em sua rotina diária de trabalho ou criação
de filhos. Embora esses papeis possam estar incluídos, ele também precisa de
apoio espiritual, psicológico e físico mútuos do sexo oposto que só o
companheirismo íntimo com uma esposa proporciona. Não bastou ter Deus criado um
ambiente perfeito em que o homem habitasse ou ter Deus criado o homem para ter
comunhão com seu Criador; o Senhor também fez o homem como um ser social para
ter relacionamentos com outros seres humanos, especialmente com uma esposa.
Quando Deus observou que a solidão do homem não era boa, Ele estava dizendo
essencialmente que o homem só pode ter realmente “vida quando amar, dar de si
mesmo... a outro ser no seu mesmo nível”.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
01/08/2022
Fontes:
GONÇALVES, José. Os ataques contra a igreja de Cristo – As sutilezas de Satanás nestes dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.
http://biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201506_04.pdf
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico – Pentateuco. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
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