segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

A EPÍSTOLA DE BARNABÉ

A EPÍSTOLA DE BARNABÉ


CAPÍTULO 1

Saudação

Filhos e filhas, eu vos saúdo na paz, em nome do Senhor que nos amou.

A fé dos destinatários Grandes e ricos são os decretos de Deus a vosso respeito. Acima de tudo, eu me alegro imensamente pelos vossos espíritos felizes e gloriosos, pois dele recebestes a semente plantada em vós mesmos, a graça do dom espiritual. Por isso, eu me alegro mais na esperança de me salvar, porque verdadeiramente vejo em vós que o Espírito da fonte abundante do Senhor foi derramado sobre vós. Em vosso caso, foi isso que me chamou a atenção ao vê-los, o que eu tanto desejava.

Intenções do autor

Estou convencido e intimamente persuadido disso, porque conversei muito convosco. O Senhor caminhou comigo no caminho da justiça e eu também me sinto impulsionado a amar-vos mais do que à minha própria vida, pois a fé e o amor que habitam em vós são grandes e fundados sobre a esperança da vida dele. Pensei que, se eu me preocupasse em participar-vos aquilo que recebi, eu teria recompensa por ter servido a espíritos como os vossos. Esforcei-me então para vos enviar estas poucas linhas, para que, além de vossa fé, tenhais também o conhecimento perfeito. Os ensinamentos do Senhor são três: a esperança da vida, começo e fim da nossa fé; a justiça, começo e fim do julgamento; o amor, testemunho pleno da alegria e contentamento das obras realizadas na justiça. Com efeito, por meio dos profetas, o Senhor nos fez conhecer o passado e o presente, e nos fez saborear antecipadamente o futuro. Vendo que uma e outra coisa se realizam conforme ele falou, devemos progredir no seu temor, de maneira mais rica e mais elevada. 8 Quanto a mim, não é como mestre, mas como um de vós, que vos preparei umas poucas coisas. Através delas, vocês se alegrarão nas circunstâncias presentes.

CAPÍTULO 2

O culto que Deus quer

Introdução

Como os dias são maus e é aquele que exerce o poder, devemos, para o nosso próprio bem, procurar as decisões do Senhor. Os auxiliares da nossa fé são o temor e a perseverança, e nossos companheiros de luta são a paciência e o autocontrole. Se essas virtudes permanecem puras diante do Senhor, a sabedoria, a inteligência, a ciência e o conhecimento virão regozijar-se com elas.

Os sacrifícios

De fato, foi-nos mostrado, mediante todos os profetas, que Deus não tem necessidade de sacrifícios, nem de holocaustos, e nem de ofertas. Em certa ocasião, ele diz: “Que me importa a multidão de vossos sacrifícios?” diz o Senhor. “Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de cordeiros não sangue de touros e de bodes, e nem que venhais vos apresentar diante de mim. Quem pediu essas coisas de vossas mãos? Não continueis a pisar em meu átrio. Se ofereceis flor de farinha, é em vão; vosso incenso para mim é abominação. Não suporto vossas neomênias e vossos sábados.” Ele rejeitou essas coisas, para que a lei nova de nosso Senhor Jesus Cristo, que é sem o jugo da necessidade, não precise de oferta preparada por homens. Ele ainda lhes disse: “Por acaso, ordenei a vossos pais, ao saírem do Egito, que me oferecessem holocaustos? Pelo contrário, eis o que lhes ordenei: Que nenhum de vós guarde em seu coração rancor contra o próximo e que não ame o juramento falso.” Devemos, portanto, compreender, pois não somos sem inteligência, o desígnio de nosso Pai em sua bondade, pois ele se dirige a nós, desejando que procuremos o modo de nos aproximar dele, sem nos extraviar, como aqueles homens. Eis, portanto, o que ele nos diz: “O sacrifício para Deus é um coração contrito; o perfume de suave odor para o Senhor é o coração que glorifica o seu Criador.” Irmãos, devemos, portanto, cuidar de nossa salvação, para que o maligno não introduza em nós o erro, e nos atire, como pedra de funda, para longe da nossa vida.

CAPÍTULO 3

O jejum

A respeito disso, falou-lhes ainda, “Com que finalidade jejuais para mim”, diz o Senhor, “como se ouve hoje aos gritos a vossa voz? Não é esse jejum que escolhi”, diz o Senhor, “não o homem que humilha a si mesmo. Nem quando dobrais vosso pescoço como um círculo, nem quando vos cobris de pano de saco e cinza, não chameis isso de jejum agradável.” Para nós, porém, ele diz: “Eis o jejum que eu escolhi”, diz o Senhor: “Desata todas as amarras da injustiça; desfaz as cordas dos contratos iníquos; envia os oprimidos em liberdade; rasga toda escritura injusta; reparte teu pão com os famintos; se vês alguém nu, veste-o; conduz para a tua casa os desabrigados; se vês algum pobre, não o desprezes; não te afastes dos membros de tua família. Então tua luz romperá pela manhã, tuas vestes rapidamente resplandecerão, a justiça irá à tua frente e a glória de Deus te envolverá. Então outra vez gritarás, e Deus te ouvirá. Ao falar, ele te dirá: Eis-me aqui! Isso, se renunciares a tecer amarras, a levantar a mão, a murmurar, e se deres de coração o teu pão ao faminto e tiveres compaixão da pessoa necessitada.” Por isso, irmãos, o paciente (Deus), prevendo que o povo, que ele preparou através do seu Amado, acreditaria com simplicidade, nos antecipou todas essas coisas, para que nós, como prosélitos, não nos arrebentássemos contra a lei deles.

CAPÍTULO 4

Vigilância

Exortação geral

É preciso, portanto, que examinemos com grande atenção a situação presente, para procurar o que nos pode salvar. Fujamos, pois, radicalmente de todas as obras iníquas, para que as obras iníquas jamais se apoderem de nós. Odiemos o erro do mundo presente, para que sejamos amados no mundo futuro. Não demos à nossa alma a liberdade, de modo que ela não tenha poder de correr com os maus e pecadores, a fim de que não nos tornemos semelhantes a eles.

Iminência do fim

O máximo do escândalo se aproxima, conforme está escrito, como diz Henoc . Com efeito, é por isso que o Senhor abreviou os tempos e os dias, a fim de que seu Amado chegue mais depressa à herança. Assim diz o profeta: “Dez reis reinarão sobre a terra e, depois disso, surgirá um pequeno rei que humilhará três reis de uma só vez.” Sobre isso, Daniel diz algo semelhante: “Vi a quarta besta, maligna, forte e mais terrível do que todas as bestas do mar. Dela brotaram dez chifres, e desses saiu um pequeno chifre, como broto. Este, de uma só vez, humilhou três dos chifres grandes.” Deveis, portanto, compreender.

A Aliança tem exigências

Além disso, peço- vos insistentemente, eu que sou um e vós e vos amo a todos e a cada um em particular mais do que a .mim mesmo: tomai cuidado para não ficardes como certas- pessoas, que acumulam pecados, dizendo que a Aliança está garantida para nós. Claro que era é nossa. Eles (os judeus) a perderam definitivamente, embora Moisés já a tivesse recebido. De fato, a Escritura diz: “Moisés jejuou na montanha durante quarenta dias e quarenta noites, e depois recebeu do Senhor a Aliança, as tábuas de pedra escritas pelo dedo da mão do Senhor.” Eles, porém, a perderam, por se terem voltado para os ídolos. Com efeito, assim disse o Senhor: “Moisés, Moisés, desce depressa, pois teu povo pecou, aqueles que fizeste sair da terra do Egito.” Moisés compreendeu, e jogou as duas tábuas de suas mãos. A Aliança deles foi rompida, para que a de Jesus, o Amado, fosse selada em nossos corações pela esperança da fé que nele temos. Querendo escrever muitas coisas, não como mestre, mas como convém a quem ama, não deixando perder nada do que possuímos, apliquei-me a escrever, como vosso humilde servidor. Estejamos atentos nestes últimos dias! Nada adiantará todo o tempo de nossa vida e de nossa fé, se agora, neste tempo de impiedade e na iminência dos escândalos, não resistirmos, como convém a filhos de Deus. A fim de que a Treva não se infiltre em nós e às escondidas, fujamos de toda vaidade e odiemos completamente as obras do mau caminho. Não vos isoleis, dobrando-vos sobre vós mesmos, como se já estivésseis justificados, mas reuni-vos, para procurar juntos o vosso bem comum. De fato, a Escritura diz: “Ai daqueles que se crêem inteligentes e que são sábios diante de si mesmos!” Tornemo-nos espirituais, tornemo-nos um templo perfeito para Deus. Quanto nos for possível, apliquemo-nos ao temor de Deus e combatamos para observar seus mandamentos, a fim de nos alegrarmos em suas disposições. O Senhor julgará o mundo com imparcialidade; cada um receberá segundo o que fez. Se for bom, sua justiça o precederá; se for mau, diante dele irá o salário do mal. 13. Tomemos cuidado para não ficarmos tranqüilos como chamados, adormecendo sobre nossos pecados, de modo que o príncipe do mal se apodere de nós e nos afaste do reino do Senhor. Meus irmãos, compreendei ainda o seguinte: quando vedes que, depois de tantos sinais e prodígios acontecidos em Israel, assim mesmo eles foram abandonados, tomemos cuidado, como está escrito, para que não sejamos encontrados “muitos chamados, mas poucos escolhidos.”

CAPÍTULO 5

Sofrimento do Senhor

O Senhor sofreu para purificar-nos de nossos pecados

O Senhor suportou entregar sua própria carne à destruição, para que fôssemos purificados pelo perdão dos pecados, isto é, pela aspersão feita com seu sangue. A respeito dele, a Escritura diz o seguinte sobre Israel e sobre nós: “Ele foi ferido por causa de nossas iniqüidades e maltratado por causa de nossos pecados, e nós fomos curados por sua chaga. Foi conduzido como ovelha ao matadouro e, como cordeiro, ficou mudo diante do tosquiador.”

Responsabilidade do homem

Precisamos, portanto, multiplicar nossos agradeci mentos ao Senhor, porque ele nos fez conhecer as coisas passadas, tornou-nos sábios no presente e não estamos sem inteligência para as coisas futuras. A Escritura diz: “Não se estendem injustamente as redes para os pássaros.” Isso quer dizer que, com razão, se perderá o homem que, tendo conhecimento do caminho da justiça, toma entretanto o caminho das trevas.

O Senhor sofreu para cumprir a promessa

Ainda o seguinte, meus irmãos: “Se o Senhor suportou sofrer por nós, embora fosse o Senhor do mundo inteiro, a quem Deus disse desde a criação do mundo: ?Façamos o homem à nossa imagem e semelhança’, como pode ele suportar sofrer pela mão dos homens? Aprendei. Os profetas, que tinham a graça dele, profetizaram a seu respeito. E ele afim de destruir a morte e mostrar a ressurreição dos mortos, teve que se encarnar e sofrer, afim de cumprir a promessa feita aos pais e preparar para si o povo novo e demonstrar, durante sua estada na terra, que era ele mesmo que julgaria, depois de ter realizado a ressurreição.

O Senhor sofreu na carne para que os pecadores pudessem vê-lo

Por fim, embora ele tivesse ensinado a Israel e realizado tão grandes prodígios e sinais, eles não foram levados por sua pregação a amá-lo acima de tudo. Porém, quando ele escolheu seus próprios apóstolos, que iriam anunciar o seu Evangelho, homens cujo pecado ultrapassava a medida, foi para mostrar que ele não tinha vindo chamar os justos, e sim os pecadores. Então ele manifestou que era Filho de Deus. Com efeito, se não se tivesse encarnado, como os homens poderiam ter sido salvos ao vê-lo, uma vez que eles não podem levantar os olhos para olhar de frente os raios do sol, que todavia um dia deixará de existir e que é tão-somente obra de suas mãos?

O Senhor sofreu para levar ao máximo o pecado de Israel

Se o Filho de Deus se encarnou, foi para levar ao máximo os pecados daqueles que tinham perseguido mortalmente os profetas dele. E por isso que ele suportou. De fato, Deus diz que é deles que vem a ferida de sua carne: “Quando ferirem o seu pastor, então as ovelhas do rebanho perecerão.” Foi ele, porém, que quis sofrer desse modo. Com efeito, era preciso que ele sofresse sobre o madeiro, pois o profeta diz a seu respeito: “Poupa à minha vida à espada.” E “transpassa com cravo a minha carne, porque uma assembléia de malfeitores se levantou contra mim.” E diz ainda: “Eis que ofereci minhas costas aos açoites e minha face para as bofetadas. Contudo, mantive o meu rosto como pedra dura.”

CAPÍTULO 6

Vitória pascal

O que diz ele, quando cumpriu o mandamento? “Quem é que me julga? Coloque-se diante de mim. Ou quem quer ser declarado justo diante de mim? Que se aproxime do servo do Senhor. Ai de vós! Porque todos vós envelhecereis como veste e a traça vos roerá.” E o profeta continua, uma vez que ele foi colocado como sólida pedra para esmagar: “Eis que colocarei nos alicerces de Sião uma pedra de grande valor, escolhida, angular e preciosa.” O que diz em seguida? “Aquele que nela crer, viverá para sempre.” Será que a nossa esperança está numa pedra? De modo nenhum. Mas foi o Senhor que tornou forte a sua carne. Com efeito, ele diz: “Ele me tornou como pedra dura”. O profeta continua: “A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a cabeça de ângulo.” E diz ainda: “Este é o dia grande e maravilhoso que o Senhor fez.”

A paixão

Eu, humilde servo do amor, vos escrevo com simplicidade, para que compreendais. O que diz ainda o profeta? “Uma assembléia de malfeitores me rodeou. Eles me cercaram como abelhas ao favo.” E “sobre minhas vestes tiraram sortes.” E como era na sua carne que ele devia revelar-se e sofrer, sua paixão foi revelada de antemão. De fato, o profeta diz a respeito de Israel: “Ai da vida deles! Pois conceberam um desejo mau contra si mesmos, dizendo: Amarremos o justo, porque ele nos incomoda.”

Nova criação

Que lhes diz Moisés, outro profeta? “Eis o que diz o Senhor Deus: Entrai na terra boa, que o Senhor prometeu a Abraão, Isaac e Jacó. Tomai posse dessa terra, onde correm leite e mel.” 0 que diz a sabedoria? Aprendei: “Ponde vossa esperança em Jesus, que deve revelar-se a vós na carne.” Com efeito, o homem é terra que sofre, pois é da terra que Adão foi plasmado. Que significa: “Na terra boa, terra onde correm leite e mel”? Bendito seja nosso Senhor, irmãos, pois ele pôs em nós a sabedoria e o entendimento de seus segredos. Pois o profeta diz: “Quem poderá compreender uma parábola do Senhor, a não ser o sábio que conhece e ama o seu Senhor?” Depois de nos ter renovado com o perdão dos pecados, ele fez de nós um novo ser, de modo que tenhamos alma de criança, como se ele nos tivesse plasmado novamente. De fato, a Escritura fala a nosso respeito, quando ele diz ao Filho: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que eles dominem sobre os animais da terra, as aves do céu e os peixes do mar.” E, vendo que nós éramos boa criação, o Senhor disse: “Crescei, multiplicaivos e enchei a terra.” Foi isso que ele disse ao Filho. Vou agora te mostrar como ele fala de nós. Ele realizou segunda criação nos últimos tempos. O Senhor diz: “Eis que faço as últimas coisas como as primeiras.” Nesse sentido, assim falou o profeta: “Entrai na terra onde correm leite e mel, e dominai-a.” Eis-nos, portanto, criados de novo, conforme o que ele diz ainda por outro profeta: “Eis”, diz o Senhor, “que arrancarei deles” -isto é, daqueles que o Espírito do Senhor via de antemão-“os corações de pedra, e implantarei neles corações de carne.” De fato, é na carne que ele devia manifestar-se e habitar em nós. Com efeito, meus irmãos, nossos corações assim habitados formam um templo santo para o Senhor. E o Senhor diz ainda: “Como me apresentarei diante do Senhor e serei glorificado?” Ele diz: “Celebrar-te- ei na assembléia de meus irmãos e cantarei teus louvores em meio à assembléia dos santos.” Portanto, somos nós que ele fez entrar na terra boa. E o que significam o “leite” e o “mel”? E porque a criança é nutrida primeiro com o mel e depois com o leite. Igualmente nós, alimentados pela fé na promessa e na palavra, vivemos dominando a terra. Ora, ele tinha dito antes: “Que eles cresçam, se multipliquem e dominem os peixes.” E quem pode hoje dominar as feras, ou os peixes, ou os pássaros do céu? Devemos compreender que dominar implica poder, a fim de que aquele que ordena possa dominar. Se hoje não é assim, ele nos disse o tempo: Quando formos perfeitos para sermos herdeiros da aliança do Senhor.

CAPÍTULO 7

Jejum e o bode expiatório

Compreendei, portanto, filhos da alegria, que o bom Senhor nos revelou tudo de antemão, para que saibamos a quem constantemente celebrar com ação de graças. Se o Filho de Deus, que é Senhor e julgará os vivos e os mortos, sofreu para nos dar a vida por meio de seus ferimentos, acreditamos que o Filho de Deus não podia sofrer, a não ser por causa de nós. Além disso, já crucificado, deram-lhe a beber vinagre e fel. Escutai como os sacerdotes do templo se expressaram sobre isso. O mandamento escrito dizia: “Quem não jejuar no dia do jejum, será condenado à morte.” O Senhor deu esse mandamento, porque também ele devia oferecer a si próprio pelos nossos pecados, como receptáculo do Espírito, em sacrifício, a fim de que fosse cumprida a prefiguração manifestada em Isaac, oferecido sobre o altar. O que diz ele por meio do profeta? “Que comam, durante o jejum, do bode oferecido por todos os pecados.” Notai bem: “E que todos os sacerdotes, e somente eles, comam as vísceras não lavadas com vinagre.” Por que isso? “Porque vós me fareis beber fel com vinagre, a mim que ofereci minha carne pelos pecados do meu novo povo. Somente vós comereis, enquanto o povo jejuará e se flagelará com pano de saco e cinza.” Isso era para mostrar que ele deveria sofrer na mão deles. Como ele ordenou? Prestai atenção: “Tomai dois bodes bonitos e iguais, e oferecei-os em sacrifício. Que o sacerdote tome o primeiro como holocausto pelos pecados.” E o que farão com o outro? Ele diz: “O outro é maldito.” Notai como a figura de Jesus é manifestada. “Cuspi todos nele, transpassai-o, coroai sua cabeça com lã escarlate e, desse modo, seja expulso para o deserto.” Feito isso, aquele que leva o bode o conduz ao deserto, tira-lhe a lã e a coloca sobre um arbusto chamado sarça, cujos frutos costumamos comer quando nos encontramos no campo. Somente os frutos da sarça são doces. O que significa isso? Prestai atenção: “O primeiro bode sobre o altar, o outro é maldito”. Justamente o maldito é que é coroado. É que eles o verão, naquele dia, trazendo sobre sua carne o manto escarlate, e dirão: “Não é este que outrora crucificamos, depois de o ter desprezado, transpassado e cuspido? Na verdade, era este que então se dizia Filho de Deus.” Qual a sua semelhança com aquele? São bodes “semelhantes”, “belos”, iguais, para que quando o virem então vir, fiquem espantados com a semelhança do bode. Eis, portanto, a figura de Jesus que devia sofrer. E por que se coloca a lã no meio dos espinhos? É uma figura de Jesus proposta para a Igreja: porque os espinhos são terríveis, aquele que quer pegar a lã escarlate deve sofrer muito, e deve apossar-se dela através da dor. Ele diz: “Dessa forma, aqueles que desejam ver-me e alcançar o meu Reino devem passar por tribulações e sofrimentos, para se apossar de mim.”

CAPÍTULO 8

Sacrifício da novilha

E que figura pensais que representa o mandamento dado a Israel: os homens que têm pecados consumados ofereçam a novilha, a imolem e, depois queimem? Além disso, as crianças deviam recolher as cinzas, colocá-las nos vasos, enrolar a lã escarlate num pedaço de madeira – de novo aqui a imagem da cruz e a lã escarlate – e o hissopo. E assim, as crianças deviam aspergir todos os membros do povo, para que ficassem purificados dos pecados. Reconhecei como ele vos fala com simplicidade: a novilha é Jesus; os pecadores que a oferecem são aqueles que o conduziram para ser imolado. Basta com esses homens! Basta com a glória dos pecadores! As crianças que fazem a aspersão são aqueles que nos anunciaram a remissão dos pecados e a purificação do coração. A eles foi conferida a autoridade de anunciar o Evangelho, e são doze para testemunhar às tribos, pois as tribos de Israel eram doze. E por que são três crianças que fazem a aspersão? Para testemunhar Abraão, Isaac e Jacó, que são grandes diante de Deus. E a lã sobre o madeiro? Ela significa que o Reino de Jesus está sobre o madeiro e os que nele esperam viverão para sempre. Contudo, por que se põem juntos a lã e o hissopo? Porque no seu Reino haverá dias maus e poluídos, durante os quais seremos salvos. Com efeito, é pelo respingo poluído do hissopo que se cura aquele cuja carne está doente. E por isso que esses acontecimentos são tão claros para nós, mas para eles tão obscuros, pois eles não ouviram a voz do Senhor.

CAPÍTULO 9

A verdadeira circuncisão

Circuncisão do ouvido

De fato, é dos ouvidos que ele fala ainda, quando diz que circuncidou nossos ouvidos e nossos corações. O Senhor diz por meio do profeta: “Obedeceram-me com os ouvidos.” E diz ainda: “Os que estão longe escutarão com o ouvido e conhecerão o que eu fiz”. E mais: “Circuncidai vossos ouvidos, diz o Senhor.” E diz também: “Escuta, Israel, eis o que diz o Senhor teu Deus: Quem deseja viver para sempre? Que ele escute com o ouvido a voz do meu servo.” E diz ainda: “Escuta, ó céu; dá ouvidos, ó terra, pois o Senhor falou isso como testemunho.” E diz mais: “Escutai a palavra do Senhor, príncipes deste povo.” E diz ainda: “Filhos, escutai a voz que grita no deserto.” Ele, portanto, circuncidou nossos ouvidos, para que escutemos a palavra e creiamos.

Circuncisão do coração

Contudo, a circuncisão, na qual eles depositavam confiança, foi rejeitada. De fato, ele dissera que a circuncisão não devia ser da carne, mas eles transgrediram, porque um anjo mau os enganou. Todavia, ele lhes diz: “Assim fala o Senhor vosso Deus” – é aí que encontro o mandamento -: “Não semeeis entre os espinhos, mas circuncidai-vos para o vosso Senhor.” E o que diz ele? “Circuncidai a maldade do vosso coração.” E diz ainda: “Eis, diz o Senhor, que todas as nações têm o prepúcio incircunciso, mas este povo tem o coração incircunciso.”

Circuncisão de Abraão

Vós, porém, direis: “O povo recebeu a circuncisão como selo.” Contudo, todos os sírios, os árabes e todos os sacerdotes dos ídolos também têm a circuncisão. Pertencem também eles à sua aliança? Até os egípcios praticam a circuncisão! Filhos do amor, aprendei mais particularmente estas coisas: Abraão, praticando por primeiro a circuncisão, circuncidava porque o Espírito dirigia profeticamente seu olhar para Jesus, dando-lhe o conhecimento das três letras. Com efeito, ele diz: “E Abraão circuncidou entre os homens de sua casa trezentos e dezoito homens.” Qual é, portanto, o conhecimento que lhe foi dado? Notai que ele menciona em primeiro lugar os dezoito e depois, fazendo distinção, os trezentos. Dezoito se escreve: I, que vale dez, e H, que representa oito. Tens aí: IH(sous) = Jesus. E como a cruz em forma de T devia trazer a graça, ele menciona também trezentos (= T). Portanto, ele designa claramente Jesus pelas duas primeiras letras e a cruz pela terceira. Quem depositou em nós o dom do seu ensinamento sabe bem disto: Ninguém recebeu de mim ensinamento mais digno de fé. Sei, porém, que vós sois dignos.

CAPÍTULO 10

Significado espiritual das prescrições alimentares

Primeira formulação

Moisés disse: “Não comereis porco, nem águia, nem gavião, nem corvo, nem peixe algum que não tenha escamas”. Porque ele tinha em mente três ensinamentos. Por fim, ele diz a eles no Deuteronômio: “Exporei a esse povo as minhas decisões.” A proibição de comer não é, portanto, mandamento de Deus, pois Moisés falava simbolicamente. Eis o significado do que ele diz sobre o “porco”. Não te ligarás a esses homens que se assemelham aos porcos; isto é, que quando vivem na abundância, se esquecem do Senhor; mas na necessidade reconhecem o Senhor. Assim é o porco: enquanto está comendo, ele não conhece seu dono; mas quando está com fome, ele grunhe e, uma vez tendo comido, volta a se calar. Ele diz: “Também não comerás a águia, nem o gavião, nem o milhafre, nem o corvo.” Isto é: não te ligarás, imitando-os, a esses homens que não sabem ganhar o alimento por meio do trabalho e do suor, mas que, em sua injustiça, arrebatam o bem alheio. Andam com ar inocente, mas espionam e observam a quem vão despojar por ambição. Eles são como essas aves, as únicas que não providenciam o alimento por si próprias, mas se empoleiram ociosamente, procurando a ocasião de se alimentar da carne dos outros. São verdadeiros flagelos por sua crueldade. Ele continua: “Não comerás moreia, nem polvo, nem molusco.” Isto é: não te assemelharás, ligando-te a esses homens que são radicalmente ímpios e já estão condenados à morte. O mesmo acontece com esses peixes: são os únicos amaldiçoados, que nadam nas profundezas, sem subirem como os outros; permanecem no fundo da terra, habitando o abismo.

Segunda formulação

Também “não comerás a lebre.” Por que razão? Isso quer dizer: não serás pederasta, nem imitarás aqueles que são assim. Porque a lebre, a cada ano, multiplica seu ânus. Ela tem tantos orifícios quanto o número de seus anos. Também “não comerás a hiena”. Isso quer dizer: não serás nem adúltero, nem homossexual, e não te Assemelharás àqueles que são assim. Por que razão? Porque esse animal muda de sexo todos os anos e torna se ora macho, ora fêmea. EIe odiou também “a doninha”. Muito bem! Não serás como aqueles que cometem, como se diz, iniqüidade com a boca por depravação, nem te ligarás a esses depravados que cometem iniqüidade com sua boca. De fato, esse mal se concebe pela boca. Moisés, tendo recebido tríplice ensinamento sobre os alimentos, usou linguagem simbólica. Eles, porém, o entenderam sobre os alimentos materiais, por causa do desejo carnal.

Davi confirma o ensinamento

Davi recebeu o conhecimento desse mesmo ensinamento tríplice. Ele fala de forma semelhante: “Feliz o homem que não vai ao conselho dos ímpios”, como os peixes que se movem nas trevas para o fundo; “e que não pára no caminho dos pecadores”, como aqueles que aparentam temer ao Senhor, mas pecam como o porco; “e que não se assentou na cátedra da pestilência”, como as aves que se postam para a rapina. Aí tendes perfeitamente o que se refere à comida.

Conclusão

Moisés, porém, disse: “Comei de todo animal que tem o casco fendido e que rumina.” O que ele quer dizer? Que (tal animal), quando recebe a comida, conhece aquele que o alimenta, e quando repousa, parece que se alegra com ele. Disse-o bem, considerando o mandamento. Que quer ele dizer? Vinculai-vos àqueles que temem o Senhor, que meditam no coração sobre o sentido exato da palavra que receberam, que ensinam e observam as decisões do Senhor, que sabem que a meditação é alegre exercício e que ruminam a palavra do Senhor. O que significa o “casco fendido”? É que o justo caminha neste mundo e espera o mundo santo. Vede como Moisés legislou bem! Mas, para eles, como é possível compreenderem ou entenderem essas coisas? Nós, tendo compreendido exatamente os mandamentos, os exprimimos como o Senhor desejou. Por isso, ele circuncidou nossos ouvi dos e nossos corações, para compreendermos essas coisas.

CAPÍTULO 11

Profecias do Batismo e da Cruz

A água

Pesquisemos se o Senhor teve intenção de falar antecipadamente sobre a água e sobre a cruz. Quanto à água, está escrito que Israel não teria recebido o batismo que leva à remissão dos pecados, mas que eles próprios teriam constituído um. Com efeito, diz o profeta: “Pasma, ó céu, e que a terra trema ainda mais! Pois este povo cometeu mal duplo: eles me abandonaram, a mim que sou a fonte viva da água, e cavaram para si mesmos uma cisterna de morte. Por acaso, o Sinai, minha montanha santa, é rocha deserta? Vós sereis como os passarinhos que voam, quando se lhes tira o ninho.” E o profeta diz ainda: “Eu marcharei à tua frente, aplainarei as montanhas, quebrarei as portas de bronze, despedaçarei as trancas de ferro, e te darei tesouros secretos, escondidos, invisíveis, a fim de que saibam que eu sou o Senhor Deus. Tu habitarás numa caverna alta de rocha sólida, onde a água não falta nunca. Vereis o rei em sua glória e vossa alma meditará no temor do Senhor.”

A água e o madeiro

EIe diz ainda por meio de outro profeta: “Quem assim age, será como a árvore plantada junto à corrente d’água, e que dá seu fruto no tempo certo. Sua folhagem não cairá; e tudo o que ele fizer terá sucesso. Não são assim os ímpios, não são assim. Eles são, antes, como a poeira que o vento espalha na face da terra. E por isso que os ímpios não se levantarão no julgamento, nem os pecadores no conselho dos justos. Pois o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá.” Notai que ele designa ao mesmo tempo a água e a cruz. Com efeito, ele quer dizer: “Felizes aqueles que, tendo lançado sua esperança na cruz, desceram para a água. Pois ele diz que o salário vem “no tempo certo”. Então, diz ele, eu retribuirei. Mas para hoje, ele diz: “Sua folhagem não cairá.” Isso significa que toda palavra de fé e amor que sair da vossa boca será para muitos causa de conversão e de esperança. E outro profeta diz ainda: “E a terra de Jacó era celebrada mais do que qualquer outra terra.” Isso quer dizer que ele glorifica o vaso do seu Espírito. O que diz ele a seguir? “Havia um rio que corria, vindo da direita, e árvores esplêndidas hauriam dele seu crescimento. Qualquer pessoa que delas comer, viverá eternamente.” Isso significa que descemos para a água carregados de pecados e poluição, mas subimos dela para dar frutos em nosso coração, tendo no Espírito o temor e a esperança em Jesus. “Quem comer deles viverá eternamente”, quer dizer: quem escutar, quando tais palavras são ditas, e crer nelas, viverá eternamente.

CAPÍTULO 12

O madeiro

Da mesma forma, é sobre a cruz que ele fala por meio de outro profeta: “Quando tais coisas se cumprirão? Diz o Senhor: Quando um madeiro for estendido no chão e depois novamente levantado, e quando o sangue gotejar do madeiro.” Eis que se fala de novo da cruz e daquele que seria crucificado. Ele ainda fala a Moisés, quando Israel é atacado pelos povos estrangeiros, para lembrar-lhes, nesse combate, que era pelos pecados deles que estavam sendo entregues à morte. Falando ao coração de Moisés, o Espírito lhe fez representar a figura da cruz e de quem sofreria, pois, diz ele, se não esperarem nele, serão eternamente atacados. Então Moisés amontoou as armas no meio do combate e, de pé, no lugar mais alto de todos, estendeu os braços, e assim Israel venceu novamente. Em seguida, cada vez. que os abaixava, os israelitas sucumbiam outra vez. Por quê? Para que soubessem que não podiam ser salvos, se não confiassem nele. Por meio de outro profeta, ele diz ainda: “O dia inteiro estendi meus braços para um povo desobediente e que se opõe ao meu justo caminho.” Outra vez ainda, no momento em que Israel sucumbia, Moisés fez prefiguração de Jesus, mostrando que ele devia sofrer, e justamente aquele que acreditavam estar morto na cruz, haveria de dar a vida. De fato, o Senhor fez com que todo tipo de serpentes os mordessem, e eles morriam, embora a serpente tenha sido para Eva o instrumento da desobediência. Ele queria assim convencê-los de que era por causa da desobediência deles que seriam entregues à tortura da morte. Finalmente, o próprio Moisés tinha ordenado: “Não tereis, como vosso deus, nenhuma imagem fundida ou esculpida.” Mas ele próprio fez uma serpente de bronze, colocou-a diante de todos, e convocou o povo. Quando se reuniram naquele lugar, suplicaram a Moisés que intercedesse pela cura deles. Moisés porém, lhes respondeu: “Quando alguém de vós for mordido, venha até à serpente fixada ao madeiro e creia com confiança. Crendo que essa serpente, embora morta, possa dar a vida, no mesmo instante será salvo.” Assim fizeram eles. Eis aqui de novo a glória de Jesus, porque tudo está nele e tudo é para ele.

Jesus, Filho de Deus

Que diz ainda Moisés a respeito do profeta Jesus, filho de Nave, dando-lhe esse nome, somente para que todo o povo ouvisse que o Pai revela todas as coisas em torno de seu Filho Jesus? Enviando-o para explorar o país, depois de lhe ter dado esse nome, Moisés disse a Jesus, filho de Nave: “Toma em tuas mãos um livro e escreve o que diz o Senhor: Nos últimos dias, o Filho de Deus arrancará pelas raízes a casa de Amalec.” Mais uma vez, eis que Jesus, manifestado em prefiguração carnal, não filho de homem, mas Filho de Deus. Porque diriam que o Cristo é filho de Davi, o próprio Davi, temendo e prevendo o erro dos pecadores, profetiza: “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos como estrado para teus pés.” Isaías também diz: “O Senhor disse ao Cristo, meu Senhor: Eu o tomei pela mão direita, para que as nações lhe obedeçam, e eu romperei a força dos reis.” Vede como Davi o chama Senhor, e não filho!

CAPÍTULO 13

A Aliança

Qual povo é o herdeiro?

Vejamos agora qual é o povo que recebe a herança. Se este, ou se o primeiro. E a Aliança, é para nós, ou para aqueles? Escutai, então, o que diz a Escritura a respeito do povo: “Isaac rezava pela sua mulher Rebeca, que era estéril, e ela concebeu”. Depois: “Rebeca saiu para consultar o Senhor, e o Senhor lhe disse: Há duas nações em teu seio e dois povos em tuas entranhas. Um povo dominará o outro, e o mais velho servirá ao mais jovem.” Deveis compreender quem é Isaac e quem é Rebeca, e a quem se referia ao mostrar que este povo é maior do que aquele. Em outra profecia, Jacó se dirige mais claramente ainda a seu filho José, dizendo: “Eis que o Senhor não me privou de tua presença. Traze-me teus filhos, para que eu os abençoe.” Ele levou Efraim e Manasses, querendo que Manassés, o mais velho, recebesse a bênção. José o conduziu para a mão direita de seu pai Jacó. No entanto, Jacó viu em espírito a prefiguração do povo futuro. E o que disse ele? “E Jacó cruzou as mãos, e colocou a direita sobre a cabeça de Efraim, o segundo e o mais novo, e o abençoou. Então José disse a Jacó: ?Desvia tua mão direita e colocaa sobre a cabeça de Manassés, pois ele é o meu filho primogénito’. Então Jacó disse a José: ?Eu sei, meu filho, eu sei. O mais velho servirá ao mais jovem, e é este que será abençoado.'” Vede a quem ele se referia ao decidir que este povo seria o primeiro e o herdeiro da Aliança. Se isso ainda nos é lembrado no caso de Abraão, então nosso conhecimento torna-se completo. O que é que ele diz então a Abraão, pelo fato de que somente ele tinha acreditado, e foi estabelecido na justiça? “Abraão, eis que eu te estabeleci como pai de nações que, embora incircuncisas, acreditam em Deus.”

CAPÍTULO 14

A quem Deus dá sua Aliança?

Muito bem. Porém vejamos: Pesquisemos, para ver se ele deu ao povo a Aliança que prometera – juramento a seus antepassados. Certamente ele a deu, mas eles não foram dignos de recebê-la, por causa de seus pecados. De fato, o profeta diz: “Moisés jejuou quarenta dias e quarenta noites no monte Sinai, para receber a Aliança do Senhor com o povo. E Moisés recebeu do Senhor as duas tábuas escritas em espírito pelo dedo da mão do Senhor. Moisés as tomou, e começou a descer, para levá-las ao povo. Então disse a Moisés o Senhor: `Moisés, Moisés, apressa-te a descer, pois teu povo, que fizeste sair da terra do Egito, pecou.’ Moisés compreendeu que eles ainda tinham feito para si imagens de metal fundido. Então ele atirou de suas mãos as tábuas, e as tábuas da Aliança do Senhor se quebraram.” Moisés, portanto, a recebeu, mas eles não foram dignos dela. Aprendei como nós a recebemos. Moisés a recebeu como servo, mas o próprio Senhor, depois de sofrer por nós, no-la entregou como povo da herança. Ele apareceu, para que aqueles levassem ao máximo a medida dos pecados e nós recebêssemos a Aliança mediante o Senhor Jesus, o herdeiro. Jesus foi preparado por ocasião de sua manifestação, para libertar das trevas nossos corações já consumidos pela morte e entregues aos desvios da iniqüidade, e para estabelecer conosco uma Aliança com a palavra. De fato, está escrito que o Pai lhe ordenou libertar-nos das trevas, a fim de preparar para si um povo santo. Diz, portanto, o profeta: “Eu, o Senhor teu Deus, te chamei na justiça, e te tomarei pela mão e te fortificarei. Eu te coloquei como Aliança de um povo, como luz das nações, para abrir os olhos dos cegos, para libertar das cadeias os prisioneiros e da prisão aqueles que estão nas trevas.” Sabei, portanto, de onde fomos libertos! O profeta diz ainda: “Eis que eu te coloquei como luz das nações, a fim de que sirvas para a salvação, até os confins da terra. Assim diz o Senhor, o Deus que te libertou.” E o profeta diz ainda: “O Espírito do Senhor está sobre mim e, por isso, me ungiu para anunciar aos pobres o evangelho da graça. Ele me enviou para curar os corações quebrantados, para proclamar aos prisioneiros a liberdade e aos cegos a vista, para anunciar o ano favorável do Senhor e o dia da retribuição, para consolar todos os que choram.”

CAPÍTULO 15

O Sábado de Deus

Ainda, sobre o sábado, está escrito no Decálogo que Deus o entregou pessoalmente a Moisés sobre o monte Sinai: “Santificai o sábado do Senhor com mãos puras e coração puro.” Em outro lugar, ele diz: “Se meus filhos guardarem o sábado, então estenderei sobre eles a minha misericórdia.” Ele menciona o sábado no princípio da criação: “Em seis dias, Deus fez as obras de suas mãos e as terminou no sétimo dia, e nele descansou e o santificou.” Prestai atenção, filhos, sobre o que significa: “terminou no sétimo dia”. Isso significa que o Senhor consumará o universo em seis mil anos, pois um dia para ele significa mil anos. Ele próprio o atesta, dizendo: “Eis que um dia do Senhor será como mil anos.” Portanto, filhos, em “seis dias”, que são seis mil anos, o universo será consumado. “E ele descansou no sétimo dia.” Isso quer dizer que seu Filho, quando vier para pôr fim ao tempo do Iníquo, para julgar os ímpios e mudar o sol, a lua e as estrelas, então ele, de fato, repousará no sétimo dia. Por fim, ele diz: “Tu o santificarás com mãos puras e coração puro.” Contudo, se alguém atualmente pudesse santificar, de coração puro, esse dia que Deus santificou, então nós nos teríamos enganado completamente. Porém, se este agora não é o caso, ele o santificará verdadeiramente no repouso, quando nós formos capazes disso, isto é, quando tivermos sido justificados e tivermos recebido o objeto da promessa, quando não houver mais iniqüidade, e o Senhor tiver renovado tudo. Então, poderemos santificá-lo, tendo sido primeiro nós mesmos santificados. Ele finalmente lhes disse: “Não suporto vossas neomênias e vossos sábados”. Vede como ele diz: não são os sábados atuais que me agradam, mas aquele que eu fiz e no qual, depois de ter levado todas as coisas ao repouso, farei o início do oitavo dia, isto é, o começo de outro mundo. Eis por que celebramos como festa alegre o oitavo dia, no qual Jesus ressuscitou dos mortos e, depois de se manifestar, subiu aos céus.

CAPÍTULO 16

O Templo

No que se refere ao templo, eu vos direi ainda como esses infelizes extraviados puseram sua esperança num edifício, como se fosse a casa de Deus, e não no Deus deles, que os criou. Com efeito, quase como os pagãos, eles o consagraram no templo. Mas, como fala o Senhor, abolindo-o? Aprendei: “Quem mediu o céu com o palmo e a terra com a mão? Não fui eu? diz o Senhor: O céu é o meu trono e a terra é o estrado dos meus pés. Que casa construireis para mim, ou qual será o lugar do meu repouso?” Vede como era vã a esperança deles. Por fim, ele diz ainda: “Eis! aqueles que destruíram esse templo, eles mesmos o edificarão.” E o que está acontecendo. De fato, por causa da guerra deles, o templo foi destruído pelos inimigos. E agora, os mesmos servos dos inimigos o reconstruirão. Ele tinha igualmente revelado que a cidade, o templo e o povo de Israel seriam entregues. Com efeito, a Escritura diz: “Acontecerá no fim dos dias que o Senhor entregará à destruição as ovelhas do pasto, o aprisco e a sua torre.” E aconteceu conforme o Senhor tinha dito. Indaguemos se existe um templo de Deus. Sim, existe onde ele mesmo diz que o há de construir e aperfeiçoar. De fato, está escrito: “Quando a semana estiver terminada, será construído um templo de Deus, com esplendor, sobre o nome do Senhor.” Acho pois que existe um templo. E como ele “será construído sobre o nome do Senhor”? Aprendei: antes que acreditássemos em Deus, nossos corações eram uma habitação corruptível e frágil, exatamente como um templo construído por mão humana. Com efeito, estava cheio de idolatria e era casa de demônios pois todas as nossas ações se opunham a Deus. Contudo, “ele será construído sobre o nome do Senhor.” Estai atentos, para que o templo do Senhor seja construído “com esplendor”. De que modo? Aprendei: recebendo o perdão dos pecados e pondo nossa esperança no Nome, nós nos tornamos novos, recriados desde o princípio. É por isso que Deus habita verdadeiramente em nós, tornando-nos sua morada. Como? Pela sua palavra de fé, pelo chamado da sua promessa, pela sabedoria das suas leis, pelos mandamentos da doutrina, e ele próprio profetizando em nós, habitando em nós, abrindo para nós a porta do templo, que é a nossa boca, e dando-nos o arrependimento, ele nos introduz no templo incorruptível. De fato, quem deseja ser salvo não olha para o homem, mas para aquele que habita nele e fala por meio dele, maravilhado “Neomênias” é o primeiro dia do mês (lunar), a “lua nova” ou “neomênia”, era uma festa celebrada tanto entre os israelitas como entre os cananeus (cf. Lv 23,24; 1Sm 20,5.24; Is 13; Am 8,5). Como o sábado, a lua nova (neoménia) interrompia as transações comerciais. de não ter ouvido as palavras daquele que fala através de uma boca humana, nem de ter desejado ouvi-Ias. Esse é o templo espiritual construído pelo Senhor.

CAPÍTULO 17

Conclusão

Eu vos expliquei essas coisas com a maior simplicidade possível, e espero não ter deixado nada de lado. Com efeito, se vos escrevesse sobre o presente ou o futuro, não compreenderíeis, pois isso permanece em parábolas.

CAPÍTULO 18

Os Dois Caminhos

Introdução

Sobre esse assunto, chega. Passemos para outro tipo de conhecimento e ensinamento. Existem dois caminhos de ensinamento e autoridade: o da luz e o das trevas. A diferença entre os dois é grande. De fato, sobre um estão postados os anjos de Deus, portadores da luz; e sobre o outro, os anjos de satanás. Um é Senhor de eternidade em eternidade, o outro é príncipe do presente tempo da iniqüidade.

CAPÍTULO 19

O caminho da luz

Este é o caminho da luz: se alguém quer andar no caminho e chegar ao lugar determinado, que se esforce em suas obras. Eis, portanto, o conhecimento que nos foi dado para andar nesse caminho.

Ama aquele que te criou. Teme aquele que te formou. Glorifica aquele que te resgatou da morte. Sê simples de coração e rico de espírito. Não te ligues àqueles que andam no caminho da morte. Odeia tudo o que não é agradável a Deus. Odeia toda hipocrisia.

Não abandones os mandamentos do Senhor. Não te engrandeças a ti mesmo, mas sê humilde em todas as circunstâncias. Não te arrogues glória. Não planejes o mal contra o teu próximo. Não te entregues à insolência.

Não pratiques a prostituição, nem o adultério, nem a pederastia. Não divulgues a palavra de Deus entre pessoas impuras. Não faças diferença entre as pessoas, ao corrigir alguém por sua falta. Sê manso, tranqüilo, respeitando as palavras que ouviste. Não sejas vingativo para com teu irmão.

Não fiques hesitando sobre o que vai ou não acontecer. Não tomes em vão o nome do Senhor. Ama o teu próximo mais do que a ti mesmo. Não mates a criança no seio da mãe, nem logo que ela tiver nascido. Não te descuides de teu filho ou de tua filha. Pelo contrário, dá-lhes instrução desde a infância no temor do Senhor.

Não cobices os bens do teu próximo. Não sejas avarento, não te juntes de coração com os grandes, mas conversa com os justos e pobres. Aceita como boas as coisas que te acontecem, sabendo que nada acontece sem o consentimento de Deus.

Não sejas dúplice no pensar e no falar, porque a duplicidade é armadilha mortal. Sê submisso a teus senhores, com respeito e reverência, como à imagem de Deus. Não dês ordens com rudeza ao teu servo ou à tua serva, pois eles esperam no mesmo Deus que tu, para que não percam o temor de Deus, que está acima de uns e de outros; com efeito, ele não vem chamar a pessoa pela aparência, mas aqueles que o Espírito preparou.

Compartilha tudo com o teu próximo, e não digas que são coisas tuas. Se estais unidos nas coisas incorruptíveis, tanto mais nas coisas corruptíveis. Não sejas loquaz, porque a boca é armadilha mortal. O quanto podes, sê puro com a tua alma.

Não sejas como os que estendem a mão na hora de receber, e a retiram na hora de dar. Ama, como a pupila do teu olho, todo aquele que te anuncia a palavra de Deus.

Lembra-te noite e dia, do dia do julgamento. A cada dia, procura a companhia dos santos. Empenha-te com a pregação, exortando e preocupando-te em salvar uma alma pela palavra, ou então em trabalhar com tuas mãos, para resgatar teus pecados.

Não hesites em dar, nem dês reclamando, pois sabes quem é o verdadeiro remunerador da tua recompensa. Guarda o que recebeste, sem nada acrescentar ou tirar. Odeia totalmente o mal. Julga de modo justo.

Não provoques divisão. Pelo contrário, reconcilia aqueles que brigam entre si. Confessa os teus pecados. Não te apresentes em má consciência para a oração.

CAPÍTULO 20

O caminho da treva

O caminho da treva é tortuoso e cheio de maldições. De fato, em sua totalidade, ele é o caminho da morte eterna nos tormentos. Nele se encontram as coisas que arruínam a alma dos homens: idolatria, insolência, altivez do poder, hipocrisia, duplicidade de coração, adultério, homicídio, rapina, orgulho, transgressão, fraude, maldade, arrogância, feitiçaria, magia, avareza e ausência do temor de Deus. (São) os que perseguem os bons, odeiam a verdade, amam a mentira, ignoram a recompensa da justiça, não se ligam ao bem nem ao julgamento justo, não cuidam da viúva e do órfão, não vigiam para o temor de Deus, mas para o mal, afastam-se da mansidão e da paciência, amam as vaidades, correm atrás da recompensa, não têm misericórdia para com o pobre, recusam ajudar o oprimido, difamam facilmente, ignoram o seu Criador, matam crianças, corrompem a imagem de Deus, não se compadecem do necessitado, não se importam com os atribulados, defendem os ricos, são juízes injustos com os pobres, e, por fim, são pecadores consumados.

CAPÍTULO 21

Conclusão

É bom, portanto, aprender as sentenças do Senhor, que estão escritas, e a elas conformar o comportamento. Com efeito, aquele que as pratica será glorificado no Reino de Deus, mas aquele que escolher o outro (Caminho) perecerá com suas obras. Por isso, existe ressurreição, e por isso existe retribuição. A vós, que sois superiores, peço que aceitem um conselho da minha benevolência: Tendes no meio de vós pessoas para com as quais praticar o bem. Não deixem de o fazer. Está próximo o dia, no qual todas as coisas perecerão com o Maligno. Está próximo o Senhor, justo com a sua retribuição. Peço-vos ainda: sede bons legisladores para vós mesmos, permanecei fiéis conselheiros para vós mesmos, afastai de vós toda hipocrisia. O Deus, que reina sobre o mundo inteiro, vos dê sabedoria, inteligência, ciência, conhecimento de suas decisões, e perseverança. Deixai-vos instruir por Deus, procurando o que o Senhor quer de vós, e praticai-o, para que vos encontreis no dia do julgamento. Se vos recordais do bem, lembrai-vos de mim ao meditar sobre essas coisas. Desse modo, meu desejo e minha vigilância levarão a realizar algum bem. Peço-vos com insistência, como uma graça: enquanto o belo vaso ainda está convosco, não negligencieis nada das vossas coisas, mas buscai-as constantemente e cumpri todos os mandamentos, pois eles são dignos. Eis por que me esforcei em vos escrever, segundo minhas possibilidades. Eu vos saúdo, filhos do amor e da paz. Que o Senhor da glória e de toda graça esteja com vosso espírito.

A Obra

Autor desconhecido – pseudo-Barnabé.

Traduzido por Ivo Storniolo e Euclides M. Balancim

Fonte: Coleção Patrística Vol I, Padres Apostólicos. Ed. Paulus

sábado, 29 de janeiro de 2022

Didaqué: A Instrução dos Doze Apóstolos

 Didaqué:

A Instrução dos Doze Apóstolos

(Ano 145-150 DC)

 


O CAMINHO DA VIDA E O CAMINHO DA MORTE

CAPÍTULO I

1Existem dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte. Há uma grande diferença entre os dois. 

2Este é o caminho da vida: primeiro, ame a Deus que o criou; segundo, ame a seu próximo como a si mesmo. Não faça ao outro aquilo que você não quer que façam a você.

3Este é o ensinamento derivado dessas palavras: bendiga aqueles que o amaldiçoam, reze por seus inimigos e jejue por aqueles que o perseguem. Ora, se você ama aqueles que o amam, que graça você merece? Os pagãos também não fazem o mesmo? Quanto a você, ame aqueles que o odeiam e assim você não terá nenhum inimigo.

4Não se deixe levar pelo instinto. Se alguém lhe bofeteia na face direita, ofereça-lhe também a outra face e assim você será perfeito. Se alguém o obriga a acompanhá-lo por um quilometro, acompanhe-o por dois. Se alguém lhe tira o manto, ofereça-lhe também a túnica. Se alguém toma alguma coisa que lhe pertence, não a peça de volta porque não é direito.

5Dê a quem lhe pede e não peças de volta pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a todos. Bem-aventurado aquele que dá conforme o mandamento pois será considerado inocente. Ai daquele que recebe: se pede por estar necessitado, será considerado inocente; mas se recebeu sem necessidade, prestará contas do motivo e da finalidade. Será posto na prisão e será interrogado sobre o que fez... e daí não sairá até que devolva o último centavo.

6Sobre isso também foi dito: que a sua esmola fique suando nas suas mãos até que você saiba para quem a está dando.


CAPÍTULO II

1O segundo mandamento da instrução é:

2Não mate, não cometa adultério, não corrompa os jovens, não fornique, não roube, não pratique a magia nem a feitiçaria. Não mate a criança no seio de sua mãe e nem depois que ela tenha nascido.

3Não cobice os bens alheios, não cometa falso juramento, nem preste falso testemunho, não seja maldoso, nem vingativo.

4Não tenha duplo pensamento ou linguajar pois o duplo sentido é armadilha fatal.

5A sua palavra não deve ser em vão, mas comprovada na prática.

6Não seja avarento, nem ladrão, nem fingido, nem malicioso, nem soberbo. Não planeje o mal contra o seu próximo.

7Não odeie a ninguém, mas corrija alguns, reze por outros e ame ainda aos outros, mais até do que a si mesmo.


CAPÍTULO III

1Filho, procure evitar tudo aquilo que é mau e tudo que se parece com o mal.

2Não seja colérico porque a ira conduz à morte. Não seja ciumento também, nem briguento ou violento, pois o homicídio nasce de todas essas coisas.

3Filho, não cobice as mulheres pois a cobiça leva à fornicação. Evite falar palavras obscenas e olhar maliciosamente já que os adultérios surgem dessas coisas.

4Filho, não se aproxime da adivinhação porque ela leva à idolatria. Não pratique encantamentos, astrologia ou purificações, nem queira ver ou ouvir sobre isso, pois disso tudo nasce a idolatria.

5Filho, não seja mentiroso pois a mentira leva ao roubo. Não persiga o dinheiro nem cobice a fama porque os roubos nascem dessas coisas.

6Filho, não fale demais pois falar muito leva à blasfêmia. Não seja insolente, nem tenha mente perversa porque as blasfêmias nascem dessas coisas.

7Seja manso pois os mansos herdarão a terra.

8Seja paciente, misericordioso, sem maldade, tranquilo e bondoso. Respeite sempre as palavras que você escutou.

9Não louve a si mesmo, nem se entrege à insolência. Não se junte com os poderosos, mas aproxima dos justos e pobres.

10Aceite tudo o que acontece contigo como coisa boa e saiba que nada acontece sem a permissão de Deus.


CAPÍTULO IV

1Filho, lembre-se dia e noite daquele que prega a Palavra de Deus para você. Honre-o como se fosse o próprio Senhor, pois Ele está presente o­nde a soberania do Senhor é anunciada.

2Procure estar todos os dias na companhia dos fiéis para encontrar forças em suas palavras.

3Não provoque divisão. Ao contrário, reconcilia aqueles que brigam entre si. Julgue de forma justa e corrija as culpas sem distinguir as pessoas.

4Não hesite sobre o que vai acontecer.

5Não te pareças com aqueles que dão a mão quando precisam e a retiram quando devem dar.

6Se o trabalho de suas mãos te rendem algo, as ofereça como reparação pelos seus pecados.

7Não hesite em dar, nem dê reclamando porque, na verdade, você sabe quem realmente pagou sua recompensa. reverência, como à própria imagem de Deus.

8Não rejeite o necessitado. Divida tudo com o seu irmão, e não diga que são coisas suas. Se vocês estão unidos nas coisas que não morrem, tanto mais nas coisas perecíveis.

9Não se descuide de seu filho ou de sua filha; pelo contrário, instrua-os desde a infância no temor de Deus.

10Não dê ordens com rudeza ao seu servo ou à sua serva, pois eles esperam no mesmo Deus que você, para que não percam o temor de Deus, que está acima de uns e outros. Com efeito, ele não virá chamar a pessoa pela aparência, mas aqueles que o Espírito preparou.

11Quanto a vocês, servos, sejam submissos aos seus senhores, com respeito e reverência, como à imagem de Deus. 

12Deteste toda a hipocrisia e tudo aquilo que não agrada o Senhor.

13Não viole os mandamentos dos Senhor. Guarde tudo aquilo que você recebeu: não acrescente ou retire nada.

14Confesse seus pecados na reunião dos fiéis e não comece a orar estando com má consciência. Este é o caminho da vida.


CAPÍTULO V

1Este é o caminho da morte: primeiro, é mau e cheio de maldições - homicídios, adultérios, paixões, fornicações, roubos, idolatria, magias, feitiçarias, rapinas, falsos testemunhos, hipocrisias, coração com duplo sentido, fraudes, orgulho, maldades, arrogância, avareza, palavras obscenas, ciúmes, insolência, altivez, ostentação e falta de temor de Deus.

2Nesse caminho trilham os perseguidores dos justos, os inimigos da verdade, os amantes da mentira, os ignorantes da justiça, os que não desejam o bem nem o justo julgamento, os que não praticam o bem mas o mal. A calma e a paciência estão longe deles. Estes amam as coisas vãs, são ávidos por recompensas, não se compadecem com os pobres, não se importam com os perseguidos, não reconhecem o Criador. São também assassinos de crianças, corruptores da imagem de Deus, desprezam os necessitados, oprimem os aflitos, defendem os ricos, julgam injustamente os pobres e, finalmente, são pecadores consumados. Filho, afaste-se disso tudo.


CAPÍTULO VI

1Fique atento para que ninguém o afaste do caminho da instrução, pois quem faz isso ensina coisas que não pertencem a Deus.

2Você será perfeito se conseguir carregar todo o jugo do Senhor. Se isso não for possível, faça o que puder.

3A respeito da comida, observe o que puder. Não coma nada do que é sacrificado aos ídolos pois esse culto é destinado a deuses mortos.


A CELEBRAÇÃO LITÚRGICA
CAPÍTULO VII

1Quanto ao batismo, faça assim: depois de ditas todas essas coisas, batize em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

2Se você não tiver água corrente, batize em outra água. Se não puder batizar com água fria, faça com água quente.

3Na falta de uma ou outra, derrame água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

4Antes de batizar, tanto aquele que batiza como o batizando, bem como aqueles que puderem, devem observar o jejum. Você deve ordenar ao batizando um jejum de um ou dois dias.


CAPÍTULO VIII

1Os seus jejuns não devem coincidir com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e no quinto dia da semana. Porém, você deve jejuar no quarto dia e no dia da preparação.

2Não reze como os hipócritas, mas como o Senhor ordenou em seu Evangelho. Reze assim: "Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai nossa dívida, assim como também perdoamos os nossos devedores e não nos deixes cair em tentação, mas livrai-nos do mal porque teu é o poder e a glória para sempre".

3Rezem assim três vezes ao dia.


CAPÍTULO IX

1Celebre a Eucaristia assim:

2Diga primeiro sobre o cálice: "Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi, que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre".

3Depois diga sobre o pão partido: "Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre.

4Da mesma forma como este pão partido havia sido semeado sobre as colinas e depois foi recolhido para se tornar um, assim também seja reunida a tua Igreja desde os confins da terra no teu Reino, porque teu é o poder e a glória, por Jesus Cristo, para sempre".

5Que ninguém coma nem beba da Eucaristia sem antes ter sido batizado em nome do Senhor pois sobre isso o Senhor disse: "Não dêem as coisas santas aos cães".


CAPÍTULO X

1Após ser saciado, agradeça assim:

2"Nós te agradecemos, Pai santo, por teu santo nome que fizeste habitar em nossos corações e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre.

3Tu, Senhor o­nipotente, criaste todas as coisas por causa do teu nome e deste aos homens o prazer do alimento e da bebida, para que te agradeçam. A nós, orém, deste uma comida e uma bebida espirituais e uma vida eterna através do teu servo.

4Antes de tudo, te agradecemos porque és poderoso. A ti, glória para sempre.

5Lembra-te, Senhor, da tua Igrreja, livrando-a de todo o mal e aperfeiçoando-a no teu amor. Reúne dos quatro ventos esta Igreja santificada para o teu Reino que lhe preparaste, porque teu é o poder e a glória para sempre.

6Que a tua graça venha e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Venha quem é fiel, converta-se quem é infiel. Maranatha. Amém."

7Deixe os profetas agradecerem à vontade.

A VIDA EM COMUNIDADE
CAPÍTULO XI

1Se vier alguém até você e ensinar tudo o que foi dito anteriormente, deve ser acolhido.

2Mas se aquele que ensina é perverso e ensinar outra doutrina para te destruir, não lhe dê atenção. No entanto, se ele ensina para estabelecer a justiça e conhecimento do Senhor, você deve acolhê-lo como se fosse o Senhor.

3Já quanto aos apóstolos e profetas, faça conforme o princípio do Evangelho.

4Todo apóstolo que vem até você deve ser recebido como o próprio Senhor.

5Ele não deve ficar mais que um dia ou, se necessário, mais outro. Se ficar três dias é um falso profeta.

6Ao partir, o apóstolo não deve levar nada a não ser o pão necessário para chegar ao lugar o­nde deve parar. Se pedir dinheiro é um falso profeta.

7Não ponha à prova nem julgue um profeta que fala tudo sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado.

8Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É desse modo que você reconhece o falso e o verdadeiro profeta.

9Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa não deve comer dela. Caso contrário, é um falso profeta.

10Todo profeta que ensina a verdade mas não pratica o que ensina é um falso profeta.

11Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas que não ensina a fazer como ele faz não deverá ser julgado por você; ele será julgado por Deus. Assim fizeram também os antigos profetas.

12Se alguém disser sob inspiração: "Dê-me dinheiro" ou qualquer outra coisa, não o escutem. Porém, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.


CAPÍTULO XII

1Acolha toda aquele que vier em nome do Senhor. Depois, examine para conhecê-lo, pois você tem discernimento para distinguir a esquerda da direita.

2Se o hóspede estiver de passagem, dê-lhe ajuda no que puder. Entretanto, ele não deve permanecer com você mais que dois ou três dias, se necessário.

3Se quiser se estabelecer e tiver uma profissão, então que trabalhe para se sustentar.

4Porém, se ele não tiver profissão, proceda de acordo com a prudência, para que um cristão não viva ociosamente em seu meio.

5Se ele não aceitar isso, trata-se de um comerciante de Cristo. Tenha cuidado com essa gente!


CAPÍTULO XIII

1Todo verdadeiro profeta que queira estabelecer-se em seu meio é digno do alimento.

2Assim também o verdadeiro mestre é digno do seu alimento, como qualquer operário.

3Assim, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê aos profetas, pois são eles os seus sumos-sacerdotes.

4Porém, se você não tiver profetas, dê aos pobres.

5Se você fizer pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito.

6Da mesma maneira, ao abrir um recipiente de vinho ou óleo, tome a primeira parte e a dê aos profetas.

7Tome uma parte de seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer oportuno, e os dê de acordo com o preceito.


CAPÍTULO XIV

1Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro.

2Aquele que está brigado com seu companheiro não pode juntar-se antes de se reconciliar, para que o sacrifício oferecido não seja profanado.
3Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: "Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro porque sou um grande rei - diz o Senhor - e o meu nome é admirável entre as nações".


CAPÍTULO XV

1Escolha bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles devem ser homens mansos, desprendidos do dinheiro, verazes e provados pois também exercem para vocês o ministério dos profetas e dos mestres.

2Não os despreze porque eles têm a mesma dignidade que os profetas e os mestres.

3Corrija uns aos outros, não com ódio, mas com paz, como você tem no Evangelho. E ninguém fale com uma pessoa que tenha ofendido o próximo; que essa pessoa não escute uma só palavra sua até que tenha se arrependido.

4Faça suas orações, esmolas e ações da forma que você tem no Evangelho de nosso Senhor.


O FIM DOS TEMPOS
CAPÍTULO XVI

1Vigie sobre a vida uns dos outros. Não deixe que sua lâmpada se apague, nem afrouxe o cinto dos rins. Fique preparado porque você não sabe a que horas nosso Senhor chegará.

2Reúna-se com freqüência para que, juntos, procurem o que convém a vocês; porque de nada lhe servirá todo o tempo que viveu a fé se no último instante não estiver perfeito.

3De fato, nos últimos dias se multiplicarão os falsos profetas e os corruptores, as ovelhas se transformarão em lobos e o amor se converterá em ódio.

4Aumentando a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente. Então o sedutor do mundo aparecerá, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá crimes como jamais foram cometidos desde o começo do mundo.

5Então toda criatura humana passará pela prova de fogo e muitos, escandalizados, perecerão. No entanto, aqueles que permanecerem firmes na fé serão salvos por aquele que os outros amaldiçoam.

6Então aparecerão os sinais da verdade: primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal do toque da trombeta; e, em terceiro, a ressurreição dos mortos.

7Sim, a ressurreição, mas não de todos, conforme foi dito: "O Senhor virá e todos os santos estarão com ele".

8Então o mundo assistirá o Senhor chegando sobre as nuvens do céu.

Fonte: Coleção Patrística Vol I, Padres Apostólicos. Ed. Paulus 

AS 5 PROPOSIÇÕES REMONSTRANTES X OS 5 PONTOS DO CALVINISMO


 OS CINCO ARTIGOS DA REMONSTRÂNCIA:

        FORAM PROPOSIÇÕES TEOLÓGICAS APRESENTADAS EM 1610 PELOS SEGUIDORES DE JACÓ ARMÍNIO MORTO EM 1609, ÀS QUAIS DISCORDAVAM DAS INTERPRETAÇÕES DO ENSINAMENTO DE JOÃO CALVINO ENTÃO VIGENTE NA IGREJA REFORMADA HOLANDESA. OS ARTIGOS FORAM DIVISÓRIOS, E AQUELES QUE OS APOIARAM FORAM CHAMADOS DE "REMONSTRANTES". 

        * ARTIGO I - Que Deus, por um eterno e imutável plano em Jesus Cristo, seu Filho, antes que fossem postos os fundamentos do mundo, determinou salvar, de entre a raça humana que tinha caído no pecado – em Cristo, por causa de Cristo e através de Cristo – aqueles que, pela graça do Santo Espírito, crerem neste seu Filho e que, pela mesma graça, perseverarem na mesma fé e obediência de fé até o fim; e, por outro lado, deixar sob o pecado e a ira os contumazes e descrentes, condenando-os como alheios a Cristo, segundo a palavra do Evangelho de Jo 3.36 e outras passagens da Escritura.

        * ARTIGO II - Que, em concordância com isso, Jesus Cristo, o Salvador do mundo, morreu por todos e cada um dos homens, de modo que obteve para todos, por sua morte na cruz, reconciliação e remissão dos pecados; contudo, de tal modo que ninguém é participante desta remissão senão os crentes.

* ARTIGO III - Que o homem não possui por si mesmo graça salvadora, nem as obras de sua própria vontade, de modo que, em seu estado de apostasia e pecado para si mesmo e por si mesmo, não pode pensar nada que seja bom – nada, a saber, que seja verdadeiramente bom, tal como a fé que salva antes de qualquer outra coisa. Mas que é necessário que, por Deus em Cristo e através de seu Santo Espírito, seja gerado de novo e renovado em entendimento, afeições e vontade e em todas as suas faculdades, para que seja capacitado a entender, pensar, querer e praticar o que é verdadeiramente bom, segundo a Palavra de Deus [Jo 15.5].

        * Artigo IV - Que esta graça de Deus é o começo, a continuação e o fim de todo o bem; de modo que nem mesmo o homem regenerado pode pensar, querer ou praticar qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação para o mal sem a graça precedente (ou preveniente) que desperta, assiste e coopera. De modo que todas as obras boas e todos os movimentos para o bem, que podem ser concebidos em pensamento, devem ser atribuídos à graça de Deus em Cristo. Mas, quanto ao modo de operação, a graça não é irresistível, porque está escrito de muitos que eles resistiram ao Espírito Santo.

        * ARTIGO V - Que aqueles que são enxertados em Cristo por uma verdadeira fé, e que assim foram feitos participantes de seu vivificante Espírito, são abundantemente dotados de poder para lutar contra Satã, o pecado, o mundo e sua própria carne, e de ganhar a vitória; sempre – bem entendido – com o auxílio da graça do Espírito Santo, com a assistência de Jesus Cristo em todas as suas tentações, através de seu Espírito; o qual estende para eles suas mãos e (tão somente sob a condição de que eles estejam preparados para a luta, que peçam seu auxílio e não deixar de ajudar-se a si mesmos) os impele e sustenta, de modo que, por nenhum engano ou violência de Satã, sejam transviados ou tirados das mãos de Cristo [Jo 10.28]. Mas quanto à questão se eles não são capazes de, por preguiça e negligência, esquecer o início de sua vida em Cristo e de novamente abraçar o presente mundo, de modo a se afastarem da santa doutrina que uma vez lhes foi entregue, de perder a sua boa consciência e de negligenciar a graça – isto deve ser assunto de uma pesquisa mais acurada nas Santas Escrituras antes que possamos ensiná-lo com inteira segurança.

Estes artigos, assim definidos e ensinados, os Remonstrantes consideram acordo com a Palavra de Deus, tendendo a edificação, e, no que diz respeito a este argumento, suficiente para a salvação, de modo que não é necessário ou edificante acrescentar ou diminuir qualquer coisa.

    O arminianismo pode ser representado pelo acrônimo FACTS:
  • Freed by Grace (to Believe) – Livre pela graça (para crer)
  • Atonement for All – Expiação para Todos
  • Conditional Election – Eleição Condicional
  • Total Depravity – Depravação Total
  • Security in Christ – Segurança em Cristo

OS CINCO PONTOS DO CALVINISMO:

                 FOI A RESPOSTA AOS CINCO ARTIGOS PROPOSTOS PELOS REMONSTRANTES, E FORAM ELABORADOS POR OCASIÃO DO SÍNODO DE DORT. 

                    1- DEPRAVAÇÃO TOTAL DO HOMEM

Também chamada de "depravação radical", "corrupção total" e "incapacidade total". Indica que toda criatura humana, em sua condição atual, ou seja, após a queda, é caracterizada pelo pecado, que a corrompe e contamina, incluindo a mente. Por isso, afirma-se que ninguém é capaz de realizar o que é verdadeiramente bom aos olhos de Deus. Em contrapartida, o ser humano é escravo do pecado, por natureza hostil e rebelde para com Deus, espiritualmente cego para a verdade, incapaz de salvar a si mesmo ou até mesmo de se preparar para a salvação. Só a intervenção direta de Deus pode mudar esta situação.

                    2- ELEIÇÃO INCONDICIONAL

Eleição significa "escolha". É a escolha feita por Deus desde toda a eternidade, daqueles a quem ele concedeu a graça da salvação. Esta escolha não se baseia no simples mérito, ou na fé das pessoas que ele escolhe, mas se baseia em sua decisão soberana e incondicional, irrevogável e insondável. Isso não significa que a mesma salvação final é incondicional, mas que a condição em que assenta (fé) é concedida também pela graça de Deus, como seu presente para aqueles a quem Ele escolheu incondicionalmente.

                  3- EXPIAÇÃO PARTICULAR (OU EXPIAÇÃO LIMITADA)

Também chamada de "redenção particular" ou "redenção definida", significa a doutrina segundo a qual a obra redentora de Cristo foi apenas visando a salvação daqueles que têm sido alvo da graça da salvação. A eficácia salvífica do Cristo redentor, então, não é "universal" ou "potencialmente eficaz" para quem iria recebê-lo, mas especificamente designada para consolidar a salvação daqueles a quem Deus Pai escolheu desde antes da fundação do mundo. Os calvinistas não acreditam que a expiação é limitada em seu valor ou poder (se Deus o Pai quisesse, teria salvo todos os seres humanos sem exceção), mas sim que a expiação é limitada na medida em que foi destinada para alguns e não para todos.

                  4- VOCAÇÃO EFICAZ (OU GRAÇA IRRESISTÍVEL)

Também conhecida como: "graça eficaz", esta doutrina ensina que a influência salvífica do Espírito Santo de Deus é irresistível, superando toda e qualquer resistência. Quando então, Deus soberanamente visa salvar alguém, o indivíduo não tem como resistir à essa graça da vida eterna com o próprio Deus.

                 5- PERSEVERANÇA DOS SANTOS

Também conhecida como "preservação dos santos" ou "segurança eterna", este quinto ponto sugere que aqueles a quem Deus chamou para a salvação, e depois, à comunhão eterna com ele (“santos ", segundo a Bíblia) não podem cair em desgraça e perder sua salvação.

Mesmo que, em suas vidas, o pecado os leve a renunciar à sua profissão de fé, eles (se eles são autênticos eleitos), mais cedo ou mais tarde, retornarão à comunhão com Deus. Essa doutrina é baseada na suposição de que a salvação é obra de Deus do começo ao fim, que Deus é fiel às Suas promessas, e que nada nem ninguém pode impedir Seus propósitos soberanos. Este conceito é ligeiramente diferente do conceito usado em algumas igrejas evangélicas, de "uma vez salvos - salvos para sempre", apesar da apostasia, a falta de arrependimento ou a permanência no pecado, desde que eles tiverem realmente aceito a Cristo no passado. No ensino tradicional calvinista, se uma pessoa cai em apostasia ou não mostra mais sinais de arrependimento genuíno, pode ser prova de que ele nunca foi realmente salvo, e, em seguida, que não fazia parte do número dos eleitos.

    A posição calvinista pode ser representada pelo acrônimo TULIP:
  • Total Depravity – Depravação Total
  • Unconditional Election – Eleição Incondicional
  • Limited Atonement – Expiação Limitada
  • Irresistible Grace – Graça Irresistível
  • Perseverance of the Saints – Perseverança dos Santos

Fonte:
Postado por Fabio Silveira de Faria às 15:49
https://cristaodebereia.blogspot.com/2015/12/remonstrancia-x-tulip.html


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